Mário levou a filha até o quarto dela, fechou a porta e a colocou sentada na cama. Ela estava quieta, parecia pesquisar no Google de sua própria mente.
Na verdade, a única coisa que passava em sua mente era:
“Qual o problema em amar Giovana?” – Claro que o sentimento de amor que ela tinha pela amiga, não era talvez o mesmo que Giovana tinha por ela. Ou talvez ela não soubesse, ou então ela não se preocupava em saber, ela simplesmente amava, não importasse como era.
- Filha, olha pra mim. – O homem pede se ajoelhando na sua frente a olhando com amor. Fernanda sobe seu olhar até o pai. – Entende que aquilo que nós, eu e sua mãe, discutimos não é culpa tua, não é?
- Huhum. – Ela assente, não falando muito. Ela sabia que não era culpa dela aquela discussão toda, sabia que seu pai estava a defendendo de algo que Camila estava se equivocando erroneamente.
- Sabe que eu, seu pai, sou seu melhor amigo. – Ele dizia com calma.
- Pai... – Ela o chama. – Por que a mãe ficou tão irritada quando eu falei que amava Giovana? – Ela pergunta rápido, calma, mas com aquela pressa na voz.
O pai pensa no que responder. Não que fosse algo tão difícil, ele falaria do modo mais natural possível.
- Filha... lembra da definição de estereótipos? – O pai pergunta já sabendo que ela sabia também, claro.
- São pressupostos sobre determinadas pessoas, muitas vezes eles acontecem sem ter conhecimento sobre grupos sociais ou características de indivíduos, como a aparência, condições financeiras, comportamento, sexualidade entre outros. – Ela diz tudo com certeza e sem gaguejar.
- Exatamente. – Ele sorri satisfeito. – Mas, de uma maneira mais didática, meu amor, igual ao que Giovana fez contigo, o que são estereótipos?
- Conceito ou modelo que se estabelece como padrão. – Ela responde com mais facilidade.
- Exato. – Ele fala e respira fundo para usar as palavras certas. – Existem estereótipos pra tudo, Fefê, inclusive pra o amor. – Ele continua sua explicação. – Infelizmente, algumas pessoas, tais como sua mãe, não sabem lidar com isso de uma forma natural que ultrapassa os limites até virar algo com preconceito. – Ele explicava com sabedoria. – Sua mãe, de início, e isso era fácil de se perceber, tinha medo de te perder. Ela te cuida com muito amor, e tem medo que as pessoas más te façam coisas más. – Ele continuava explicando, mas Fernanda não o olhava. – Mas, depois, isso se tornou algo mais pessoas. E quando ela descobriu que Giovana é lésbica, ela teve medo que Giovana quisesse te usar.
- Me usar? – Ela pergunta sem entender
- É, um pensamento meio... meio... – O homem não sabia que palavra usar.
- Meio incoerente? – Fernanda tenta o ajudar.
- Isso! Exatamente.
- Ainda não entendi. – Ela diz sincera.
- Antes, ela tinha medo de te perder. Agora ela tem medo que tu seja gay. – O pai explica sem rodeios.
- E ser gay... é aquele que sente atração pelo mesmo sexo? – Ela pergunta ainda meio confusa.
- É sim, filha. Mas, olha... – Ele se embola. – Ser gay não é aquilo que te dá tua identidade. Se tu ama ou homem ou uma mulher, não interessa, é amor.
- Sou errada se eu for gay? – Ela pergunta novamente.
- Não, meu amor. – Ele coloca uma mecha atrás de sua orelha. – Errado é não amar...
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