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História Sisterly Love - Sol, Lua e Terra


Escrita por: nanyseskiene

Notas do Autor


Bom, essa história nasceu de um dia aí que estava conversando com as preciosas Fluttershy77 e LadyIchijouji. E já que meu corpo não sossegou enquanto eu não fiz ao menos um capítulo, pronto. Aqui está. Espero que gostem!

Capítulo 1 - Sol, Lua e Terra


 

Miyato P.o.V

Eu, basicamente, nunca tive mãe. Ela morreu quando estava me dando a luz. Meu pai sempre foi um homem animado, mas eu nunca o vi fazer nenhuma tentativa de se apaixonar de novo. E não era falta de oportunidade. Pra idade dele, estava bem conservado e as clientes da loja viviam jogando charme para ele. Mesmo que eu e meus irmãos, Hizuru, Momoya e Manatsu vivêssemos pra dizer que ele devia casar de novo, ele jamais escutou.

Ao menos, até mais ou menos um ano atrás. Uma investigadora coroa e bonitona apareceu por lá pra procurar pistas sobre um assassinato que havia acontecido nas redondezas e o velho finalmente ouviu os sinos. Eles se casaram cinco meses depois e ele resolveu morar com ela em Tamachi.

A investigadora, Ichijouji Megumi, tinha duas filhas, Osami e Kenko. Pelo que ouvi, uma era mais velha e a outra mais nova que eu. As vi no casamento.  Fui o responsável pelas músicas tocadas na festa e estava mais preocupado com tudo dar certo.

Fiquei morando com meus dois irmãos mais velhos, mas nossa relação começou a se deteriorar. Eu nunca tive papas na língua e sempre que via algum deles fazendo algo de errado, não me poupava de falar. Isso causou muitas brigas e algumas brigas envolviam socos, pontapés e gritos que acordavam os vizinhos.

- Você não tem direito de me dar ordens, Momoya! – Gritei, com os punhos fechados.

- Enquanto você morar sobre o meu teto, vou te dar tantas ordens quanto quiser. Se não estiver satisfeito, cai fora.

- Bom, você nem é responsabilidade nossa. – Hizuru rolou os olhos, virando uma outra página da revista de carros que lia.

- Então, estamos todos de acordo. Vou cair fora. – Com a minha pele queimando de raiva, eu fui pro meu quarto, peguei todas as roupas que cabiam na minha mochila, peguei o meu notebook e minha case de CDs depois saí, batendo a porta. Eles sabiam que eu não tinha muitas opções. Mesmo que já fosse capaz de ganhar meu próprio dinheiro fazendo arranjos musicais para bandas, efeitos sonoros para jogos e filmes indie, era evidente que não era o suficiente para eu conseguir manter uma casa. E também tinha uma coisa ainda pior: Eu tinha 17 anos. Ninguém ia alugar uma casa para mim sem que eu fosse emancipado ou que tivesse uma autorização do meu pai.

Chutei algumas latas pela rua. Passei um tempo numa cafeteria, enquanto decidia o que fazer da minha vida.

Foi nessa hora, que Megumi-san me achou lá. Ela acenou e se aproximou de minha mesa. Estava na cara que ela costumava vir aqui com frequência.

- Vai viajar? – Ela me perguntou, dando um risinho quando viu que eu estava de mala e cuia.

Eu ri de volta, mas não havia nenhum humor.

- Sim, farei uma excursão para o fundo do poço...

 Os olhos dela arregalaram e num minuto ela já estava sentada comigo, ouvindo minha história. A solução dela? Muito simples... Eu era filho do marido dela, era perfeitamente aceitável que eu fosse morar com eles. Nem que fosse como teste. Eles tinham se mudado para uma casa maior e havia um quarto vago – o qual a Megumi-san usava para se concentrar em seus casos – mas ela estava disposta a fazer esse sacrifício para que eu não ficasse em apuros. Comecei a amar aquela mulher naquele momento. Antes que pense algo, calma aí, como família.

Fizemos uma cópia da chave da casa deles e ela me disse para ir pra lá. Provavelmente uma de suas filhas já estaria lá e poderia me ajudar a me estabelecer. Concordei. Lá pelas três horas da tarde, um pouco mais, eu já havia chegado na casa. Pensei se era uma boa ideia bater, mas daí considerei que as meninas podiam não ter chegado.

