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História Síndrome de Estocolmo - Sobre como a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena


Escrita por: Franiquito

Notas do Autor


EU NÃO ACREDITO que o título desse capítulo coube direitinho no coiso de títulos aaaa *---*
Olá :3 Gostaria de dizer que a partir desse cap teremos sempre uma OST sugerida uaheiahea Eu tenho mania de escrever ouvindo música pra ajudar a ~entrar no clima~, então, se vcs gostarem da ideia... Para esse, as músicas que ouvi foram: The Eve, Playboy e Sweet Lies.

Capítulo 3 - Sobre como a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena


Fanfic / Fanfiction Síndrome de Estocolmo - Sobre como a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena

Capítulo Três – Sobre como a vingança nunca é plena, mata a alma e envenena

Aquela noite fora bastante diferente da anterior. Apesar de ainda estar bastante dolorida fisicamente, seu espírito estava muito mais leve após seu momento de vingança. Você não parara realmente para pensar nas consequências de seus atos, mas não fazia muita diferença para você no momento. A sensação de leveza e de, hum, justiça? lhe deixavam tranquila o suficiente para ter um bom descanso e sonhos agradáveis.

O dia seguinte transcorreu monótono como o anterior, contudo, seu ânimo permanecia muito bom. Não havia nada que pudesse estragar seu humor. Nenhum trabalho entediante conseguiria lhe deixar para baixo. Nenhuma cara feia conseguiria tirar o sorriso alegre do seu rosto. Nenhum ônibus lotado conseguiria deixá-la irritada. Tudo parecia estar mais simples, mais calmo, o dia parecia mais bonito e seus machucados pareciam não doer tanto. E, diante de qualquer possível ameaça ao seu humor inabalável, você rapidamente imaginava a cara do almofadinha ao encontrar seu carro riscado e aquilo bastava para jogar seu ânimo lá em cima.

Tudo o que você precisava ao chegar em casa era de um bom banho, um belo prato de comida e algum filme ou seriado – e seu dia se encerraria com chave de ouro!

Você já estava na metade de um episódio de uma das suas séries de comédia preferidas quando bateram na porta. Duas batidas firmes e secas. Talvez você não estivesse controlando tão bem as gargalhadas quanto pensara e estivesse perturbando os vizinhos. Droga. Você rapidamente pausou o episódio, largou o prato e saiu de baixo das cobertas no sofá da pequena sala. Você não precisava de uma bronca para estragar o seu dia perfeito.

Você abriu a porta um pouco apreensiva, mas tentando ser o mais simpática possível. Nada poderia prepará-la para o que viu.

Você basicamente deixou de sentir os músculos do rosto, mas arriscaria dizer que sua expressão murchou em menos de um segundo, que sua boca se abrira e seus olhos se arregalaram. Talvez você tenha prendido a respiração, talvez tenha sido só um pequeno gritinho. Parado do lado de fora do seu apartamento estava ninguém menos do que o almofadinha-dono-do-carro-esportivo-carésimo-que-você-rabiscara-incessantemente-na-noite-anterior.

Você estava certa, ele realmente era alto. Bem alto. Bem mais alto do que você e, pelo amor de deus, reparando agora, ele parecia ter alguns músculos debaixo daquele terno ridiculamente bem cortado. Ele poderia partir você ao meio com pouco esforço. O sorriso de canto que ele usava, a expressão confiante e a postura casual compunham o retrato do próprio psicopata em pessoa.

Antes que você pudesse raciocinar qualquer coisa para dizer ou fazer, ele projetou o corpo para cima de você, dando passadas firmes na sua direção. Você sequer piscara quando notou que ele já estava dentro do seu apartamento, a porta fechada atrás dele. Ele continuava caminhando na sua direção, fazendo-a recuar, aquele sorriso maligno, aqueles olhos que pareciam sedentos – por matá-la, você se perguntava? Você não sabia o que fazer a não ser continuar recuando, tentando fugir daquele rosto quase demoníaco por ser tão malévolo e tão sedutor ao mesmo tempo. Até que você sentiu a parede atrás das suas costas e não pode mais recuar. Ele continuou seu percurso até estar terrivelmente perto, o rosto a centímetros de distância, os olhos nunca desviando dos seus.

