História Sin - Courage

Flashback ON/

Meus olhos a fitavam, minhas mãos suavam e entregavam o meu nervosismo, ela havia me chamado para aquele local quase que centenário, era um museu com grandes janelas e vitrais, ainda iluminado com a pouca luz que atravessava a janela, era começo da tarde. Meus lábios secos teimavam em tentar dizer algo, mas era interrompida por seus suspiros, ela observava um quadro que eu não me preocupei em saber qual era, por vários momentos me perguntei o porquê dela ter me levado para aquele local deserto, era uma segunda-feira, pessoas não costumam ir ao museu de segunda-feira.

Vi um sorriso escapar pelo canto de sua boca, ela então se virou para mim, chegou mais perto, senti sua respiração pesada e quente em meu rosto, seus lábios selaram um leve beijo em minhas bochechas, meu rosto pôs-se a queimar, meu coração acelerou, aquela minha reação não era normal, levemente me inclinei para frente e a beijei, mas rapidamente me coloquei em minha postura, ela me olhou assombrada e em seguida sorriu de uma maneira tão doce, segurou minhas mãos nervosas e me puxou para mais perto, pude senti seu coração disparado.

“O pecado do ser humano é se entregar.” disse ela enquanto me abraçava.

Logo em seguida alguns guardas nos surpreenderam com apitos e grosseiramente nos avisavam que o museu iria fechar. Nos soltamos e fomos em direção a saída, uma chuva torrencial caiu sobre nós, peguei meu guarda-chuva e entreguei a ela, e então sai correndo em direção a um táxi, minha direção era completamente oposta da dela.

Meses se passaram, e sem saber que aquela frase foi como uma despedida. Soube pela boca de outras que ela começará a namorar uma moça que morava perto de sua casa, o meu peito doeu de uma forma inexplicável, toda vez que eu ouvia alguém dizer tal informação eu parava tudo o que estava fazendo e ficava em silêncio, abaixava a cabeça e ficava por alguns segundos. Boatos começaram a se espalhar, elas brigavam muito, muitas vezes eu via a tal moça choramingado na frente do colégio mas para o meu azar Lizzy ia ao seu encontro e a abraçava e pedia desculpas. Lizzy, esse era o seu nome, ela não era tão alta mas também não era baixa, tinha cabelos lisos e medianos, quase toda semana trocava a cor das pontas de seus cabelos, eu admirava como ela era fora dos padrões, ela gostava de novas culturas e de doces, preferia ficar em casa assistindo seus diversos programas, soube que era encrenqueira, não baixava a bola pra ninguém, tinha personalidade forte, já eu era um pouco mais nova que ela, sempre protegida pelos pais, gostava de ler, era calma, não ligava muito pro que os outros diziam, eu amava queijo, não gostava de doces e era apaixonada pela cor vermelha, aliás, meu nome é Stella.

Após meses sem nenhum contato com Lizzy, a encontrei sobre algumas rochas jogando pedras no lago, me aproximei e em bom tom disse:

“Desse jeito irá cegar alguma sereia.” Ela se assustou e derrubou as pedras que pretendia jogar.

“Desse jeito você irá me enfartar.” Disse rindo gentilmente pra mim. Sentei do seu lado e observei junto a ela o chegar da noite, a maré do lago aumentava, tal lago era perto da minha casa e por esse motivo pus me a confronta-la:

“O que está fazendo aqui por essas redondezas?” Ela me encarou.

“Eu pretendia te chamar para ir ao cinema, mas perdi a coragem.” Suas bochechas coraram. Eu ri da situação. Me levantei e a chamei. “Vamos, deve ter algum filme na sessão das 18:30.” Ela sorriu e se levantou e seguiu junto à mim.

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