1. Spirit Fanfics >
  2. Simplesmente Acontece >
  3. Four

História Simplesmente Acontece - Four


Escrita por: peaxhgray

Notas do Autor


Hey amores, vocês não tem noção do quão feliz eu estou, sério, a Fanfic atingiu em apenas 3 capítulos mais de 50 favoritos e no capítulo passado teve 19 fucking comentários... EU TO MORTA DE AMOR ❤️
Vocês são incríveis sério mesmo, eu só tenho que agradecer, muito, muito obrigada mesmo por tudo isso... 💕

Espero que vocês gostem desse capítulo e obrigada mais uma vez

Capítulo 4 - Four


Fanfic / Fanfiction Simplesmente Acontece - Four

10.12.2017

 - ADIVINHEM QUEM VAI FINALMENTE ESTAR LIVRE DO COLÉGIO EM MENOS DE 24 HORAS? - Pergunto gritando enquanto entro na farmácia da família de Emília.  Ela e Benício estavam largados sobre o balcão, com a maior cara de tédio e eu me permito rir da careta que eles fazem, assim que eu grito em seus ouvidos. 

 Como sempre, eles estavam sozinhos ali. A pequena farmácia ficava em uma área afastada do bairro aonde eu morava, o que fazia quase ninguém passar lá, mas tendo varias filiais dela por toda Buenos Aires, a família da menina, não precisava se preocupar se essa aqui, dava ou não lucro para eles, acredito que os pais de Emília só tenham aberto ela para que a filha ficasse ocupada com algo, dando a eles um controle maior sobre ela e sobre o que ela fazia.

 - A loira mais grávida do mundo? - Benício pergunta rindo enquanto eu me sento no balcão. Minha barriga já estava um pouco saliente, uma pequena curva já era perceptível e levando em consideração que eu sempre fora seca de magra, era difícil esconder isso. Mas eu iria conseguir, pelo menos até ganhar a bolsa de estudos e finalmente me livrar de tudo isso, indo para Paris estudar na faculdade de belas artes que havia lá. 

 - Eu mesma. A loira mais grávida e mais gostosa do mundo. - Falo sorrindo convencida e Emília me olha de cara feia, enquanto aponta pra si mesma. - Okay a segunda loira mais gostosa do mundo. - Corrijo rindo e ela mostra a língua pra mim, rindo também. 

 - Então loira oxigenada, que horas que é a sua formatura mesmo? - Diz em um tom de falso esquecimento e eu faço uma cara de ofendida, fazendo Benício cair na gargalhada. 

 - Você não lembra? - Pergunto com falsa surpresa. 

 - Desculpa meu amor, - Ela joga o cabelo para trás. - mas eu só me lembro de coisas importantes e no momento você não é uma delas. 

  Gargalho jogando um potinho de clipes nela, que desvia com rapidez, fazendo sua cabeça bater com tudo na parede e ela gemer de dor. 

 - Essa criança vai crescer em um hospício. - Benicio diz balançando a cabeça e eu jogo o envelope em sua direção, acertando sua testa. - Aí sua louca, tá vendo só pestinha, sua mãe é doida e vai acabar me matando. - Resmunga fazendo eu e Emília rirmos mostrando a língua pra ele. 

 Pego o envelope de volta e pouso ele no balcão, era o exame de sangue para que eu pudesse descobrir se seria menino ou menina, digamos que já não aguentava mais de curiosidade e eles muito menos. Então, ao invés de esperar mais um mês para descobrir, acabei decidindo fazer o exame de sangue mesmo. 

 - Façam suas apostas, quem ganhar me paga um hambúrguer. - Falo usando o grampeador que tinha ali como microfone e os dois me olham descrente. - Ei, eu estou grávida, preciso comer por dois agora. Além disso estou em fase de crescimento. - Falo rindo com tom de superioridade na voz. 

 - Desiste, você não vai mais crescer. - Emília fala rindo junto. - Sempre será a mais baixa do trio.

 -Quieta! - Exclamo revirando os olhos. - O assunto aqui é o projetinho de gente e não a minha altura, então façam suas apostas, vamos ver quem de vocês vai acertar. 