- Boa noite – ele disse numa voz grave e perigosa. Puta que pariu, você estava morta. No fim da noite, você estaria cem por cento mortinha.

- Isso é invasão de propriedade – você conseguiu murmurar numa voz fraquinha, sentindo-se ridícula e minúscula sob aqueles olhos castanhos intensos.

- Oh! – ele pareceu perder um pouco do controle da pose e sua expressão se contorceu num sorriso de escárnio, os olhos muito abertos – Invasão de propriedade? Invasão de propriedade, você diz? E o que você fez à minha propriedade, a saber: meu carro, o qual estava dentro de, veja só, minha outra propriedade, a saber: o estacionamento da empresa que minha família gerencia há décadas? Podemos chamar isso de invasão à propriedade? Invasão e dano à propriedade talvez?

Você sentiu a espinha gelar e engoliu em seco. Você não podia perder a compostura. Tinha que dar um jeito naquilo. Respirou fundo e, com a voz mais alta e firme, retrucou:

- Não sei do que você está falando. Se é pelo arranhão que ficou no seu carro por causa do acidente...

- Ah, não, disso eu já tinha cuidado. Você sabe muito bem do que eu estou falando: dos riscos à chave que você deixou no meu carro – era visível o esforço que ele fazia para se manter relativamente tranquilo.

- Eu não fiz nada disso. Deve ter mais gente que não gosta da sua cara nesse mundo – você deu de ombros – Eu não me surpreenderia.

Ele soltou uma risada de escárnio pelo nariz.

- Vamos ver o que você tem a argumentar diante disso – ele mexeu rapidamente num dos bolsos do paletó e, deus, você esperava ver uma arma apontada para a sua cara ou uma faca na sua garganta. Mas não. Diante dos seus olhos estava apenas um celular (caríssimo, de última geração, finíssimo e provavelmente levíssimo, tela enorme, etc., etc.).

Bem, havia um vídeo do estacionamento. Do carro dele no estacionamento. Do carro dele no estacionamento sendo bastante danificado. Do carro dele no estacionamento sendo bastante danificado por uma pessoa. Pelo menos você estava de costas para a câmera.

- Você acha que fui eu? Pode ter sido qualquer um, nem dá para ver o... – nesse momento, a pessoa se virou na filmagem e, bingo!, lá estava o seu querido rostinho, perfeito para o reconhecimento – Oh.

- Oh – ele repetiu entre o deboche e a raiva, guardando o celular no processo – Argumentos?

Você mordeu o lábio inferior com força, mas na verdade era mais para segurar o riso mesmo. Você estava numa situação de merda, mas tinha feito um belo de um trabalho. A câmera, num ângulo meio diagonal, de cima, evidenciava sua obra de arte abstrata. No fundo, você estava orgulhosa do que tinha feito, mas isso só piorava toda a situação.

Talvez ele tenha notado sua alegria, porque a seguir cercou-a com as mãos na parede, um braço de cada lado da sua cabeça. O barulho alto do movimento súbito a fez gritar e fechar os olhos em reflexo.

- E então, mocinha... Como nós resolvemos esse tipo de situação?

A voz dele era tão grave que lhe arrepiava todos os pelos do corpo, dando a sensação de que em breve você estaria morta e enterrada em algum terreno baldio na parte mais afastada da cidade. Mas você tinha que manter-se firme o máximo que conseguisse. Morreria, mas morreria com honra!

- Você manda o seu carro pro conserto a jato e pronto, é isso, aposto que nem vai sentir o gasto – você respondeu atrevidamente e completou: – Mas, se te fizer bem, posso jogar umas notas na sua cara como contribuição.

