1. Spirit Fanfics >
  2. Six Feet Under >
  3. Struggling Man

História Six Feet Under - Struggling Man


Escrita por: kayalapapaya

Notas do Autor


Olá! Voltei depois de uma semana com mais um capítulo de Six Feet Under. Obrigada pelos reviews, vocês são maravilhosas <3 Boa leitura!

Capítulo 4 - Struggling Man


Durante o resto da tarde, Daisy empenhou-se em manter um diálogo com Tara. A garota havia falado mais com Eugene do que com os outros no últimos dias, e antes disso, com ninguém; também era bom ter uma presença feminina nas proximidades que não fosse Rosita, com seus olhares mal-humorados e respostas curtas.

Chambler não parecia tão à vontade na conversa quanto a russa, e ela respeitou isso, porque sabia exatamente como a morena se sentia. Por isso, ambas evitaram o tópico “passado”, focando-se apenas em conversar sobre coisas mais atuais, como armas e comida. Não eram assuntos tão interessantes, mas Tara, assim como Daisy, tinha muito de piadista embaixo daquela carapuça tímida e fechada.

Entretanto, à medida que o Sol sumia no horizonte e a noite caía, ambas começaram a ficar mais quietas até pararem de falar completamente. A estrada atrás do caminhão tornou-se praticamente invisível, iluminada apenas pela Lua cheia e as estrelas, e o frio começou a impotuná-las. Não era grande coisa para Daisy, mas mesmo assim, ela vestiu seu casaco grande, procurando também um agasalho para Tara e um cobertor para Glenn, que se encontrava deitado no chão entre elas duas. Além disso, Moore dividiu com o resto do grupo parte da comida e fez com que o asiático bebesse mais água; infelizmente, ele que ainda não havia dado sinais de que despertaria nas próximas horas.

Ao fechar a janelinha que os separava das pessoas na cabine, Daisy vislumbrou um pequeno sorriso no rosto de Tara. Ela a encarou com um olhar confuso, e Chambler tratou de se explicar:

— Seu pai é meio assustador.

Moore franziu a testa, e então deu uma risada curta, percebendo que a mulher se referia ao sargento na direção.

— Hum, Abraham não é meu pai — informou.

— Não? — perguntou Tara. Ela olhou pela janela para dentro da cabine, e então novamente para Daisy. — Tem certeza?

As duas riram e a russa balançou a cabeça positivamente.

— Certeza absoluta — respondeu. — Eu estava sozinha quando eles me acharam.

Ela parou um pouco, sem ter certeza do motivo para ter dito aquilo; Daisy havia, voluntariamente, compartilhado algo sobre sua vida com uma completa estranha, e franziu as sobrancelhas por isso.

— Uau — disse Tara, soando assombrada. — Sozinha? Só você?

Daisy riu, tentando desviar o foco da conversa para outra coisa.

— Da última vez que chequei, essa era a definição de “sozinha” — respondeu.

— Isso é bem impressionante — observou Chambler, sem se distrair. — O que aconteceu com sua família?

Aquela era um boa pergunta. Moore sabia o que havia acontecido com a maior parte de sua família, pois presenciara quatro mortes de parentes, e isso fora parte do que a moldara para o novo mundo. Seus avós haviam partido meses depois do começo de tudo, na mesma fazenda que um dia fora lar dos dois. Felizmente, sua mãe e seu pai duraram bem mais, e os três chegaram a se juntar a um grupo grande, antes que o lugar onde haviam estabelecido uma base fosse atacado por mordedores; Daisy teve o infortúnio de ver em primeira mão o que fizeram com seus pais e diversas outras pessoas.

No entanto, havia alguém que continuava um ponto de interrogação na mente da garota, uma pergunta em aberto, e aparentemente permaneceria assim para sempre – mas Daisy não tocaria naquele assunto. Por isso, sua resposta a Tara foi algo simples e rápido:

— Mortos.

Moore viu a mulher de cabelos escuros assentir levemente, abraçando seus joelhos pesarosa, antes de susssurrar:

— A minha também.