Girei a chave no tambor e entrei. A casa estava um silêncio de matar. Nem parecia que alguém morava lá. Tentei não ligar muito para isso e fui me localizando. Sala de estar... Cozinha... Porta para o quintal. De repente, senti uma coisa metálica batendo na minha cabeça e eu ficando tonto. Larguei minhas coisas no chão e caí de joelhos com a mão no machucado. Quando olhei para trás, vi uma garota com uma frigideira nas mãos, tremendo como um coelho assustado. Ela usava um avental e os cabelos escuros, azulados estavam presos num rabo de cavalo baixo. Acho que estava cozinhando. Os olhos também eram azulados, grandes, tristes.

- O que diabos você pensa que está fazendo? – Eu dei um grito irritado. Ela tremeu mais ainda com meu grito e passou algum tempo tentando formular suas palavras.

- Você... Você invadiu minha casa! O que esperava? – Ela não gritou, ao contrário de mim. Parecia com medo demais pra fazer isso. Não pensem mal de mim, mas foi uma visão bem fofa.

Meus braços penderam para o lado do corpo e eu suspirei incomodado. Julguei que aquela devia ser a irmã menor.

- Merda, eu devia ter batido. – Eu elevei minhas mãos para o alto. – Eu vim em paz. Não sou um tarado, nem um ladrão. Meu nome é Inoue Miyato. Sou filho do marido da sua mãe.

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Kenko P.o.V.

Eu nunca tive uma vida perfeita. E sinceramente, penso que isso não existe. Mas, no que era possível, minha vida era boa. Meus pais se separaram quando eu era muito nova e eu quase não me lembro dele. Pra falar a verdade, depois que ele se casou de novo, nunca nos deu nenhum telefonema. Osami-nee-chan ficou muito mais chateada do que eu. Eu conseguia conviver com isso.

E talvez por isso mesmo que eu fiquei muito feliz em saber que mamãe ia se casar de novo. Ela havia encontrado um senhor numa loja de conveniência de Odaiba e ficou apaixonada pela energia e carisma que ele tinha. Esse senhor se chamava Inoue Yoshiya.

Eu soube, posteriormente, que ele tinha filhos de seu primeiro casamento. Manatsu, Momoya, Hizuru e o mais novo, Miyato, era um ano mais velho que eu. Dois anos mais novo que a Osami-nee. Eu não sabia nada daquela família se não seus nomes e sua agitação. Me lembro no casamento, que eles trabalhavam desesperadamente como abelhas para que tudo desse certo e saísse perfeito. Eu sou grata a eles por tamanho esforço, já que eu mesma, não pude ajudar com muita coisa. 

Eu admito que não tive muita convivência com ele quando veio morar aqui. Eu ficava muito sem graça, porque nossa liberdade habitual havia sido limitada pela presença dele. Nada que pudesse incomodar tanto assim, claro. A felicidade da minha mãe era contagiante e enquanto fosse assim, tudo valia a pena.

Naquela tarde, eu resolvi fazer um bolo para quando todo mundo chegasse da rua. Eu havia saído mais cedo da escola porque iria haver uma reunião emergencial de professores. A causa? Minha amiga Motomiya Daiyou tinha brigado com uma garota da outra classe. Eu não sabia o motivo, mas sabia que devia ter sido grave para ter resultado numa reunião. Tentei ir embora com ela, consolá-la, mas os pais dela estavam furiosos e me disseram que ela ficaria de castigo pelo resto da semana.

Enquanto eu estava colocando o bolo dentro do forno, escutei o ruído da porta abrindo. Osami-nee só iria chegar depois das seis, no mínimo. Minha mãe iria ficar até tarde no trabalho e o Inoue-san não era esperado para antes das oito. Algo estava errado. Estava muito errado. Pensei em ligar para a polícia, mas o que podia acontecer até que eles chegassem? Eu me apavorava só de pensar. Apanhei uma frigideira debaixo da pia e caminhei na ponta dos pés pela casa até identificar o invasor.

