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História Simplesmente - Capítulo 70


Escrita por: MarinaJauregui

Notas do Autor


You've been scared of love and what it did to you
You don't have to run, I know what you've been through
Just a simple touch and it can set you free
We don't have to rush when you're alone with me

Capítulo 70 - Capítulo 70


"Sério?“ Clara perguntou com uma pitada de surpresa em sua voz com a admissão de Vanessa apesar de ter tido suas próprias suspeitas recentemente.

"Sim” disse Vanessa limpando a boca com um pedaço de papel quando Clara acariciou sua mão “Eu estou.”.

“Merda” Clara exalou quando encontrou os olhos de Vanessa, sua melhor amiga evidentemente esperando por ela para dizer algo mais em resposta à notícia “Eu… você… nós fizemos o teste e… como pode… o teste… era… quero dizer… não foi? Será que eu…” ela gaguejou, seus pensamentos desorganizados e vocalizados em voz alta de uma maneira similar.

“Eu vou explicar tudo para você, eu prometo” disse Vanessa usando o assento do vaso sanitário como alavanca para se levantar, a náusea que sentia sumindo quase tão rapidamente como tinha chegado agora que o conteúdo de seu estômago tinha sido colocado pra fora “Só… não aqui” ela esclareceu ajudando Clara a ficar de pé.

Vanessa soltou a mão de Clara e foi em direção a pia para lavar as mãos. Clara a seguiu de perto  parando um pouco atrás da menina mais alta. Ela viu quando Vanessa verificou sua aparência no espelho e estendeu a mão para o dispensador de papel toalha, removendo uma única folha que usou para limpar os lábios novamente com cuidado. Depois de alguns minutos de silenciosamente contemplar seu reflexo, Vanessa virou e jogou o pedaço de papel no lixo, aparentemente satisfeita que a cor tinha voltado para seu rosto e estava adequadamente apresentável mais uma vez.

“Não me olhe assim, Clarinha” Vanessa protestou quando estava mais uma vez de frente para Clara, que estava olhando para ela com uma expressão preocupada no rosto.

“Que olhar?” Clara perguntou inocentemente enquanto tentava deixar seu rosto neutro, seus músculos lutando para formar um sorriso, as mãos escondidas nos bolsos de trás da calça jeans por falta de coisa melhor para fazer com elas.

“Esse olhar” disse Vanessa levantando a mão e gesticulando para o rosto de Clara.

“O que, isso?” disse Clara removendo uma mão de seu bolso e apontando para seu rosto “É só meu rosto. Eu não estou te dando uma olhada… é só meu jeito…”

“Você parece preocupada. Parece que acabei de dizer que eu tenho câncer ou algo assim, mas… não é um grande negócio, Clarinha…”

“Certo, não… é claro que não é…” Clara respondeu fazendo uma careta desinteressada e acenando com a mão em desdém “Quero dizer, sim… isso não é nada realmente… não é como se fosse mudar a sua vida ou qualquer coisa… você já disse que você não ficar com ele…” ela disse quando notou o olhar que atravessou o rosto de Vanessa com suas palavras “Certo?” ela questionou.

“Devemos voltar para as meninas” disse Vanessa saindo do banheiro apressada e deixando Clara sozinha, olhando para ela.

“Espera, o quê?” Clara exclamou em voz alta no banheiro vazio enquanto esfregava a testa com a ponta dos dedos, uma dor de cabeça surgindo do canto de seu olho esquerdo, um pulsante sutil que estava bem familiarizada “Jesus…” ela murmurou, girando no local hesitante enquanto tentava recolher os seus pensamentos e seguir rapidamente os passos de Vanessa.

Quando voltou à mesa, ela encontrou Vanessa de pé conversando com as outras meninas.

“Tem certeza que você está bem?” Flavinha perguntou a Vanessa quando Clara ficou ao seu lado.

“Sim” disse Vanessa lançando um rápido olhar na direção de Clara “Eu estou bem. Foi apenas um alarme falso.”

“Você sabe que posso te levar pra casa se quiser” Marina disse a Vanessa gentilmente “Você não tem que andar.”

“Eu sei e eu agradeço a oferta” disse Vanessa colocando a mão no ombro de Marina com gratidão “Mas acho que um passeio ao ar fresco pode ajudar.”

“Espera, você está indo embora?” Clara perguntou finalmente começa a entender o que estava acontecendo.

“Sim” disse Vanessa encontrando os olhos de Clara “Eu não estou me sentindo bem então acho que vou voltar para casa.”

“Eu vou com você” Clara ofereceu e o canto da boca de Vanessa se curvou num meio sorriso.