Daisy engoliu em seco, sentindo o calor acumular-se atrás de seus olhos e mordeu a parte interna da bochecha, tentando se controlar para não derramar algumas lágrimas. Ela sentia falta dos pais, dos avós e de sua vida antiga todo dia, mas tentava evitar pensar sobre aquilo; dada sua atual situação, a garota sabia que era apenas uma maneira de torturar a si mesma.

Após alguns minutos de silêncio, Glenn moveu-se no chão e murmurou algo ininteligível, surpreendendo as duas garotas sentadas perto dele.

— Glenn? — perguntou Tara, aproximando-se do homem. — Ei, Glenn?

Moore apressou-se em pegar uma garrafa de água enquanto Chambler apoiava o tronco do asiático em sua perna. A garota tentou manter a garrafa firme em sua mão para não derramar o líquido com o balanço insistente do caminhão, pingando-o em poucas quantidades para que ele bebesse.

Mesmo após aquilo, Glenn não abriu os olhos. Ele resmungou mais algumas palavras e xingou alguém, porém continuou a dormir profundamente.

— Pelo menos ele deu sinal de vida — disse Daisy, tentando consolar Tara, que olhava para o companheiro, preocupada. A morena assentiu e tornou a abraçar os joelhos, encarando a estrada invisível atrás do carro.

— Você devia dormir — sugeriu para Moore.

A russa não argumentou, apenas deitou-se com a cabeça em sua mochila, virada para a lateral do caminhão e tentou ignorar o balanço do veículo. Ela adormeceu poucos minutos depois.

Quando Daisy tornou a abrir os olhos, o Sol estava alto no céu. O calor havia voltado, e ela tirou seu casaco, mantendo apenas o suéter azul. A garota sentou-se com cuidado, fazendo caretas quando sentiu o incômodo da noite mal-dormida atingi-la. Seu tornozelo havia melhorado da queda da caçamba do caminão, mas as costas e o pescoço agora doíam como se ela houvesse levado uma surra com um taco de golfe.

Tara estava sentada no mesmo lugar que estivera no dia anterior, devorando o conteúdo de uma lata de abacaxi em calda. Ela sorriu levemente para Moore, que devolveu o gesto enquanto abria sua bolsa, em busca de água.

— Sabe que horas são? — perguntou, bebendo alguns goles de sua garrafa.

— Umas dez e pouco, segundo Eugene — respondeu a mulher, oferencendo a lata para a menina, que pescou alguns pedaços e assentiu.

Daisy cruzou as pernas e olhou para Glenn, que continuava adormecido. Ele não estava tão pálido quanto no dia anterior, com um pouco de cor tendo voltado a seu rosto, mas ainda parecia fraco. Rosita teria de examiná-lo mais tarde, pois nem Daisy nem Tara saberiam dizer se ele estava de fato melhor ou não.

— E esse cara? — indagou Moore. — Deu água pra ele?

Chambler assentiu.

— Espero que ele acorde logo — comentou a mulher. — Está há muito tempo sem comer, não é saudável.

A garota concordou com a cabeça, mas não insistiu no assunto, encostando-se na carroceria do caminhão e suspirando. Ela admirou a paisagem pala qual passavam, composta por árvores altas e mais arbustos; volta e meia, a ruiva conseguia ver alguns coloridos, como os que haviam no lago. Daisy queria pedir para Abraham parar o carro para que ela pudesse pegar algumas amoras, mas sabia que era muito mais fácil um mordedor criar asas.

Em certo ponto, depois de quase uma hora inteira de silêncio, Moore percebeu que Tara anotava algo em sua mão. Ela quis perguntar o que era, mas naquele instante, Glenn se moveu bruscamente, sobressaltando-a. Ao olhar para baixo, Daisy viu que ele estava de olhos bem abertos, e parecia muito desorientado.