 - Vai ser menino/menina! - Os dois exclamam juntos e eu abro o envelope rindo enquanto cantava uma musiquinha em tom de suspense.

 - Então o projetinho de gente é - Bato os dedos no balcão imitando uma bateria. - UMA MENINA! - Exclamo animada virando o exame pra eles. 

 - Eu sabia, eu sabia, eu sabia. - Benício começou a repetir enquanto fazia a dancinha da vitória mais escrota do mundo. - O instinto de padrinho nunca falha. - Diz se exibindo e provocando Emília, eles estavam namorando a uma semana, e estavam mais grudados do que nunca, sem contar que pareciam mil vezes mais radiantes, eu estava feliz por eles, muito feliz mesmo. Os dois eram dois teimosos, e se não fosse por isso já era para estarem namorando a séculos. 

 - Certo, certo. Você acertou, mas eu ainda vou ser a pessoa favorita do mundo do projeto de Ambar Smith. - A loira resmungou enquanto pegava as chaves da loja. - Só por isso você que vai pagar o nosso almoço hoje. - Emília abriu um sorriso vitorioso enquanto ele pegava suas coisas e nós saíamos da farmácia. Quando ela terminou de fechar tudo, entramos no carro de Benício rindo dos resmungos dele, que reclamava de sempre precisar pagar a nossa comida. 

 - Pensa assim, você vai estar fazendo sua melhor amiga grávida, sua namorada e o nosso projetinho de gente felizes. - Coloco a mão em seu ombro. - Sua afilhada agradece muito pela comida. - Digo colocando o cinto de segurança e ele da partida, seguindo em direção ao shopping. 

 Nos três passamos a tarde juntos, rindo e brincando, nos separamos apenas para terminarmos de nos arrumar para minha cerimonia e festa de formatura, mas como eu iria de carona com eles, já que minha Tia e meu Avô chegariam atrasados, eu logo os reencontrei. Era comum passarmos o dia todo juntos, acho que via mais eles do que minha própria tia e olha que morávamos na mesma casa. 

 Chegar ao salão aonde seria a formatura foi estranho, eu não tinha um grupinho para tirar fotos vestindo a beca, muito menos uma família orgulhosa me apoiando ali, mas tinha os dois, então talvez, isso tenha feito o clima se amenizar, pelo menos um pouco. Eles estavam sempre ao meu lado me apoiando, não deixando que os olhares tortos do meus ex-grupo de amigos me atingisse e me fazendo permanecer forte, para não desistir de tudo. 

 Gaston se aproximou da mesa aonde estávamos acompanhado por Nina, a mesma parecia um pouco desconfortável em estar aqui, mas acompanhava o namorado como se tivesse medo de que eu pulasse em seu pescoço. Ridículo isso, eu só desejava ver os dois sumindo da minha vida, assim como eles haviam pedido que eu fizesse da deles. 

 - Ei, você está bem? - Ele pergunta se sentando na cadeira ao lado de Benício. 

 - Ela está, e mesmo que não estivesse, isso não seria da sua conta. Vocês perderam qualquer direito de falar com ela a muito tempo. - Emília exclama brava, enquanto eu permaneço em silêncio. 

 - Olha Ambar, hoje é nossa formatura, eu realmente gostaria de tirar uma foto com você. Quero ter uma lembrança sua, já que vou para Oxford mês que vem e não faço a minha ideia de quando iremos nos ver novamente. Você era minha melhor amiga, quero muito ter uma lembrança sua. - Gaston fala na esperança de receber um sorriso meu, mas ao invés disso, apenas me deixa ainda mais desconfortável e brava. 

 - Cala a sua boca. - Digo seria e arrumo a beca, ela servia como um bom disfarce para a pequena barriga saliente, esperava que ele não notasse isso. Não precisava que ninguém do Roller ou do colégio descobrisse sobre isso. - Você não estava aqui no momento que eu mais precisei, nenhum de vocês estavam. Então só por hoje ser a nossa formatura, não quer dizer que eu seja obrigada a tirar uma foto fingindo que tudo está bem. Pois não está, nada está bem e não tem nada que você diga ou faça que vai mudar isso. Eu esqueci vocês, deletei todos de minha vida e espero que façam o mesmo comigo, afinal, quem me expulsou primeiro foram vocês.

