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História Sisterly Love - Eu gosto de você


Escrita por: nanyseskiene

Notas do Autor


Já vou avisar que para nossa tristeza, esse episódio não tem asfadagens. Mas ele é necessário para eventos que ocorrerão posteriormente.

Capítulo 4 - Eu gosto de você


Miyato P.o.V.

Manhã de domingo. Acordei com meu sangue ainda fervendo do que eu ouvi de Osami na noite anterior. Tomei banho logo cedo e saí. Me despedi por cima das pessoas da casa e procurei não perder tempo conversando. Tomei café da manhã numa cafeteria e comprei um mousse bicolor de morango e baunilha e pedi para a atendente embrulhar direitinho, com todos os frufrus necessários. Antes das dez da manhã, eu estava tocando a campainha da casa dos Izumi.

O senhor Izumi me atendeu com seu sorriso amigável de sempre nos lábios.

- Veio pra ver a Kouko-chan, certo?

- Me pegou. – Eu cocei a parte de trás da cabeça e dei de ombros. – Vim sim.

- Você ainda está tentando voltar com ela, ne? – Ele me perguntou e eu acenei com a cabeça. Queria rir, pra falar a verdade. Aquele pobre homem não tinha muito conhecimento da minha real relação com Kouko. – Continue, bravo guerreiro. Sei que ela vai se compadecer de sua coragem e insistência. – O homem fechou os punhos e os sacudiu para me incentivar.

- Muito obrigado, Izumi-san. – Eu repeti o gesto e fui entrando. Tirei os sapatos na porta, como manda o figurino.  Quando cheguei ao quarto, bati com dois dedos na porta e ouvi um ‘pode entrar’. – Bom dia... – Fui fechando a porta atrás de mim e como sempre, me sentia em casa, logo, coloquei minha mochila de lado e sentei na cama dela.

- Inoue Miyato-kun... – Ela disse enquanto me analisava com seus orbes negros – um tanto maliciosos, eu diria – e parava de mexer em seu programa de computador. – Isso não é uma visita de cortesia, é?

- Você está perdendo dinheiro com a tecnologia, Kouko. Devia ser vidente. – Eu disse, divertido. Ela riu. Ela era uma graça quando ria. – Realmente, não vim aqui só pra te visitar. Aliás, uma das razões é esse lindo, delicioso mousse que comprei naquela cafeteria que você me mostrou. – Quando coloquei o doce na frente dela, ela apertou os olhos e elevou uma sobrancelha.

- Problemas com namoradas? Bullies? Temos que salvar o mundo de algum kaiju gigante como ‘os super nerds’? – Agora, era eu quem estava rindo, escandaloso. Como assim as piadas dela eram melhores que as minhas?

- Eu quero destruir o professor da minha irmã mais velha. – Eu respondi.

- Pensei que Manatsu não estava mais na escola. – Ela me olhou com surpresa e eu pisquei de volta pra ela.

- Não... Não é a Natsu-nee. Aliás, nem sei como ela está, ultimamente. Faz um tempo que não manda notícias. – Torci a cara e sacudi a cabeça. – Pode se dizer que agora tenho mais duas irmãs.

- As filhas da esposa do seu pai? – Foi uma pergunta, sim, mas soou como se fosse só retórica. – O que aconteceu?

- Encurtando uma longa história... Um dos professores dela disse que queria que ela fosse a amante dele. – Vi o rosto da Kouko se contorcer e ela fitou a tela de seu computador. Fazia isso quando precisava se acalmar. Assim como eu, ela odiava quando esse tipo de coisa acontecia. Quando ela brincou sobre sermos os ‘super nerds’, ela não estava brincando tanto assim. Já agimos anteriormente para ajudar amigos nossos em situações tão asquerosas quanto aquela. Ficava tudo mais fácil quando você tinha um vasto conhecimento de hacking e não tinha medo de usar. – Vai me ajudar?

