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História Simplesmente - Capítulo 4


Escrita por: Helly_Nivoeh

Notas do Autor


OLÁ EU NÃO ESQUECI DESSA FIC NÃO!
Então, teve uma história bem triste com esse capítulo... Eu fiz ele todo bonitinho em dezembro e quando fui postar, meu celular formatou. Meu plano era postar um capítulo dia 22 (aniversário da Thalia) e outro 25(Natal), pra finalizar e tudo mais. Como formatou, mudou pro dia 31/12/2016 e 01/01/2017. Então reescrevi no dia 25, mas no dia 27 roubaram meu celular...
Eu ate reescrevi de novo e gostei, mas não ficou 1/10 dos demais e até hoje to criando coragem pra postar. Como veio a páscoa, percebi que esse é o melhor momento de trazê-lo.
Espero que gostem! Os links das músicas está nas notas finais, é bom ouvi-las.
Ah, e claro que tenho que agradecer à Dama do Poente por me mostrar Papercut que encaixou perfeitamente! O que seria de mim sem ela?!
Enfim, boa leitura!
P.S.: Heaven é paraíso, traduzido do inglês.

Capítulo 4 - Capítulo 4


Eram três grandes deuses, três parcas, três fúrias e três músicas para Nico conquistar o perdão de Thalia. A terceira música escolhida pelo filho de Hades era, ironicamente, Heaven, composta e cantada por Bryan Adams.

A mudança drástica na melodia das músicas fez Thalia sorrir e balançar a cabeça, ciente que as músicas definitivamente não estavam no aleatório, enquanto Nico aproveitava os primeiros versos lentos cantados acapella para descer ambas as mãos para a cintura da esposa, tendo seu pescoço abraçado por ela. Estavam tão próximos que podiam ouvir a respiração e os batimentos um do outro, a bochecha de Nico recostada na dela, gelada.

Há anos, no dia que se conheceram, Thalia havia dito que Apolo era quente. A expressão abria para duas interpretações e, com o passar do tempo, Thalia descobriu que em Nico só cabia a que possuía malícia, devido a baixa temperatura corporal do rapaz que raramente se elevava, pelo menos, longe de Thalia. Já a Filha de Zeus era quente nos dois sentidos para Nico, e esse contraste não era o único que o fez se apaixonar lenta e perdidamente por ela.

Eles eram tão diferentes e iguais, ao mesmo tempo. Frio e quente, preto e azul, Nico tão rancoroso e Thalia tão impetuosa e explosiva. Entretanto, iguais na força, teimosia, coragem e lealdade. Como raios em uma noite tempestuosa. Diferentes e completos, como Thalia e Nico. Isso os tornavam tão apaixonados.

Não foi preciso chegar a segunda estrofe para Thalia tomar os lábios de Nico nos seus, afinal, era sua vez de ceder. Ela o beijou tão lenta e suavemente como a melodia da música, os dedos pálidos acariciando a nuca e depois os cabelos negros do rapaz, enquanto sua cintura era apertada.

Os beijos eram a forma de declarar o amor, de dizer como precisavam um do outro, sem palavras que podiam ser distorcidas, apenas a verdade nas pupilas dilatadas e nos toques suaves. Cada vez que Nico a apertava mais ou deslizava os lábios pela face dela, beijando-a, era como se sussurrasse todos os segredos da alma, dizendo na sua língua favorita "eu te amo".

E Thalia não só o compreendia, como correspondia da mesma forma, suspirando a cada carinho, envolvendo seus lábios em mordidas, deixando que as mãos brincassem com os fios finos e trouxessem arrepios tão gostosos quanto quando ele a beijou no pescoço. Mal a música terminava e Thalia o puxava para a cama no centro do quarto, os beijos não mais tão suaves, as mãos nervosas puxando blusas pela cabeça e ansiosas para se desfazer das calças.

Loucos para se entregarem aos desejos, encontrarem o paraíso um no outro a cada afago, cada carícia suave nos corpos nús, tudo parecia torná-los mais perto do paraíso e da alma um do outro. Com a perícia conquistada em anos de paixão, eles se conheciam o suficiente para saber como delirar o outro, onde beijar da forma mais suave que conhecia, onde morder, onde tocar, o que sussurrar, arrancando suspiros e gemidos abafados.

Eles conheciam cada centímetro do corpo um do outro, cada amada imperfeição, todas as cicatrizes causadas por lutas, emboscadas, quedas… Cicatrizes que os marcaram negativamente como a no peito de Nico, e cicatrizes que lhes enchiam de lembranças, como a do ventre de Thalia, testemunha ocular do nascimento de Layla e prova do amor entre eles. Mesmo o curativo sobre as costelas de Nico não deixava de ser familiar, afinal, eles eram semideuses fortes, cada ferimento era uma consequência e aprendizado que carregavam e carregariam eternamente.

