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História Síndrome de Estocolmo - Sobre como a outra parte também está apavorada com...


Escrita por: Franiquito

Notas do Autor


Olaaarr! Cêis tão bem?
Nesse cap teremos o POV do Chanyeol! Espero que vcs gostem de saber o que ele tá achando dessa situação toda aheuaiehao
Ah, esse cap tmb teve "OST" durante a escrita: Hurt, The eve e Can't bring me down (tudo do EXO).
Boa leitura ^^

Capítulo 5 - Sobre como a outra parte também está apavorada com...


Fanfic / Fanfiction Síndrome de Estocolmo - Sobre como a outra parte também está apavorada com...

Capítulo Cinco – Sobre como a outra parte também está apavorada com as circunstâncias absurdamente inesperadas

Havia algo de estranho. Alguma coisa não estava de acordo com alguma outra coisa que ele não sabia exatamente o que era. Só sabia que era muito estranho. Uma sensação esquisita.

Chanyeol sentiu a cabeça pesada e a sensação só se intensificou quando ele tentou mexê-la. Ele resmungou baixinho com a tentativa frustrada de levantar a própria cabeça. Parecia um peso morto. E latejante. E muito dolorido. Parecia que vários pontos da sua cabeça estavam doloridos, além do pescoço, que estivera suportando todo o peso da cabeça pendendo frouxa para frente. Seu instinto foi de levar a mão àquelas áreas doloridas.

Porém, não conseguiu. Ao tentar mexer sua mão direita, ela não respondeu. Ou melhor: respondeu ao seu comando, mas não foi capaz de completar o movimento. Algo a impedia, puxando-a de volta, mantendo-a no lugar. Chanyeol resmungou mais alto dessa vez, o som demonstrando claramente sua confusão e irritação. Ele finalmente abriu os olhos, procurando entender o que acontecia. Mas estava tudo escuro. Havia algum resquício de claridade passando por algo que pareciam frestas em uma janela à sua esquerda. Algum ponto mais distante à sua direita parecia ligeiramente mais claro, mas os olhos desacostumados não eram capazes de distinguir nenhuma forma.

Aos poucos, seus olhos iam se adaptando à pouca claridade e seu corpo despertava, fazendo com que Chanyeol entendesse o que estava acontecendo. Ele estava em algum local que ele não sabia qual era, no escuro, no meio da noite, sendo mantido como refém, pateticamente amarrado a uma cadeira. Aparentemente, ele havia sido agredido na cabeça, provavelmente desmaiara e fora assim que havia sido dominado. O que estava acontecendo? Quem seriam aquelas pessoas?

Sua cabeça estava muito dolorida. Havia um ponto do lado esquerdo que estava muito doído e ele suspeitava que também estivesse inchado. A sensação, além da dor pulsante, era de uma leve tontura e enjoo. Ele precisava se soltar e sair dali, mas não seria fácil: o que quer que o estivesse prendendo estava cumprindo bem o seu papel. Chanyeol tentou alguns puxões com os braços, mas não obteve muito êxito. Ele tentou mexer com o tronco, remexendo-se de um lado para o outro, mas isso tampouco ajudou, dando apenas a impressão de um ligeiro alívio na pressão das amarras. Talvez se ele se jogasse no chão...

Uma movimentação muito próxima fez com que ele congelasse. Havia mais alguém naquele cômodo? Havia... algo? Apesar de não enxergar quase nada no escuro, Chanyeol tinha os olhos muito arregalados. Será que eles tinham um vigia? Alguém com uma arma apontada para ele? Ou seria um cão, um pitbull ou um rottweiler? Sendo algo deste mundo já estava de bom tamanho...

Foi então que a claridade à sua direita pareceu ficar um pouco mais intensa, deixando mais nítidos os contornos das coisas naquele cômodo pequeno. Ele conseguiu distinguir as formas de uma pia, de um armário e de um vaso sanitário. Era um banheiro. Subitamente seu corpo percebeu que adoraria ir ao banheiro naquele momento.

De modo geral, o ambiente parecia ficar mais claro. Devia estar amanhecendo. Aos poucos, Chanyeol conseguiu distinguir as formas de um guarda-roupa, um criado-mudo, uma cama, alguém em cima da cama...