- Vou. – A resposta dela foi solene e por um minuto, achei que já podia começar a planejar, mas ela voltou a olhar pra mim e tinha um sorriso grande, perigoso nos lábios. – Mas... Vou querer que você me ajude também. Ainda mais quando você tem um corpo tão jovem e forte... – Ela rolou os olhos pelo meu corpo e por um instante, achei que queria reviver nossos primeiros encontros. Ah é, não contei isso ainda... Izumi Kouko foi minha primeira garota. Primeiro encontro, primeiro beijo, primeira transa. Cismamos um dia, porém, em parar com nossos encontros sexuais. Não tínhamos certeza do que sentíamos e nem sabíamos onde queríamos levar aquela relação. Concluímos que a amizade era melhor e descomplicada. Pra falar a verdade, ficou meio mal resolvido. E de vez em quando, ainda temos umas recaídas. Tudo bem que a última recaída faz mais de dois meses e acredito que ela já deve ter achado outra pessoa... Realmente uma pena. Entrei no jogo dela e arrumei meus óculos na ponte do meu nariz. Eu sabia que aquilo provocava-a.  – Entendi... Kouko-sama quer fazer uso do meu corpo, é? Acho um preço bom a se pagar pelo favor.

- Que bom... – Ela sorriu sapeca e afastou a cadeira do computador. Se levantou e apanhou minha mão. Eu me inclinei na direção dela, pronto pra lhe roubar um beijo, mas ela colocou um dedo sobre os meus lábios. – Calma aí, lobinho. Não é hora de atacar. Vem. – Me conduziu até a garagem de sua casa e me mostrou algumas caixas pesadas. Como é esperta. E eu a adoro por isso.

- O... O que é isso? – Eu perguntei com a sobrancelha levantada.

- Pois é... Eu fiz umas compras pela internet e acabei não calculando direito o peso dessas caixas. Agora, preciso de ajuda para carregar. Meu pai tem aquele problema nas costas e não consegue fazer isso. – Kouko passou uma mão pelo meu braço e sorriu de novo, com a mesma intenção sapeca de antes. – Mas... Você, com certeza, consegue.

- Aproveitadora, perversa, malvada. – Eu fui reclamando, de forma cômica, enquanto fazia o que ela me pediu. Não pense que não foi um esforço. As caixas eram pesadas pra ca-ra-le-o. Mas, eu sabia que valeria o esforço. Ela me deu um selinho ao final e depois que almoçamos, foi hora de discutir nosso plano.

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Kenko p.o.v.

Depois de ter visto o que vi, corri de volta para o meu quarto e enfim, mandei uma mensagem para Daiyou no LINE.

Eu: Osami-nee está bem, eu acho. Ela está dormindo na cama dela. E tem alguém dormindo no chão.

HimeDaiyou[1]: Oi? No chão? Quem? Sua mãe? Seu pai? Algum namorado dela? 〈(゜。゜)

Eu: Não. É o Miyato-san. Inoue Miyato-san.

Ela demorou um pouco a responder e eu julguei que ela devia ter acabado de acordar e ainda estava sob os efeitos do sono.

HimeDaiyou: Quer dizer aquele panaca, nerd, sem graça, quatro-olhos de cabelo lilás que é filho do seu padrasto? O que ele está fazendo aí? (゚艸゚;)

Achei que ela acrescentou adjetivos demais ao falar de Miyato-san e fiquei curiosa com aquela atitude. Porém, achei melhor guardar minha curiosidade por hora.

Eu: Minha mãe o convidou para morar com a gente. Parece que ele teve problema com os irmãos mais velhos.

HimeDaiyou: Viiish... Olha, se ele te incomodar, só falar pra mim. Eu desço a porrada nele por você. (ง •̀_•́)

Eu: Eh? Obrigada por sua disposição, mas... Miyato-san tem sido gentil comigo. Não vai ter necessidade de violência.