 Respiro fundo e me levanto com pressa, logo o diretor do colégio entra no palco, chamando a todos os formando. Nos dois olhamos pro palco e voltamos a nos encarar. 

 - Ambar, não aja como se tivesse esquecido todos nós. - Gaston fala enquanto Nina corre para abraçar Simon que havia acabo de chegar com Jazmin. O mexicano e Nina haviam se tornado amigos e atualmente eram quase tão grudados quando ele e Luna eram.

 - Eu esqueci vocês, não preciso de pessoas hipócritas em minha vida. - Respiro fundo e ele pega meu pulso, segurando-o com leveza. 

 - Não, você não esqueceu e uma prova viva é a pulseira que você usa no pulso. - Diz e sai indo ao encontro da Namorada. Ele estava certo, eu não era capaz de esquecer, e mesmo que tentasse, tinha uma prova viva que sempre me lembraria de todos os momentos que passei com aquelas pessoas, e essa prova crescia dentro de mim. 

 Na tentativa de esquecer completamente essa conversa, eu ando em direção ao palco, aonde os formando já se posicionavam aos poucos em fila, para a entrega dos diplomas. Meu olhar continuava a vagar por todo o salão, não via minha tia e meu avô em lugar algum, eles disseram que chegariam atrasados, mas a festa começou a horas atrás e até então eles ainda não haviam chego, assim como não haviam me ligado falando nada sobre esse atraso extra, nesse ponto já nem sabia se eles chegariam a vir mesmo. Isso era estranho, eles não quiseram me contar qual era o evento que eles iam, assim como não me contavam mais nada, de uns tempos pra cá, Sharon estava ainda mais estranha e o comportamento dela chegava a ser quase assustador, era quase como se ela estivesse com medo das minhas perguntas e das do meu avô. Ultimamente nem falar sobre meus pais ela falava e andava passando muito tempo conversando com os Valente. Mas eu não podia falar nada do comportamento do meu avô, ele continuava, assim como sempre, dando quase que 100% de sua atenção para Luna, enquanto eu era negligenciada cada vez mais e buscava acreditar, que mesmo ele não demonstrando, ele me amava e se importava comigo. 

 - Eles vão vir. - Sussurro descrente ouvindo os nomes sendo chamados, o diretor anunciava os formando por ordem alfabética de nossos sobrenomes, eu era uma das últimas, ainda havia tempo para eles chegarem, mas eles não chegaram. Meu nome foi chamado e eu olhei pela multidão, eles não haviam vindo na minha formatura, e como sempre eu estaria sozinha, se não fosse pelos meus dois novos melhores amigos. Sorrio para eles vendo Benício erguer uma placa dizendo “Parabéns Loira mais gostosa do mundo (depois da minha namorada é claro)” e me permiti soltar uma risada baixa vendo Emília bater em seu braço. No fim ele estava certo, essa criança ia nascer cercada de doidos, mas de doidos que já a amavam muito e que com toda certeza seriam a melhor família que ela poderia ter. 

 - VAI LÁ LOIRA. - Emília grita quando eu pego o diploma me fazendo rir novamente e eu faço uma pose para que ela tire uma foto. - ESSA É MINHA MELHOR AMIGA. - Fala animada apontando para mim e eu abro um sorriso maior ainda descendo do palco e abraço os dois na esperança daquela pequena angústia sumir de meu peito, eu precisava ir para casa, não aguentava mais esse ambiente e ficar lembrando de como minha próprias família havia ignorado, um dos momentos mais importantes da minha vida, não era algo que eu gostaria de ficar fazendo. 

 ***

15.12.2017

Desci as escadas em passos leves enquanto caminhava até a sala de jantar, a mesa já estava posta e senti meu estômago embrulhar apenas com o aroma do café. 

 Meus enjoos matinais haviam se tornando muito menos frequentes, mas ainda existiam e de acordo com o médico que estava fazendo o acompanhamento de minha gestação, eles continuariam até o quarto mês, enquanto isso, não tinha muito que eu pudesse fazer, a não ser esperar passar. 