Junto com um novo pulsar no seu ferimento, voltou-lhe a lembrança dos acontecimentos do dia anterior. Ele não havia sido sequestrado por bandidos interessados na fortuna da sua família. Ele ainda estava na casa daquela maluca! Era ela quem estava dormindo tranquilamente poucos metros à sua frente – um sono tranquilo e reparador, diferente do “sono” dele, sentado em uma cadeira na qual estava amarrado após ter sido agraciado com duas, não, três pancadas na cabeça! Não era de surpreender que seu crânio latejasse tanto.

Chanyeol perguntava-se o que diabos aquela mulher queria para tê-lo amarrado. Será que, de fato, ela queria pedir alguma soma em dinheiro como um resgate? Não bastava ela já ter destruído seu carro novinho? Não bastava todo o transtorno decorrente daquele acidente com a bicicleta? Um conserto daqueles não podia ser assim tão caro e problemático, podia? Claro que não. Será que ela queria algum tipo de vingança? Ela iria torturá-lo? Matá-lo? Tudo por causa de uma bicicleta??? Não, não podia ser isso. Era demais até para uma pessoa desequilibrada como aquela garota... certo? Chanyeol sentiu que começava a suar frio.

Ele então teve uma ideia genial: seus pés alcançavam tranquilamente o chão e as pernas não estavam presas como seus braços. Ele firmou os dois pés no chão e se levantou numa pose ridícula, de modo a tirar os pés da cadeira do chão. Pelo menos ele conseguia caminhar assim. Contudo, ao chegar no que parecia ser a porta do quarto, Chanyeol se deparou com essa fechada e ele não conseguiria abri-la tão fácil sem a ajuda das mãos. Ele voltou a colocar a cadeira no chão e sentar-se, causando um baque inesperado com o movimento. A doida remexeu-se de novo na cama, resmungando coisas incompreensíveis. Ele precisaria ter mais cuidado se quisesse escapar dali com vida.

Chanyeol analisou suas opções. Não havia muitas. Esfregando um pé no outro, ele descalçou os sapatos pretos de couro legítimo e, em seguida, as meias de grife que possivelmente custavam mais do que o jogo de cama da maluca. Com os pés nus, Chanyeol se recostou na cadeira, de frente para a porta, e esticou a perna direita o máximo que pode, tentando alcançar o trinque e girá-lo. Ele costumava se exercitar na academia e tinha um físico bastante atraente graças a isso, mas elasticidade não era bem o seu foco. Aquilo era cansativo e dolorido. Quando ele finalmente conseguiu segurar a maçaneta e virá-la, nada aconteceu. Isto é, nada além de um barulho bastante alto quando a maçaneta escapou do seu pé.

Um movimento rápido na cama. Uma respiração acelerada. Uma luz mais forte. A menina louca havia acordado. Ótimo, ele pensou.

- Meu deus, como é que você chegou aí? – ele a ouviu falando, a respiração ainda muito rápida. Ele não entendia o porquê, já que quem passara a última meia hora fazendo esforço físico tinha sido ele.

- Desculpa acabar com a sua alegria – ela continuou numa voz menos assustada e mais sonolenta –, mas está trancada. Você nunca vai conseguir abrir assim.

Chanyeol resmungou alto, irritadíssimo. Ainda de costas para a moça na cama, ele ordenou:

- Abra. E me solte.

Ele ouviu uma espécie de risinho incrédulo antes de ela se levantar... e passar reto em direção ao banheiro, fechando a porta atrás de si com calma. Chanyeol bufou alto, jogando a cabeça para trás.

Então ele percebeu que podia fazer barulho. Fazer muito barulho era uma de suas especialidades. E, aparentemente, não era algo que ela queria que ele fizesse. Não durou mais do que dois segundos o intervalo entre a percepção e o início da gritaria por ajuda.

- SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA, TEM UMA MALUCA ME FAZENDO DE REF-

E então seus gritos se tornaram abafados à medida que um pano era enfiado na sua boca e preso atrás da sua cabeça. Ele tentou dificultar o procedimento sacudindo a cabeça, mas não obteve muito sucesso. Sua única chance de escapar dali acabava de ir para o saco.