— Ei — disse, tentando não assustá-lo. O asiático a olhou com uma expressão totalmente desconfiada, e tentou se levantar, mas a garota pôs uma mão em seu peito, empurrando-o para baixo novamente. — Não se mova — pediu, pescando sua garrafa na bolsa.

— Quem é você? — perguntou ele. Sua voz soava mais jovem do que Daisy imaginara, e estava rouca, talvez por falta de uso. — Onde está Tara?

— Bem aqui, amigão — disse Chambler, aproximando-se. — Esta é Ginger, ela está ajudando.

— Onde estamos? — questionou Glenn.

— Eu não sei — respondeu Tara, dando de ombros. — Estávamos lutando contra mordedores e você desmaiou. Eu não sabia o que fazer, a traseira do caminhão parecia mais segura que a estrada.

— Você estava desidratado — esclareceu Daisy, recebendo um olhar confuso de Glenn ao estender-lhe a garrafa de água.

— Obrigado — disse ele, bebendo alguns goles até parecer lembrar-se de algo. Ele ergueu-se em seus joelhos e olhou a estrada em volta, e então virando-se novamente para Tara. — Passamos um ônibus? — perguntou. — Na estrada, nós passamos um ônibus?

— Sim — confirmou ela.

— O que você viu? — perguntou o asiático. Tara hesitou, olhando-o preocupada, e ele pressionou: — O que você viu?

— Estavam todos mortos — respondeu a garota por fim, fazendo com que Daisy erguesse as sobrancelhas.

— Há quanto tempo passamos?

— Umas três horas — disse ela.

Glenn respirou pesadamente e virou-se para a divisória, batendo nela com o punho fechado.

— Ei! — chamou. — Pare o caminhão!

— Ele não vai parar — informou Daisy, sendo totalmente ignorada. Ela viu claramente quando Abraham mostrou o dedo do meio, sem ligar nem um pouco para o pedido do rapaz, mas aquilo só o deixou com mais raiva:

— Pare o caminhão! — mandou, esmurrando o vidro. Logo, Tara juntou-se ao homem, estapeando a cabine com a mão aberta.

— Ei, idiota, pare o caminhão!

Daisy rolou os olhos, impaciente, mas então lembrou-se da esposa de Glenn, Maggie, segundo Tara. Ela sentiu pena dele, preso ali sem nenhuma pista do estado de sua companheira e apertou os lábios.

Blyad' — resmungou em voz baixa, antes de esticar o braço pra fora da caçamba e começar a bater na janela de Eugene. — Abraham, pare o caminhão! — berrou em sua voz aguda.

Àquele ponto, Glenn parecia ter perdido as estribeiras e pegou sua arma, virando-a para a janela que os separava do trio na cabine. Ele preparou-se para bater nela e Moore arregalou os olhos.

— Ah, cara, não faz isso n...

— Pare o caminhão! — ele a interrompeu, gritando para Abraham e batendo a arma contra o vidro com violência algumas vezes. — Pare o caminhão!

Na última vez, porém, os golpes surtiram efeito e o vidro rachou, fazendo com que Rosita encolhesse o ombro. Imediatamente, o veículo começou a desacelerar, e Daisy temeu o que viria a seguir.

Mesmo assim, a garota caminhou em direção à portinhola do carro, abrindo-a e saltando de lá com dificuldade. Ela foi seguida por Glenn, com sua mochila laranja já nos ombros, e Tara, que empunhava sua faca. Logo, Abraham, Rosita e Eugene haviam saído da cabine e se juntado aos três.

— Aonde você está indo? — perguntou o sargento a Glenn. Sem resposta, ele recorreu a Tara: — Aonde ele está indo? — Ao ser ignorado pelos dois, Ford pareceu ainda mais zangado. — Eu não sei o que sua amiga lhe contou sobre a natureza especial de nossa missão, mas essa merda é muito importante e já estamos bastante atrasados — informou, apressando o passo até para em frente ao asiático, bloqueando-lhe o caminho —, então eu preciso que vire sua bunda pra lá e entre no caminhão.