 - Bom Dia. - Disse me sentando na mesa e meu avô apenas sorriu para mim, enquanto terminava de ler o jornal. - Aonde está minha tia? 

 - Ela tinha uma reunião agora. - Diz sem muito interesse na voz e se vira para olhar. - Você se lembrou de alguma coisa do seu passado? - pergunta me pegando de surpresa. 

 - Quase nada. Eu lembro apenas de um anjinho rosa de pelúcia e de brincar em um jardim de margaridas. - Falo suspirando, minhas lembranças nunca batiam com o que eles me contavam e isso já estava começando a me irritar. 

 - Não se lembra da música? Nem mesmo da boneca que eu te mostrei? 

 - Não vovô. - Respondo e abaixo minha cabeça. - Você acha que algum dia eu vou lembrar? Sabe, eu não lembro nem mesmo dos meus pais, só de uma mulher loira cantando para mim, talvez seja uma lembrança da minha tia; mas eu realmente não consigo ligar elas com nada do que vocês falam. 

 Meu avô abaixa o olhar para o prato novamente e termina de comer suas torradas.

 - Você me contaria caso sua tia escondesse algo de mim, não é? - Ele pergunta mudando de assunto e eu o olho confusa. 

 - É claro que contaria. - Respondo convicta. - Mas por que a pergunta? 

 - Por nada, não se preocupe, só estava tentando puxar assunto. - Tento ignorar o fato dessa ser uma maneira muito estranha de puxar assunto e tomo um pouco do suco de morango, sentindo meu estômago embrulhar novamente. 

 - AMANDA. - Grito chamando a mulher que logo chega. - Você poderia pedir para Mônica fazer um outro suco para mim? Esse está muito doce, parece aquelas jujubas enjoativas. - Digo fazendo uma careta e solto uma risada nasalada ao perceber como essa ultima frase soou infantil. 

 - Desculpe a intromissão, Senhorita Ambar, mas o suco está como em todos os dias, acredito que esteja até um pouco mais azedo, já que os morangos não estavam tão doces e Mônica não adoçou tanto para manter o sabor da fruta forte. - Amanda diz pegando o copo com o suco e me olhando confusa. 

 - Para mim esta doce e eu quero outro suco.- Digo fazendo um pouco de birra. 

 - Certo, e a Senhorita vai querer qual suco? 

- Vou querer um suco de limão mesmo. - Falo e penso um pouco- Não, não vou querer um suco de maracujá.

 - Como quiser, Senhorita Ambar. 

 - Pensando bem, acho que seria melhor um suco de uva. - Falo colocando um cupcake no meu prato.

 - Certo, Senhorita Ambar. 

 - Será que a Mônica pode fazer um milk shake pra mim? Acho que quero um de baunilha. Ou talvez um cappuccino. 

 Mordo o bolinho e quando ela está saindo da sala de jantar eu a chamo novamente. 

 - Quer saber, acho que quero só uma água mesmo. 

 - Vou trazer então. - Ela diz já perdendo um pouco a paciência e eu termino de comer o cupcake. 

 - Não precisa mais, não vou querer nada.- Falo me levantando. - Eu vou sair. - Aviso meu avô enquanto ando até a porta de casa. 

 Estar de férias era estranho, eu não tinha muitas coisas para fazer, eu literalmente passava o dia todo com a Emília e o Benício, às vezes ficamos na farmácia, às vezes eu ia com eles para a praça e servia como uma espécie de treinadora, enquanto observava eles patinando, e outras a gente só se reunia em casa e ficava conversando. E por mais que eu amasse passar esse tempo com eles, não podia evitar de sentir falta do Roller. 

 ***

24.12.2017

  Calcei o salto vermelho enquanto ajeitava meu vestido, tendo um corte mais aberto, ele era largo e não marcava meu corpo, apesar de estar marcando bem meu peito. Eu havia comprado ele a alguns meses atrás, então dava para ver claramente como ele parecia bem mais justo do que na época em que eu comprei. 

