História Simply happens - Capítulo 1

Abri os olhos com um pouco de dificuldade, não era fácil enxergar em meio a tanta fumaça, olhei ao redor e não vi ninguém, tentei levantar e não consegui, só então percebi que eu ainda estava utilizando o cinto de segurança do avião, e foi então que eu me lembrei de tudo...

Flashback on:

Vamos sentir sua falta filha —disse a minha mãe

Juízo em mocinha, vou sentir saudades —disse o meu pai

Tchau Isa —minha irmã falou

E então todos me abraçaram, durante o abraço senti um enorme aperto no peito, como uma sensação ruim, e pensei: eles vão fazer falta. Minha mãe sempre foi super legal, apesar de brava, eu a considero minha melhor amiga, meu pai também, apesar de não conversarmos muito, ele trabalha demais, e apesar da minha irmã ser muito, muito, muito chata eu gosto dela. Pensei em como aguentaria essas duas semanas sem eles.

Estávamos nos despedindo antes que eu entrasse na área de embarque e fosse encontrar com o resto da minha turma, estávamos no 3° ano do ensino médio, e essa seria nossa viagem de formatura, estávamos a caminho de Orlando, nossa escola havia ganhado um concurso e o prêmio era a viagem.

Passageiros do voo 0405 com destino a Orlando, embarque imediato — ouvimos a chamada, e com um último abraço me dirigi para dentro da área de embarque em busca dos meus amigos.

Não foi muito difícil achar eles, o primeiro que avistei foi o Jose, mais conhecido como Zé, alto, excessivamente magro, com seus óculos e o típico jeitão de nerd, depois ao lado dele eu vi a Sabrina, ou Sabs, era a mais meiga de nós, neste momento seu cabelo estava roxo, era alta e usava óculos também, ao lado dela pude reconhecer a Maria Júlia ou Maju, era a mais baixinha de nós, cabelos claros e enrolados, também usava óculos, e era meio grossa, do lado dela estava o Andrey, não muito alto nem muito baixo, loiro, olhos verdes, também usava óculos, perto dele estava Fernando, ou Fer, o mais responsável de todos, não tão alto, moreno, com os cabelos cacheados e olhos claros, ele conversava animadamente com Arthur, o irritante da turma, não muito alto, usava óculos também, e pra finalizar ao seu lado estava o Thiago, não era tão alto quanto o Zé, mas não era baixinho, era moreno, e frio como pedra, o tipo de pessoa que só pensa com a razão.

Me encaminhei até eles e, depois de cumprimentar todos, fomos juntos até a fila para entrar no avião, a turma inteira estava lá, o que era relativamente cômico porque nós não éramos uma turma comum, na nossa escola o ensino médio era junto com  cursos técnicos, ou seja, além de se formar no Colégio, você ainda ganha um diploma do curso, e nós fazíamos curso técnico de informática, o que explica porque geral usa óculos, apesar disso, eu não era como eles, por mais que eu fizesse informática eu era apaixonada por esportes, eu corro, nado, pedalo, etc.

Entramos no avião, cada assento tinha 3 lugares, então nosso grupo se dividiu, meninas em um, meninos em outro, enquanto o resto da sala se espalhou pelo avião.

Antes da decolagem, tomei meu remédio para a labirintite, não estava afim de dar trabalho, e o mesmo me deixou sonolenta, então logo apaguei.

De repente sinto que tudo está tremendo, achei que fosse um sonho, até que, com um estrondo, abro meus olhos e de relance posso ver uma das asas do avião caindo, olho para o lado e vejo Sabrina.

Oque aconteceu? — Perguntei.

Estava tudo normal, até que um avião trombou no nosso durante uma turbulência e agora a asa caiu...— ela parecia em choque, olhava fixamente para a cadeira da frente, procurei Maju, que estava ao lado dela e tentava desesperadamente desamarrar seu sinto.

Maju, o que você está fazendo? Soltar seu sinto só vai piorar tudo — eu disse a ela.

Eu não vou ficar aqui, tem um buraco no avião e todos estão pulando, eu acho que é o melhor a se fazer! Vamos Isa, vamos Sabs! — Respondeu Maju.

Você está louca, o melhor é esperar! — Retruquei.

Então você vai esperar sozinha! Vamos Maju! — Disse Sabs, finalmente saindo do transe.

Depois disso, o avião tremeu e bati a cabeça na parede, apagando em seguida.

Flashback off:

Consegui finalmente soltar o cinto e levantei, no momento que fui andar senti uma dor horrível na lateral do corpo, dei uma olhada e vi que estava toda ralada e em alguns pontos eu estava roxa, teria que fazer alguns curativos depois. Continuei andando, e logo percebi que não havia ninguém nos acentos do avião, olhei na cabine e ninguém estava lá, nem o piloto. Sai do avião pela porta que aparentemente havia sido arrancada e me deparei com o que parecia ser uma praia, por mais que meu estado fosse lastimável, eu tinha que admitir, aquele lugar era incrível, me senti em um daqueles filmes onde as paisagens são inacreditáveis. Prestei mais atenção e percebi que parecia não ter ninguém lá, não havia sinal de civilização, dou alguns passos e paro bruscamente quando ouço sua voz.

Isa?!? — Ele disse, antes mesmo de me virar já havia reconhecido a voz, e me transmitiu alívio saber que não era a única ali. Me virei lentamente para ter certeza de que ele realmente estava lá, e era verdade.

É você mesmo? — Então Thiago veio em minha direção e me abraçou, eu retribuo na hora, e segundos depois desabei. Chorei como nunca havia chorado. Depois de um tempo assim criei coragem para perguntar.

Tem mais alguém aqui? ... — ele desviou seu olhar antes de responder.

Eu achei que você estava morta... quando acordei, vi você no avião, mas você nem se mexia, não tive coragem de conferir, sai andando para ver se encontrava mais alguém, mas pelo que eu vi todos pularam... não sobrou ninguém.... — Pude notar o desespero em sua voz, e isso serviu para me desesperar.

Você tentou se comunicar com o aeroporto? Eu apaguei por muito tempo? Você sabe onde nós estamos?? — Comecei a entrar em pânico.

Tentei, o sistema foi destruído na queda, segundo meu relógio faz duas horas que eu estou aqui sozinho, eu olhei uns mapas e parece que estamos em alguma ilha no meio do nada. — Ele respondeu, vendo que sua resposta não havia ajudado a me acalmar, segurou minhas mãos e olhou fundo nos meus olhos, de um jeito que eu só havia visto uma vez.