1. Spirit Fanfics >
  2. Sintetizador. >
  3. He knows where he's taking me.. taking me where I want to be

História Sintetizador. - He knows where he's taking me.. taking me where I want to be


Escrita por: wonhui

Notas do Autor


Essa foi a primeira vez de verdade que eu fui escrever uma one e pensei “isso não deveria ser uma one na verdade tinha que ter pelo menos uns três capítulos” maaaaaaaaas na hora de escrever simplesmente não saiu e aí eu coloquei como terminada mesmo :( quem sabe um dia eu tenho uma ideia que eu curta e saia um bônus, não se sabe.

Boa parte dessa fic foi inspirada no novíssimo testamento do século XXI (ok parei), o álbum REBOOT das Wonder Girls, e em algumas musiquinhas aleatórias do Depeche Mode.

Capítulo 1 - He knows where he's taking me.. taking me where I want to be


Manhã nebulosa de um dia qualquer do ano de 1988. Jisoo tentava compor algo a aproximadamente 2 horas, e nada além de algumas frases clichês e notas arranhadas saíam. Era outono, as folhas secas caídas no chão voavam quase no seu rosto. Seus dedos já doíam, assim como seu braço, de tanto tempo segurando o violão.

“ ‘Eu quero saber suas palavras misteriosas, eu quero te abraçar.’  Pra quem que é isso?”

Ele não respondeu Soonyoung quando este pegou um dos papéis amassados e jogados no chão do pátio da escola por ele e o leu em voz alta. Soonyoung continuou falando.

“Você não devia se preocupar tanto com letra, sabe que o Jihoon consegue fazer algo em tipo, 10 minutos. Às vezes eu até me assusto. Talvez ele não seja desse planeta.”

“Eu sei. Mas eu queria escrever alguma coisa agora, sei lá. Sinto que tenho alguma coisa pra dizer, mas não sei o que dizer.”

Os jovens da escola discutiam sobre o próximo filme dos Caça Fantasmas, ou o que era melhor, Atari ou Nintendo*, ou sobre os festivais de música. Os três eram só mais um grupinho de amigos que tinham uma banda, que era mais uma da explosão do new wave/synthpop** da década que estava quase acabando, afinal o grunge já dava as caras. A banda não tinha um nome ainda, mas pelo menos eles já tinham “nomes artísticos” legais para quando fossem tocar: Jisoo era Joshua, o baixista, o guitarrista Jihoon era Woozi, e Soonyoung era o enérgico baterista que gostava de ser chamado de Hoshi.

“Sério, Hoshi? Estrela em japonês? É pra soar pretensioso ou...”

“Não é pra soar pretensioso, é pra só soar legal mesmo. Estrelas são legais! E do que você tá falando, o que significa Woozi afinal?”

“Porque a gente precisa de nomes alternativos?”

“Não são ‘nomes alternativos’. São nós, um outro lado de nós. E além do mais, pensa em quantas famosos usam o nome verdadeiro no palco... pouquíssimos... É mais legal, Josh. Ou você acha que o Bowie realmente se chama David Bowie?”

“Ele se chama David mesmo. Eu vi na MTV.”

“Mas não Bowie. E Bowie pegou mais.”

“O Michael Jackson se chama Michael Jackson mesmo.”

“Ah, eu desisto.”

Os três se davam bem, e eram bons, mas por algum motivo, parecia que ainda faltava algo. Até que chegou um rapaz novo na escola. Seu nome era Jeonghan e depois de um tempo, ele virou o vocalista que eles tanto procuravam e também principal tecladista. Agora eles finalmente não precisavam mais revezar entre teclado e guitarra nas músicas – Woozi era muito bom, mas apesar das brincadeiras de Hoshi, ele era um humano com duas mãos. Jisoo não sabia explicar como, mas agora as coisas pareciam mais completas, e não apenas por causa que agora eles tinham som de teclado e guitarra junto em apresentações. Era como se algo mais tivesse sido encontrado, mas ele não sabia explicar exatamente.

Por vezes pensara que esse algo é porque eles tinham encontrado alguém que pudesse ser uma “imagem” no grupo, uma pessoa que realmente chamava a atenção. Mas não era bem isso, apesar de Jeonghan ser um cara que chamava a atenção, mesmo quando não queria. Seu cabelo longo, sua voz doce e calma, seu rosto um tanto angelical que não combinava muito com seu jeito atrevido de ser. Grande parte das garotas da escola eram doidas por ele, mas ele não parecia querer romance ou nem mesmo uma noitada sem compromisso. Dormia em quase todas as aulas, e ainda assim era um dos melhores da classe. Só queria ficar na sua, ou lendo, ou fumando um cigarro, ou conversando com Jisoo. Tinham virado amigos rapidamente.

