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História Sinfonias Dolorosas - Estampas de vegetais em calcinhas.


Escrita por: Thatavisk

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 5 - Estampas de vegetais em calcinhas.


Já havia passado um pouco do horário de início da aula e Jimin ainda não havia chegado. Encostei a cabeça no vidro da janela, rolando a caneta sobre a mesa. Não sabia por qual motivo estava ansiosa, eu não saberia como questioná-lo sobre o que Taehyung havia dito de qualquer modo, pareceria uma intrometida.

Os alunos que estavam de pé se apressaram para chegar aos seus lugares quando a coordenadora entrou acompanhada de um homem. Ele nos cumprimentou baixo com um "— Bom dia." enquanto olhava curioso a classe lotada.

— Alguns de vocês já devem saber que o senhor Min está hospitalizado, ele estará de licença por um período, mas já temos um substituto temporário tão bom quanto. Min Yoongi é filho do senhor Min, respeitem-no tanto quanto fazem com seu pai. — A coordenadora nos pediu apresentando o homem. — Tenham um bom dia. — Nos cumprimentou antes de se retirar.

Yoongi permaneceu alguns segundos en silêncio, parado de pé à frente da classe. Sua pele era pálida e destacava os olhos negros que carregavam um olhar sério abaixo da franja e ele parecia estar um pouco constrangido conforme o silêncio se assentava.

— Eu nunca estive aqui na frente, ainda estou me acostumando com ver vocês desse ângulo. Eu devia ter ensaiado mais em casa, não foi suficiente. Podemos recomeçar? — Apontou a porta, fingindo que deixaria a classe por um instante. Parecia alguém de bom humor. — Como disse a coordenadora, meu pai está hospitalizado e creio que em cerca de uma ou duas semanas ele estará de volta — disse seguindo até a mesa, agora parecendo mais à vontade depois de tirar alguns risos da classe, pegando o piloto. — Vocês não terão de me aturar por muito tempo, eu prometo. — Se voltou para nós com um sorriso gentil nos lábios finos após escrever seu nome num tamanho legível na beirada da lousa larga. — Alguma pergunta antes de começarmos?

— Min Yoongi, o senhor tem namorada? — Uma das garotas da frente perguntou erguendo a mão. 

— Sobre isso... — Riu constrangido, fazendo algumas outras pessoas rirem também. — Se não tiverem algo de relevante a dizer, apenas fiquem calados — disse mantendo seu sorriso apesar da classe se silenciar com sua arrogância em tom doce, quebrando um pouco a impressão divertida que tivemos de começo. — Peguem seus livros, por favor — pediu retirando a alça da bolsa que trazia de seu ombro e a pondo sobre a mesa. — Isso é apenas para complementar o entendimento, mas é bem resumido, sugiro que guardem. Me ajudou bastante quando eu estava no lugar de vocês — explicou entregando uma pasta cheia de folhas para o rapaz sentado mais próximo da mesa, pedindo que ele repassasse uma parte paras as outras fileiras.

O restante da aula seguiu de forma normal. As meninas cochichavam vez ou outra sobre o homem que explicava enquanto escrevia no lousa, montando um conjunto de quais termos eram ligados e quais não, e Yoongi quando ouvia as dava um sorriso, deixava escapar uma risada fraca ou um comentário divertido.

O senhor Min era um homem muito animado e bem humorado, talvez seu filho apenas estivesse se esforçando para manter nossa zona de conforto, apesar de isso parecer estar tirando o seu.

— Na próxima aula haverá um tribunal simulado, dividirei as equipes no dia, estejam preparados e estudem bem os livros — avisou enquanto os alunos se retiravam após o fim da aula. — Com licença, aguarde um momento, por favor — pediu segurando meu ombro quando passei por si.

— Precisa de algo, professor? — perguntei olhando-o procurar algo entre as fichas que trazia consigo na bolsa, era muita papelada.

— Apenas que me faça um favor. Você terá um papel no tribunal, mas não tem como eu te pegar de surpresa, vai precisar estudar bem a personagem. — Entregou-me uma ficha preta com alguns impressos dentro. — Essa é sua história, você é a ré do nosso tribunal.