HimeDaiyou: Mesmo? Nada de desarrumar seu cabelo? Nem de tirar sarro da sua altura?

Eu: Nada disso.

HimeDaiyou: Chama a polícia. Esse cara aí não é o Miyato, deve ser um impostor.

Eu: www[2], está exagerando, Daiyou-chan. Ele até gostou do bolo que eu fiz.

HimeDaiyou: Ahhhh, agora se explicou. Você está alimentando o monstro. Claro que ele vai ser bonzinho com você.

Eu disparei a rir baixinho no meu quarto com aquelas falas.

HimeDaiyou: Bom, vou levantar. Minha mãe tá dizendo que era minha vez de levar o lixo pra fora e eu tenho certeza que era a vez do Junya. Ah que vida difícil...

Eu: Vai lá falar com a sua mãe. E tenta não quebrar a mesa na cabeça do seu irmão. Mesas são caras.

HimeDaiyou: WWWW, boa! (。→∀←。)

                        Até mais tarde, Kenko-chan! ( ̄▽ ̄)ノ

Nem bem a mensagem ‘‘HimeDaiyou’ está off-line’, eu considerei na solidão de meus pensamentos que se Miyato-san estivesse mesmo fazendo com a Osami-nee o que fazia comigo, talvez eu deixasse que Daiyou lhe desse uma lição.

Ou não. Talvez eu estivesse misturando as coisas, afinal. Ele tocou em mim, é verdade. Mas o que aquele toque significava? Não era uma coisa assim que o tornaria meu namorado nem nada do gênero. Aliás, namorá-lo agora parecia uma ideia muito ridícula. Podíamos não ser irmãos de sangue, mas haveria questionamentos por parte dos curiosos se duas pessoas com os nomes no mesmo registro de família, estivessem tendo um relacionamento. Quanto mais penso no assunto, mais fico confusa. Eu queria mesmo um relacionamento com ele? Por que iria querer isso?

A voz de Yoshiya-san chamou do corredor para o café da manhã e eu desci. Osami-nee e Miyato-san se demoraram um pouco, mas também vieram. Enquanto todos se sentaram à mesa, Miyato-san deu um aceno para todos e disse ter algo para fazer naquela manhã, saindo em seguida. Bom, ele tinha ficado todo o final de sexta e o sábado em casa. De certo, ia visitar seus amigos.

- Agora eu fiquei curioso para ver o programa de computador que o Miyato disse que você estava fazendo, Kenko-chan. – Meu padrasto começou enquanto comíamos. Ele costumava falar animadamente quando minha mãe estava presente, mas não procurava nos contactar quando ela não estava. Isso fez com que eu e minha irmã nos entreolhássemos e trocássemos um pequeno sorriso.

- É um jogo, Yoshiya-san. – Eu respondi, tentando não soar tão tímida quanto estava, de fato. – Não é nada fantástico.

- Como assim, um jogo não é algo fantástico? No meu tempo, só existia o Pong e achávamos o máximo... E agora, do computador de casa, vocês jovens conseguem programar, é um avanço e tanto! – Ele se alternava adequadamente entre comer e falar. Passando alguns períodos calado, como se procurasse palavras apropriadas.

- Agora, eu também quero ver seu jogo, Ken-nyan. – Osami-nee sorriu para mim e colocou uma fatia de cenoura na boca. – Se eu soubesse que você tinha se interessado por programação tanto assim, teria te convidado para frequentar o clube lá da minha escola. Eles são meio desanimados por lá e é difícil algum projeto ir pra frente... – Dava para perceber o enfado na voz de minha irmã quando mencionou aquilo.

- Mas, eu sou de uma escola diferente, isso não seria um problema? – Perguntei e comi meu último pedaço de omelete. – Não quero causar transtornos.

- Creio que seja um caso de conversar. – Ela finalmente me respondeu e eu acenei com a cabeça.

