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História Sinfonias Dolorosas - Marcas de queimadura, marcas de dedos.


Escrita por: Thatavisk

Notas do Autor


Boa leitura.

Capítulo 6 - Marcas de queimadura, marcas de dedos.


Eu aprendi a maior parte na internet, meu pai não gostava e nem tinha tempo para cozinhar. Meu babá quem cozinhava, ele me ensinou um pouco também. — Ele estava fazendo algo para comer enquanto falava ao celular, mesmo após eu insistir que poderia me ligar depois, para não acabar se queimando ou atrapalhando.

— Minha mãe sempre soube cozinhar muito bem, mas ela também não gostava. — Taehyung ainda estava sendo fotografado. — Nós negociávamos as tarefas, se ela lavasse a louça, eu fazia o jantar e vice-versa.

Meu pai nunca foi muito aberto a negociação. — Riu fraco. — Mas ele me tornou um ótimo profissional, mais um ano e eu termino de cursar tudo o que já sei — disse não soando tão animado.

— Esse ainda é meu primeiro ano — comentei um pouco curiosa sobre ele estar numa turma de primeiro período estando no penúltimo ano. — Você perdeu algum dos primeiros períodos? — perguntei olhando Taehyung bagunçar o cabelo enquanto seguia para o local onde havia se trocado, havia acabado o ensaio.

Eu passei um tempo internado e perdi a maior parte dos primeiros períodos, não faz diferença alguma, mas ainda sou obrigado a fazer todos — diz sendo seguido pelo som de algo caindo e um resmungo seu, fazendo-me dar uma leve careta.

— 'Tá tudo bem por aí? — indaguei ouvindo uma torneira ser ligada.

Eu me queimei...

— Sério? Eu nem disse que isso iria acontecer. — Ele resmungou.

Acho que vou comer um sanduíche mesmo — disse soando um pouco decepcionado, provavelmente havia derrubado a panela.

— Cuidado para não se cortar.

Dessa vez eu vou te deixar em cima da bancada, é mais seguro. — Ele pôs a chamada no vivo a voz. — Mas é muito estranho falar alto andando sozinho pela cozinha. — Soou um pouco distante do celular.

— Mas você não está sozinho, minha voz está aí. — Taehyung retornou sinalizando que precisava apenas de mais um minuto, iria se despedir da equipe.

Dizendo assim, parece um pouco melhor, mas eu realmente preferia que você estivesse aqui de verdade. — Sorri minimamente. — Mas alguém decidiu zerar minha taxa de sucesso — reclamou forçando um tom indignado.

— Acho que podemos subir a taxa para cinquenta porcento na próxima tentativa — digo observando Taehyung vir até mim. — Mas isso fica pra outro dia, eu vou ter que desligar agora. — Ouvi-o resmungar algo. — Até mais tarde?

Eu vou estar ocupado de novo até tarde, mas creio que vou voltar em tempo pra te atrapalhar o sono. Dessa vez é uma promessa. — Soou meigo.

— Vou esperar acordada. — Desliguei após ouvi-lo assentir.

— Ele não te deixa descansar? — perguntou me olhando guardar o celular enquanto levantava.

— Ele só é atencioso. — Acenei para a equipe que se organizava para deixar o estúdio também. — Kane! — chamei atraindo a atenção do loiro que estava um pouco distante. — Eu compraria as de berinjela. — Ele sorriu satisfeito, ninguém havia concordado com sua estampa de berinjelas em sua equipe.

— Berinjela? — Taehyung perguntou confuso.

— É segredo de marketing, desculpe — digo enquanto aguardávamos o elevador.

— Mas berinjela é tão ruim — resmungou ainda mexendo em seu cabelo, parecendo incomodado por terem o alisado mais.

— Eu gosto de berinjela. — Ele fez uma careta leve.

— Quer ir comer em algum lugar? Sem berinjela, por favor — convidou enquanto descíamos para o térreo.

— Eu só sei onde fica a livraria e o banco. Ainda não conheço a cidade muito bem, não saio muito — admiti seguindo-o pela recepção do prédio, aproveitando para dar uma última olhada na decoração clássica do local.

— Então precisamos sair mais vezes — disse guiando-me para o estacionamento após eu ficar um pouco confusa de não ver seu carro onde havia deixado. — Juro que ele é mais animado do que aparenta. — Apontou o homem vestido num terno elegante, encostado em seu carro.

— Para onde? —Perguntou abrindo a porta de trás para nós.

— Esse. —Taehyung entregou seu celular para o homem ver o endereço.

— Tem certeza?

— Claro, a comida de lá é ótima — respondeu fazendo menção de que eu entrasse.

— Por que você precisa de um motorista? — perguntei olhando o homem indicar o local no GPS no painel do carro.

— Não é meu motorista, é meu segurança. — Deu um tapinha no ombro do homem sentado à sua frente.

— Isso não é obrigatório no contrato, eu apenas não confio nele no volante — explicou manobrando o veículo. — Kim Seokjin, segurança e babá de Taehyung há dois anos — disse aguardando para deixar o estacionamento.

— Mas somos amigos há três anos. — Taehyung disse soando orgulhoso disso.

