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História Simplesmente Um Anjo - Second Season. - A Chegada.


Escrita por: LitaCastagnoli

Notas do Autor


Olá, meus Anjos!
Como vocês estão?
Boa leitura!!
L.

Capítulo 9 - A Chegada.


Fanfic / Fanfiction Simplesmente Um Anjo - Second Season. - A Chegada.

O que foi isso? — Eu gritei para Talles, empurrando-o para longe de mim.

Meu cabelo estava ensopado e meu vestido branco, que já estava quase transparente, parecia que havia sido retirado do mar, respirei e inspirei algumas vezes, tentando não matá-lo com minhas próprias mãos. Toquei meus lábios, não acreditando no que Talles havia feito comigo. Ele sorria, a um passo de mim.

— Eu beijei você, minha joia. — Ele me encarou com um olhar malicioso demais. — E eu faria isso de novo.

— Você está maluco! — Gritei por sobre o barulho da água caindo.

Eu me virei e empurrei a porta do Instituto, que rangiu, entrei como um tornado, correndo para meu escritório, parte de mim se sentia uma adolescente após seu primeiro beijo, outra queria voltar e dar um beijo de puro ódio no meu irmão.

— Thalita! — Ouvi ele me chamando, e apertei mais o passo.

Quando alcancei a porta de meu escritório agradeci um pouco e entrei rapidamente, escorando-me na porta fechada, senti o soco de Talles na porta, mas tentei ignorar sua presença e deixei meus problemas do lado de fora, me virei, fechando o trinco da porta, sentindo-me segura.

Olhei para a janela, o momento perfeito para escapar dali, pelo tempo que fosse preciso para esquecer Talles e sua última ação.

Olhei para o vestido ensopado e não liguei, tirei meu sapato e chacoalhei o cabelo, sentindo as pequenas gotas de água voarem dele.

Fui até a janela, subindo na beirada, todas minhas roupas tinham pequenos rasgos para que minhas asas passassem pela roupa sem destruí-la.

Fechei os olhos e senti minhas asas se libertarem. Subi, subi o mais alto que pude, indo para o Céu, além das nuvens, onde não poderia ser vista por olhos mundanos.

Meu corpo parecia queimar, e eu sabia que agora era o momento de executar minhas missões, colocando um fim nessa idiotice. Se eu as completasse Talles iria embora e não voltaria, e eu poderia voltar a mandar em meu Instituto.

Boa parte de mim queria acreditar que era fácil assim, mas eu sabia que não era, os Anjos não queriam que eu governasse, e eu sabia plenamente de detalhes como esse. Eu era odiada, o motivo eu não sei, mas eu era e muito. Algo me diz que tem haver com o que Talles me disse nessa noite, algo óbvio demais para que eu acreditasse que é a verdade. Meu cérebro queimava, quando vi estava aterrissando  no quarto de Paulo, ele estava deitado, de costas para a janela, e eu agachada no chão, olhando-o com desejo, aproveitei que ele estava dormindo e caminhei em passos leves para a sala, vasculhando a casa.

Avistei Giovanna deitada na sala, junto com um homem que eu não conhecia, ele era forte, era um Anjo Caído, devido a vibração que ele emanava de seu corpo. Olhei para Giovanna, que se virou inquieta nos braços do garoto. Caminhei até seu lado, me abaixando, toquei sua mão levemente e ela tremeu. Continuei mantendo o toque em sua mão até que minhas lembranças me sugaram.


 

Eu já havia fechado meus olhos, esperando a morte, ouvi um homem rir e os abri. Com medo do que poderia estar acontecendo, mas meu corpo parecia sem carga para fazer algo tão simples como abrir os olhos.

— Incrível como mesmo sem forças ainda pode mexer com a minha mente. — Ele massageou as têmporas. — Pare, é ridículo. Para que prolongar sua vida?