Fiquei com raiva nessa hora. Que absurdo. Era um garoto da minha idade! Será que viera roubar alguma coisa pra comprar drogas? Meu corpo inteiro tremia tanto que eu pensei que não ia conseguir acertar. Tive que dar um salto para poder chegar na cabeça dele. O garoto era alto, tinha os cabelos lilases e um pouco bagunçados. Usava óculos e mesmo por trás deles, eu conseguia ver que seus olhos eram cor de âmbar. Usava uma camiseta preta com o cogumelo verde de Super Mario, escrito ‘1up’. Por cima, usava um casaco aberto de moletom vermelho. Estava carregando uma mochila e mais algumas coisas em suas mãos, ele largou tudo depois da pancada e se ajoelhou no chão. Pensei que ia desmaiar para eu poder chamar a polícia, mas o desgraçado era forte.

 - O que diabos você pensa que está fazendo? – Ele gritou e eu estremeci. Não esperava que a voz dele fosse tão forte e estridente.

- Você... Você invadiu a minha casa! O que esperava? – Era uma tentativa idiota de racionalizar, se ele fosse um yankee.

Ele suspirou e seus braços penderam para o lado.

- Merda, eu devia ter batido. – Franzi as sobrancelhas de leve com o linguajar dele. Ele elevou as duas mãos, como se estivesse se rendendo. – Eu vim em paz. Não sou um tarado, nem um ladrão. Meu nome é Inoue Miyato. Sou filho do marido da sua mãe.

Achei estranho ele ter me dado a informação de que não era um tarado. Eu não havia dito que ele era. Deixei aquilo afundar na minha mente e mordi o lábio.

- I-Isso não quer dizer muita coisa... Como você tem a chave? Foi seu pai que te deu?

- Não... Na verdade, foi sua mãe. – Ele acariciava a cabeça dele com intensidade e de repente, comecei a ficar preocupada se tinha acertado algum lugar vital. – Eu tive um problema com meus irmãos e ela disse que eu podia... Ai, ai... Ficar por aqui enquanto não resolve...

- Ah... Ela disse isso mesmo? – Perguntei me arrependendo, um pouquinho, de como aquilo tinha acontecido. Mas ele devia ter batido primeiro.

- Sim. Eu posso ir embora e... Esperar ela voltar... – Ele me disse e tentou se levantar do chão, mas cambaleou e voltou a sentar. – Ok, depois que meus miolos voltarem pro lugar. Você deve ser... A Kenko-chan, né?

Eu assenti com a cabeça. Coloquei a frigideira de lado e alcancei seu braço, conduzindo-o para se sentar no sofá. Ele saiu do chão, mas estava claramente mole. Tão mole de fato que pendeu um pouco para cima de mim. Senti a respiração dele no meu pescoço. O perfume cítrico dele me assaltando as narinas. Tinha um garoto apoiado em mim. Tão perto. Eu recebia algumas declarações de amor no colégio às vezes, mas os garotos não costumavam tocar em mim. Achavam que eu era feita de porcelana. Eu não queria que me tocassem, porém. Gostava daquela distância. Mas esse garoto... Era diferente... Era agradável?

- Sinto muito... Você me desmontou mesmo... Ah... – Até mesmo os ruídos dele... Assim tão de perto. Meu coração estava acelerado como se fosse o fim do mundo. Eu sentia minhas bochechas queimando. Eu gritava internamente para me recompor. Tentei me concentrar numa coisa diferente, por hora:

- E-eu posso pegar um pouco de gelo para... Para sua cabeça, se quiser. – Consegui apoiá-lo no sofá em fim e ele se ajeitou, encostando as costas, e deixando seu rosto pender para o lado.

- Não sei se precisa... Quero tanto dormir... – Ele se virou um pouco de lado e deixou seus olhos fecharem de leve.

- Não pode! – Eu o sacudi um pouco pelos ombros. – Se dormir, talvez desmaie...

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Miyato P.o.V. 