“Você não tem que fazer isso. Eu sou uma menina grande, eu tenho certeza que posso ir pra casa sem problemas.”

“Eu tenho certeza que você está certa”, Clara disse a ela “Mas eu só me preocupo, especialmente se você não está se sentindo muito bem.”

“Tem certeza que você não se importa?” Vanessa perguntou e Clara balançou a cabeça.

“Não, claro que não.”

“Ok então” Vanessa finalmente concordou abandonando o ombro de Marina e recuperando sua bolsa no chão “Eu vejo vocês na escola amanhã” disse Vanessa as amigas oferecendo um pequeno aceno “Prazer em vê-la novamente, Camila.”

“Você também.”

“Espero que se senta melhor, Vanessa” disse Flavia.

“Obrigada” ela disse antes de voltar sua atenção para Clara “Eu vou esperar por você lá fora, está bem?”

“Ok, eu não vou demorar” ela respondeu observando a amiga sair calmamente da lanchonete.

Marina deslizou para fora da cabine e ficou de pé na frente de Clara.

“Tem certeza que não quer que eu leve vocês?” perguntou Marina e Clara balançou a cabeça pegando a mão da namorada.

“Não, nós vamos ficar bem. Fique aqui e pegue a sobremesa” ela sugeriu enquanto balançava seu corpo com cuidado “Então, quando você terminar, me leva ‘Morte pelo Chocolate’.”

“Você quer que eu te leve brownie?” Marina perguntou rindo do apetite da namorada “O quê? Pareço entregadora ou algo do tipo?”

“Por favor?” Clara implorou.

“Eu acho que vou precisar de algum tipo de pagamento adiantado, a fim de garantir a entrega” Marina informou brincando.

“Ok. Isso é justo, eu acho.”

Ela inclinou-se e apertou seus lábios suavemente contra os de Marina, suas bocas movendo-se habilmente enquanto se beijavam.

“Tente não se meter em problemas enquanto estiver fora” Marina aconselhou quando se separaram, sabendo muito bem como Vanessa e Clara poderiam se comportar quando estavam sozinhas.

“Quantos problemas poderíamos arrumar?” Clara perguntou sorrindo maliciosamente e Marina deu um olhar penetrante.

“Conhecendo vocês duas? Muito.”

“É só uma caminhada de vinte minutos até a casa dela. Isso não é tempo suficiente para nós realizarmos algo de muito travesso. Além disso, Vanessa não está se sentindo tão bem e não estará causando um caos.”

“Tudo bem” disse Marina esfregando a parte superior do braço de Clara com a mão livre “Então apenas me prometa que você chegará lá inteira e que não será atropelada por algum carro.”.

“Eu não posso prometer isso… eu quero dizer, acontece né?”

“Amor, estou falando sério, ok? Por favor, tenha cuidado.”

“Eu sempre sou cuidadosa. Os motoristas idiotas que não são…” ela disse provocando.

“Eu não sou uma motorista idiota” protestou Marina.

“Não, mas você quase me atropelou uma vez” disse Clara rindo baixinho.

“Se bem me lembro, você correu na frente do meu carro. De modo que não tem muito a ver com a minha condução, não é?”

“Sim, mas ainda assim…”

Marina sacudiu a cabeça em diversão e a beijou nos lábios de novo rapidamente, sentindo que ela estava prestes a começar a divagar.

“Eu te vejo mais tarde” disse Marina incisivamente esfregando a bochecha esquerda de Clara com a ponta do seu dedo polegar.

“Estou ansiosa por isso” Clara disse a ela, sorrindo brilhantemente e beijando Marina novamente  suas pequenas mãos indo para as costas de Marina.

“Vocês acham que elas realmente esquecem que estamos aqui quando fazem isso?” Flavia perguntou as outras duas meninas que tinham ficado quietas enquanto observavam a conversa.

“Não” disse Marina separando-se de Clara e virando para olhar Flavia “Agora que eu sei que te incomoda, eu faço de propósito.”

“Vocês são ridículas” Flavinha reclamou e Clara fez uma cara que sugeria não discordar da afirmação.

“Ok, você deve ir” Marina disse e Clara a envolveu num abraço antes de dar um tapa em sua bunda.

“Dirija com cuidado” Clara pediu e Marina sorriu quando sua namorada deu adeus as outras e foi em direção à porta.

“Eu também te amo” Marina disse e Clara virou com um sorriso largo no rosto soprando um beijo para a namorada.

Marina sentou-se quando Clara partiu e Camila encostou os cotovelos sobre a mesa com determinação.

