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História Sisterhood - Wenseulrene (Red Velvet) - She is like me


Escrita por: Taetae_Nutella

Notas do Autor


Oeeeei pessoas :3

Mais um capítulo para responder tantas dúvidas em relação às Wendy aaaaaa~
Espero que gostem, foi planejado com carinho ❤ q

Boa leitura!

Capítulo 12 - She is like me


Fanfic / Fanfiction Sisterhood - Wenseulrene (Red Velvet) - She is like me

Eu não pude me conter, percebi que aquele cheiro estava vindo do banheiro, mas sumia aos poucos, como se o sangue estivesse sendo drenado.

"Preciso beber uma gota desse sangue antes que ele suma." Pensei, indo em direção ao banheiro, de onde vinha o cheiro de sangue.

Fazia tanto tempo que eu não provava do sangue humano, seria um sonho realizado se eu pudesse sentir aquele gosto novamente.

Eu abri a porta do banheiro rapidamente, almejando por beber daquele líquido fresco.

Assim que abri a porta, vi uma cena que fez com que eu ficasse paralisada.

Sim, aquele cheiro era realmente sangue de humano... Dentro de uma bolsa de sangue.

Mas a visão da bolsa de sangue não foi o que chamou minha atenção, mas sim a pessoa que estava segurando aquela bolsa de sangue, que se assustou ao me ver e parou imediatamente o que estava fazendo.

Pra ser mais exata, sugando o sangue daquela bolsa como se fosse um suco de caixinha.

— Wendy?! — Eu disse, encarando-a com os olhos arregalados.

Wendy parecia não saber o que dizer, ela havia parado de sugar o sangue, mas ainda permanecia com o líquido escorrendo pela sua boca.

— E-eu... — Ela gagueijou, era a primeira vez que eu tinha visto Wendy não falar com firmeza — Posso explicar...

Seus olhos estavam vermelhos, assim como os meus. Haviam presas bem grandes em sua boca.

Eu não imaginava nunca presenciar aquela cena, agora tudo estava mais claro.

Por isso eu não conseguia ouvir o coração de Wendy, pelo fato de ela simplesmente ser como eu.

E por isso Wendy gostava de comidas apimentadas, porque o sabor apimentado fazia os vampiros não sentirem tanta vontade de beber sangue.

Por que eu não pensei nisso antes?

Wendy era exatamente como eu, não tinha nenhuma veia a mostra no seu rosto, era extremamente pálida, não dormia quase nunca e tinha costumes peculiares, como dizia Irene.

— Acalme-se! — Fiz uma pausa, entrando no banheiro e trancado a porta do mesmo logo em seguida — Eu sou como você... Veja.

Meu olhar foi diretamente para um colar foleado à prata próximo a pia do banheiro, o qual com certeza, não seria de Wendy.

Prata queimaria minha pele como ácido, mas em tal situação, a única coisa que eu queria era mostrar a Wendy que éramos iguais.

Talvez um toque não faça mal.

Eu aproximei o meu dedo indicador do colar, tendo em mente que iria formar uma queimadura na ponta do mesmo. Para a minha sorte, Wendy sabia o que eu estava fazendo — também sabia que iria me machucar — então ela segurou meu braço, interrompendo o meu ato.

— Eu sei. — Ela disse — Eu sei o que você é... Corrigindo, eu sei o que somos.

O que ela acabara de falar havia me deixado em dúvida. Desde o começo ela sabia que eu era como ela?

— Como? — Perguntei, fitando-a nos seus olhos vermelhos — Você sabia o tempo todo?

Ela suspirou, largando a bolsa de sangue sobre a pia, tendo cuidado para o sangue não se derramar.

Ao mesmo tempo em que me sentia feliz por minha amiga ser vampira, me sentia confusa por ela saber o que eu era e me esconder isso o tempo todo.

— Você não esconde o que é. — Ela disse — Expõe os seus olhos, come muita carne, raramente consegue dormir... Mas o que fez eu ter certeza de que você era como eu, foi quando corremos juntas. — Fez uma pausa — Ninguém corre naquela velocidade.

Eu fiquei calada por certo tempo, querendo fazer mil perguntas a Wendy e ao mesmo tempo não sabendo qual fazer primeiro.