- Sinto muito... Você me desmontou mesmo... Ah... – Estava doendo, não vou negar. Mas eu não tinha a menor necessidade de pender para cima do corpo de Kenko. Poderia tranquilamente ficar de pé, mas qual era a graça naquilo? A proximidade me deu a chance de ver que ela cheirava a doce. Baunilha pra ser exato. Eu esperava que ela não se virasse pra mim naquela hora, meus óculos embaçaram conforme minha cabeça se encheu da vontade de encostá-la na primeira parede e de deslizar meu nariz pelas bochechas, cabelo, pescoço, colo até descobrir a fonte daquele cheiro tão delicioso.

 - E-eu posso pegar um pouco de gelo para... Para sua cabeça, se quiser. – Ela me disse com uma voz gentil e tímida. Preocupada até, eu diria. E eu queria brincar com essa preocupação.

- Não sei se precisa... Quero tanto dormir... – Me ajeitei no sofá, deixando meu corpo se afundar na maciez espumante. Fechei um pouco os olhos, mais para evitar que fosse pego reparando nela que qualquer outra coisa.

- Não pode! – Ela me sacudiu um pouco, desesperada. Aqueles olhinhos grandes e azuis me encarando. Oh, Kenko-chan, eu te beijaria nesse minuto... – Se dormir, talvez desmaie...

- Mas... Não consigo ficar acordado. Minha cabeça está girando.

- Por favor, tente pensar em alguma coisa que você gosta... Uma música, quem sabe?

- Música... Eu gosto de música... Uma música... Ah... A que eu estava escutando... – Comecei a cantar ‘Lovejuice’ de Akanishi Jin. Eu não sabia o quão bom o inglês dela era, mas se fosse bom, eu arrancaria um belo rubor das bochechas dela. Eu não estava fazendo nada para sensualizar, mas a insinuação da música era mais que suficiente.

E... Missão cumprida. Vi o rosto dela brilhar vermelho. Ela correu para a cozinha atrás do gelo que havia me prometido. 

Enquanto ela estava longe, dei uma olhada de relance na minha mochila. Será que alguma coisa tinha se quebrado? Deixei tudo cair tão bruscamente que poderia ter danificado meu note. Quando ela voltou, eu continuei cantarolando, com a cabeça pendendo para trás.

- M-Miyato-san? – Ela me chamou e estendeu para mim um pacote de ervilhas congeladas. – Desculpe... Não tinha nenhuma pedrinha de gelo sequer...

- Ah, é perfeito. – Eu coloquei as ervilhas na cabeça e sorri para ela. – Ao menos, sabemos que sua casa está segura se um tarado de verdade entrar...

Ela riu, envergonhada. Escondendo os dentes com a mão.

- Nem tanto... Nos filmes, o tarado desmaia, né?

- Bem pensado. Vai ter que treinar isso. Só que por favor, não em mim. – Eu disse de uma forma cômica, torcendo meu rosto de medo. Ela riu mais. Que risadinha mais linda. Aquela vontade de beijá-la tinha voltado.

- É uma promessa. – Ela me disse, sem perder o sorriso que eu tinha despertado. – Eu... Estou fazendo um bolo. Se você quiser um pedaço... Tem bastante.

- Você disse um bolo? Claro que eu quero! Eu adoro bolo. – Poucas coisas nessa vida são melhores que bolo. Se é que algo realmente o é. Ela não notou minha súbita animação na voz. O gelo estava diminuindo a dor no meu coco e a tonteira estava passando de vez.  – Você fica assim sozinha todo dia?

- Não... Eu costumo chegar na mesma hora que a minha irmã, mas dessa vez, foi um pouco diferente.

Ela me contou do apronto da amiga dela de escola, uma menina chamada Motomiya. A tarde com ela foi agradável e logo, eu já tinha parado de fazer meu teatro, mostrando-me completamente recuperado.

Eu contei para ela sobre minha relação tensa com meus irmãos e como a mãe dela foi legal comigo. Me oferecendo até o escritório dela em casa para eu poder dormir. Kenko foi prestativa e me ajudou a arrumar o lugar mais ou menos.

Eu a assisti confeitando o bolo que tinha feito. A menina parecia uma profissional. Sabia exatamente o que estava fazendo. Chantilly, morangos, folhas de hortelã. Nada era páreo para a habilidade dela.