Mas, mesmo em anos, ainda havia o que descobrir sobre o outro. Foi o que Thalia pensou quando Nico a beijou no seu centro de prazer e suas reações não foram tão silenciosas. Seu corpo parecia incendiado, sobrecarregando cada nervo super sensível pela carícias e quando Nico se deitou sobre ela, tudo o que podia pensar era em como ela podia suportar tudo sem queimar por completo de tanto prazer.

Não havia o que dizer em momentos assim, a mente só era preenchida pela visão do outro, mas eles balbuciavam ainda assim, agradecendo, pedindo, suplicando que não acabasse.

Eles envolviam um ao outro em carícias, perdendo o ar juntos, sentindo o coração um do outro acelerar. O corpo de Thalia incendiava sempre que as mãos de Nico a apertava nas coxas, os lábios gelados lhe cobriam os seios, ou ainda, quando seus olhos se encontravam, as pupilas tão dilatadas que era difícil reconhecer as íris.

Senti-lo dentro de si era o que mais a completava, cada vez que ele lhe pedia para que ela abrisse mais as pernas ou se movesse para aumentar o contato, Thalia atendia com sorrisos doces e beijos eufóricos, apertando-o como se pudesse unir além dos corpos, mas também a alma.

Cada vez que Nico sussurrava em italiano no ouvido de Thalia e movia a cintura contra a dela, a Grace-Di Angelo se sentia mais completa, como se a alma tão machucada se restaurasse: o medo de confiar nas pessoas parecia desaparecer cada vez que seus lábios se uniam e Thalia só conseguia pensar que ela estava segura ali, nos braços do seu amado. Na alegria ou na tristeza, protegeriam um ao outro, amariam um ao outro e, que seja por ora, era o que queriam, era o que importava. Juntos conquistavam sorrisos, conquistavam a felicidade, o amor. O paraíso.

Haven. O paraíso um do outro. Mesmo com tantos dificuldades que encontraram ao longo da vida. Desde a infância, acreditar em um local seguro deveria ser apenas uma ilusão, principalmente quando se conheceu a morte e descobriu que o inferno é bem maior que a felicidade. Contudo, eles ainda acreditavam quando estavam nos braços um do outro, quando cada medo que os preenchia era apenas o frio na barriga ao imaginar o que logo aconteceria, ao misturar lembranças e fantasias e sentir o corpo se arrepiar, como uma lembrança física de todos os momentos íntimos que compartilhavam.

E, neste momento as três canções se entrelaçavam como Nico e Thalia. Em parte por influência dos deuses, mas também por ser quem eram, eles se apaixonaram de uma maneira lenta e confusa, gerando um amor tão grande que não só os envolvia, como também à Layla, Will e Jason. Crescendo esse sentimento exponencialmente, um amor que abria-lhes a mente e gerava um lar, quase um milagre, que os fazia encontrar porto seguro, o paraíso que só era mantido com perdão.

Os deuses eram prova que o infinito era cruel, que o “felizes para sempre” não existia, que um amor podia ser tanto construído quanto destruído e eles precisavam estar dispostos a consertar cada falha, cada erro. Não adiantava terem um ao outro se se esquecessem de quem eram, precisavam dos arrependimentos, dos pedidos de perdão, afinal, eram imperfeitos e teimosos, brigas poderiam se tornar corriqueiras, mas a solução era pedir desculpas, mesmo que ainda estivessem aprendendo isso.

Felizmente, sua família compreendia melhor que eles e ajudava a construir esse amor.

(...)

Os sonhos de Thalia se tingiam em vermelho, preto e branco. Sua mente se inundava em formas abstratas de asas e serpentes no meio da névoa densa, desbotava-se em lembranças amargas de Nico caindo de joelhos enquanto as mãos brilhavam em escarlate ao tentar estancar um ferimento no abdômen e depois fragmentava-se em familiares sombras de telhados pontiagudos. Pavor queimava em seu peito enquanto caia infinitamente e tentava gritar, mas o único som que ouviu foi a voz do marido.

"Calma", ela escutou como um sussurro em seu ouvido, mas tudo ao seu redor era o ar lhe chicoteando os cabelos negros e os telhados tão perto e distantes ao mesmo tempo. "Estou aqui, mio amore. Estamos seguros, pode acordar."

A voz de Nico parecia veludo e, aos poucos, o peito de Thalia começou a parar de arder, respirar se tornou possível, bem como controlar sua mente. Ela abriu os olhos incrivelmente azuis e se deu conta de que havia soluços no ambiente, soluços que pertenciam à ela.