Atrás daquele homem vi Paulo, com suas majestosas asas estendidas, ele colocou o dedo indicador sobre os lábios pedindo para que eu fizesse silêncio. Quis gargalhar, como se eu fosse fazer algo, e ele fez um sinal de arma, eu estava exausta, mas vasculhei atrás de mim, sem sair muito do lugar para que o homem não percebesse minha movimentação, e minhas condições de saúde não pareciam boas o bastante para que eu fizesse algo muito grande. Quando achei a arma apontei para ele, com a visão meio embaçada, não sabia bem se o acertaria, mas tentei.

Vi meu corpo de relance, vendo uma enorme barriga, eu parecia… Grávida?

De quatro tiros que disparei contra o homem, pelo menos dois o acertaram. Pois nessas duas vezes ele gemeu. Eu não vi mais nada depois disso. Meu corpo se desligou.

Parte de mim estava ali, porém essa parte nada mais fazia do que ouvir e sentir o que acontecia, ouvi o bater de asas e senti alguém se aproximando de mim, tocando meu rosto e me pegando nos braços, reconheci o toque de Paulo, um toque suave, não o toque que eu estava acostumada a receber, ele parecia ser como um protetor, cuidando de mim para que aquele homem não me matasse.

Quando percebi o ar calmo, imaginei que estivéssemos no céu, mas estávamos apenas em um quarto, senti a cama macia abaixo de mim e ouvi Paulo caminhando e mexendo em algo, logo senti suas mãos em mim, novamente, tocando meu braço, senti uma agulha me perfurar, quis reclamar e me afastar, mas eu não estava ali. Acabei pegando no sono.

 

Sai de minhas memórias no momento que Giovanna disse:

— O que você está fazendo aqui? — Ela puxou sua mão de perto de mim.

Percebi que minhas asas haviam encolhido, e eu estava ajoelhada no chão com o vestido encharcado. Olhei para Giovanna incrédula.

— Precisava me redimir com você. — Sussurrei, olhando fundo em seus olhos.

Ela sorriu e se desvencilhou dos braços do garoto, ela viu meu olhar sobre ele e sorriu, dizendo:

— Meu namorado, Caique.

Levantei as sobrancelhas, olhando para ela com um olhar maternal.

— Eu… — Me levantei envergonhada. — Me desculpe, por incomodar.

— Ah, mãe, não precisa se desculpar! — Ela disse enquanto levava a mão a boca.

— O que? — Eu disse arregalando meus olhos. — Mãe?

Uma coisa era eu parecer demais com a mãe daquela garota e ela me confundir com a mesma uma vez na vida, outra era isso acontecer duas vezes, vendo a confusão em meus olhos, ela apontou para os quadros na parede:

— Você se parece muito com ela, me desculpe. É difícil para mim aprender que minha mãe morreu quando eu era tão nova e eu tive que crescer sem a ajuda de alguém que já passou pelas mesmas coisas que eu. — Ela sorriu tristemente, o olhar perdido nos quadros. — Sinto falta dela, acabo atribuindo a qualquer pessoa que consiga dormir com meu pai o papel tão importante de ser mãe. Sabe? Ele não sorri a muito tempo, e toda vez que você vem aqui o pego sorrindo para os pratos, os afazeres da casa, sentia falta de seu sorriso e de sua animação fazendo algo, admito que associei você a minha mãe, peço mil desculpas por isso.

Ela parecia tão triste, tão distante, sem perceber a abracei, ela se rendeu ao meu abraço, me abraçando de volta, senti o carinho dela como se fosse sua mãe e percebi quanta falta aquela mulher fazia naquela casa, resolvi suprir a falta dela, pelo menos por tempo o suficiente para que Giovanna confiasse em mim e eu pudesse terminar minhas missões.

— Obrigada, por fazer isso. — Ela disse assim que me afastei, sorri para ela.

— Cuidarei bem do seu pai, Giovanna. E de você, se você quiser.

— Adoraria que me chamasse de Gio… — Ela sorriu e eu vi algumas lágrimas em seus olhos.

Ela foi em direção a cozinha e eu a segui, naquele momento eu poderia arrancar informações que precisava. Ela abriu a geladeira pegando uma jarra de suco, estendeu para mim, me oferecendo, eu fiz que não com a cabeça e ela sorriu.

