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História SimplePlan.com - 1. Welcome to My Life


Escrita por: Slendon6336

Notas do Autor


Aconselho ouvirem a música Welcome to My Life de Simple Plan enquanto leem. Mas não os obrigo a nada :3
Que bom que chegou até aqui, significa que se interessou. Juro que vou tentar te causar as mais variadas das emoções (principalmente te fazer chorar porque esse é o meu objetivo na Terra hauhau). E antes que me perguntem, sim, todos os capítulos tem o título de uma música de Simple Plan. Eu sei, sou um gênio :v
~Boa Leitura o/

Capítulo 2 - 1. Welcome to My Life


O som das conversas e os risos dos garotos populares faziam parte da minha vida. Todos os dias eu era obrigado a andar pelos corredores do colégio com a cabeça baixa, com medo de encarar os outros. E então você me pergunta: “medo do que?”. Eu sempre tive esse problema em me socializar ou lidar com outras pessoas, o que me levou a ser um dos esquisitões da turma, aquele que não fala com ninguém e só faz parte da paisagem.

Meu nome é Adriel, primeiro ano do colégio em período integral Jean-Jacques Rousseau em uma cidadezinha fria e com clima predominante chuvoso. Tenho um metro e sessenta e cinco (Se é que isso faz diferença), cabelos escuros, tamanho médio com a franja que me cobre parte do rosto e olhos igualmente escuros. Conhecido por usar Kajal e ter se declarado para um garoto na quinta série. Minha vida é uma comédia... Uma comédia de louco, só se for.

Enquanto andava até a sala do psicólogo do colégio, no qual sou obrigado a frequentar toda quarta-feira, me deparei com o grupinho de punks de Rousseau em pleno corredor, rindo entre si e soltando a fumaça tóxica dos cigarros pelas bocas. Eles pensam que podem fazer o que bem entenderem por aqui. Ninguém escapa das mãos desses bichos selvagens. O estilo deles é da hora, admito, porém como pessoas são terríveis.

Acelerei os passos ao sentir os olhos com lentes escarlates de Lucian sobre mim. Ele era mais um deles. Estava com um cigarro recém-acendido pendendo entre os lábios adornados com piercings prateados. Usava uma touca cinza sobre os cabelos negros-azulado com undercut e uma bandana estranha amarrada no pulso exposto graças às mangas arregaçadas da jaqueta. Correntes e fivelas faziam parte de seu estilo. Ele e aqueles caras deveriam feder a tabaco.

Minha relação com Lucian era difícil. Não temos nada, de fato. Contudo acho que eu posso ser considerado seu “brinquedinho” pessoal. Eu tenho medo dele. MUITO medo. E o pior é que de nada posso fazer se não obedecê-lo em absolutamente tudo.

Bati na porta da sala do Dr. Konami esperando ser recebido. Quando olhei de soslaio para o grupo de punks a alguns pouquíssimos e perigosos metros de mim, percebi que alguns deles apontavam em minha direção, comentavam alguma coisa e então caíam na gargalhada. Eu só esperava nervosamente para que o maldito psicólogo asiático abrisse a porta para mim.

E como se ele ouvisse mentes a longa distância, logo eu já me encontrava dentro de sua sala, sentado na poltrona e encarando seu rosto sério.

Dr. Konami está longe de ser velho. Pelas minhas contas baseadas nos diplomas na parede ele deveria ter uns vinte e sete para vinte e oito anos. A aparência é ótima, sendo um mestiço de coreano...

— Sou descendente de japonês — Disse ele com uma expressão que dizia estar cansado de sempre ouvir o mesmo engano. Enfim, ele poderia ser confundido facilmente como outro aluno do colégio. — Certo Adriel. Como andam as coisas?

— Vai indo — Respondi.

— Algo novo que queira me falar? — Sorria levemente como sempre faz quando resolvo levantar os olhos para olhá-lo. Meneei a cabeça negativamente, o vendo suspirar — Adriel, eu estou aqui para ajudá-lo, mas para isso preciso acompanhar seu dia-a-dia.

— Mas você já sabe como é minha vida. Eu acordo cedo, tomo café com a empregada, enrolo na minha casa perdida no meio do nada, venho para a escola de a pé, estudo... — Puxei as mangas da minha blusa até a metade dos dedos, querendo ficar o menos exposto possível — Volto pra casa, não faço nada de relevante e durmo para acordar mais uma vez.

Uma sobrancelha sua se ergueu.

— Essa pausa que você deu. Tem algo a mais que faz antes de voltar para casa? — Ele indaga, me deixando encurralado. Ninguém pode saber. Ninguém. Pode. Saber. Se eu contar, vai ser pior.