— Estou aqui, Mio Tesouro. — O Di Angelo continuava a acalentá-la, o timbre o mais suave possível síncrono aos afagos que ele lhe fazia nos cabelos. — Você não está sozinha, está segura agora.

Thalia sentiu um beijo leve no topo da cabeça e apenas o apertou mais, ouvindo os batimentos suaves do marido, a cabeça afundada no peito dele enquanto os dentes cerravam os lábios ao tentar impedir gritos.

Nico não se importava com as lágrimas ensopando-lhe o peito nu, ou que as unhas de Thalia se afundassem na cintura dele e cortassem a carne, ele só queria confortá-la no desespero.

Muitas vezes era ela quem lhe beijava o rosto úmido pelas lágrimas e dizia que estava tudo bem, ela deixava Nico chorar até ficar rouco e conseguir cessar as memórias e, no final, por trás dos olhos azuis, não havia nada mais do que compreensão, tristeza e amor.

Eles não tinham pressa em suprir as lágrimas do outro, às vezes estas sequer apareciam depois de um pesadelo, contudo, algumas vezes ficavam tão abalados que os minutos de choro passavam lentamente; Não havia problema em se desesperar depois de uma memória ruim, estavam lá um pelo outro.

— Estou aqui, mio amore. — Nico sussurrou novamente, dando outro beijo na cabeça de Thalia.

— Eu sei — Ela respirou fundo, conseguindo parar as lágrimas, mas continuou com a cabeça deitada sobre o peito do marido, tentando sincronizar a respiração aos batimentos cardíacos dele.

— Estão mais frequentes? — Nico perguntou, afagando os cabelos negros dela suavemente. Como ela não respondeu, ele logo deduziu que a resposta era sim, sabendo que, para chegar ao nível do desespero que ela estava naquela madrugada, os pesadelos estavam se tornando mais recorrentes e piores a cada noite. — Por que não me contou?

Ele tentou não soar amargurado, mas era difícil quando Thalia agia com o orgulho falando mais alto. Infelizmente, isso não era raro e atitudes assim acabavam por deixá-lo com o sentimento de impotência, de não estar cumprido uma das suas principais prioridades: proteger a esposa. Mesmo que fosse de sonhos ruins: ele podia adentrar-lhe os sonhos e manipulá-los, afinal.

— Você não dormiu até agora? — Thalia sussurrou, apertando-o mais no abraço, sabendo que havia o magoado mais uma vez. Parte dela não o acordou nas noites anteriores por estarem brigado, mas a outra era porque não queria preocupa-lo.

— Estava pensando em uma música. — Nico sussurrou e Thalia ergueu-se um pouco, apoiando-se nos travesseiros para olhá-lo nos olhos.

— Qual música? — Ela sussurrou, afagando-o na lateral do rosto, admirando quão bonito era o negro dos seus olhos. Quando ele os fechou, a Filha de Zeus pode notar as olheiras escuras pelas noites mal dormidas, mas nem isso lhe tirava a beleza.

— Uma aí... Nada demais, Will que me mostrou.

— Cante para mim. — Thalia pediu, sem cessar os afagos, e quando ele negou com a cabeça, ela pediu novamente, depositando um beijo castos nos lábios do esposo. — Eu adoro quando você canta para mim.

Nico abriu os olhos e suspirou, ciente que não havia muitas coisas a qual responderia “não” para Thalia. Ele começou a cantar quase sussurrando, tão baixo que Thalia só pode ouvir quando deitou a cabeça no ombro dele.

Nico Grace-Di Angelo era filho de Hades, havia feito inúmeros funerais, ele cantava para os mortos, hinos sobre dor e sobre lembranças, sobre o passado. Se houvesse como descrever sua voz enquanto cantava seria fria, baixa e rouca, provocando melancolia a cada verso. Em síntese, Thalia a ama.

Thalia não conhecia a música, mas era fácil ver porque Nico estava pensando nela, porque Papercut composta por Zedd se encaixava na situação deles.

Ela fechou os olhos e culpa e dor queimava nas íris azuis enquanto pensava nas semanas anteriores, quando acordava dos pesadelos com medo e chorando, mas se recusava a chamar Nico.

 

“Agora estamos olhando para o teto

Você é tão lindo quando está bravo

Tudo o que posso ouvir é a respiração”

 

E quando a luz começava a iluminar o quarto anunciando o amanhecer, ela só conseguia contemplar-lhe a face, tentada a acordá-lo com um beijo ou simplesmente abraçá-lo. Mas, quando ele abria os olhos, Thalia fechava os seus, fingindo que não sentia ele afagar-lhe a face e suspirar, Nico ciente que ela estava desperta, mas que preferia o silêncio e estar sozinha com seus pensamentos; Agora era fácil ver como aquilo soava estupidez, mas o medo e o orgulho a impedia de confiar, de lhe dizer o que estava acontecendo.