— Sabe, você é tão bonita. — Disse sorrindo. — Você é modelo?

— Ah, seria uma pena se não fosse. — Ela riu da própria piada, a acompanhei. — Você tomou muita chuva. — Ela franziu o cenho. — Não quer que eu pegue uma roupa minha para você?

— Eu aceito, mas fale-me mais sobre sua carreira.

Ela foi até a sala, novamente e pegou um vestido branco, depois foi até a porta do banheiro, acendeu a luz e eu fui até lá, pegando o vestido de suas mãos e sorrindo, agradecendo em silêncio.

Entrei, fechando a porta atrás de mim, me troquei rapidamente, vendo que aquele vestido caía bem demais em mim, como se fosse meu, nem folgado demais, nem de menos, parecia até realçar minhas curvas, me admirei no espelho e então saí, havia colocado minha roupa no cesto de roupas sujas.

— Eu comecei a trabalhar como modelo com quinze anos, hoje sou a modelo mais concorrida na agência e a mais querida pelo meu chefe. — Vi seu rosto se fechar ao falar do superior, ela não parecia gostar dele. — Ganho bem, apesar de ser nova, Caique odeia meu serviço, é só isso.

Reparei que ela havia ficado nervosa ao falar do chefe, ela havia se apoiado na beira da pia, olhando para mim. Eu estava sentada na mesa, vendo seu nervosismo crescer conforme falava do chefe.

— Você não gosta do seu chefe, Gio? — Eu disse baixinho.

Ela se virou, deixando minhas palavras no ar, eu havia ficado triste com a falta de resposta, mas ela se virou, chorando e disse para mim:

— Ele abusa de mim. — suas palavras saíram embargadas, seus braços me envolveram, e eu a abracei com força, ela soltou um gemido de dor e eu logo imaginei que tipo de abuso ela se referia.

— Você quer que eu faça algo por você? — Sussurrei, me sentindo culpada por tentar matá-la.

Mas o que estava acontecendo comigo? Eu não devia ter dó dela, devia matá-la, os Anjos queriam isso, e eu iria fazer, não iria desapontá-los.

— Eu queria que você me ajudasse a cuidar de alguns machucados, são muitos. E eu não consigo cuidar deles, logo eles infeccionam e doem muito mais que o estado inicial, eu preciso cuidar deles…

Eu assenti, ela vestia um moletom grosso, mas eu já imaginava a dor que ela sentia debaixo daquele pano, ela pegou em minha mão, eu me senti sua melhor amiga enquanto passávamos por seu namorado e pelo quarto de seu pai sem sermos notados. Ela entrou no banheiro e eu entrei junto, fechando a porta atrás de mim, com um sorriso no rosto, eu poderia matá-la agora, e seria bem mais fácil ali, sem ninguém sabendo de minha presença, ela estava perdida em minhas mãos. Ela se abaixou na pia, abrindo o armário e pegando uma caixinha de remédios com seu nome, ela abriu, vi ataduras, analgésicos, antissépticos, esparadrapos, algodão e muitas outras coisas, ela olhou para mim e disse:

— Você promete? Que não contará para ninguém? — Ela parecia nervosa, suas mãos estavam na barra de seu casaco.

Você não confia em mim? — Eu disse olhando para ela séria, ela não deveria confiar.

Mas mesmo assim ela passou o moletom pela cabeça, revelando um corpo esguio, lindo, porém cheio de marcas, machucados e hematomas. Quis gritar, quis pegar todas aquelas marcas e curá-las com minhas habilidades, mas a única coisa que fiz foi levar minha mão a minha boca, contendo um gemido de horror, ela se virou de costas, revelando três vergões espalhados por seu corpo, todos sangravam, eu tirei a mão da boca, levada pela necessidade de ajudá-la, peguei um pouco de álcool e passei em minhas mãos, higienizando-as, logo peguei algodão, colocando um pouco de um líquido que tinha em seu rótulo “pós cortes”. Passei no primeiro vergão, ela gritou, eu peguei uma toalha, que estava em cima do balcão, entregando a ela, ela se sentou no chão e eu toquei sua ferida novamente, pensando na morte, enviando à ela todo meu poder, não percebi que ela gritava audivelmente até ouvir a voz preocupada de Paulo e ouvir a maçaneta sendo forçada, Gio foi para frente, cobrindo seu corpo com a toalha que havia entregue à ela.