 Ignorando esses pensamentos, peguei meu celular descendo as escadas e caminhei para a sala. Minha tia ainda não estava pronta e eu esperaria ela e meu avô para irmos jantar juntos no jardim, aonde a mesa da ceia de Natal havia sido arrumada, a noite estava bonita, mesmo com algumas nuvens carregadas no céu, mas acho que pelo menos antes da meia noite não havia risco de chuva, ao menos eu esperava isso. 

 - Boa noite. - A voz fria de Sharon soou pelo cômodo e eu sorri em sua direção.

 - Boa noite, Tia. - Caminho até ela. - A senhora está linda, arrasadora. - comento rindo baixinho e ela me olha de cima a baixo. 

 - Tenho um anúncio para fazer hoje e como envolve os Valente, eles vão jantar conosco. - Fala ignorando meu comentário e nos duas andamos juntas até o jardim.  

 - Achei que íamos passar o Natal em família. - Digo baixinho, eu queria contar sobre o projetinho de gente para eles hoje, mas queria que fosse em uma conversa particular, queria conversar com eles e apenas com eles, sem ter pessoas de fora se intrometendo e sem ter o perigo do Simon ficar sabendo de algo. Além do mais, para mim era importante passar esse tempo ao lado deles, esse seria o primeiro natal aonde eu não me sentiria uma intrusa naquela família. 

 - Largue de Birra, Ambar. - Tia Sharon respira fundo. - Hoje é véspera de Natal, vamos jantar todos junto e eu não quero você falando nada que deixe a Luna ou os pais dela constrangidos. - Ela diz em um tom sério. - Ouviu bem? 

 - Sim Tia. - Respondo e vejo ela ficar tensa quando eu a chamo de tia, o que estava acontecendo? Meu avô tinha a mesma reação quando eu chamava ele de vovô. Eu tinha feito algo errado? 

 - Boa noite. - Miguel diz se aproximando junto com Mônica, Luna e meu avô. Eles se sentam na mesa conosco, conversando sobre diversos assuntos, enquanto eu me mantenho afastada, não queria interromper e mesmo se tentasse entrar no assunto, não conseguiria, eles estavam em seu próprio mundinho. 

 Comia devagar enquanto conversava com Benício e Emília por mensagens, os dois estavam na casa de Benício, seus pais eram amigos a anos então já era comum eles passarem essas épocas festivas juntos. Abro um sorriso ao ver a foto de Benício, roubando a torta de sorvete, que Emília havia me enviado e solto uma risada baixa, talvez as coisas fossem mil vezes diferentes se eu tivesse os conhecido antes, talvez agora Simon estivesse comigo, ou talvez quem sabe, eu estivesse passando o Natal com os dois, ao lado de pessoas que se importam comigo e que estariam me dando atenção. 

 - Mensagem de alguém especial? - Mônica pergunta curiosa e eu olho sorrindo para ela. 

 - Não não, só estava falando com o Benício e com a Emília.- Respondo ainda sorrindo e ela me olha confusa. - São dois amigos meus. - Esclareço. 

 - Não me lembro deles. - Meu avô fala entrando na conversa. 

 - Conheci eles a pouco tempo. - Digo fechando a cara. - Vocês teriam conhecido ele se tivessem ido na minha formatura. 

 - Eu já te expliquei, Ambar. - Alfredo diz sério. - Perdemos a hora enquanto assistíamos a apresentação da Luna e não conseguimos ir. 

 - O SIMON TAMBÉM ASSISTIU A APRESENTAÇÃO DELA. - Digo apontando para Luna. - MAS ELE ESTAVA LÁ NA FORMATURA AO LADO DA JAZMIN, O MATTEO E ASSIM COMO O RESTO DO ROLLER FORAM NESSA MALDITA APRESENTAÇÃO E EU VI TODOS ELES NA FORMATURA. - Grito magoada me levantando e sento novamente percebendo que tinha acabado me alterando um pouco. - Desculpa por ter gritado. - Falo sentindo o olhar de Sharon sobre mim. 

 O clima fica pesado, mas logo eles voltaram a conversar, me excluindo novamente. Suspiro e assim que todos terminam de comer, nos seguimos para a sala, Sharon achou melhor contar lá o seu anúncio e uma fina garoa já começa a cair, o que tornou a vinda para a sala ainda mais oportuna. 