— Não. Não faço mais nada — Minto querendo que ele caísse nessa e me libere do assunto.

Dr. Konami fitou-me profundamente, dando uma pausa antes de prosseguir com a nossa sessão.

— Você está ciente que apresenta sintomas de depressão, correto? E essa doença do século geralmente tem um por que. — Ele se ajeitou em sua cadeira — Eu não sei se você sabe qual é o seu caso, porém só quero reforçar que você pode sair de qualquer situação se quiser. Encontre a fonte do seu problema e revire essa história. Temos de dar um ponto final nisso, Adriel.

____________,,__________

O bom de quarta-feira é que pego carona com o meu psicólogo. Quando saíamos do estacionamento, percebi o olhar estranho que Lucian usava para me encarar. Ele não gosta quando vou com Dr. Konami, então quinta-feira era um dia pesado para mim. Se eu faltasse, sexta seria meu castigo três vezes mais pesado. Sei que pegando ou não carona com Konami, eu vou acabar sofrendo consequências.

Um ritual nosso é ouvir Vento no Litoral de Legião Urbana durante o percurso inteiro, o que nos faz ter de repeti-la algumas vezes. A música calma combinava com o sol poente que eu apreciava do banco do carona, então deveria ser por isso que gosto tanto da melodia.

Como você viu anteriormente, moro em uma casa no meio do nada, perdida em uma floresta de bambus. Meus pais tem uma ótima economia, sendo minha mãe médica e meu pai um sério presidente de fábrica. Com seus trabalhos eles raramente passam o tempo comigo, e tenho como companhia apenas a empregada Lídia e meus cachorros: um da raça Pastor Australiano, Rem e a outra a pobre Pretinha, da raça Lulu-da-Pomerânia.

Dr. Konami me deixou o mais perto da entrada possível, se despedindo. Acenei e entrei, logo de cara sendo recebido pelo meu cão saltitante.

— Estou de volta, meu amigo — Eu acariciei seus pelos cinzentos e brancos, feliz por ver que ele estava contente como sempre. E então logo atrás vi minha cadela de pelos negros (da qual se originou seu nome), mais lentamente por só conseguir usar as duas patas dianteiras. As traseiras não se mexiam ainda graças a um acidente, mas eu arriscava alguns tratamentos físicos para devolver aos poucos a mobilidade, enquanto isso não acontecia ela era obrigada a usar uma espécie de carrinho que trazia seu traseiro junto consigo. — Vejo que você cuidou bem dele, Pretinha.

— Voltou cedo hoje, Adriel. — Lídia deu o ar de sua graça. A pobrezinha nem tem vida. Só fica em casa cozinhando e limpando, limpando, cuidando de mim e cozinhando, tudo para bater às nove da noite e então capotar na cama. Ela era uma boa companhia apesar de tudo — Tem bolo no forno, pode comer se quiser.

— Ah, tudo bem — Respondi levantando-me e caminhando em direção ao meu quarto — Estou sem fome.

Entrei no meu cantinho, largando minha mochila em qualquer canto e me jogando na cama com tênis e tudo. Rem e Pretinha subiram também, deitando-se sobre mim. A propósito, são raças de cães bem companheiras.

Subi a manga da minha blusa, olhando os cortes ainda vermelhos pelo braço. Não. Eu não me orgulho deles. Aliás, eu os detesto, porém de nada posso fazer se não apenas observá-los, vendo-os se cicatrizarem com o tempo. Querendo ou não, aquilo era viciante e um jeito que encontrei para não surtar de vez.

E daquele jeito adormeci, cansado demais para um adolescente. Culpa das noites mal dormidas.

_________,,__________

Fui despertado pelo som do portão eletrônico sendo aberto do lado de fora. Provavelmente meu pai havia conseguido arranjar uma maneira de poder jantar em casa hoje.

Sento-me na beirada da cama, percebendo a ausência dos meus cães. Bocejo e me ponho de pé, resolvendo descer para cumprimentar meu velho (Se eu o chamar assim em sua frente, com certeza levaria uma bofetada).

Eu posso descrever meu próprio pai desta maneira, porém ele não é ruim. É apenas um homem rigoroso, nada de mais. A mente um pouco fechada, contudo nunca levantou a mão para mim. Minha mãe sim. Dela qualquer um tinha medo, menos ele. Apenas meu pai era capaz de enfrentá-la.

Encontrei-o ainda na entrada, entregando a maleta e o paletó para Lídia enquanto dava um pequeno sermão nela. Algo como sobre eu não ter comido desde a chegada do colégio.

— Você chegou? — Foi a primeira coisa que indaguei ao avistá-lo.