Depois do café, Yoshiya-san se encarregou da louça e eu fui para o jardim, atrás de casa. Apanhei um avental e enchi o regador com água. Trouxe comigo também uma tesoura de poda. Fazia tempo que mamãe não conseguia cuidar do jardim ela mesma e minha irmã estava sempre muito ocupada para fazê-lo. A tarefa acabou sendo deixada para mim. Eu não podia dizer que tinha talento para fazer aquilo e por vezes passava um período longo decidindo se uma folha estava ou não seca o suficiente para ser cortada.

- A raiz dessa muda está rasgando o plástico... – Eu ouvi uma voz atrás de mim e me deparei com Osami-nee, também com um avental, segurando uma pazinha na mão. – Melhor transplantar para um vaso. – Ela sorriu largamente e se agachou do meu lado. – Não me olhe com essa carinha tão surpresa... Sei que você tem trabalhado duro nesse jardim e eu quero ajudar.

Passamos o resto da tarde fazendo arranjos no jardim e no fim do dia, com a devida ajuda dela, tudo parecia ter tomado uma vida nova. As folhas pareciam mais verdes e as flores mais perfumadas. Devia ser só coisa da minha cabeça. Eu estava tão feliz por vê-la com uma expressão leve, diferente da testa sempre enrugada com preocupação ou seus olhos cansados sendo circundados por maquiagem pesada para esconder as olheiras. Ela me fez lembrar quando éramos crianças e fazíamos bolhinhas de sabão na varanda do apartamento. As bolhas dela sempre estouravam porque ela soprava muito depressa.

- Ken-nyan... Vamos ter que cortar aquelas duas florezinhas também. Mas acho que eu não vou conseguir. Você tem o toque mais delicado, pode fazer isso?

Eu apanhei a tesoura e dei o devido picote no caule pequeno das flores, desconectando-a de sua planta. Observei-as por alguns instantes, chateada. Elas eram lindas, mesmo secas. Era uma pena que tinham que ir para o lixo.

- Que dó jogar essas flores no lixo... – Osami pareceu ler meus pensamentos. Então, ela me puxou pela casa a fora e buscou por seu celular. Passou alguns instantes calada, olhando para a tela antes de me mostrar um site. – Só precisamos seguir os passos descritos aqui e podemos guardar as flores para sempre.

- Um colar com a flor seca? – Fiquei maravilhada com o que via. Tal qual o site nos indicou, deixamos as flores secando sobre uma superfície telada, na luz leve e fria de uma lâmpada de led para que não perdesse a cor.  

Miyato-san voltou só à noite, todo empolgado com alguma coisa. Tagarelou sobre um projeto novo que acabara de formular com uma amiga – e admito que mordisquei a parte interna da bochecha em saber que tinha uma garota envolvida nisso... Mais uma – e o quanto seria fantástico e útil para muitas pessoas. Minha mãe finalmente veio para casa naquela noite e eu e Osami-nee lhe mostramos os avanços no jardim. Ela estava feliz e satisfeita e terminou por nos dar um abraço de satisfação.

Eu não lembro quando foi a última vez que minha mãe tinha me abraçado antes disso.

Miyato P.o.V.

Eu já disse que a Kouko-chan é fantástica? Não disse? Então devo ter dito o quanto ela é linda com aqueles cabelos ruivos emoldurando seu rosto pequeno, né? Que os lábios dela são completamente beijáveis? Que eu nunca a vi usando um decote, mesmo que os peitos dela fossem perfeitos? Ah, sim, não era isso que eu queria dizer. Ficou difícil ter algum pensamento racional enquanto eu ouvia os dedos apressados dela batendo contra o teclado numa velocidade impressionante.

- Miyato-kun... – Quando chamou meu nome foi como se eu tivesse despencado de milhares de quilômetros de altura em meus devaneios. – Calculo que você tem uns 20 minutos antes do professor se tocar que tem algo de errado com o computador dele. Acha que é o suficiente?