— Eu tenho que ir — falou Glenn, simplesmente. Ao tentar afastar-se, ele foi barrado novamente por Abraham.

— Parece que nenhum de vocês esteve prestando a devida atenção ao inferno na terra que estamos vivendo, então deixe-me contar como evitar se tornar mais um morto-vivo safado — o sargento retomou a fala. — Você acha alguns companheiros fortes e inteligentes, e fica junto deles como água no molhado. Precisamos de pessoas, quanto mais melhor; precisamos um do outro, parceiro, porque mesmo com todo esse equipamento, você não vai durar uma noite, não sozinho.

— Vou tentar a sorte — disse o rapaz, tentando afastar-se e novamente sendo contido por Abraham.

Daisy aproximou-se da cena, a arma já em mãos, e trocou um olhar preocupado com Rosita. Após alguns dias convivendo com Ford, ela logo descobrira que o homem tinha uma leve tendência a ser briguento, e esperava que ele não fosse tentar nada contra Glenn; o coitado já estava acabado suficiente sem a ajuda do soldado.

— Eu vou ter que insistir que você espere a porra de um minuto — disse o ruivo, epurrando o outro para trás novamente; tal cena a lembrou de quando Rosita a encurralara no lago, logo após sua conversa com Eugene, e Moore sentiu outra pontada de solidariedade em relação ao asiático. — Acredite ou não, o destino da droga da raça humana inteira pode depender disso.
Glenn afastou a mão de Abraham com violência, olhando-o, furioso.

— Do que você está falando? — perguntou. Ele então virou-se para Tara: — Quem é esse cara?

— Sou o sargento Abraham Ford — informou o homem. — E aqueles são meus companheiros, Rosita Espinosa e Dr. Eugene Porter — ele acenou em direção a Daisy: — Você já conheceu Ginger. Estamos numa missão para levar Eugene a Washington D.C. Eugene é um cientista, e ele sabe exatamente o que causou essa bagunça.

Passaram-se alguns segundos enquanto Glenn absorvia a informação. Ele olhou para Eugene, parecendo desconfiado e perplexo ao mesmo tempo, então passou a mão pelos cabelos e voltou-se para Abraham:

— Certo, então o que aconteceu?

— É confidencial — esclareceu o cientista.

— Ele esteve falando com os manda-chuvas em D.C. por um telefone via satélite — contou Ford. — Mas nas últimas semanas... ninguém tem atendido do outro lado. E vimos como vocês lidaram com aqueles corpos lá atrás, podemos usar sua ajuda.

— Desculpe — pediu o rapaz, antes de voltar a andar.

Daisy sentiu-se desanimada ao ver que Tara o estava seguindo e perceber que, logo, estaria só na caçamba novamente. Ela realmente havia gostado da garota, e repreendeu-se por isso; quanto mais se gosta de algo, mais difícil é na hora de dizer adeus.
No entanto, Abraham não deixaria aquilo acontecer. Claro, não foi pelo motivo de Moore que o homem seguiu atrás dos dois, mas ele o fez, e Rosita também. A garota ficou um pouco mais atrás, tentando manter um olho no quarteto que se afastava e o outro em Eugene, que não parecia animado em ir com os outros.

— É uma perda de tempo — ela ouviu Abraham dizer. — Tara nos contou o que aconteceu e há zero chances de você encontrar sua esposa novamente, morta ou viva. Principalmente porque, desculpe lhe dizer, ela está morta, e não há necessidade de você ir junto. — Ele parou por alguns segundos, tendo em vista que o rapaz também havia parado, e Daisy fez uma careta com as palavras ásperas do soldado. Ela não sabia nada sobre Maggie, mas não diria a Glenn que a mulher estava morta; era cruel e denecessário. — Agora vamos — chamou Abraham —, entre no caminhão e faça algo com sua vida. — Glenn largou sua bolsa no chão após a última frase, fazendo com que o soldado continuasse a falar: — Mesmo quando as pessoas que nós amamos morrem, quando desaparecem... não significa que você tenha que ir pelo mesmo caminho também.

