Acordei, arrumei-me, peguei o dinheiro para o metrô, coloquei um pão na boca, peguei uma garrafa de suco de laranja que já fazia hora extra na geladeira. Chegando à escola alguém esbarrou em mim, eu acabei tropeçando, soltei um “opa” e evitei mais um vexame com sucesso, se não tivesse me segurado eu provavelmente teria caído e me machucado, não que isso fosse um problema, eu colecionava roxos pelo corpo, que apareciam da forma mais aleatória e inesperada possível. Olhei para o rapaz, notei uma singularidade nos seus olhos e ignorei sua existência como se ignora uma formiga no gramado. "Está tudo bem", pensei, levantei-me e vi ao seu lado outro garoto, um rapaz de cabelo escarlate, desses tingidos que você usa como ponto de referência para encontrar o amigo no shopping - estou aqui do lado de um menino de cabelo vermelho.
“Ops! Eu não te vi baixinha.” Disse o rapaz de cabelo vermelho.
Irritada, caminhei em direção à sala, sentei na cadeira. Depois de o sinal tocar e todos os alunos entrarem, pela primeira vez reparei nos demais estudantes. O garoto de cabelo vermelho estava lá.
"Esse babaca aqui?!" - Pensei.
O garoto “singularidade” também estava. Dessa vez não ignorei sua presença, meu olhar percorreu seu rosto, seus traços eram finos, chegavam a ser femininos, acabaram fixando na boca, fina, rósea, parecia macia, convidativa, o indicador da mão direita estava sobre o lábio inferior, entreabrindo o mesmo. Sua expressão pensativa me deixou hipnotizada, contudo continuei a analise, o cabelo tinha um corte estranho, ri, o lado esquerdo era maior; “Em que porra de cabeleireiro esse menino vai?”, pensei. Notei que o cabelo era de um loiro quase branco e as pontas eram pretas; a pele pálida, aparentemente sem vida, atenuava seu sorriso e expressão de indagação. “Puta merda, ele está me olhando”, pensei, engoli em seco. Senti o rosto quente e virei para o lado como se nada tivesse acontecido, como se ele não tivesse me visto. Mas, ele veio.
“Olá?”
“Hum?”
“Prazer, Lysandre.”
“Lysandre? Você é mesmo singular.”
“Pode me chamar de ‘Lys’, caso prefira.”
Ok, esse cara é estranho. Eu nem conheço ele e já está dizendo para chamá-lo pelo apelido? Que merda é essa?
“E-Eu não sei se... Será uma boa ideia.” Disse envergonhada.
“Tem certeza, senhorita...?
“Mittyh.”
“Mittyh? Parece que eu não sou o único com o nome estranho.”
Sorri.
“Mittyh, não viu um bloco de notas?”
“Vi sim, por quê?”
“Sério? Eu estava procurando ele.”
“É seu?”
“Sim.”
“Esta ali, sobre a mesa ao lado.”
“Oh, verdade!”
Ele pegou o bloco, olhou para ele e disse:
“Gosta de música?”
“Que humano não?”
“É. Você gost-“ O sinal tocou interrompendo-o.
“Até amanhã, Lys.”
“Essa roupa!”
“O que tem ela?”
“Não me diga que”
“Sim! Eu sou estranha e daí?”
Ele riu, negou com a cabeça e deu uma voltinha.
“Tadam!”
“É, você está cada vez mais estranho.” Sorri.
“Vamos trocar os números?”
“Trocar?”
Eu estava cada vez mais convencida da insanidade dele.
“Sim, algum problema?”
“Não, é só que, essas coisas não acontecem com frequência.”
Ele me entregou seu número em um papel.
“O que é isso?”
“Meu número, pegue.”
Eu peguei e fui para casa.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.