 - O que eu vou falar é difícil, mas eu peço que vocês entendam meus motivos para ter escondido isso. - Ela fala se ajeitando no sofá. - Como todos sabem, minha irmã e seu marido eram donos das empresas Benson, e ouve uma grande crise na empresa um ano antes da Sol nascer. - A pronúncia do nome faz Luna e Alfredo ficarem rígidos no sofá e eu me sinto ainda mais confusa. - Os dois acabaram se metendo em alguns problemas para resolver tudo e um dos sócios de Barnie, acabou armando para ele e fazendo seu nome ficar sujo na empresa, o caso foi abafado e eles continuaram no controle, até o fatídico incêndio na mansão, que levou a morte dos dois e ao desaparecimento de minha sobrinha. - Luna aperta sua medalhinha respirando fundo, enquanto mantém seu olhar em Sharon. - Eu achei que o incêndio havia sido um problema na fiação, assim como os bombeiros haviam alegado, mas no começo do ano passado eu comecei a receber mensagens ameaçadoras, que traziam risco para mim, para Sol e para a imagem que Barnie e Lily tinham, mesmo após a sua morte. O que me fez entender que a mesma pessoa por trás do esquema para sujar o nome de meu cunhado, foi a pessoa responsável pelo incêndio. - Minha tia se levanta vindo me abraçar. - Eu não queria mesmo fazer isso, mas como eu e Rey não tínhamos conhecimento algum sobre aonde a Sol estava, achamos que fazendo você assumir sua identidade conseguiríamos despistar a pessoa, e manter você, e a Sol seguras. - Isso só podia ser um pesadelo. - Me desculpa mesmo, Ambar, mas você não é a Sol. - Sharon se afasta de mim e olha para Luna sorrindo. - Luna Valente, você é a Sol Benson. 

 Naquele momento foi como se meu mundo tivesse desabado, eu não era a Sol Benson, eu não era parte daquela família, eu era apenas uma intrusa que já não sabia mais nada sobre seu passado e nem sobre quem era. 

 - Como você pode? - Pergunto com a voz tremida. - Como você teve coragem de me fazer passar por alguém que eu não era? - As lágrimas começam a cair por meu rosto. - Por um momento você me permitiu ser parte dessa família e agora tirou isso de mim, você não se importou em como isso me machucaria? 

 Ela tenta se aproximar de eu afasto ela, assim como afasto Alfredo. 

 - Você sabia disso? - Pergunto para o homem a minha frente e ele não diz nada. -Você sabia disso? - Pergunto novamente de maneira fria. 

 - Descobri a um tempo atrás. - Fala e tenta se aproximar. 

 - E nenhum de vocês pensou em me contar a verdade? VOCÊS FIZERAM EU ACREDITAR QUE ELES ERA MEUS PAIS. - Grito apontando pra uma foto do Barnie e da Lily. - VOCÊS ME DERAM UM PASSADO E DEPOIS TIRARAM ELE DE MIM. - Levo minhas mãos até a boca, reprimindo um soluço. - Vocês me deram uma história, para depois me transformarem em ninguém novamente. 

 - Não grita com meu avô e nem com a minha Tia. A culpa não é deles se você não pertence a essa família. - Luna fala se aproximando de mim e eu a empurro para longe.

 - Você não cansa não? - Pergunto pra ela. - Roubou meu namorado, meu lugar naquela pista, minhas amigas e agora um passado, você conseguiu tirar de mim a minha história. Parabéns, você finalmente conseguiu tudo o que era meu. - Um soluço alto sai de meus lábios. 

 - Eu não roubei nada. - Diz ofendida e solto uma risada baixa escutando o barulho de um trovão. 

 - Eu já cansei de tudo isso. - Falo com a voz rouca. - É sempre a mesma merda, vocês agem como se eu fosse a vilã, me tratam como uma massinha, que vocês modelam do jeito que querem e depois descartam. - Me viro para Sharon. - Meu nome é mesmo Ambar Smith? Ou até nisso você mentiu para mim? 

 Ela suspira e tenta se aproximar novamente, mas eu a afasto. 