- 20 minutinhos? Deve dar. Se não der, fazemos uma pausa e tentamos de novo mais tarde. – Ela concordou e abriu o programa para mim. Comecei a fuçar as pastas do homem pelo nome. Tinha que ter alguma pasta com um nome bem idiota cheio de pecados para serem expostos para a escola e para a polícia.

Uma pasta com senha. Tinha que ser isso. Abri uma tela em separado do mesmo programa para rolar as letras e abrir a senha daquela pasta para mim. Só naquilo, perdi 16 dos meus 20 minutos, mas valeu super a pena. Na minha cara, se revelou milhares de fotos de garotas seminuas. Não eram gravure models ou av idols, eram garotas comuns, usando uniformes de escola que eu já tinha visto na rua. Talvez as alunas dele. As fotos não mostrava seus rostos por completo e em algumas, era possível ver lábios sendo mordidos e faces vermelhas de constrangimento. Cada foto tinha um número e letras de identificação.

Fucei um pouco mais no computador e achei uma tabela que fazia a referência entre aqueles números e letras. Abri uma terceira aba e pesquisei um dos nomes apresentados. Vi um perfil em rede social de uma garota da idade da Kenko, usando aquele mesmo uniforme da foto. O corpo era semelhante e havia até mesmo uma marca de nascença abaixo do queixo. Era sem dúvida a mesma garota. Ah... Como eu adorava esses criminosos babacas e convenientes. Substituí todo o conteúdo da pasta ‘Amanhã’, que, segundo minha checagem era o plano de aula daquele dia, pelas fotos obscenas e pela tabela de identificação. Fui pra casa e comi tanto que devo ter engordado uns dois quilos. Não parei para dar atenção aos meus parentes. Dormi cedíssimo e na manhã seguinte, acordei lá pelas quatro, porque tudo tinha que ficar pronto antes da minha hora de ir para a escola.

Tomei o café junto com as duas irmãzinhas. Elas estavam conversando mais entre elas e eu achei aquilo adorável. Mesmo. Elas pareciam distantes quando cheguei. Kenko saiu para a aula primeiro e eu achei aquilo bom. Apanhei o braço de Osami e a trouxe para junto de mim. Ela me olhou com a expressão confusa. Roubei um beijo de seus lábios quente o bastante para fazê-la se derreter.

- Hoje vai ter um espetáculo na sua escola. Por favor, filma pra mim?

- Um espetáculo? Eu sou do conselho estudantil, saberia se... – Os olhos dela arregalaram quando me viu sorrindo sacana. – O que você fez, Miyato?

- Confie em mim. – Dei mais um selinho nela e fui embora.

Eu estava no meio da aula de álgebra quando recebi uma mensagem da Osami.

- Eu... Estou gravando. Mas ainda não acredito no que estou vendo... Como pode ser tão podre?

- Você está bem?

- Acho que sim. Só... Lamento que tantas garotas foram afetadas.

Guardei meu celular correndo quando notei que o professor ia se virar de volta para os alunos. Eu tive que esperar até o intervalo para assistir ao vídeo de Osami e quando ele finalmente começou a passar, eu ria histérico enquanto comia.

Foi um pandemônio. Quando o professor foi imprimir o plano de aula, tudo o que saía eram fotos de garotas seminuas. Alguém percebeu que era o uniforme do colégio e começou a enchê-lo de perguntas. Algumas garotas cujos nomes apareciam na tabela de identificação foram chamadas e perguntadas a respeito. Elas lhes contaram que ele pedia para tirar foto delas em troca de pontos para sua matéria. Elas eram menores de idade. A polícia foi chamada. Ah, que delícia ver Megumi-san e dois policiais aleatórios prendendo aquele filho de uma puta... Aliás, algemas são bem legais. Eu devia comprar um par pra usar uma hora dessas.

Eu venci e nem precisei usar os punhos. Ainda que, essa fosse minha segunda opção. Encher a cara daquele cara de socos até ele confessar que era um pervertido aproveitador. No fim das aulas, mandei uma mensagem de agradecimento para Kouko-chan e uma mensagem perguntando como Osami estava.