— Não por muito tempo. Apenas vim me certificar que os cães e você estejam vivos — Respondeu, afrouxando a gravata — Então, como vão os estudos?

— Eles vão bem — Falo, seguindo-o com o olhar até a cozinha, onde espia para dentro da geladeira.

— Lídia! Onde está o vinho? — Berrou para a empregada que ainda estava no hall. Não demorou até que ela aparecesse ali, desajeitadamente.

— Desculpe senhor... Acabei o derramando em certa ocasião. — Se pronunciou de ombros encolhidos.

— Você é tão incompetente quanto a Ágata. — Resmungou ele. — Onde está aquela mulher afinal?

— Trabalhando, provavelmente — Respondo. — Mamãe vive no hospital, o senhor sabe disso.

Depois dessas palavras seu celular tocou, e bufando teve de atendê-lo.

Meus pais não estavam se dando bem ultimamente, e eu já estava começando a ver um divórcio entrando em cena. A falta de diálogo era o que fazia nossa família se desestruturar aos poucos, e como era algo de anos, não seria idiotice pensar que a minha estava prestes a acabar, definitivamente.

_______,,_______

Era madrugada quando despertei mais uma vez. Sentia-me péssimo, fazendo inúmeras perguntas internas que só contribuíam para o crescimento daquele sentimento deprimente. Eu não sabia o porquê de eu me torturar todas as noites com as mesmas questões. Revendo a droga da minha vida inúmeras vezes diante dos meus olhos. Realmente, não valia a pena.

Acontece que sou medroso demais para acabar de vez com tudo. Eu temo a tudo, isto é uma das características que mais detestava em mim mesmo.

Com uma súbita frustração, descontei um soco no travesseiro. Em poucas horas eu passaria novamente pelas mesmas porcarias de situações. Sempre seria igual, nada parecia que mudaria. Descarreguei mais um soco e logo em seguida uma série de outros, afundando, finalmente, o rosto no mesmo.

Dentre tantas pessoas pelo mundo, porque tinha de ser justamente eu?

Estava com vontade de correr apenas por correr por aí, sem rumo ou destino. Só para poder sentir-me livre por alguns minutos. Estava com vontade de ligar o rádio no máximo, e gritar o mais alto possível para libertar toda aquela raiva que me sufocava. E eu não sei por que me sinto assim.

Eu não sei onde me encaixar, não sei a que lugar pertencia. Simplesmente quero que todos morram, assim, de repente. Com seus sorrisos falsos e estupidas mentiras. Quero encontrar meus pais no inferno. E da onde vem toda essa sensação?

Tento esquecer isso e desbloqueio a tela do meu celular resolvendo ficar pelo mundo colorido que era a internet. A falsidade se ia dali. Todos podem expressar a verdade, sem ter de fingir serem outros.

Já estava voltando a pegar no sono quando percebi um ícone de notificação em uma rede social (Que eu tinha não sabia por que). Era uma mensagem de um desconhecido, com a foto do perfil substituída por uma capa de álbum de banda. O nome não revelava mais do que: “UntitleD”. Sem muito interesse, chequei-a.

Qual é o seu problema?”.

Encarei aquilo por alguns segundos, tentando imaginar um motivo para alguém que eu desconhecesse me mandar uma mensagem daquela. Então percebi que ela não acabava ali.

Você é diferente. Qual é o seu problema?”. Não sabendo bem como reagir a tal frase, fiquei encarando a tela do celular, na procura de uma resposta.

“Não tenho problema nenhum”, acabei mandando. Não queria bancar o coitadinho, não queria passar uma imagem babaca para os outros.

Tenho uma pergunta para você”, eu não respondi, esperando que ele continuasse. “Você é como nós? Ou é como eles?

“Cara, eu não sei do que você tá falando”. Estava pensando em desligar o celular quando ele novamente vibrou.

Você chora toda noite antes de dormir?”. Instantaneamente pensei em responder um sim, porém seu palpite foi tão certeiro que me deu medo. “Teme ter coragem suficiente para se jogar de um abismo e acabar com o sofrimento?

Ainda sem reação, li e reli as mensagens. Seria um psicopata do outro lado da tela, ou mais um com os mesmos problemas que a mim ao ponto de entendê-los?

Logo descartei a ideia. Ninguém é como eu. Ninguém entende e ninguém entenderá. E isso foi o que respondi. E o outro não voltou a responder, provavelmente saindo da internet.

Mas que diabos de conversa foi aquela?


Notas Finais


Eu estava procurando fotos dos principais personagens para colocar numa nova capa futura e não conseguia achar uma bendita foto parecida com o Lucian. Então percebi o quanto meus personagens são originais...


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