Notei em certo momento, logo que ela terminou seu trabalho, que o nariz dela ficou sujo de chantilly. Me aproximei num passo engraçado. Cutuquei-a de um lado e quando ela olhou, eu estava do outro. Quando ela se virou para o outro lado para dizer alguma coisa, eu me inclinei e lambi aquele pouquinho de chantilly, disparando-lhe um sorriso.

- Muito melhor agora. – Senti que ela estremeceu com o meu contato. Eu gostava de exercer aquele tipo de poder. – Não iria querer sair com o nariz cheio de chantilly na foto que eu vou tirar, né?

- Foto? Mas... – Tarde demais. Eu bati uma foto com flash, só para fazê-la ficar sem graça.

- É só, brincadeira. – Eu ri para ela que ficou ruborizada e um pouco chocada. – Mas queria mesmo tirar uma foto do seu bolo pra colocar no meu blog. Você deixa?

Ela assentiu com a cabeça, quase que incapaz de olhar para mim. Preparei o cenário e bati algumas fotos do bolo, terminando por subi-las na nuvem e depois para o blog em questão.

‘Morram de inveja. Minha irmãzinha sabe fazer bolo #delícia #bolo’

Recebi diversos comentários em segundos. Todo mundo queria saber, pra começo de conversa, que papo era aquele de irmãzinha. E eu não ia contar. Não mesmo. Kenko era meu segredo. Meu lindo segredinho.

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Kenko P.o.V.

 

A tarde estava sendo muito mais interessante do que eu previa. Miyato-san logo se mostrou muito espontâneo e amigável. Me lembrava bastante a Daiyou, só que numa versão masculina. Ele falava bastante, gesticulava. Quase desenhava as coisas que queria dizer para que eu entendesse perfeitamente. Contou que tinha problemas com os irmãos e tudo o mais. A presença dele fez aquelas três horas passarem num instante. Mas eu não esperava que ele pudesse ser tão... Invasivo.

Enquanto estávamos conversando, fui confeitar o bolo e ele ficou olhando, falando sem parar. Falou sobre seus amigos da escola, sobre seus amigos veteranos, sobre o quanto amava remixar músicas, mesmo que sua vocação fossem os computadores. Eu sorri para mim mesma quando notei que tínhamos os computadores em comum. Eu não entendia nada de música, mas de computadores, certamente que sim. Não tive tempo de fazer nenhuma consideração extra sobre aquilo. Senti um cutucão e me voltei para o lado esquerdo. Franzi as sobrancelhas, pronta para reclamar daquela brincadeira boba, mas quando me voltei para o outro lado, a língua de Miyato-san fez contato com meu corpo. Foi só na ponta do nariz, onde chantilly tinha caído, mas... Meu corpo estremeceu. Eu queria correr. Eu queria sumir. Eu queria pedir mais.

- Muito melhor agora. – Ele me sorriu. Um sorriso tão doce e puro que nem parecia que tinha invadido meu espaço, me violado! – Não iria querer sair com o nariz cheio de chantilly na foto que eu vou tirar, né?

- Foto? Mas... – Não adiantou. Ele já tinha tirado uma foto e eu não sabia onde enfiar minha cara. Por que ele tinha que ser assim? Elétrico? Maluco? Minhas bochechas estavam quentes e eu sabia que estava vermelha feito um tomate maduro.

- É só, brincadeira. – Aquele sorriso ainda estava lá, quando ele se aproximou um pouquinho mais. – Mas queria mesmo tirar uma foto do seu bolo pra colocar no meu blog. Você deixa?

Eu concordei. Não estava conseguindo pensar, pra falar a verdade. Só conseguia ficar me perguntando de onde tinha saído aquele garoto e sua língua inquieta, seu perfume cítrico.

Ele me mostrou a postagem do blog dele.

‘Morram de inveja. Minha irmãzinha sabe fazer bolo #delícia #bolo’

‘Minha irmãzinha’. Ele realmente me considerava como família apesar de tudo? Eu estava confusa. Servi bolo para ele, servi bolo para mim mesma. Enquanto comíamos eu continuava silenciosa.

- Ah, você não ficou brava pelo chantilly, né? Devia ter me dito que queria comê-lo.

