Depois de saber que eu teria que começar a frenquentar uma escola novamente, eu estou falando o básico do básico com meus pais. Hoje era domingo e amanhã eu teria que enfrentar esse problema de frente. Mas eu era insegura, eu sabia que iria sofrer, e até mesmo ser humilhada, adolecentes não aceitam pessoas cegas, infelizmente existe o preconceito.
Toc Toc
Pude uvir leves batidas na porta. Espero que não seja minha mãe.
— Entra - pude ouvir a porta sendo aberta, de vagar.
— Ariii - Bea pulou no meu colo me abraçando - Eu já estava com saudades de você.
— Mas você me viu hoje cedo Bea - falei em um tom brincalhão.
— Eu sei, mas mesmo assim eu já estava com saudades - apertou minhas bochechas.
— Tudo bem, eu também já estava sentindo sua falta amor - retribui o abraço bem apertado.
— Eu fiz um desenho pra você na escola, Você quer ver? - perguntou, em um tom inocênte - Me.. me desculpa Ari - disse com voz de choro - ela percebeu o que tinha dito.
— Não tem problema amor, eu tenho certeza que o desenho está lindo - tentei lhe passar conforto, realmente era triste não poder enxergar.
— Arii - colocou a cabeça em meu pescoço, me abraçando - Você acha que irá conseguir me perdoar algum dia - perguntou-me com a voz embargada pelo choro. E aquelas palavras, partiram meu coração.
— Ei.. não tem nada para ser perdoado Bea - passei as mãos em seu rosto, para limpar sua lágrimas.
— Tem sim.. Vo.. você perdeu a visão, por minha culpa - sua voz estava falha - Eu que devia estar assim.
— Claro que não, Bea eu não quero que você repita isso nunca mais, está me ouvindo - minha voz já estava alterada.
— Mas.. mas é verd - interrompi.
— Mas nada Beatrice - a cortei - Você não que sentir culpa de nada, eu já repeti isso, para você várias vezes. Eu te amo princesa - dei um beijo em sua testa.
— Eu também te amo muito Ari - me abraçou novamente - Muito, muito, muito - encheu meu rosto de beijinhos molhadas, o que me fez soltar uma leve gargalhada.
— Eu também Bee.
Toc Toc
— Entra - Bea gritou.
— Meninas o almoço está pronto - era minha mãe.
— Nós já vamos descer mamãe, não é Ari - Bea sempre tentando fazer eu e minha mãe se comunicar.
— É.. - respondi contra vontade.
— Ta bom, não demorem - avisou - E Ari mais tarde temos que conversar - não respondi.
— Ouviu? - eu sabia que ela não ia sair dali, enquanto eu não respondesse.
— Está bem - escutei a porta batendo, indicando, que ela havia saído.
— Ari você deveria ser mais legal com a mamãe, ela só está tentando ser legal - Bea sempre ingênua.
— Já falamos sobre isso mocinha - apertei seu nariz - Agora vamos, antes que mamãe fique uma fera.
— Tudo bem, então vamos - levantou-se do meu colo. Peguei minha bengala, mesmo sabendo que eu não iria precisar usar, porque Bea iria fazer birra até eu deixa-la me guiar até a cozinha, e eu como uma boa irmã, sempre deixava.
(...)
Hoje era o dia, eu estava sentada na minha cama, tentando tomar coragem, para avisar mamãe que eu já estava pronta. Bea me ajudou a escolher uma roupa, eu estava usando um casaco de moletom cinza escuro, calça jeans escura e um All Star branco. Bom foi o que a Bea descreveu para mim. Resolvi que já estava na hora de levantar daquela cama e seguir em frente. Peguei minha mochila coloquei nas costas.
— Vamos Ari você já está atrasada - senti mamãe pegando no meu braço
— Eu sei ir até o carro sozinha - Soltei meu braço das mãos dela.
— Ariana eu sei que você não queria ir para escola, mas você tem que entender nosso lado filha.
— É.. ainda bem que você sabe - debochei.