“Ok, sério… podemos falar de Bia por um momento?” ela perguntou a Marina, que revirou os olhos para a questão e recostou-se contra o assento suspirando ruidosamente.

“Eu não vou te juntar com Bia” Marina disse sem rodeios, rindo “Se você quer convidá-la, a procure no Facebook.”

“Eu vou precisar do sobrenome?” Camila disse.

“Murphy” Marina cedeu, voltando sua atenção para a entrada e observando Clara saindo “Mas isso é tudo o que você está conseguindo de mim. O resto é completamente com você.”

“Obrigada” disse Camila com gratidão, tirando o telefone e abrindo seu aplicativo do Facebook enquanto Marina continuava a observar sua namorada através do vidro.

Lá fora, Clara se aproximou de Vanessa que se virou ao som da abertura da porta.

“Você está pronta?” Vanessa perguntou guardando o telefone e Clara balançou a cabeça colocando a mão nas costas de Vanessa.

“Sim, vamos” disse guiando Vanessa em direção à calçada.

Elas foram em direção a casa de Vanessa juntas, Clara ligando os braços e permanecendo em silêncio à espera de sua melhor amiga começar a falar.

“Foi negativo” Vanessa disse depois de alguns minutos em silêncio confortável e Clara virou a cabeça para encontrar os olhos de Vanessa “O teste de gravidez que fiz na sua casa. Foi negativo. Você não imaginou isso.”

“Ok” respondeu Clara exalando alto, aliviada que não tinha sonhado a coisa toda.

“Você realmente pensou que poderia ter feito?” Vanessa perguntou percebendo o alívio de Clara.

“Eu não sei. Minha memória não é exatamente brilhante e havia muita coisa acontecendo naquele dia, com a notícia sobre o julgamento. Eu me perguntava se tinha ficado confusa ou algo assim e você simplesmente não conseguiu me dizer porque eu estava uma bagunça.”

“Não, eu não estava escondendo isso de você. Eu queria dizer a verdade desde que descobri, mas isso nunca pareceu ser a hora certa. Então você meio que foi até no banheiro e vi minha oportunidade de finalmente ser honesta com você. O que fez você suspeitar que eu estava grávida?”

“Marina” Clara respondeu sem hesitação e Vanessa parecia um pouco traída com a resposta.

“Você disse a ela?”

“Não. Levamos Lena ao parque no outro fim de semana e ela estava dizendo a Marina que você experimentou sorvete e milho doce. Eu fiz um comentário que você está comendo um monte de coisas estranhas recentemente e ela brincou dizendo que talvez você estivesse grávida. Só me fez pensar…”

“Mas ela não suspeita de nada?” perguntou Vanessa preocupada.

“Eu não penso assim. Quero dizer, ela não disse nada para mim.”

“Ok” Vanessa respondeu aparentemente aliviada por este conhecimento “Isso é bom.”

“Vanessa…” Clara começou timidamente “Você realmente irá manter o bebê?” ela perguntou e Vanessa olhou para ela com um sorriso espalhando em seus lábios.

“Sim, Clarinha. Eu vou ficar com ele.”

“Eu pensei que você não queria. Eu pensei que você disse que não estava pronta para ser mãe…”

“Eu não estou, mas um monte de coisa mudou desde a última vez que falamos sobre isso, Clarinha. As coisas são diferentes agora.”

“Como?” Clara perguntou e Vanessa disse a ela tudo que aconteceu depois que saiu da sua casa naquele dia.

“Eu fui direto ver o Rodrigo. Ele ainda estava meio bravo com a maneira que saí no meio das coisas, mas eu disse a ele o que tinha acontecido, que tinha feito um teste de gravidez porque eu não queria brigar por nada. Eu disse que deu negativo, mas ele queria ver com seus próprios olhos, só que eu joguei o teste no lixo”

“Então, você fez outro?” Clara perguntou compreendendo onde Vanessa estava indo com sua história.

“Ele me levou na farmácia e comprei outro teste.”

“Desta vez deu positivo.”

“Na verdade, não. Ainda era negativo.”

“Eu não entendo”

“O segundo teste também foi negativo. Rodrigo ainda estava chateado comigo. Ele não conseguia entender por que fiz o teste sozinha. Ele disse que devia ser algo que fizéssemos juntos. Ele ainda estava chateado que eu não queria ficar com o bebê e eu ainda estava zangada com ele por tentar me pressionar a fazer algo que não me sentia preparada.”

“Então é por isso que vocês ainda estavam brigando?”

“Sim. Eu realmente pensei que pudéssemos terminar. Quero dizer, tudo que fazíamos era gritar um com o outro.”