— Por que me escondeu isso? — Eu perguntei — Por que me fez pensar o tempo todo que eu estava sozinha nessa?

Wendy sacudiu a cabeça negativamente, como se eu estivesse falado algo errado.

— Eu nunca conheci alguém como nós, Seul... O que esperava? — Ela me encarou — Esperava que eu simplesmente chegaria em você perguntando se era uma vampira?

Eu entendia o porquê de Wendy não ter me falado isso antes. Entretanto, se ela sabia o que eu era e ainda andava comigo sempre, era porque planejava me contar.

— Fico feliz por saber que não sou a única aberração. — Eu disse, quebrando o clima tenso que estava entre nós.

Wendy deu uma risada baixa, pegando a bolsa de sangue novamente e me entregando a mesma.

Sem pensar duas vezes, eu peguei a bolsa de sangue, abocanhando a mesma e sentindo o líquido fresco entrar na minha boca.

Aquela sensação era ótima, fazia tanto tempo que eu não realizava tal ato que eu nem mesmo lembrava o sabor do sangue.

— Roubei de um hospital durante uma das minhas fugas da escola. — Ela disse.

— Isso é errado, Wendy. — Eu respondi, logo voltando a saborear o sangue.

— Eu estava fraca, Seul. — Wendy falou, arqueando uma sobrancelha — Você também estava.

Logo o sangue acabou, eu me sentia ótima, poderia correr uma maratona e minhas energias não iriam acabar.

— Foi transformada ou nasceu assim? — Perguntei.

Eu havia nascido vampira, o que me dava a proeza de poder aguentar mais tempo sem consumir sangue. Vampiros transformados tinham dificuldade de ficar sem se alimentar. Eu sabia disso, mas nunca havia visto um vampiro transformado antes.

— Nasci assim, mas o meu "estoque" estava vazio... Precisava disso. — Ela respondeu.

— Espero que seu "estoque" esteja cheio o suficiente. — Respondi, colocando a bolsa vazia no lixo e cobrindo-a com papel higiênico — A propósito, obrigada pelo lanche.

— Que nada. — Wendy sorriu baixo, sentando-se no chão do banheiro.

Eu logo sentei ao seu lado, tinha tantas perguntas para fazer a ela... Fazia muito tempo que não via um vampiro que não fosse da minha família.

— Pode me contar como veio parar aqui agora? — Ela perguntou.

Suspirei, provavelmente eu teria que ser a primeira a responder perguntas.

Mas vamos lá.

— Venho de uma linhagem extensa de vampiros, com médicos na família, o que me faz ter acesso a bolsas de sangue. Na minha família, todos são muito obedientes à regras, uma delas é que não podemos nos alimentar de humanos... E a desobedeci. — Fiz uma longa pausa.

— Wow — Uma expressão de surpresa tomou conta da face de Wendy — Quer dizer que a "Sra. Certinha" não existia antes?

— Não mesmo. — Dei uma gargalhada — Enfim, eu não tinha amigos na minha antiga escola, apenas pessoas que me irritavam... Um dia eu saí do sério com um garoto, e acabei sugando muito sangue dele.

Wendy logo abriu um sorriso largo no rosto.

— Pelo visto foi isso que a trouxe para essa escola. — Ela disse.

Balancei a cabeça positivamente, me preparando para fazer as perguntas.

— Agora me conte, como foi a sua vida como vampira? — Eu a encarei — Como é a sua família? Tem muitos vampiros? Já estudou com algum vampiro? Já conheceu outro ser sobrenatural?

— Acalme-se. — Wendy falou, dando uma risada — Eu contarei tudo.

Eu sorri, esperando que a mesma me contasse tudo, com detalhes.

Como esperado, ela me contou tudo, desde a sua família até os momentos em que ela fez coisas erradas.

A família de Wendy não era tão extensa como a minha, sua mãe era vampira e seu pai era humano, o que trazia muitas dificuldades para ela.

Wendy comentou que muitas vezes desejou ser como o seu pai, não aguentava passar noites sem dormir, apenas pensando quando seria sua próxima dose de sangue e imaginando como passaria tantos anos seguindo essa vida.

Eu a entendia, também passei por situações parecidas.

Ela também disse que seus pais decidiram colocá-la naquela escola pois ela iria aprender a se controlar mais e aprender a obedecer às regras dos humanos — o que parece que não deu muito certo.