- Eh? Não... Não é por isso... E não estou brava, é só que... – Eu não sabia explicar. Não sabia explicar porque não sabia o que estava acontecendo. O que eu sabia é que ele estava se divertindo.

A noite caiu. Minha irmã chegou em casa. Miyato se enfiou no quarto, que agora era dele, quase que de imediato, com o pretexto de que precisava fazer um remix urgente que tinha esquecido.

Ela me contou como foi o dia dela. Sobre o papel dela na presidência do conselho estudantil. Osami-nee era um ídolo. Não só para mim, mas para muitas garotas e garotos de sua escola. Era para ela estar na faculdade agora, tendo 19 anos, mas quando tinha 7, sofreu um acidente muito sério e ficou por dois anos em casa. Só depois de muita fisioterapia é que ela pôde voltar a ter uma vida normal. Ainda hoje, ela precisa de remédios para a dor por causa da placa que tem em seu crânio. Não consigo conceber o sofrimento dela se não tomar esses remédios. O fato era, o acidente a atrasou em dois anos na escola e agora, ela estava na mesma série que o Miyato-san, apesar de eu saber que não estudavam na mesma escola. O fato de ter sido perseverante onde muitas crianças desistiriam a tornavam um exemplo. Sua idade maior a tornava um símbolo de respeito e autoridade. Os professores se sentiam à vontade para conversar com ela. Todo mundo a amava. Claro... Ela era incrível, afinal de contas.

Com todo o amor e devoção sendo dispensados a ela, não sobrava muito espaço para mim nos corações das pessoas. A única exceção podia ser minha mãe, que não estava tempo o bastante em casa para dividir a atenção.

- Que bolo maravilhoso, Ken-nyan. – Osami-nee disse e isso sim, fez valer o meu dia.

- Você gostou?

- Sim, usou aqueles morangos que eu trouxe da horta da escola? Eles são orgânicos e muito melhores para a saúde.

Eu concordei. Os elogios dela sempre faziam meu coração pular de felicidade. Enquanto nós duas comíamos, Miyato-san apareceu por ali.

- Que fome, que fome, que fome... Ainda tem um pedacinho sobrando pra mim? – Ele perguntou de forma amigável. Conforme o servia de mais bolo, notei que Osami não tirava os olhos dele. – Obrigado, Kenko-chan. – Ele tinha dado a primeira garfada quando se voltou para ela. – Yo, Osami-san. Nos vimos no casamento, né?

- Sim, foi mesmo. É um prazer vê-lo de novo, Miyato.

Sem honorífico. Minha irmã chamando alguém sem nenhum honorífico. Mesmo quando teve namorados, não costumava fazer isso. Tentei não deixar minha mente se apegar muito a esse detalhe.  Sorri para os dois e fui tirando seus respectivos pratos quando terminaram. Lavei a louça e só os segui com os olhos enquanto se afastavam, cada um para seu próprio quarto.

Miyato P.o.V.

Eu desci depois de um tempo, para ver se conseguia comer mais um pedacinho daquele bolo da Kenko, mas o que vi por lá, foi uma surpresa estranha. Osami, a irmã mais velha, já havia chegado. Ela estava elegante. Usava óculos. Tinha uma postura impecável. Seu cabelo também era longo, mais tinha um corte rebelde, diferente do da irmã mais nova. Estava com o uniforme do colégio em que estudava.

- Yo, Osami-san... Nos vimos no casamento, né? – Eu perguntei, como quem não queria nada.

- Sim, foi mesmo. É um prazer vê-lo de novo, Miyato.

Ouvi a forma provocadora como chamou meu nome. Diferente de mim, parece que Osami não é muito chegada em guardar segredos. Dei de ombros. Na verdade, fiquei interessado em saber o que ela iria fazer.

Quando escutei os passos no corredor de madrugada, sabia que ganharia, se tivesse apostado. Eu estava deitado no meu futon, virado para a parede. A porta foi trancada. Eu ouvi isso.

- ‘Osami-san’? Desde quando você é tão formal comigo? – Ouvi a voz dela ecoando perto de mim. Seu perfume de lavanda enchendo o ar. Podia jurar que ela tinha passado mais só pra vir até aqui. 