“Por que você não disse nada? Você poderia ter falado comigo sobre isso.”

“Eu não quero incomodá-la. Você já não estava dormindo por causa do julgamento e sua fala estava ruim novamente. Eu só não queria acrescentar isso.”

“Vanessa, eu sou sua melhor amiga. Você poderia ter falado comigo. Eu não vou cair aos pedaços. Você tem sido tão incrível neste último ano e deve ter alguém que possa conversar quando precisar. Deus sabe que você já me ouviu o suficiente…”

“Clarinha, você estava lá por mim quando precisei. Você foi incrível e me deu alguns conselhos incríveis. Você me disse exatamente o que precisava ouvir. Jesus, você me comprou um teste na farmácia. Você não tinha que fazer isso, mas fez…”

“Mesmo assim você não falou comigo.”

“Sim, mas não foi porque eu achava que não poderia lidar com isso” Vanessa disse lendo as inseguranças de Clara e percebendo que ela não acreditava que tivesse suporte o suficiente pra lidar com isso “Foi só porque eu achei que você tinha coisas mais importantes.”

“Vanessa você é importante pra mim” disse Clara puxando a garota mais alta para mais perto dela com seus braços entrelaçados “Você é a minha família… você é uma das coisas mais importantes da minha vida. Você é uma das pessoas que estimo a mais em todo este mundo. Há muito poucas coisas que considero mais importante do que você. O julgamento nem sequer chega perto do que você significa pra mim.”

Vanessa sorriu ternamente e desengatou o braço de Clara e o colocou em sua cintura.

“Bem, no futuro, eu prometo contar tudo” disse Vanessa e Clara deu um passo para o lado para que ela pudesse segurar a mão da melhor amiga.

“Ok” Clara reconheceu observando suas mãos balançarem preguiçosamente enquanto caminhavam.

“Eu descobri na quinta-feira depois que ficamos na Marina no dia anterior para a maratona de filmes. Você se lembra? Foi quando a Camila se juntou a nós e seus lábios ficaram azuis?”

“Ah, sim. Passei a maior parte daquele dia dormindo.”

“Certo. De qualquer forma, na manhã seguinte eu tomei café da manhã e logo tive um enjoo e corri para o banheiro.”

“Mais ou menos como hoje?” Clara questionou e Vanessa assentiu.

“Sim. Isso me fez pensar que talvez estivesse grávida. Que talvez o teste estava errado porque minha menstruação ainda não tinha acontecido e minha mãe se sentia muito mal no início da gravidez.”

Vanessa parou por um momento ao chegar ao meio-fio esperando o sinal abrir para atravessar.

“Então eu digitei 'precisão teste de gravidez’ no google” Vanessa continuou quando já tinham atravessado “E dizia que às vezes acontecia falsos negativos no início da gravidez. Então fui para a escola naquele dia e disse a Rodrigo o que tinha acontecido. Ele disse que eu deveria fazer outro teste só para ter certeza e depois da escola procuramos uma farmácia.”

“Deixa eu adivinhar: deu positivo.”

“Sim, deu positivo.”

“Você quis surtar?”

“Um pouco. Quero dizer, Jesus Clarinha, eu não quero ser mãe. Fiquei tão aliviada quando você me disse que o teste deu negativo.”

“Mesmo assim você vai mantê-lo.”

“Sim. Depois que deu positivo nós meio que tomamos coragem e falamos com meus pais, independentemente do que nós decidíssemos fazer…”

“Eles ficaram com raiva?”

“Eles ficaram chateados. Eles realmente não sabiam o que dizer, mas eu poderia dizer que minha mãe estava desapontada comigo. Eu disse a ela que não queria ficar com ele, que queria terminar a escola e ir para a faculdade…”

“O que ela disse?”

“Ela perguntou o que Rodrigo queria fazer” Vanessa respondeu, um pequeno sorriso em seus lábios com a lembrança “Ele disse que queria que eu ficasse com o bebê, que ele me amava e queria que fôssemos uma família… ele disse que ia ficar de joelhos e propor se mostrasse a ele o quanto estava comprometido.”

“Uau! Então… o que aconteceu?”

“Então nós sentamos e conversamos. Meus pais, os pais dele e a gente…”

“Eles convenceram a mantê-lo?”

“Não. Eles me deram a oportunidade de fazer o que eu queria.”

“O que você quer dizer?” Clara questionada.