- Ai, meu deus! Ai, meu deus! – ele viu a doida resmungando enquanto andava de um lado para o outro com as mãos na cabeça – Você não pode começar a gritar desse jeito a essa hora! Não são nem 7 horas da manhã! – ela o encarou com raiva, o dedo apontando para a porta – Daqui a pouco os vizinhos reclamam de novo e o porteiro vem bater na minha porta de novo e dessa vez não sei se vou ter desculpa para...

Chanyeol viu a expressão da maluca mudar totalmente, como se ela percebesse algo simples que resolveria todos os seus problemas.

- Bom... Na verdade, há uma desculpa que sempre funciona... Faz as pessoas acreditarem sem fazer maiores perguntas... – e então ela sorriu de canto, aparentemente muito satisfeita consigo mesmo. Que pessoa patética, Chanyeol pensou, encarando-a ainda sem entender muito bem o que se passava – Infelizmente, faria com que as pessoas pensassem que eu tenho um péssimo gosto para homens... – ela suspirou e deu de ombros, como se, no fim das contas, uma coisa justificasse a outra.

Chanyeol esboçou uma careta, os olhos muito abertos. Ele tentou protestar, demostrando que não estava nem um pouco de acordo com aquela ideia, mas o que quer que estivesse tapando a sua boca não o deixava se manifestar muito. A garota louca apenas revirou os olhos e bufou, como se também não achasse a ideia grande coisa.

Chanyeol sentiu a cabeça voltar a latejar dolorosamente. Ele fechou os olhos e deixou a cabeça pender para trás, esperando que aquilo de alguma forma ajudasse, mas não obteve grande êxito. Quando reabriu os olhos, decidiu que por hora não tinha muito que pudesse fazer e passou a acompanhar os movimentos da doida. Pelo menos assim ele poderia se preparar psicologicamente para seja lá o que ela tinha em mente. Primeiro, ela caminhou até a janela, mas parou no meio do processo, voltando até onde ele estava para acionar o interruptor da luz. A súbita e intensa claridade fez com que ele fechasse os olhos novamente. Quando os reabriu, ela estava terminando de arrumar a cama e ele percebeu que ela ainda usava as mesmas roupas da noite anterior: camiseta folgada e shorts justos. Aparentemente aquilo era o seu pijama. Bom, ele não podia negar que andar de bicicleta fazia um bem danado para a saúde das pernas...

Ela pareceu perceber o seu olhar e ficou muito vermelha, ele não sabia dizer se de vergonha ou de raiva. Provavelmente as duas coisas. Ele riu pelo nariz, uma vez que sua boca estava impossibilitada de tal façanha. Então, com aquele instinto assassino que só os doidos têm, ela arremessou um travesseiro na cara dele, fazendo a cadeira balançar brevemente para trás com o impacto. Chanyeol gemeu genuinamente de dor. Ele não fazia ideia se sairia com vida daquele lugar. Ele já nem sabia sequer se sairia dali algum dia.

Quando voltou a si, Chanyeol deu de cara com a moça parada na sua frente já de roupa trocada. Tinha os braços cruzados sob o peito, uma expressão irritadinha e uma pose insolente. Era ele quem estava numa situação de merda, mas era ela quem estava bravinha. Ele só não revirou os olhos porque aquela ação doía muito no momento.

- Olha só – ela começou – Eu não queria nada disso, okay? Não pense que eu planejei te nocautear e te prender no meu quarto – Chanyeol tinha um olhar totalmente incrédulo. Como aquilo podia ser verdade? Ela tinha mil razões para querer mantê-lo sob seu domínio. 1: ele era rico e ela podia ganhar dinheiro com resgate. 2: ele era bonito e ela podia querer se aproveitar de alguma maneira. 3: ele aparentemente tinha sido o motivo da raivinha dela e ela já demonstrara ser adepta a vinganças – Tudo bem que a minha atitude com o seu carro pode não ter sido das melhores... – ele ergueu as sobrancelhas, como quem dizia “ah não diga?!” – Mas... olha as atitudes que você tomou depois disso! – ela estava se exasperando e Chanyeol ficou curioso para saber aonde aquilo levaria – Você descobriu não sei como todas as informações da minha vida, veio até a minha casa, entrou sem ser convidado, me ameaçou e ainda fez propostas indecentes e ultrajantes! – Chanyeol tentou dizer “O QUÊ?”, mas tudo o que conseguiu produzir foi um som abafado indistinguível – Você me provocou e eu me descontrolei e... Bom, desculpa. Pelas pancadas. E por... isso – ela apontou para a situação na qual ele se encontrava – Mas você bem que mereceu – ela fez questão de completar, claro, colocando a culpa de tudo nele.