— Descobri sozinha que tenho a habilidade de ter memória fotográfica, uma vez visto, nunca esquecido. — Ela falou — De tal maneira que descobri a existência do lago, por querer ver até onde meus pés podiam me levar, de forma que eu pudesse lembrar o caminho de volta.

Wendy era, sem dúvidas, incrível. Presenciara tantas coisas, havia vivido tantas aventuras, queria saber aproveitar a vida tanto quanto ela.

— Incrível! — Eu disse — Também descobri que tenho habilidades recentemente... E até agora, só na audição e no olfato.

— Você é incrível também. — Wendy sorriu de forma simpática.

Eu percebi em tal momento que aquele era o início de uma grande descoberta. Mal esperava por Wendy compartilhar mais e mais segredos comigo.

Me sentia uma garota de sorte por conhecê-la.



[...]



Em plena tarde de domingo, eu ainda não acreditara no que havia acabado de descobrir. Como isso seria possível? Uma das minhas melhores amigas era vampira, e por tanto tempo, eu não desconfiei de nada.

Se bem que, eu achava impossível viver no mesmo ambiente que um vampiro que não seja da minha família, ainda mais quando se trata de alguém que vivia ao meu lado todos os dias.


Era raro, muito raro.


Agora que eu sabia da história de Wendy, assim como também ela sabia da minha, nossa confiança uma na outra iria se tornar maior ainda.

Finalmente eu tinha alguém em quem confiar todos os meus segredos, as minhas vontades, os meus pensamentos... Sem me preocupar se essa pessoa me acharia estranha.

Ter ido para aquela escola não poderia deixar de ser um dos melhores acontecimentos da minha vida.

— O que achou da noite do pijama? — Perguntei para Irene, enquanto observava a mesma escrever uma carta.

Eu e Irene estávamos em nosso dormitório conversando sobre coisas aleatórias, como sempre.

A mais velha não sabia do acontecimento da noite passada, já que não era um segredo só meu, como também um segredo de Wendy.

— Foi muito legal. — Ela fez uma pausa — Wendy parece estar mais amigável.

— Ela não era? — Perguntei, encarando o teto do dormitório.

— Era, mas... — Ela fez uma pausa — Deixe pra lá, acho que você me entendeu.

Irene quis se referir ao seu antigo medo de Wendy, que talvez havia ido embora. Isso me fazia feliz, ver minhas duas melhores amigas tão próximas.

— Tudo bem. — Não insisti — Para quem está escrevendo? — Eu perguntei.

— Para os meus pais. — Respondeu — Precisamos nos programar para a minha volta para casa.

Irene parecia muito ansiosa para o ano acabar, já que ela se livraria da escola de uma vez por todas, provavelmente indo direto para uma boa faculdade.

Sim, ela era uma aluna muito boa.

— Vai morar com os seus pais? — Eu perguntei.

— Por pouco tempo. — Ela disse — Espero que assim que eu termine o ensino médio, consiga um apartamento para morar sozinha.

Deveria ser muito bom ter uma escolha.

A escolha de morar sozinha.

Eu tinha uma vontade muito grande de morar sozinha — talvez em Hong Kong — mas infelizmente eu não podia ficar muito longe da minha família, principalmente sozinha.

Era extremamente perigoso, assim como haviam vampiros espalhados pelo mundo, haviam caçadores de vampiros para extermina-los, por isso são tão poucos.

Como se isso fosse acabar com a reprodução da nossa espécie.

— Mudando de assunto. — Irene interrompeu os meus pensamentos — Você tem alguma carta para entregar?

— Sim, sim. — Respondi, logo levantando da cama.

Eu fui até a nossa penteadeira, a carta que eu tinha escrito estava bem em cima da mesma.

— Fiz uma carta para os meus pais há alguns dias — Comentei — Espero que eles me respondam rapidamente.

Irene deu uma risada curta, como se o que eu acabasse de dizer fosse impossível.

— Eles podem até responder rapidamente. — Disse ela — Mas você só irá receber no final de semana.

Só no final de semana? Mais uma regra inútil.

— Por que? — Eu perguntei — O que faz a diretora impor regras tão idiotas?