“Bem, a razão pela qual eu não queria ter um bebê era porque pensava que não estava pronta. Eu ainda sou jovem e tenho que terminar a escola. Quero dizer, que tipo de vida eu poderia oferecer a uma criança se nem concluí o ensino médio? Eu acho difícil conseguir um emprego e não teríamos nenhum lugar para viver” ela disse fazendo uma pausa por um momento quando chegaram a um outro cruzamento e esperavam o sinal abrir “Minha mãe disse que ninguém está sempre pronto para ter um filho. Não importa quantos anos tenha, você sempre acha que não é o momento certo ou as circunstâncias corretas. Ela me perguntou se eu amo Rodrigo e eu amo. Eu o amo e quero estar com ele. Eu quero ter filhos um dia…”

“Bem, quando a vida lhe der limões…” Clara comentou com um pequeno sorriso se formando em seus lábios.

“Ela disse que eu ainda podia terminar a escola mesmo se tivesse o bebê. Ela disse que Rodrigo poderia vir morar conosco e que ela iria cuidar do bebê durante o dia porque ela estará cuidando do meu irmão… disse que se aspectos práticos eram a única coisa que me impedia de mantê-lo então não precisava me importar. Minha mãe me disse que deveria fazer o que eu queria, mas que deveria realmente pensar nisso antes de tomar uma decisão. Então, Rodrigo e eu conversamos e decidimos mantê-lo. Eu percebi que poderia viver com o conhecimento que tínhamos tentado fazer nosso melhor, mas não acho que poderia fazer as pazes com a ideia de que tinha tirado nosso filho. Nosso relacionamento nunca se recuperaria com isso e eu sempre ficar me perguntando como seria. Se o ano passado me ensinou alguma coisa, é que a vida não é algo a ser dado como certo e, talvez, isso aconteceu por uma razão, talvez Rodrigo estivesse certo. Talvez fosse um sinal ou algo assim.”

“Você acha que foi concebido?” Clara perguntou e Vanessa deu de ombros.

“Eu não sei. Tudo o que sei é que eu amo Rodrigo e ele me faz feliz. Nossos pais estão sendo muito solidários, o que torna isso muito mais fácil, mas eu estou com medo, quero dizer, ao contrário do que eu disse anteriormente, isso é enorme… vai mudar tudo e posso estar cometendo um grande erro…”

“Eu não acho que você está cometendo um erro” disse Clara apertando a mão da amiga quando chegaram do lado de fora de sua casa “Eu acho que há muitas poucas oportunidades nesta vida onde você pode ser verdadeiramente feliz e se isso acontece com você, então deve agarrar com as duas mãos. Você deve fazer tudo que puder para manter as pessoas que você ama perto de você, Vanessa, porque um dia eles terão ido embora. Você não gostaria de olhar para trás sabendo que viveu para você e ninguém mais, que tomou decisões da melhor forma possível para preencher sua vida com as únicas coisas reais que importam, a felicidade, amor, família?”

“Sim. Eu faria isso.”

“Você será uma mãe incrível, Vanessa. Você sabe como eu sei disso?”

“Não. É porque eu sou tão legal?” ela perguntou, tentando fazer uma piada da situação.

“Não. É porque durante os últimos 17 anos você já sempre tomou conta de mim, nunca parou, nem uma vez, nem mesmo quando eu tentei te afastar. Você ficou ao meu lado durante tudo o que aconteceu este ano, Vanessa e eu não acho que posso retribuir isso, mas talvez isso ajude um pouco… você será uma ótima mãe e seu bebê” disse movendo as mãos unidas sobre o estômago de Vanessa “É provavelmente uma das crianças mais sortudas que irei conhecer em toda a minha vida. Você e Rodrigo podem não ter planejado isso, mas vão amar este bebê tanto quanto é possível se amar. Você são leais e generosos. Seu amor é algo raro e especial. Este bebê não tem ideia da sorte que terá tendo você como mãe, ter alguém que sempre cuidar dele, que irá protegê-lo e defendê-lo, que nunca irá desistir mesmo que peça isso.”

“Clarinha…” Vanessa disse com lágrimas nos olhos.

“Não Vanessa, é sério isso. Você já tem todas as qualidades que precisa para ser uma mãe fantástica e como sua amiga, como alguém que sabe o que é gostar do seu amor… eu posso dizer honestamente que você não tem nada a temer. Você será natural. Se eu já não tivesse 17 anos de prova, o ano passado seria suficiente para me convencer.”

Clara sorriu para Vanessa.

“A vida joga uma bola curva pra todo mundo de vez em quando, mas não é necessariamente uma coisa ruim, apenas inesperada. Eu nunca fui de acreditar em destino, não realmente…”

“Você acredita agora?”