— Giovanna? Está tudo bem? — Mais uma batida na porta.

Você tentou me matar. — Ela sussurrou com lágrimas nos olhos.

— Aprenda a jogar, Giovanna. — Disse séria. — Se não quiser que eu conte à eles sobre isso não me entregue. Só quero seu bem, pode ter certeza que não quero que você viva num lugar como esse. Onde você é espancada.

— Eu estou bem, pai. — Ela cerrou os lábios, tranquilizando Paulo.

— Ótima garota. — Sorri.

— Se você acha que sabe jogar está enganada. Eu sei brincar como você, e melhor ainda. — Ela me olhou severamente e toda minha pose forte se desmoronou.

Minhas pernas ficaram fracas e ela se aproximou de mim, eu me apoiei na pia, sentindo meus pulmões se apertarem, expulsando todo o ar de dentro deles. Eu não conseguia respirar, Giovanna pareceu se divertir com isso, pois soltou uma risadinha fraca e disse:

— Sempre que pensar em me matar lembre-se do que sou capaz, se você pode, eu posso. Sou do mesmo lugar que você, a partir do momento que vim do Céu posso fazer qualquer coisa que um Anjo pode. — Ela tocou meu rosto. — Embora os Anjos não me deem uma chance sei que posso fazer qualquer coisa.

Tendo dito isso ela colocou o moletom, escondendo as marcas.

— E se eu fosse você… — Ela parou de mexer com meu corpo e foi até a porta, se virando antes. — … Eu não falaria nada à nenhum deles, sabe por quê? Porque eles preferem alguém que conhece à uma estranha que eles não sabem metade, se for mentir sobre mim, espero que saiba que meu pai te chutará friamente dessa casa, pois ninguém mexe com a família que ele têm. Embora você pareça com minha mãe, não é ela.

Giovanna saiu do banheiro, deixando-me ofegante e sem chão.

***

— Thalita está aqui, pai. — Giovanna anunciou minha chegada na cozinha, junto dela estavam Caique e Paulo.

Eu havia demorado mais de quinze minutos para finalmente conseguir me recuperar e ir para fora do banheiro.

Naquele instante em que Giovanna falou me lembrei da frieza que ela havia me tratado no banheiro, eu necessitava da confiança daquela garota, e precisava ser rápido. Pois ela poderia falar para seu namorado, e eu não gostaria de matá-lo também, Paulo era o menor de meus problemas, acima dele estava minha última missão: me lembrar.

Eu já havia passado várias noites em claro pensando o quê eu tinha que lembrar, acredito eu que eu estava no caminho certo, afinal já havia visto momentos demais com pessoas aleatórias, eu só precisava juntá-los.

— Lita! — Paulo disse animado. — Junte-se a nós.

Sorri e me sentei ao seu lado, ele sorria, tentei focar na conversa deles, mas minha mente divagava, eu queria ficar a sós com Paulo, ele parecia querer o mesmo, mas Giovanna estava fazendo vista grossa sobre mim, ela não deixaria eu sair junto com Paulo, ainda mais com as ideias sujas que eu tinha em mente, era óbvio demais que eu tentaria algo ruim com Paulo, entre uma conversa ou outra eu via os olhos de Giovanna sobre mim, ela parecia uma adaga gélida em meu pescoço, esperando um movimento brusco, uma respiração forte para cortar minha cabeça.

Eu teria que tomar muito cuidado com aquela garota.


Notas Finais


Espero que vocês tenham gostado e que comentem sugestões para o próximo capítulo.
Sinto falta de vocês...
Um grande beijo.
L.


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