— Parece um caso de verdade — comentei folheando os papéis, possuía informações detalhadíssimas, parte rabiscadas, e imagens que pareciam reais.

— É um caso de verdade, eu fiz a defesa dela alguns anos atrás e ela me permitiu usar a história dela como exemplo de um caso complicado — disse passando algumas folhas para que eu visse a foto do rosto da ré verdadeira daquela acusação. — E que caso complicado esse foi. — Suspirou fundo.

— Ganharam? — perguntei erguendo levemente uma sobrancelha, tinha mais provas do que contraprovas e o álibi dela era totalmente questionável, além da arma usada no crime pertencê-la.

— Com muito esforço, mas sim, ganhamos — respondeu enquanto checava se havia pego todos os seus pertences. — Não mostre isso aos demais, eles tem de estar preparados para informações jogadas em cima da hora ou um caso urgente —  pediu me estendendo a mão.

— Vou dar meu melhor. — Apertei sua mão, ouvindo-o me desejar uma boa tarde antes de se retirar.

Samantha Hoffmann era acusada pelo homicídio de seu marido, Derick Tennor, que havia recebido um tiro na cabeça pouco tempo após os vizinhos terem ouvido uma discussão feia do casal. Samantha não estava na casa no momento em que os policiais chegaram ao local e seu álibi era duvidoso já que ninguém poderia confirmá-lo.

Ela era uma policial militar afastada do cargo por motivo de instabilidade psicológica após a perda do único filho. A arma utilizada no crime possuía apenas digitais suas e o ângulo do disparo batia com a diferença de altura que Derick e Samantha possuíam.

Havia quase toda a informação da acusação, mas faltava informação da defesa e eu não fazia ideia de como Yoongi teria ganho aquele caso sendo que a mulher sequer poderia ter sido considerada inocente em algum momento após tudo aquilo.

No encerramento do caso, descrito numa cópia de um documento oficial, comprovando de fato a vitória da defesa, dizia apenas que Samantha era inocente e que o caso se tratava de um suicídio e não homicídio.

Sem detalhes da investigação ou se havia sido feita uma recriação da cena ou era apenas especulação teórica.

— Boa tarde. — Taehyung estava trancando seu apartamento quando saí do elevador. — Chegando da faculdade agora? — perguntou olhando a ficha que eu ainda lia enquanto voltava para casa.

— Sim, até o próximo período as aulas são apenas pela manhã. — Guardei a ficha de volta na bolsa, teria de gravar aquilo com atenção para não acabar me enrolando com a acusação no dia.

— Vai estar livre agora? — Assenti um pouco pensativa, pretendia estudar. — Eu estou indo 'pra agência, quer ir comigo? — convidou dando-me um sorriso.

— Não quero atrapalhar seu trabalho. — Meneei a cabeça em negação, fazendo menção de seguir para meu apartamento.

— Não vai atrapalhar. — Segurou meu braço por um instante. — Vamos, lá não é tão chato assim e vai ser rápido. Podemos sair juntos assim que eu acabar — insistiu mantendo o sorriso gentil nos lábios.

— Eu realmente preciso estudar. — Forcei um sorriso meio sem jeito.

— Prometo que não vou tomar tanto tempo seu. — Jurou mantendo a postura gentil.

— Não quero voltar tão tarde, mas parece legal. Eu nunca entrei numa agência de modelos — aceitei vendo-o sorrir largo. — Me arrumo em cinco minutos, quer me esperar lá dentro? — perguntei apontando meu apartamento, ouvindo-o assentir.

O carro de Taehyung era de um modelo parecido com o de Jimin, porém tinha a pintura de um vinho escuro metalizado. Fiquei um pouco curiosa sobre o que Jimin estaria fazendo. Ele não havia me ligado e nem enviado uma mensagem desde que havia saído no dia anterior.

Peguei o celular o enviando apenas um "oi" despretensioso, colocando o aparelho na bolsa ao ver que Jimin sequer havia recebido a mensagem. Devia estar ocupado.

 

Taehyung comentou um pouco sobre como havia se tornado modelo, dizendo que apesar de ter nascido no interior e gostar do lugar onde cresceu, sempre gostou muito da época em que passava as férias na casa dos tios que viviam na cidade grande.