“Agora, eu não sei… tudo o que sei é que percebi que tudo o que experimentamos na vida leva a outra coisa. A vida não para porque você tem algum obstáculo, ela continua de qualquer maneira. É só… às vezes as coisas que acontecem, as coisas que você tem que experimentar, não são sempre o que você inicialmente acreditava ser… às vezes é apenas um catalisador para outra coisa, uma dificuldade temporária que ajuda você em sua jornada para algo melhor.”

“O que você quer dizer?”

“Bem, como o acidente. Eu nunca teria pensado que olharia para trás um dia e seria grata que isso aconteceu comigo, mas eu sou. Hoje eu sou grata porque ele mudou a maneira que vejo tudo. Quase custou minha vida para perceber o que é realmente estar viva. Agora que finalmente consegui trabalhar meus sentimentos em relação a ele, eu vejo as coisas de forma diferente. Agora aprecio tudo muito mais. Cada respiração que dou é um presente, não uma obrigação. Testemunhar o nascer do sol é uma bênção. Nem todo mundo é tão afortunado como eu sou e há tanta coisa na vida para ser grata, experimentar… e eu quero fazer tudo isso agora… o acidente colocou Marina na minha vida e nunca poderia pensar que algo que me causou tanta dor poderia me trazer tanta felicidade, mas trouxe. O acidente mudou a minha perspectiva, me fez perceber o que é importante e que na minha vida posso contar quem estará lá por mim quando precisar. Então, sim, o acidente foi horrível e eu preferia não ter tido essa experiência, mas não era o meu destino final. Foi apenas um catalisador para outra coisa… para algo melhor. Como a sua gravidez. Provavelmente não será fácil, eu quero dizer, eu nunca estive grávida, mas ouvi dizer que pode ser difícil… de qualquer forma é apenas uma dificuldade temporária e quando acabar, quando você segurar seu bebê em seus braços pela primeira vez, você verá também, assim como eu, que era apenas um catalisador para algo melhor.”

“Jesus Clarinha” disse Vanessa enxugando os olhos “Porra, não é de admirar que Marina ama quando você diz merdas assim. Você sabe que será a madrinha do meu filho, certo? Você vai ensiná-lo tanto… quero dizer, eu não quero mais ninguém para preencher esse papel… que é seu e só seu… e talvez em parte, da Marina…”

“Marina?” Clara perguntou confusa.

“Sim. Quero dizer, se ela será um elemento permanente em sua vida, então é praticamente garantido que vai desempenhar algum tipo de papel na vida do bebê. Além disso, vocês duas tem que casar agora, Clarinha. Eu não posso me dar ao luxo de levar todas as idiotas para o Havaí se terei um filho. O que você acha que sou? Feita de dinheiro?”

Clara riu da observação da amiga e Vanessa a puxou para um abraço com força.

“Eu te amo Clarinha” disse Vanessa a beijando de leve no rosto.

“Eu também te amo, Vanessa” Clara disse fechando os próprios braços ao redor da amiga.

“Me promete que não vai morrer quando for para o hospital em algumas semanas?”

“Por que você está preocupada em perder a sua aposta?” Clara respondeu rindo.

“Não. Estou preocupada em perder você.”

“Sim, bem, não… eu não estou pensando em ir a lugar nenhum ainda. Você acha que realmente perderei minha melhor amiga se tornar mãe? Eu vou amar tanto essa criança que você não tem ideia. Só espere. Vou ensiná-lo todos os tipos de características irritantes… como… eu não sei… a cutucar repetidamente até que você faça o que ele quer.”

“Eu acho que posso viver com isso” disse Vanessa liberando Clara e enxugando uma lágrima de seu próprio rosto “Sim, eu definitivamente poderia viver com isso.”

Clara sorriu para Vanessa e pegou a mão dela, a apertando com força.

“Você vai ficar bem?” Clara perguntou a ela.

“Eu vou ficar bem. Eu vou comer alguns biscoitos e chamar o Rodrigo.”

“Ok, mas se você precisar de alguma coisa, vai me chamar, certo?” Clara sondou e Vanessa riu.

“Eu não consigo pensar em ninguém que prefira conversar. Agora vá para casa ver sua namorada. Marina está indo pra lá, né?”

“Sim” admitiu Clara, divertida que as duas eram tão fáceis de ler “Ela está me trazendo a sobremesa.”

“Bem, eu definitivamente não posso te segurar então” Vanessa observou soltando a mão de Clara.

“Eu te ligo amanhã”

“Me mande uma mensagem mais tarde” Vanessa exigiu e sorriso de Clara ampliou.