 - Sim, seu nome é Ambar Smith. - Diz calmamente. - Minha filha, não queríamos te magoar, achei que assim poderíamos nos aproximar mais e você saberia que, mesmo não tendo meu sangue, é parte dessa família. - Ela dá um passo em minha direção. - Eu posso não ser sua mãe biológica, mas ainda assim sou sua mãe. 

 - NÃO ME CHAMA DE FILHA. - Grito e mordo meus lábios com força me segurando para não voltar a chorar. - Você não é minha mãe, nunca foi e eu nunca deveria ter te considerado assim. - Falo com nojo na voz. - Você sempre me usou como sua marionete, me maltratou e eu te amava, buscava sua aprovação para tudo, eu queria ser como você.

 - Eu sei que você está chateada, mas me escuta. - Pede quase que implorando.

 - Eu não quero escutar vocês, nenhum de vocês. -Digo fazendo um movimento com as mãos, apontando para todos ali. - Eu só não aguento mais tudo isso, eu sou a intrusa aqui, apenas demorei muito para ver. - Digo e respiro fundo limpando todas as lágrimas de meu rosto me afastando deles. 

 Saio daquela casa o mais rápido que podia, toda aquela conversa estava me deixando tonta e se eu ficasse ali mais m segundo iria explodir. Meu corpo todo doía, eu apenas queria acordar e ver que tudo isso era um pesadelo. 

 Caminho pelo jardim e saio pelo portão, sentindo as gotas da chuva me molharem, continuei assim, andando pelas ruas na chuva por um bom tempo, até cansar, sentada em um dos bancos que havia em uma pracinha perto de casa, eu me permiti chorar mais uma vez, deixando minhas lágrimas se misturarem com a água da chuva. 

 - Ambar, aonde você está? - A voz de Emília soou preocupada do outro lado do telefone. - Recebi uma ligação da sua tia, perguntando se eu estava com você, por falar nisso, ainda não entendi como ela conseguiu meu número, mas sério Ambar, aonde você está? - Fico surpresa junto com ela pela minha tia ter conseguido o seu número, mas a verdade é que nunca podemos subestimar Sharon Benson. 

 - Eu estou em uma praça. - Digo e espirro. - Eu não sou a Sol, não sou ninguém, eu não sei quem eu sou. - Falo em um sussurro e soluço. 

 - Se acalma e tenta ir para um lugar coberto, você não pode ficar pegando chuva assim. - Ela diz e eu me encolho no banco sem sair do lugar. 

 - Vem me buscar, por favor. - Peço me sentindo ainda mais frágil. - Eu estou na pracinha que tem perto de casa, não sai para muito longe. 

 - Eu chego aí em 20minutos, no máximo. - Ela desliga a ligação me fazendo encarar meu celular. Esse era o pior Natal da minha vida. 

 Não se passaram nem 10 minutos, e ela chegou junto a Benício, os dois estavam no carro do moreno e me ajudaram a entrar nele. O caminho até a casa da loira foi repleto de perguntas, mas eu não conseguia responder nada, apenas continuava quieta olhando para a parede. 

 - Você precisa ir tomar um banho quente. - Ela fala assim que entramos na casa. - Pode usar o chuveiro do meu quarto e pegar uma roupa minha, estamos te esperando aqui. - Não Respondo nada, apenas faço que sim com cabeça e em silêncio ando até o quarto dela.

 A água quente do banho me fez relaxar um pouco, mas o sentimento ruim ainda permanecia aqui e eu duvidava que ele fosse sumir tão cedo. 

 - Me desculpa por ter acabado com o Natal de vocês. - Digo em um sussurro quase inaudível enquanto me sento ao lado deles no sofá espirrando, eu deveria ter pego um resfriado pelo tempo que passei na chuva, mas tinha outras coisas para me preocupar agora. 

 - Ei, coisinha. Você não acabou com nosso Natal. - Emília diz me abraçando. - Somos seus amigos, sempre vamos estar aqui por você. 

 Benício me abraça também e eu sorrio sentindo as lágrimas inundarem meu rosto novamente. Eu me sentia melhor, a verdade é que as vezes só precisamos saber que temos alguém ao nosso lado. Só precisamos saber que não importa o que acontecesse, ainda vamos ter em quem confiar.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...