— Ele já me dava trabalho antes mesmo da empresa me colocar como responsável pela segurança dele. — Suspirou fundo. — Ele já te contou a história do vestido? — perguntou se voltando para mim por um segundo.

— Vestido? Não... — Fitei Taehyung um pouco curiosa.

— Deixa isso 'pra depois, é uma história complicada — desconversou forçando um sorriso. — Você disse que não sai muito, mas sabe onde fica uma livraria. Gosta de ler? — perguntou se voltando para mim.

Taehyung colecionava mangás desde adolescente, quando havia ganho o primeiro de presente e acabou virando fã de alguns títulos que ocupavam mais lugar em seu apartamento que ele se agradava, mas ainda gostava de tê-los.

Ele havia visto minha estante de livros, mas a maioria dos exemplares mais grossos ali eram os da faculdade. Eu não costumava ler sagas ou livros muito grandes por sempre ter tendência a me distrair e esquecer da leitura.

Seokjin chegou a comentar um pouco sobre tentar manter o hábito de ler, mas sua rotina corrida não permitia muito que ele pudesse sossegar em um canto para isso, então optava por áudio livros.

 

O restaurante era um prédio largo de dois andares, divido em dois salões que eram visíveis de fora pelas paredes de vidro presas nos padrões finos de metal de sua frente. Parecia uma casa de boneca num estilo um pouco mais gótico que o comum, em seus papéis de parede vinho e o chão totalmente forrado pelo carpete preto, contrastando com as mesas cobertas por tecidos brancos e rendados nas bordas.

Taehyung tinha razão, eu precisava sair mais.

Um senhor na entrada cumprimentou Taehyung de maneira animada, pareciam se conhecer bem. Taehyung pediu uma mesa para três, Seokjin entraria depois por ter de fazer uma ligação antes.

— Não vejo a hora de conhecer a cidade inteira — comentei olhando as pessoas andando pela calçada, estava começando a entardecer e eu suspirei fundo ao lembrar do caso que precisava estudar por inteiro até a semana seguinte.

— Tem alguns lugares aqui que são bem diferentes, conheço muito bem a cidade — disse mexendo nas pétalas das petúnias que adornavam a mesa. — Só dizendo.

— Considerando que eu tenho andando me perdendo até no shopping, talvez você possa me ajudar. — Ele sorriu, voltando o olhar para as flores. Meu celular vibrou e eu fiquei animada ao ver ser uma mensagem de Jimin.


Park Jimin:
Estou ansioso pro tribunal, geralmente as aulas são tão chatas
Como vão os estudos por aí?

 

Ainda não estou em casa

 

— Sei que não — sussurrou ao pé de meu ouvido, fazendo meu coração parar por um segundo.

— Meu Deus, Jimin, que susto... — resmunguei pondo a mão sobre o peito, me surpreendo ao fitá-lo e vê-lo vestido de maneira tão formal, num terno de um azul quase negro. — Que terno lindo! Você 'tá tão fofo — comentei erguendo abobada as mãos até seu rosto, vendo o parecer tímido.

— E você está linda. — Sorriu de maneira meiga. Era visível a queimadura recente nas costas de sua mão esquerda. — Não foi nada, já parou de arder até — assegurou ao notar que eu olhava a mancha avermelhada em sua mão. — Estou aqui a trabalho, senão te convidaria para se sentar comigo. — Apontou a mesa ao fundo do salão, onde outros engravatados conversavam. — Eles são bem chatos.

— Ela já tem companhia hoje. — Taehyung se pronunciou, mas Jimin não reagiu, apenas pegou minhas mãos. — É falta de educação ignorar um conhecido.

— Eu jurava que a política do estabelecimento proibia animais — murmurou sorrindo forçado para Taehyung. — Preciso voltar, nos falamos depois — disse deixando um selar breve nas costas de minha destra, seguindo para a mesa que antes apontara, sendo recebido animado por um homem que ocupava o lugar ao lado do seu.

— Acho muito meiga a relação de vocês — comentei me voltando para Taehyung.

— É uma amizade muito forte — brincou pondo o punho sobre o peito.

— Você sabia que ele estaria aqui? — perguntei observando Jimin, apesar de estar um pouco distante. Ele não parecia querer tocar seu prato, provavelmente por ter comido antes de estar ali.

— Costumamos frequentar os mesmos lugares, apenas foi um mau dia para eu decidir vir aqui. — Torceu levemente o nariz, incomodado com a até então má coincidência. — Quer pedir agora? Não quero acabar perdendo o apetite.

— Claro, apenas um minuto. — Pedi me levantando para ir ao toalete, que ficava ao fundo do salão. Iria retocar o batom, que eu sentia estar um pouco quebradiço no interior dos lábios.

Estava procurando o batom na bolsa, tendo certeza de que havia o colocado dentro dela antes de sair. Coloquei o celular sobre o mármore branco da pia e virei a bolsa pequena que havia trazido, suspirando fundo ao ver que havia pego um tom um pouco diferente do que estava usando, devia tê-lo posto na bolsa assim que o passei.