Ele não pretendia ser modelo, mas sua família o incentivou a fazer um teste e ele chamou atenção de um agente com qual acabou criando uma amizade forte. Agora estava mantendo a carreira por qual havia tomado certa afeição, mas correndo atrás do sonho de ser ator.

O estúdio onde Taehyung faria o ensaio ocupava um andar inteiro, o cômodo amplo possuía apenas o pilar grosso ao meio que mantinha a construção de pé como divisória dos dois lados. Havia o estúdio numa metade e na outra a área para a equipe de edição e fotografia trabalhar, além de uma pequena área de lazer.

— Aqui é bem espaçoso — comentei andando com Taehyung pelo lugar, olhando os equipamentos para os ensaios espalhados pelo ambiente.

— Fique à vontade, não vou demorar — disse apontando o local onde alguns puffs estavam arrumados à volta de uma mesinha pequena e algumas pessoas tomavam café enquanto conversavam.

Me aproximei de forma um pouco tímida por me sentir deslocada no local, mas sendo convidada rapidamente para me juntar à conversa quando um dos rapazes perguntou minha opinião esperando receber o triunfo no debate que estava tendo com seus colegas.

Mas a equipe de fotografia que estava me fazendo companhia acabou tendo de se retirar quando a modelo que eles aguardavam chegou. Fiquei sozinha na área de lazer, apesar de Kane, que era o rapaz quem havia me introduzido mais cedo no debate super produtivo sobre a iniciativa de estampas de vegetais em roupas íntimas, já que as de frutas já eram muito usadas, ter dito que não havia problema caso eu quisesse assisti-los trabalhar.

Taehyung retornou alguns minutos após, afagando meus cabelos e tirando minha atenção do celular onde eu tentava quebrar meu recorde no 1010! após falhar três vezes.

— Não tem muito de interessante aqui quando está vazio — disse sentando-se no braço da poltrona onde eu estava. — Durante o inverno isso aqui parece as ruas de Londres — comentou olhando a modelo que posava para uma revista de moda, exibindo em seu corpo algumas peças de uma nova linha social feminina.

— Imagino a variedade desse lugar lotado. — Olhei as roupas esportivas que Taehyung usava, contrastava totalmente do estilo que era fotografado pela outra equipe.

— Na maioria do tempo não tem muita coisa diferente, mas nas linhas de primavera as coisas ficam mais divertidas. — Ele se levantou ao ser chamado por uma fotógrafa. — Quer ficar com a equipe? Você parece meio entediada. — Apontou o jogo ainda aberto em meu celular, sorrindo ao me ver assentir.

Taehyung estava sendo fotografado para uma revista esportiva e, segundo ele mesmo, era a primeira vez que segurava uma raquete de tênis na vida. Seria o fundo das matérias que falariam sobre o esporte e estava aprendendo ali mesmo um pouco sobre o assunto. As fotos tiradas no dia seriam apenas as individuais, em outra data ele seria fotografado com um atleta famoso do ramo e esperava apenas não dizer algo idiota pelo conhecimento raso sobre a profissão.

Estava acompanhando as fotos tiradas sentada ao lado do homem que separava as que iriam para a seleção, enquanto ele falava um pouco sobre seu trabalho. Ele era tanto fotógrafo quanto editor, mas tinha preferência pela segunda ocupação, a fotógrafa, que estava agora auxiliando Taehyung em uma das poses pedida pela revista, era sua esposa e eles haviam se conhecido ainda enquanto cursavam fotografia.

Parecia algo tão bom poder trabalhar junto com a pessoa que era sua companheira, mas ele disse que apesar de ser, sim, divertido, muito satisfatório e a rotina não atrapalhar que estivessem juntos, também havia seus contras.

 

Jimin respondeu minha mensagem, se desculpando por ter sumido e dizendo que havia acabado de chegar em casa, então estava um pouco cansado, mas que iria apenas tomar um banho e me ligaria em seguida.

Apontei o celular que exibia a chamada recebida ao ver Taehyung me fitar quando me levantei para me retirar, não queria atrapalhar a equipe por estar falando ao celular enquanto trabalhavam.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui.


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