“Eu vou” ela disse saindo da varanda de Vanessa em direção a rua.

Clara virou e acenou para Vanessa, a menina mais velha devolvendo o gesto antes de entrar em sua casa. Clara fez o resto da viagem de volta para sua casa refletindo, pensando em tudo que aconteceu neste último ano, um sorriso sempre gravado em seu rosto enquanto contava todas as suas bênçãos, que agradavelmente surpresa, percebeu que superavam os desastres. Quando chegou em casa, seu sorriso ficou ainda maior com a visão que a aguardava: Marina sentada pacientemente na porta da frente, um saco de papel marrom descansando sobre o concreto ao seu lado.

Ela se levantou quando viu Clara e caminhou ao longo do jardim para encontrá-la no meio do caminho, a bolsa com a sobremesa de Clara em sua mão.

“Eu acredito que alguém ordenou ‘Morte pelo Chocolate’?” disse Marina segurando o saco na frente de Clara.

“Acho que seria eu” Clara disse e pegou o saco da mão de Marina “Obrigada” ela disse inclinando-se e a beijando.

“Qualquer coisa por você… vejo que conseguiu voltar inteira.”

“Vejo que você conseguiu não bater o carro” Clara disse quando Marina colocou um braço em torno de seu ombro e a direcionou para porta de casa.

“Então acho que nós duas somos incríveis.”

“Aposto que todos gostariam de ter as habilidades que nós temos” Clara brincou tirando as chaves de casa do bolso, seus pais tendo levado Lena para ver sua avó.

Clara gesticulou para Marina entrar e ela abaixou-se no corredor para cumprimentar Jasper que estava abanando o rabo com entusiasmo à chegada da menina de olhos verdes.

“Você sabe que acho que ele sente falta de viver com você?” disse Clara fechando a porta e parando para dar um tapinha na cabeça de Jasper em saudação.

Ela colocou as chaves no armário do corredor e Marina a seguiu.

“Então Vanessa está se sentindo melhor?” perguntou Marina e Clara olhou para ela por cima do ombro enquanto ia para a cozinha com a sobremesa.

“Sim, eu acho que o ar fresco realmente ajudou” Clara disse caminhando ao redor do balcão da cozinha e puxando um prato e uma colher do armário.

Ela esvaziou o conteúdo do saco no prato, um grande brownie de chocolate coberto com molho de chocolate e foi até o microondas para esquentá-lo.

“E você?” Marina perguntou quando Clara recostou-se contra o balcão da cozinha.

“E eu?”

“Você está se sentindo melhor?” Marina questionou dando um passo à frente de Clara, pegando as duas mãos da namorada e entrelaçando seus dedos.

“Estou bem, tinha até me esquecido da crise.”

“Eu quis dizer sobre Bia” Marina esclareceu percebendo que Clara tinha entendido mal a pergunta.

“Oh” disse Clara parecendo um pouco envergonhada “Bia… sim, eu me sinto melhor na verdade. Eu me sinto muito melhor.”

“Eu também. Obrigada por me fazer ir com você falar com ela. Eu não queria…”

“Não há nada de errado com isso. Eu não teria pensado menos de você se tivesse ido.”

“Eu sei disso, mas você estava certa em ouvi-la. Qual é a utilidade de guardarmos rancores? Só te torna mais amarga no final do dia e eu não quero ser amarga. Quero estar contente e feliz.”

“Então você está?”

“Eu estou o quê?”

“Feliz?” Clara pressionou empurrando as mãos unidas no peito de Marina.

“Sim” disse Marina inclinando-se e bicando Clara na testa quando o microondas apitou “Eu estou feliz.”

“Eu também.”

“Você sabe que realmente me surpreendeu hoje? Eu sempre soube que você tinha mudado, Clarinha. Você está tão diferente agora em comparação a garota que conheci em setembro, mas hoje você realmente provou o quão longe você chegou. Não são mais só palavras, né? Você realmente deixou o acidente pra trás.”

“Você não achou que realmente eu tinha conseguido?”

“Eu não tinha certeza. Isso faz de mim uma pessoa má?”

“Não, isso faz de você, inteligente. Você pensou que eu estava ficando melhor antes e todos nós sabemos como isso acabou… isso não faz de você uma pessoa ruim por me questionar.”

“Quem é você?” Marina perguntou rindo para si mesma divertida com a mudança agora mais evidente, mas não negativa. em sua namorada.

“Eu sou sua” Clara suspirou e Marina sorriu antes de se inclinar e beijá-la rapidamente nos lábios.