- O quê?! Eu não... – ele respirou pesadamente – Eu sabia que não devia nem ter parado para falar com você! Só parei para prestar socorro porque é lei e eu não quero gente aproveitadora enfiando processo nas minhas costas. É extremamente incômodo.

Você não podia acreditar no que estava ouvindo. Era como se estivesse de volta à cena do atropelamento, você jogada no asfalto enquanto ele discursava sobre como os assuntos dele eram incríveis e importantes e como ele não podia perder tempo com coisas supérfluas como vítimas de trânsito – vítimas de acidentes causados por ELE!

- Você chama aquilo de “prestar socorro”??? É sério?? Você é muito ridículo mesmo, eu devia ter feito coisa muito pior no seu maldito carro!

- Hm, parece que temos uma confissão aqui. Será que eu devo levá-la até a polícia, já que você aparentemente não sabe ser uma pessoa civilizada?

Cada vez mais horrorizada e sufocada por aquela presença tão perto, você finalmente retomou o controle sobre o próprio corpo e o empurrou para longe. A súbita reação fez com que ele se surpreendesse e cambaleasse alguns passos para trás.

- Eu não preciso aguentar esse tipo de coisa! – àquela altura, você estava praticamente gritando – Não tenho que aguentar uma pessoa que entra na minha casa sem ser convidada e que fica me ameaçando! Você quer que eu pague essa porcaria dessa merda desse conserto dessa bosta desse carro??? Pois então vá até a polícia, seu escroto, porque eu não tenho dinheiro para pagar!

Vocês passaram alguns instantes apenas se encarando. Você ainda visivelmente alterada, o rosto vermelho, a respiração rápida. Ele parecia estudá-la.

- Eu tenho um nome. Me chamo Park Chanyeol, caso você ainda não saiba.

Você franziu o cenho – Não me interessa quem você é! E eu não vou te dizer o meu nome!

Ele riu quase com pena – Eu já sei o seu nome. Eu sei o seu endereço – ele fez um gesto indicando o apartamento – E eu também sei que você não pode pagar algo desse tipo.

A quantidade de informações que ele tinha sobre você voltou a deixá-la tensa. Qual era o tamanho da influência desse cara, para conseguir tantos dados assim sem precisar envolver a polícia?

- Então o que você está fazendo aqui? – você perguntou seca.

- Eu... Eu não queria ter que recorrer à polícia. Muito trabalho, muito alarde, muita política ruim – ele suspirou, olhando para o teto e, em seguida, para você novamente – Eu estava pensando que você poderia pagar de outra forma, com outros... serviços...

Você percebeu que ele não ia seguir explicando o que queria. Você não sabia se tinha entendido o que ele queria dizer. Se ele realmente tinha sugerido o que você achava que ele tinha sugerido. Não era possível uma pessoa ser tão baixa assim, era?

- O que você está sugerindo? O que diabos você pensa que eu sou???

A expressão dele pareceu se alarmar diante da sua reação, como se não a estivesse esperando de forma alguma.

- Hey, não... Peraí... Eu não...

Mas você não queria ouvir mais uma palavra. Você não queria ver a cara daquele imbecil nunca mais. Você o queria fora da sua casa, fora da sua vida. Você podia ir presa, não importava; você só não queria ter que encontrar aquela cara e aquelas orelhas e aquele carro NUNCA MAIS. Então você começou a tentar colocá-lo para fora à força. Você tentou puxá-lo, empurrá-lo, tentou gritar e abafar os argumentos dele e, quando ele tentou segurá-la de volta, você se desesperou e tentou se desvencilhar de qualquer maneira.

E você conseguiu. Conseguiu se desvencilhar dele e conseguiu que ele calasse a boca.

Contudo, aparentemente ele não ia sair da sua vida nem da sua casa tão cedo, já que agora ele jazia no chão da sua sala, inconsciente ao lado dos cacos da luminária que você usara para acertar sua cabeça.

Agora você seria presa não por dano, mas por assassinato.

Você levou as duas mãos à própria cabeça ao perceber que estava cem por cento ferrada.



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