Não havia demaquilante e eu provavelmente mancharia meu rosto caso tentasse tirar, então preferi manter como estava e conter a mania de morder os lábios quando estava um pouco pensativa.

Estava guardando de volta minhas coisas na bolsa quando a porta se abriu e eu não estranhei, até o momento em que me virei para sair, ficando confusa e um pouco surpresa ao ver Jimin encostado na porta.

— Me diz que eu não entrei no toalete masculino — pedi sentindo-me constrangida antes mesmo da resposta.

— Você não entrou no toalete masculino. Esse é o feminino — disse girando a tranca antes de vir em passos curtos até mim.

— Então... Você sabe que não pode entrar aqui, sabe? — perguntei mantendo o sorriso apesar de estar um pouco confusa sobre ele ter trancado a porta. — Por que fechou a porta? — indaguei fitando-o quando se pôs à minha frente, segurando minhas mãos de forma terna apesar da atmosfera parecer pesar um pouco.

— Apenas quero conversar contigo e não posso fazer isso no salão, lá é tão barulhento. — Soltou devagar minhas mãos, enlaçando sem pressa minha cintura.

— Mas dentro do toalete feminino não é um pouco peculiar? Alguém pode estar muito apertado ao lado de fora. — Mantive o bom humor apesar da má sensação que começava a me tingir.

— Você e Taehyung estão saindo juntos? — perguntou ignorando o que eu disse.

— Sim e eu vim apenas retocar o batom, então vou voltar para a mesa. — Tentei me desvencilhar, estranhando quando ele não permitiu eu me soltar.

— Mas você ainda não retocou o batom. — Subiu uma mão até meu rosto, puxando levemente meu lábio inferior para baixo com o polegar.

— Esse fica mais claro quando seca, não ficaria um efeito legal. — Sorri meio nervosa. — Jimin, eu preciso voltar para a mesa. — Segurei seus ombros, aguardando que ele me soltasse.

— Taehyung é tão imaturo, me irrita só olhar a cara daquele infeliz — comentou me puxando mais para si, me acomodando num abraço desconfortável para mim. — Por que você sairia com um imbecil feito ele? — perguntou não carregando o tom doce que sua voz parecia sempre trazer.

— É melhor conversarmos mais tarde, Jimin. Eu posso te ligar assim que chegar em casa — propus achando melhor deixar logo aquele lugar.

— Você parece um pouco nervosa. — Se afastou para me fitar, aproximando seu rosto do meu após, olhando profundo em meus olhos. — Ele já começou a falar bobagens sobre mim? — indagou fazendo-me engolir em seco.

— Não foi nenhuma bobagem — digo o empurrando o suficiente para tentar seguir até a porta, sendo puxada de volta pelo pulso.

— O que ele te disse até agora? — perguntou soando mais sério.

— Jimin, isso não tem graça, me solta — reclamei puxando meu pulso, parando de tentar me soltar quando apanhou com força meu outro braço, segurando-me próxima de si.

— O que ele te disse? — insistiu fitando-me sério, não parecendo tão gentil quanto eu o via.

— Me solta — murmurei controlando o tom ao notar que não chegaria a lugar algum medindo forças consigo.

— Taehyung adora contar historinhas, apenas estou preocupado contigo. O que ele te disse até agora? — disse fazendo-me franzir levemente o cenho.

— Você não parece preocupado, Jimin, parece estar com raiva. — Ele endireitou a postura quando tentei o empurrar.  — E tá me machucando — reclamei me afastando quando me soltou, passando a mão onde havia me apertado o braço.

— Desculpe, eu... — sussurrou voltando seu olhar para o chão. — Eu não estava pensando decentemente, sinto muito, me perdoe — disse soando chateado, tentando se aproximar novamente, mas parando ao me ver recuar.

Suspirei fundo, seguindo até a porta e a destrancando, deixando Jimin parado à frente da pia de mármore e seguindo para a mesa onde agora Seokjin conversava com Taehyung.

Iria me despedir deles, dando uma desculpa qualquer antes de voltar para casa, mas Taehyung se levantou quando mencionei que estava de saída, insistindo que eu ficasse. Parou apenas ao pairar o olhar em meu braço, onde as marcas dos dedos de Jimin ainda estavam avermelhadas, fazendo-me comprimir levemente os lábios.

— Pensando melhor, seria muito mais aconchegante jantarmos em meu apartamento — disse passando o braço por cima de meu ombro, seguindo comigo em direção à saída do local.

— Eu estou um pouco cansada, desculpa. Por que não fica pra outro dia? — sugeri me sentindo desanimada. — Perdi a fome. — Seokjin pediu que esperássemos enquanto ele iria pegar o carro.

— Tenho certeza de que vai mudar de ideia quando sentir só o cheiro da minha especialidade — diz soando convencido.

— E qual seria ela? — perguntei mantendo o olhar em meus pés.

— Vamos descobrir hoje, mas, em caso de emergência, eu peço comida — disse fazendo-me sorrir apesar de eu ainda não saber muito o que pensar sobre o comportamento de Jimin alguns minutos atrás.


Notas Finais


Obrigada por ler até aqui.


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