 

“E estamos presos dentro do silêncio, em um mundo frio, frio

Somos muito orgulhosos para pedir desculpas”

 

Thalia não podia deixar de pensar na noite da sexta anterior, quando deitou-se primeiro e apagou o abajur do seu lado. Nico deitou logo depois e ambos estavam virados um para o outro. Thalia queria chorar na penumbra, queria acabar com a birra e apertá-lo nos braços, e mal se deu conta do que fazia quando se aproximou de Nico e lhe selou os lábios, aproveitando o beijo com sabor de saudade.

 

“Eu encontro refúgio na distância

Mesmo quando estamos separados

Podemos fazer uma pausa para um beijo?”

 

Eles só se separaram quando ouviram as batidas na porta e, logo depois, a garotinha aparecia, apertando um ursinhos nos braços e choramingando um pesadelo. Nico deu um último beijo na esposa, antes de puxar a filha para a cama e acomodá-la no meio dos dois, sussurrando que tudo ia ficar bem. E as palavras não eram apenas para Layla…

 

“ Eu vou me aproximar de você e lembrar

Foi apenas um corte, apenas um corte de papel”

 

Na manhã seguinte, quando Thalia acordou primeiro e viu o marido abraçando a filha e dormindo profundamente, a sensação de corte era muito maior do que de um papel, era como se sua alma tivesse sido rasgada de fora a fora, o medo de perdê-los, o medo de ver sua família desmoronar e ficar novamente sozinha fazendo com que soluços abafados lhe subissem no peito. Por isso se afastou e o afastou durante todas as manhãs e noites, por medo de não aguentar.

Ela não conseguia pensar no que teria acontecido se Nico tivesse morrido, no que aconteceria quando Nico morresse: parte dela iria com ele. Ela não queria se afastar, mas cada vez que via o curativo no peito dele, era como se voltasse ao momento em que o marido caía machucado e ela sabia que assim que deixasse a primeira lágrima descer, não conseguiria impedir as demais.

Sabia que não conseguiria manter a força, não conseguiria explicar porque estava chorando e não conseguiria dizer que ficaria tudo bem para Layla enquanto sentia seu peito sangrar, principalmente agora que carregava outra criança no ventre.

Nico era quem lhe consolava quando se sentia sangrar, quando se afogava em desespero… Quem a salvaria quando ele se fosse?

Por isso sua raiva nos últimos dias; Não era raiva dele, mas de si. Por ser fraca, por não conseguir viver sem ele, por se sentir abandonada, por todo o desespero que se encontrava; Raiva pelo medo; Raiva por machucá-lo assim;

Podia parecer um motivo simples, uma coisa boba, mas para ela não era. Às vezes cortes de papéis ardiam muito mais do que cortes profundos, e serviam para mostrar quão frágil somos.

 

“Agora parece que estamos sangrando

Tão profundo que podemos não voltar

Nossas palavras vão rasgar através da superfície

Como um corte, como um corte de papel”

 

— Lia? — A voz de Nico soou baixa, depois que a música encerrou, instável e rouca. — Amanhã, quando acordarmos...

Ele deixou as palavras no ar, a dúvida de estariam bem ou não. Thalia suspirou profundamente e se ergueu, para olhá-lo nos olhos.

— Vamos estar bem, eu e você. — Sussurrou, acariciando o rosto dele novamente. — Foi apenas um corte, não é? Vai sarar.

 

“Mas pela manhã quando acordamos

Eu vou me aproximar de você e lembrar

Foi apenas um corte, apenas um corte de papel”

 

Nico assentiu com a cabeça de olhos fechados, sentindo os lábios da esposa sobre os seus, um carinho depois de tanto tempo distantes.

— Nico? — Thalia sussurrou, ainda com os lábios sobre os do marido, os dedos afagando suavemente os cabelos dele. — Me desculpa?

— Sempre, mio amore. — Ele sorriu, e a apertou na cintura, provando que falava a verdade. — Sempre.

 


Notas Finais


Gostaram?! Espero que sim!
Aliás, o que acharam da nova capa? A imagem foi mandada pela Dama do Poente e achei muito SImplesmente!
Infelizmente acho que só vai ter mais um capítulozinho, mas será mais happy!
Enfim, obrigada pela atenção e feliz páscoa!
Músicas:
Heaven - Bryan Adams: https://www.youtube.com/watch?v=Z7b37l_B4vI
Papercut, Zedd: https://www.youtube.com/watch?v=HwtljkGZJnI


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