— Segundo ela, as alunas têm que se preocupar com os estudos durante a semana. Sobre a segunda pergunta, também queria saber. — Irene deu uma gargalhada.

Era incrível como Irene conseguia manter seu senso de humor diante a tanto tempo naquela escola. Eu nem havia passado 5 meses na mesma e já sentia que estava enlouquecendo.

— Só nos sábados e domingos, às 15:30, as monitoras entregam as cartas que foram adquiridas durante a semana. — Ela fez uma pausa para encarar o relógio de parede, tal coisa que eu também fiz — No momento que você recebe as cartas, também pode mandar as que têm de mandar.

Ao olhar o relógio de parede, vendo que faltavam poucos minutos para o recebimento das cartas, me animei. Logo torci para que os meus pais mandassem cartas antes de mim.

— Além de recolherem os eletrônicos, também impedem que recebamos cartas durante a semana. — Resmunguei — Que porcaria.

Irene pareceu achar o meu desespero engraçado, mas provavelmente apenas pensava que se eu estava assim em poucas semanas, imagine em anos — como ela.

— Eu sei bem como é, já estou acostumada. — Ela comentou.

— Tenho certeza que nunca irei me acostumar.

Alguns segundos depois que terminei de falar, um som de batidas na porta interrompeu a nossa conversa. Por questão de segundos eu me animei por achar que era Wendy, mas logo lembrei que se fosse ela, teria dado apenas duas batidas.

— É a monitora. — Irene falou — Quer que eu entregue a sua carta? — Ela perguntou, estendendo a sua mão em minha direção.

— Obrigada. — Respondi, dando um leve sorriso e entregando a minha carta para mesma.

A carta que eu havia escrito estava perfeitamente organizada, com o nome do meu pai e o endereço, caso a escola não saiba para onde enviar. Entretanto, eu ainda não aceitava que só poderia ler as cartas que os meus pais enviassem nos finais de semana.

Observei Irene entregar as nossas cartas para a monitora, que era uma senhora alta e bem magra, diferente da diretora. Também pude observar a senhora entregar um envelope para Irene.

Assim que a mesma fechou a porta, encarou o envelope por alguns segundos, provavelmente checando o nome do remetente.

Com certeza, ela teria vários amigos para enviarem cartas a ela.

— Pelo visto alguém lembrou de você. — Eu disse, indo direto para a minha cama — Como eu queria ter essa sorte.

Irene lançou um olhar sério em minha direção, como se alguma dúvida estivesse em sua mente.

— Está errada. — Disse ela — Alguém se lembrou de você... Esta carta é para você.

— Para mim? — Uma expressão de surpresa tomou conta do meu rosto — Mesmo?

Ela balançou a cabeça positivamente, e ainda com uma feição séria, entregou-me o envelope.

— Acho estranho... Não tem nome, nem endereço do remetente. — Ela fez uma pausa — Apenas o seu nome, o endereço da escola e vários números aleatórios no lugar do endereço de quem enviou.

Logo que peguei o envelope, achei aquilo tudo muito estranho. Nunca havia trocado cartas com os meus pais, mas tinha certeza de que eles colocariam os seus nomes, e não um "Anônimo". Mesmo se eles estivessem esquecido, séria quase impossível uma carta chegar ao seu destino sem o nome do remetente. No lugar do endereço, não havia nada que se parecesse com um endereço, apenas a sequência "073318S460557W".

Estranho, muito estranho.

— É dos meus pais. — Disse a Irene, forçando um sorriso para que a mesma não ficasse curiosa quanto àquilo.

— Então eles tiveram sorte. — Ela suspirou, aliviada — A diretora nunca deixa passar uma carta sem nome.

O que a mais velha acabara de dizer apenas me deixou mais curiosa. Se alguém, que não fosse os meus pais, tivesse escrito aquela carta para mim — e tivesse passado pelas mãos da diretoria — só chegaria até minhas mãos se alguém de autoridade tivesse enviado.

Ou alguém muito esperto.

"Só lendo isso para saber quem é... Talvez possa reconhecer se for a caligrafia do meu appa, ou da minha omma." Pensei, abrindo o envelope com cuidado.

Assim que abri o envelope, dei de cara com uma carta curta e digitada. Com isso, conclui que o remetente realmente não queria ser identificado.


"Olá, Seul Gi.