— Vamos estamos atrasadas - passei pela porta, senti um vento bem gelado batendo em meu rosto. Segui com ajuda da minha bengala até o carro, abri a porta e entrei.
— Cadê a Bea, eu só vida ela hoje bem cedinho - perguntei, eu estava curiosa.
— Seu pai levou ela para o colégio, já que o caminho da escola de vocês é diferente. - Não falei nada, apenas assenti.
Pude ouvir o barulho do carro sendo ligado, e um frio percorreu pela minha barriga, que chegava a me dar náuseas, eu sabia que essas sensações eram medo. O caminho todo foi em silencioso, conseguia sentir o clima tenso que estava no carro, eu sabia que minha mãe estava nervosa, alias ela era super protetora, e imagino que para ela me deixar na escola sozinha, sem seus cuidados, estava sendo díficil, mas eu era orgulhosa demais para admiti isso. Ouvi o barulho do carro sendo estacionado, e várias pessoas conversando, algumas gritando, havíamos chegado, o choro estava preso na minha garganta.
— Chegamos Ari - avisou mamãe, cautelosamente, eu apenas assenti - Eu vou te deixar na entrada - eu nem neguei, eu realmente precisava de ajuda. Abri a porta logo, coloquei minha mochila nas costas, em segundos senti minha mãe segurando meu braço. Chegamos na entrada.
— Espero que fique bem Ari, qualquer coisa me liga - me deu um beijo na testa.
— ta bom, eu vou ficar bem - falei mais pra mim mesma, do que para ela.
— Eu te amo filha, agora tenho que ir - apenas assenti, e logo escutei os passos da minha mãe se afastando.
Andentrei o colégio, com ajuda da minha bengala é claro, conseguia sentir olhares em cima de mim, o que me deixava incomodada, pude ouvir os cochichos "ela é cega" "tadinha" "o que ela está fazendo aqui" apenas continuei andando, quando encontrei um banco e me sentei, eu nem sabia ainda qual era a minha classe, a informação que eu tinha era que a primeira aula era de português. Resolvir ficar sentada ali, até bater o sinal, e aos poucos os barulhos, e as falas foram seçando, indicando que a maioria dos alunos já estavam em suas classes.
— Você precisa de alguma ajuda - perguntou-me uma senhora, só pelo som de sua voz pude indentificar que ela era de idade.
— Si- sim, eu não sei qual é a minha classe - falei meio tímida.
— Posso ver quais são seus horários?
— Claro - entreguei o papel em suas mãos.
— Vem eu vou leva-la até sua classe - pegou minha mão direita e assim fomos a caminho da minha sala. Cheagamos e pude ouvir ela batendo na porta - Professor essa é a aluna nova.
— Ah.. Claro pode entrar... - esperou que eu falasse meu nome.
— Ariana, Ariana Grande - todos já estavam cochichando, e dando risadinha, eu fiquei meio sem graça.
— De grande não tem nada - falou uma garota, e todos deram risada.
— Sente-se aqui Ariana - segurou no meu braço e me guiou até uma cadeira.
— Obrigado - agradeci por sua gentileza.
— Professor - um garoto gritou, lá do fundo da sala.
— Pode falar Butler.
— Como ela vai copiar as coisas do quardro se é cega - todos caíram em uma alta gargalhada. Eu apenas me encolhi, apertando a mochila que estava no meu colo com força.
— Eu não quero ouvir mais nenhuma piadinha na minha aula - esbravejou o professor.
— Mas eu só fiz uma simples pergunta, o que tem de mais, em responder - ele persistiu na piadinha, sem graça dele, e todos da classe continuaram dando risada.
— Para diretoria agora Ryan Butler - ordenou. Pude ouvir as risadas seçando, e barulho de cadeira se arrastando no chão, e passos seguindo a saída da classe.
— Você vai me pagar por isso ceguinha, pode aguardar - susurrou em meu ouvido, me fazendo estremecer, e depois saiu da classe. Merda eu estava ferrada, não queria ter arrumado inimizades logo agora.
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