Soonyoung tentou convencê-lo a também adotar um “novo nome legal”, mas foi em vão. Explicou que ele não tinha apenas um outro eu em si, mas muitos outros, e que se fosse nomear todos, seria muito confuso. Ao ver que os outros não entenderam bem o que ele queria dizer, simplesmente esquivou falando que gostava muito do próprio nome. Jeonghan gostava de falar coisas para fazer as pessoas pensarem, mas nem todo mundo entendia o que ele falava.

Pois então, o “simplesmente Jeonghan” tinha seu próprio teclado sintetizador, além de uma keytar*** que tinha ganhado de aniversário dos pais depois de muito insistir ao ver a febre que o instrumento era no momento (o que depois acabou sendo uma decepção; não era tão funcional quanto parecia para ele e então voltou a seu bom e velho sintetizador). Saia com aquele teclado um tanto pesado e seu suporte a tiracolo todo o final de semana em direção a casa de Soonyoung, mais especificamente, a garagem, onde eles ensaiavam. Os pais de Soonyoung eram os mais compreensivos com a “coisa da música”, então era para lá que iam.

Jeonghan deu a Jisoo seu primeiro cigarro, que ele odiou e nunca mais fumou na vida. Jeonghan cortou e tingiu o cabelo de Jisoo pela primeira vez, para desespero dos pais do garoto (que depois de um tempo pararam de implicar, afinal, era só o cabelo, e não era tão radical quanto a maioria do pessoal da época fazia). Mataram aula de física juntos para ir no cinema do shopping, mas depois estudaram juntos para recuperá-la. Jeonghan gostava muito de Jisoo, talvez mais do que deveria. Jisoo gostava de Jeonghan, provavelmente mais do que deveria.

Ele também foi o primeiro beijo de Jisoo. Ok, na verdade não o primeiro beijo, mas foi o primeiro beijo na boca que não foi com uma garota. Ele sempre achou que gostava só de garotas. A vida inteira as pessoas sempre falavam como se fosse a única opção. “Quando você tiver uma namorada.” “Quando você tiver uma esposa aí...”  Bem, estava bêbado. Foi a primeira vez que ficou bêbado na vida. Já tinha bebido álcool, mas não a ponto de ficar tonto e falar coisas sem sentido e rir sem parar. Seu primeiro porre, também com Jeonghan aliás. Odiou o gosto quando deu o primeiro gole naquela bebida forte que nada tinha a ver com o gosto bom do vinho que as vezes tomava, continuou odiando no terceiro copo, gostou da sensação depois que as coisas começaram a girar lá pelo quinto, mas odiou como se sentiu na manhã seguinte quando acordou, o corpo dolorido como se alguém tivesse batido incessantemente nele com o próprio baixo. Assim como com o cigarro, evitaria álcool. Ele simplesmente não era para essas coisas, mesmo que a noite tenha sido divertida.

Ah, a noite! Um festival de bandas na cidade, em que eles ficaram em segundo lugar! Se chamavam "17", pelo menos por enquanto: Hoshi tinha aparecido com o nome, que segundo ele tinha vários significados místicos e sabe-se lá mais o que – ele provavelmente não sabe que enquanto existe uma cultura que acredita que tal número dá sorte, sempre existe uma outra que diz que o mesmo número dá azar, Jeonghan pensava.

Ganharam bebidas de graça e groupies que nenhum dos quatro pareciam muito interessados em. Jihoon e Soonyoung ficaram no local do evento deitados um por cima do outro na grama, talvez estavam chapados, talvez só estavam felizes. Jeonghan e Jisoo saíram caminhando em direção a lugar nenhum. O garoto com o cabelo longo e desgrenhado e maquiagem colorida borrada parecia mais feliz do que nunca. Passava da meia noite, Jisoo poderia já estar na casa de Jihoon dormindo, como ele tinha jurado para os pais que iria estar. Mas estavam tirando fotos na frente de um letreiro colorido com uma Polaroid meio desgastada.