Depois que desci da estação e caminhava para casa, passei numa rua e ouvia o som muito claro de risadas. Risadas de meninas.

- Não me parece tão genial agora...

- Haha, mas ela sempre ficou à sombra da irmãzinha dela que estuda noutro colégio e sempre sendo protegida por aquela esportista encrenqueira. Agora, não tem ninguém pra protegê-la...

Estalei minha língua e resolvi seguir o som. Já disse que odeio valentões? Me meti várias vezes em brigas no colégio por causa deles. Eu apanhava na maioria das vezes, admito, mas sempre tentava fazê-los parar de pentelhar pessoas mais fracas. Meninas valentonas? Eu odiava o dobro.

Três garotas, pareciam de descendência chinesa, estavam rodeando outra garota. Não dava pra ver direito quem era. Uma senhorinha estava limpando a calçada da casa dela com um balde de água.

- Licença... Eu juro que devolvo logo. – Carreguei o balde d’água até ficar atrás das meninas e lancei a água toda nelas. – A festa acabou, pirralhada. Deixem a garota em paz.

- AHHHH! – Gritaram como perfeitas patricinhas mimadas que eram. Estavam molhadas, desfeitas, borradas. As camisas transparentes e isso as fez cobrir-se. – Quem você pensa que é? – Quando uma delas se moveu, pude ver que a garota no meio era Kenko. Ela se cobria de vergonha. Tinha alguns hematomas e sua blusa da escola estava meio rasgada. Deduzi que aquilo tinha acontecido porque as garotas devem ter puxado-a.

- Fiquem longe da minha irmã ou eu não vou ter dó, mesmo que vocês sejam garotas. – A minha voz saiu tão baixa e ameaçadora que elas se retraíram e se afastaram. Depois correram para longe. Eu me abaixei ao lado de Kenko e ela se cobriu um pouco mais. – O que aconteceu?

- Daiyou fez algumas... Inimigas... Como ela não veio para a escola, sobrou pra mim. – Ela deu de ombros como se aquilo fosse perfeitamente normal. Eu franzi a testa e tirei meu casaco da escola, colocando sobre os ombros dela. – Mas vai ficar tudo bem... – Eu catei o balde do chão e o entreguei de volta para a senhorinha. Ela não ficou brava, ao invés disso pareceu achar a coisa toda muito engraçada.

Acabei notando que Kenko estava com um pouco de dificuldade pra andar. Será que torceu o pé? Será que elas a machucaram ali? Não tinha coragem de perguntar. Ao invés disso, me agachei na frente dela e olhei por cima do ombro, divertido.

- Que tal uma carona até em casa?

- Isso não... Não é necessário... Eu consigo andar sozinha... – Ela fofamente se recusou, balançando as mãozinhas na frente do corpo, mas eu sorri.

- Qual é? Me deixa bancar o irmão mais velho um pouquinho mais que eu estou gostando. Sobe aí. – Ela riu com as bochechas coradas e subiu nas minhas costas. Acomodou a cabeça perto do meu pescoço e resmungou alguma coisa contra a minha camisa. – Não estou ouvindo nada... – Provoquei e a senti se afastando um pouco de mim.

- Eu disse que gosto do seu... Perfume cítrico. – A voz dela não era mais que um suspiro.

- Obrigado. Também gosto do seu cheiro de baunilha. – Eu falei sinceramente enquanto subia a rua. Kenko era tão leve que não me era nenhum esforço carrega-la. Me ocorreu que eu podia fazer aquilo várias vezes de agora em diante. Aquela proximidade era boa. Seus seios espremidos contra as minhas costas, sua respiração contra a minha pele. Seu cheiro doce espalhado por todo lado, minhas mãos em sua bunda – sim, normalmente se segura as coxas, mas eu sou mais esperto que isso – sustentando seu peso. O fato dela estar de saia me dá a chance de perceber que sua intimidade está quente, suponho que molhada também.