- Eu preciso ser. – Eu respondi, sem me virar pra ela. Ela se inclinou sobre mim e me beijou a orelha. Senti um arrepio sem vergonha correndo pelo meu corpo e os seios grandes dela se apertando contra as minhas costas. – O que você está fazendo?

- Desde o casamento... Isso é muito tempo... Não consigo esquecer daquela rapidinha no banheiro...

Eu ri de leve. Pervertida. Nossa química naquela festa tinha sido explosiva. Tinha sido a primeira vez dela, não a minha. Nem de longe a minha. Mas eu tinha me esquecido daquilo. A mão dela se encaixa pelo osso do meu quadril, deslizando devagarinho até meu membro que ainda estava em processo de endurecimento. Eu acabo sugando o ar muito rápido, fazendo o som típico de surpresa.

- Senti saudades demais... Aqui, podemos ser mais livres, né? – Ela fala pertinho da minha orelha. Me provoca, me excita. Porém, ela não está jogando com um amador. Eu sou o mestre. Alcanço a mão dela e tiro-a do meu ponto estratégico.

- Osami-chan, as coisas são diferentes agora. Você é minha irmã. – Eu disse, virando só um pouco de lado, por cima do ombro. Estava virado o suficiente pra vê-la morder os lábios de frustração.

- Não diga isso... É só um contratempo... Ninguém precisa saber... É só entre nós... Eu e você. Nosso segredinho.

- Se meu pai descobrisse, ficaria uma fera comigo... – Eu digo, tentando racionalizar, mas ela me olha com a expressão suplicante. Me viro totalmente para a direção dela, e Osami engatinha sobre mim. Beija meu pescoço, meu rosto, minha boca. Ela se acomoda sobre meus quadris e esfrega o sexo dela no meu. Apesar das barreiras de roupa, eu consigo sentir pelo calor que ela está excitada de verdade, talvez muito molhada. Meu instinto me manda virar esse jogo, arrancar as roupas dela e me enterrar até o fundo. Minha racionalidade, porém, me diz para ser paciente e rejeitar um pouco mais.

- Miyato... Por favor... Eu não aguento mais me masturbar... Não resolve mais... – Ela continua se mexendo sobre os meus quadris, desesperada. O rosto dela está vermelho de calor e seus olhos brilham com ansiedade. Dá pra ver seus bicos duros contra o tecido da blusa branca de botões.

- Você disse, ‘por favor’? – Eu pergunto, com um quê de cinismo.

- Sim, por favor... Eu imploro... – Osami insiste. Eu repouso minhas mãos sobre suas coxas. Era uma sacanagem que a saia que ela usava fosse tão apertada quanto a de uma office lady. Enfiei meus dedos por baixo do pano e subi a saia de vez. Ela usava longas meias pretas que iam até o meio da coxa. Depois que a saia estava alta o bastante, coloquei uma das mãos em seu quadril e a impulsionei a se mexer mais. Me ajeitei embaixo para ter certeza que o centro dela seria devidamente provocado. A cabeça do meu órgão batia no ponto certo e eu podia dizer isso com propriedade pelo jeito que ela estremecia cada vez que acontecia.

- Aproveite, Osami-chan... Essa é a única gozada que você vai ter hoje. Lembre-se, eu estou no controle aqui.

Ela concorda com as sobrancelhas franzidas e se mexe mais rápido. Ela geme meu nome repetidas vezes. Parece que, mesmo não sendo muita coisa, eu também posso acabar me melando todo nessa brincadeira.

- Miyato... Eu vou... Eu vou...

Eu tapo a boca dela com um beijo e gozamos juntos. Ridiculamente sincronizados. Parece que eu subestimei o poder do calor dela em mim. Gosto disso. Ser surpreendido é sempre o máximo. Deixo que ela descanse um pouco antes de aconselhá-la a ir embora. A diversão só tinha começado.

   

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  


Notas Finais


Foi por causa dessas duas histórias que me inspirei, podem considerá-las sister stories da 'Sisterly Love':

Forbidden Love, da LadyIchijouji:
https://spiritfanfics.com/historia/forbiden-love-6206261

Immoral Lovers, da Fluttershy77:
https://spiritfanfics.com/historia/immoral-lovers-5593365


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