“Você sabe que uma vez eu te disse a mesma coisa?” Marina informou a Clara enquanto passava a mão por trás da namorada para abrir o microondas pegar a sobremesa para ela.

“Você disse?” perguntou Clara, incapaz de recordar e seguindo Marina até o balcão.

Ela se sentou ao lado da namorada e colocou duas colheres no balcão, um dos quais Marina não tinha notado que ela estava segurando.

“Sim” respondeu Marina, deslizando sobremesa de Clara na frente dela e lembrando seu primeiro beijo no hospital após a crise de Clara “Eu disse” ela apontou surpresa para a colher extra que Clara tinha pegado “Você vai compartilhar sua sobremesa comigo?”

“Eu não vou partilhar nada com você” disse Clara pegando sua própria colher e um pedaço do brownie de chocolate.

Marina sorriu para si mesma, sua mão hesitando sobre a colher por um momento antes de pegá-la e pegar um pedaço da sobremesa para si.

“Você gostou?”

“Morte pelo Chocolate?” Marina perguntou erguendo a sobrancelha em consideração “Eu suponho que não seja uma maneira ruim se eu tivesse a escolha. O quê?” ela questionou observando os olhos de Clara nela, uma expressão pensativa no rosto machucado enquanto ela batia a ponta da colher suavemente contra a superfície do balcão.

“Nada” respondeu Clara, deixando cair seu olhar, uma pequena risada escapou de seus lábios.

“Não. O quê?” Marina pressionou e Clara voltou os olhos para os verdes familiares que estavam a encarando divertida.

“Estou muito feliz” disse Clara balançando a cabeça com suas próprias palavras.

“Por que é tão engraçado?” Marina perguntou quando Clara pegou outro pedaço de brownie.

“Só é. Eu não deveria estar tão feliz apenas sentada na minha cozinha comendo um pedaço de brownie com você, mas eu estou. Estou tão feliz Marina e isso é engraçado porque se estou tão feliz apenas fazendo algo tão simples e tão pequeno quanto isso com você, então imagine o quão feliz eu poderia estar fazendo algo grande e significativo.”

Marina sorriu mais do que já tinha sorrido antes em resposta às palavras de Clara e ela estendeu a mão sobre o balcão para esfregar o antebraço da namorada, incapaz de dizer qualquer coisa de maior magnitude em troca.

“A vida é meio bonita, não é? Quero dizer, é poético você não acha? Como poucos meses atrás eu consideraria acabar com tudo e agora… agora eu não consigo nem lembrar uma única razão por que eu queria.”

“Eu não sei se concordo totalmente com isso. Quer dizer, eu acho que a vida pode ser bonita, mas acho que a sua beleza é dependente das pessoas que você escolher compartilhar sua vida. Tudo que sei com certeza é que você é linda, Clarinha e é por isso que a minha vida é linda. Você é o que traz a beleza a ela. Mas nem sempre foi tão impressionante quanto é agora.”

“E você diz que eu sou boa com palavras” Clara corou pegando um pouco mais de brownie com a colher e oferecendo a Marina que pegou agradecida.

“Você é. Estou apenas as pegando emprestada por um minuto.”

Clara olhou para o prato na frente dela e deslizou na frente de Marina.

“Você pode terminar isso?” Clara ofereceu colocando a colher no balcão à sua frente com um senso de finalidade que não poderia ser discutido.

Marina pegou sua própria colher e começou a comer ciente de que o gesto de Clara significava, sem as palavras que precisavam ser ditas: eu amo você.

“Eu também te amo, Clarinha” disse Marina, terminando o último pedaço e se virando para encarar a namorada.

“Você não precisa dizer isso” Clara riu.

“Nem você” Marina respondeu.

“Eu não disse” Clara riu enquanto Marina pegava a mão dela.

“Sim, você disse” Marina respondeu e Clara sorriu “Só não usou palavras.”

“Sim, bem você as pegou emprestada” Clara reclamou de brincadeira.

“Você pode tê-las de volta” Marina disse aproximando seu rosto do de Clara.

“Tudo bem” Clara concordou e Marina a beijou, aprofundando o contato por alguns minutos “Eu te amo” Clara disse quando se separaram com um sorriso no rosto.

“Sim, eu sei” disse Marina puxando a boca de Clara de volta novamente com a mão que estava descansando na parte de trás do pescoço da namorada “Eu sei” ela pensou.


Notas Finais


Bom fiz a conta e faltam 12 capítulos e mais o Epilogo entao fiquem calma
Vejo vcs nos comentários
Erros...
Ouçam o NOVO Álbum do THE WEEKND o cara e ahahahhah


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