Chegamos enfim em casa. Não havia ninguém lá. Coloquei-a no sofá e retirei os sapatos dela, levando-os de volta para a entrada, junto com os meus.

- Hm... Obrigada. – Ela disse vermelha como um pimentão.

- Pelo que? Dar um banho aquelas faladeiras? Aquilo foi um prazer pra mim. – Eu disse balançando a mão de forma displicente, arriando minha mochila num canto da sala.

- Por isso... E pela carona... – Ela ficou um tempo calada e depois falou de novo. – E por aquilo que você fez ontem por mim... – A última frase saiu tão baixinha que eu tive que olhar pra ela por um tempo, para ter certeza se ela tinha dito mesmo.

- O que eu fiz ontem... Ah... Está falando de te masturbar? – Ela se retraiu toda e eu estava vendo a hora em que ia colocar uma almofada no rosto. Sentei do lado dela e encostei minha testa na dela, sorrindo. – Estou disponível pra fazer de novo quando você quiser. – Ia lhe deixar um mero selinho, mas ela me segurou na boca dela, mantendo aquele contato entre nossos lábios. Eu não sabia o que ela pensava, mas se queria brincar, eu iria brincar. Tombei um pouco a cabeça de lado e deslizei a língua na entrada de sua boca até que ela a abriu. Nossas línguas fizeram contato e dançaram por algum tempo. Eu encerrei o contato aos poucos e ela ainda ficou com um biquinho de anseio. Me fitou com os olhos cheios de incerteza. – Não fique me olhando assim... Eu não leio pensamentos...

- Não sei se tenho direito de perguntar isso... – Pensei que ela ia mencionar o momento em a encontrei agora pouco. Mas ao invés disso, me atingiu com uma sucessão de perguntas completamente estranhas. – Qual sua relação com a Osami-nee? Você gosta dela? Já a tocou do jeito que tocou em mim?

- Por que me pergunta isso? – Eu queria escapar da pergunta. Eu era sincero demais para segurar esse tipo de verdade. Mentir por omissão era mais confortável para meu cérebro.

- É que... Você estava dormindo no chão do quarto dela e... – Ela se deteve e olhou para o chão. Eu ri de leve e a trouxe para perto de mim, a fiz se sentar no meu colo, agarrei sua cintura e ela estremeceu um pouco. Creio que pela surpresa, pela proximidade. A coelhinha estava acuada de novo.

- Osami chegou da rua chorando. Ela não me disse o problema, mas eu a acalmei e conversei com ela até que dormisse. Como teria feito com qualquer um dos meus irmãos. – Quando terminei de falar, ela respirou um pouco, como se estivesse aliviada. Eu sorri novamente. – Kenko-chan estava com ciúme é?

- Eu... Não... Não posso... – Ela mordeu o lábio e me olhou de novo com seus olhinhos grandes, azuis, suplicantes. Estão vendo? Como eu posso resistir?

- Ciúme não funciona assim. A gente sente e pronto. Acontece. Mas, sabe como o ciúme passa? – Ela me olhou esperando por uma resposta. – Quando descobrimos que a pessoa também gosta da gente como gostamos dela. – Segurei o queixo de Kenko e a trouxe pra pertinho de mim. – E eu... Gosto de você.


Notas Finais


[1]HimeDaiyou é um trocadilho com 'himedere'. Não sabe o que é? Vou te deixar um link explicando:

http://skdesu.com/personalidades-japonesas-deredere-lista-de-personagens/

E btw, a Daiyou não tem nada de 'Hime'. kkkkkk

[2] wwww é a versão japonesa do nosso 'kkkk', vem de 'Warau' que é sorrir/rir. Eles também costumam usar o kanji de warau em mensagens de texto pra dizer que estão rachando o bico. Assim: [ 笑 ]


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