O que está achando da nova escola?

Anônimo."


Aquilo era muito estranho.

Durante anos, observei minha família tentando fugir do perigo das pessoas que perseguiam os vampiros.

Entretanto, o que eu sentia agora não era medo, e sim, curiosidade.

Quem poderia ter mandado aquela mensagem?

Tinha certeza que os meus pais teriam se identificado, então não me restavam opções de pessoas que conviviam comigo.

Afinal, eu não tinha amigos.

Poderia ser algum parente distante, ou algum vampiro que cruzou o meu caminho durante a minha jornada até aquela escola.

Mas de uma coisa eu tinha certeza, aquela carta era muito suspeita.



[...]



Um pouco mais tarde, naquele mesmo dia, eu havia deixado a minha preocupação com quem havia escrito a carta de lado. Decidi fazer uma visita para Wendy, já que sua companheira de quarto ainda estaria fora da escola.

Estávamos sentadas em sua cama papeando sobre o nosso lado sobrenatural, eu ainda tinha muitas perguntas a fazer para ela. Era impossível de acreditar que eu não era a única vampira naquela escola. Saber que Wendy era como eu, fazia com que eu me sentisse mais segura, com qualquer sentimento de inferioridade fosse embora.

E obviamente, só me fazia sentir mais vontade de estar com ela.

Quanto mais Wendy me falava sobre ela, mais eu sentia vontade de saber mais e mais. Sua vida, assim como a minha, não havia sido fácil.

— Desde quando minha mãe transformou meu pai, eles decidiram não me expor a outros vampiros. — Wendy fez uma pausa — Vampiros que não têm sangue puro não são vistos com bons olhos.

Não sabia que no mundo dos vampiros ainda existiam preconceito. Por serem tão poucos, imaginava que pelo menos aceitavam as diferenças em nosso meio.

Será que por eu ser uma vampira lésbica, também seria vista de maneira ruim?

— Entendo, deve ter sido bem complicado quando veio estudar aqui. — Comentei.

— E como... Nos primeiros meses, eu só conseguia pensar em sangue e mais sangue, de forma que era difícil socializar com alguém. — Ela disse.

Bem que Irene se referiu aos seus costumes como estranhos, deveria ter notado isso antes.

— Irene comentou. — Falei a ela — Disse que você tinha "costumes peculiares".

Wendy deu uma risada, como se já soubesse que Irene tinha algum medo escondido dela.

— Isso está sendo trabalhado. — Ela comentou — Com o tempo, ela irá ver que eu não faço mal a uma mosca... 

Espero que sim.

Gostava da ideia de Wendy e Irene terem alguma proximidade. Eu gostava muito das duas, não sentia algo como ciúmes entre elas. Apenas queria que as duas fossem íntimas, assim como sou com cada uma delas.

— Ya! — Wendy chamou minha atenção — Sabe o que eu acho uma boa ideia? Você esconder esses olhos.

Ao ouvir o que ela acabara de dizer, levantei da cama, indo até sua penteadeira. No momento em que me aproximei do espelho, encarei meu reflexo no mesmo por alguns segundos.

Realmente, os meus olhos chamavam muita atenção, eram brilhantes e bem vermelhos... E eu nunca havia me preocupado tanto com eles.

— Você tem razão. — Eu disse.

Pude ouvir Wendy também levantar da cama, dando passos lentos até onde eu estava.

Ela se aproximou do meu corpo por trás, olhando fixamente para os meus olhos no reflexo do espelho.

— Hum... — Ela pareceu pensar em algo — Gostaria de ter olhos castanhos?

Até que a pergunta de Wendy fez sentido, eu nunca havia pensado em ter olhos de outra cor. Gostava dos meus olhos vermelhos, mas quando se tratava de aparentar ser alguém normal, eu gostaria sim.

— Se isso me fizesse parecer mais normal... — Dei uma risada curta — Sim, gostaria muito.

Wendy sorriu levemente, como se já esperasse a minha resposta.

Ela foi até o seu armário, aproximando sua destra de uma das gavetas. Pude ver a mais baixa tirar uma espécie de caixinha com duas divisões arredondadas de dentro da gaveta, e eu sabia exatamente o que era aquilo.

Lentes de contato.