Chanyeol revirou os olhos com veemência e aquilo trouxe a dor pulsante de volta com toda a força. Ele gemeu e apertou os olhos devido à dor, mas apertar os olhos também fazia com que a cabeça doesse, então ele apenas gemeu mais alto, sentindo-se subitamente impotente e desamparado como uma criança, sensação que ele não experimentava com frequência.

Ele ouviu a maluca movimentando-se pelo ambiente novamente, mas nem se importou em verificar o que ela estava fazendo. Nada poderia ser pior do que aquela dor no momento. Parecia que sua cabeça ia explodir, que seus olhos iam saltar das órbitas. Havia uma sensação de repuxo em algum ponto da sua cabeça e ele imaginava que houvesse algum corte com sangue seco.

Ele ia morrer. No lugar mais patético, pelas mãos da pessoa mais patética, da forma mais patética possível. Tudo porque ele buscara justiça pelo ato de vandalismo contra seu carro. E mais: porque ele buscara justiça de uma forma alternativa! Ele poderia muito bem ter ido até a polícia para que prendessem aquela louca – e a cada minuto ele se convencia de que era aquilo o que deveria ter feito. Aquilo não pagaria o conserto do seu carro, claro. Mas lhe daria um sentimento de satisfação. Não tão grande quanto o da noite anterior, quando ele viu a expressão assustada dela diante das imagens que ele tinha, diante da sua aparição inesperada na sua casa. Mas ainda assim, teria sido mais prático. Menos trabalhoso e doloroso.

Em meio a todos aqueles pensamentos – dor. Como se fosse possível, ele de repente sentiu ainda mais dor, mas era uma dor diferente; sua cabeça ardia e repuxava no local onde antes apenas pulsava. Aquela sensação inesperada o fez gritar (ou o mais próximo disso que a mordaça permitia) e abrir os olhos. Era aquela insolente de novo! O que ela estava fazendo??? Ela estava... com um pano... e um... antisséptico?

- Caramba – Chanyeol a ouviu resmungar enquanto remexia nos cabelos dele, observando o couro cabeludo com atenção – Eu não tinha visto que tinha ficado assim. Desculpa.

E então ela aplicou mais antisséptico no pano e o esfregou no bendito corte, fazendo Chanyeol franzir novamente o cenho com a sensação. Contudo, aos poucos a ardência passou e ele voltou a sentir apenas a pulsação com a qual já estava se acostumando.

- Eu... Eu preciso ir até a cozinha – ela disse, olhando-o nos olhos. Como ele nada fez, ela gesticulou – Me dá licença! Você tá na frente da porta.

Chanyeol pôs-se novamente naquela posição ridícula que o permitia caminhar enquanto ainda estava atado à cadeira. Ele podia jurar que ouvira a doida rir, mas preferiu ignorar. Sua cabeça dolorida já o mantinha ocupado o suficiente.

Quando ela voltou, colocou outra cadeira ao lado de Chanyeol, sentou-se e pôs um pacote de ervilhas congeladas em cima do inchaço pulsante e dolorido. Delicadamente. Da mesma forma como limpara o ferimento há poucos minutos. Ele estava genuinamente surpreso ao constatar que ela sabia agir sem violência quando queria.

Eles ficaram se encarando em silêncio por alguns instantes. Chanyeol percebeu que ela trocou o braço que segurava as ervilhas, fazendo uma careta no processo. Então ele se lembrou de que aquele tinha sido o braço que ele torcera na noite anterior enquanto tentava se libertar. Ele se sentiu um pouco mal ao relembrar da cena. Ela percebeu o olhar dele e desviou o semblante, encarando o chão enquanto deixava escapar um suspiro cansado. Chanyeol imitou-a, suspirando pesadamente e piscando devagar. Ele falou por trás da mordaça, mesmo sabendo que não produziria coisa com coisa.

Ela voltou a olhá-lo. Ela tinha um sorriso de canto e os olhos semicerrados. Soltou um risinho pelo nariz antes de falar:

- Eu também te odeio, almofadinha.



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