As pessoas poderiam pensar que Jeonghan o levava para o mau caminho. “Se eu contasse para alguém o que a gente faz, é o que provavelmente diriam...”. Mas não era verdade. Ele era um bom garoto, mas isso não quer dizer que sempre faria coisas boas. O que afinal era “fazer coisas boas”? Era fazer o que os adultos queriam, é claro. Mas eles estavam justamente na década em que tudo fugia da regra, em que os jovens eram chamados de rebeldes apenas porque finalmente começavam a pensar por si mesmos. Ele não era gentil porque se sentia obrigado ou porque queria ser. Era um bom garoto porque simplesmente era, e só por isso não poderia se divertir? Ninguém estava o levando para o “mau caminho”, esse era um caminho que ele estava fazendo. Uma pena que se ele contasse, ninguém entenderia. As pessoas amavam olhar para o Jeonghan, mas não o entendiam. Pelo menos era o que ele pensava.

“De qualquer maneira, existe o eu, o eu que eu sou, o eu que eu acho que sou, o eu que eu queria ser, o eu que eu era ontem, o que sou hoje, o que serei amanhã, e finalmente, o eu que existe na cabeça de cada um que me conhece. Todos eles são diferentes. Mas ao mesmo tempo todos eles existem e são a mesma pessoa. Entendeu?” Jeonghan falava tudo isso com uma calma absurda: ele não sentia medo de refletir sobre a vida; Jisoo as vezes tinha.

“Jisoo, você já beijou um cara?”

“O quê??”

“Você já beijou alguém, né?”

“Claro que sim.”

“Mas aposto que foram só garotas. Eu gosto das garotas. Elas são tão lindas e os lábios são tão macios e tem gosto de frutas... ”

“Também acho.”

“Mas garotos também tem seu diferencial. Você devia tentar.”

Jisoo não respondeu, mas parecia um tanto surpreso com a pergunta repentina. Não que ele estivesse surpreso por Jeonghan falar isso, ele sempre deu a entender que quando gosta de uma pessoa não pensa em gênero, o que o fazia pensar tanto em como ele nunca considerou isso também. Então o outro simplesmente continuou: “Eu posso ser seu primeiro se quiser.”

Jisoo continuou sem dizer uma palavra sequer, parecia até congelado, segurou a respiração e passou a mão no cabelo, tentando se recobrar, tentando buscar sua dignidade que escapava. Sentiu a respiração e o cabelo do outro garoto mais próximo do seu rosto, até que os lábios de ambos se tocaram. A boca dele era quente, a língua contornava a sua depressa, como se ele quisesse muito aquilo. E acontece que não eram só as garotas que tinham lábios macios no fim das contas. Na verdade, nenhuma garota que Jisoo tinha beijado tinha o cheiro maravilhoso que Jeonghan tinha.

“Não vai ser estranho se eu disser que você tem olhos bonitos, né?”

“Não. Vai ser estranho se eu te pedir pra me beijar de novo?”

“Não.” Jeonghan respondeu.

E então Jisoo ficou pensando nisso quando acordou de ressaca, na casa do próprio, na cama dele, e sem camisa. Tentava recapitular todas os acontecimentos da noite passada: o show, a quase-vitória no festival, as bebidas horríveis, a felicidade dos seus amigos, e a primeira vez que beijou um garoto. E depois a segunda vez. E depois a terceira. E depois a quarta. E a noite inteira em que beijou um garoto. E o que se sucedeu depois disso, para que ele acordasse ali.

Estava errado sobre Jeonghan não o levar para o mau caminho, ele levava sim. Para o mau caminho da paixão avassaladora. Pois quando o viu saindo do seu banheiro, vestindo uma cueca e uma camiseta branca velha do Joy Division, cabelo arrumado em um rabo de cavalo e dando um lindo sorriso para ele, achou que seu coração tinha de alguma maneira saído do corpo de tão forte que batia, o que era horrível e estranhamente bom ao mesmo tempo. Todas as canções de amor da época que sempre lhe pareceram tão exageradas e por vezes até bregas pareciam ter sentido agora.


Notas Finais


*Atari e Nintendo eram os consoles de vídeo-game populares da época.
**New Wave é um gênero musical de pop/rock que explodiu nos anos 80, mistura vertentes do rock com música eletrônica. Synthpop é praticamente um subgênero desse.
***Keytar é aquele teclado sintetizador que dá pra segurar como uma guitarra.


Eu botei o nome da banda de "17" eu sou bem besta mesmo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...