Era aquilo que Wendy usava para esconder os seus olhos vermelhos, a opção que muitos vampiros tinham de seguir para parecerem normais.

É claro que eu nunca tinha vontade de usar aquilo antes, mas parecia ser uma boa ideia.

— Para você. — Ela disse, me entregando a caixinha.

Me senti feliz pelo que tinha acabado de ganhar, finalmente eu não teria mais que dar satisfações para as pessoas sobre os meus olhos vermelhos, pois estariam escondidos.

— Obrigada, mesmo. — Eu agradeci, sorrindo levemente.

Wendy deu um sorriso simpático, tal ato que pareceu fazer o tempo parar.

Em questão de segundos, eu senti o meu coração disparar, o que provavelmente havia sido ouvido por Wendy. Entretanto, eu não ligava, pois pela primeira vez, também consegui ouvir o seu coração.

O dela, assim como o meu, também havia disparado, aquilo só significava uma coisa: fortes emoções.

Eu tinha certeza do que estava sentindo, e com certeza, ela também. De uma vez por todas, percebi que gostava de Wendy, que a queria para mim... Que no momento, o que eu mais queria fazer era beijar os seus lábios.

Nós duas sabíamos o que havíamos acabado de sentir, então Wendy decidiu tomar uma iniciativa.

Ela se aproximou lentamente de mim, de tal forma que sua face ficou bem próxima da minha. Eu não conseguia desviar o meu olhar para outro lugar, apenas deixá-lo fixo aos olhos da outra.

Em seguida, Wendy levou sua destra até o meu rosto, acariciando o mesmo lentamente. O seu toque fez o meu corpo todo estremecer, eu esperava tanto por aquilo.

Como demorei tanto para aceitar o que eu realmente queria?

Estávamos bem próximas uma da outra, tão prontas para que os nossos lábios finalmente se encontrassem que nada em nossa volta seria uma distração.

A menos, é claro, a companheira de quarto super simpática de Wendy chegar no dormitório.

Assim que ouvimos a porta se abrir, nos separamos imediatamente, tão rápido quanto a velocidade do som da porta se abrindo.

Sooyoung, mais conhecida como Joy, parou assim que me viu dentro de seu dormitório. Ela não só carregava uma mochila em suas costas, como também uma expressão séria em seu rosto.

— Quem é você? — Ela perguntou calmamente, olhando em minha direção.

O olhar de Joy daria medo a qualquer um, somente agora havia entendido o que Irene quis dizer ao se referir a ela como "barra pesada".

— E-eu sou a Seul... — Falei pausadamente, apertando com força o porta-lentes que Wendy havia me dado — Do dormitório 79. 

Eu aparentava estar nervosa sim, mas não por estar com medo de Joy. Estava nervosa por quase ter beijado Wendy, por não ter tido sucesso com o que queria.

Entretanto, era uma tensão boa... Eu acho.

— Eu não quero saber do dormitório que você é. — Joy falou com firmeza em sua voz — Wendy, já disse que não queria visitinhas em nosso dormitório.

— O dormitório não é só seu. — Wendy respondeu com o mesmo tom de voz que Joy usara.

Eu sentia que aquilo daria uma baita confusão se eu não saísse do dormitório naquele exato momento. Para não dar problemas a Wendy, foi o que eu decidi fazer.

— Acho melhor eu voltar para o meu dormitório. — Eu disse, voltando o meu olhar para Wendy — Até mais, Wen...

Antes que eu pudesse terminar a frase, Joy me interrompeu.

— Também acho melhor, por favor. — Ela disse, indo em direção à sua cama e colocando a sua mochila em cima da mesma.

Logo respirei fundo, me contendo para não dar uma resposta agressiva para Joy. Então apenas saí do dormitório, podendo ouvir alguém bater a porta do mesmo com força em seguida.

— Pelo visto alguém tem TPM crônica. — Falei baixinho, voltando para o meu dormitório.

No caminho, pensei no que havia acontecido anteriormente. Não o acontecimento com Joy, e sim o meu momento tão esperado com Wendy.

Por tão pouco os nossos lábios não puderam sentir o calor um do outro, o que me deixou um pouco pra baixo, mas sorri sozinha ao lembrar que eu não era a única que queria aquilo.

Aquele momento, definitivamente, seria inesquecível.



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