Instantes se passaram e Glenn segurava sua mochila no chão apenas pela alça, perecendo ter se dado por vencido. Aquilo fez com que a ruiva sentisse ainda mais pena, mas o sentimento não durou muito, porque ele virou-se e socou Ford no rosto de súbito, derrubando-o. Daisy arquejou alto, arregalando os olhos.

— Ela está viva — cuspiu. — E eu vou encontrá-la.

A russa avançou, devolvendo a arma para o coldre e andando em direção a Abraham, procurando ajudá-lo. No entanto, o sargento não precisou, porque mal Glenn começou a se afastar novamente, ele pôs-se de pé.

— Filho da puta! — gritou, correndo em direção ao outro como um jogador de futebol americano faria e jogando-o no chão.

Assim, Daisy apressou o passo, agora correndo em direção aos homens que brigavam no chão para apartar o conflito, e sendo acompanhada por Rosita e Tara. Chambler foi a primeira a chegar, sendo seguida da hispânica, e ambas começaram a puxar Ford.

— Saia de cima dele! — mandou Tara, puxando o ruivo pelo braço. — Saia, vamos!

Abraham empurrou a garota e um de seus pés bateu em Rosita, fazendo com que as duas se afastassem. Ele virou Glenn para cima, aparentemente tentando lhe aplicar um mata leão, mas falhando.

Daisy os alcançou quando o asiático havia se livrado do aperto de Ford e invertido as posições agora socando-o. Ela tentou puxá-lo, segurando em seu cotovelo esquerdo, mas tudo que conseguiu foi levar um golpe no olho.

Moore não pode evitar um grito quando caiu no chão, desorientada, e sentiu a lateral de seu rosto explodir com a dor. Ela nunca havia levado um soco antes, especialmente não de um homem adulto, e encolheu-se no asfalto apertando a parte machucada do rosto; aquilo deixaria uma marca.

Tara e Rosita não haviam ido ampará-la, ocupadas demais com o ruivo que estava novamente sobre Glenn, enforcando-o. Daisy forçou-se a levantar para evitar que Ford fizesse algo do qual se arrependeria, ficando de gatinhas e sentindo o mundo dar uma volta completa ao seu redor.

No entanto, a confusão só acabou realmente quando os cinco ouviram tiros sendo disparados logo atrás deles. A garota conseguiu ficar de pé debilmente, sentindo o peso do corpo pender para a direita e olhando a cena que se desenrolava perto do veículo, confusa.

Eugene estava lá, segurando uma arma automática e disparando a esmo enquanto tentava acertar diversos mordedores que haviam surgido, aparentemente do nada. Aquilo foi o suficiente para que Abraham esquecesse da briga e de seu oponente, olhando Porter incrédulo, enquanto ele quase os atingia com uma saraivada de balas mal direcionadas. Daisy teve de se abaixar novamente para evitá-las, mas logo colocou-se de pé, puxando seu revólver do coldre e correndo em direção ao homem o mais rápido que podia.

Abraham, Tara, Glenn e Rosita a seguiram, enquanto o soldado mandava Eugene parar de atirar. Os quatro pegaram armas na caçamba do caminhão, e logo todos estavam atirando contra os mordedores. Daisy achou difícil mirar com um olho machucado, mas ainda assim, errou pouquíssimos tiros. Logo, todos os cadáveres eram apenas isso – cadáveres.

A garota baixou a arma, colocando novamente uma mão sobre o olho e sentindo que começava a inchar. Tendo o eco dos tiros cessado, ela pôde ouvir o barulho de algo líquido derramando. No começo, pensou que fosse apenas o garrafão de água, que infelizmente fora atingido pelos disparos desajeitados de Eugene, mas quando Abraham se abaixou, ela viu que o caminhão agora vazava.

— Filho da puta! — repetiu Ford, agachado perto do veículo.

— O que aconteceu? — questionou a menina, aproximando-se.

O sargento apenas balançou a cabeça, entregando-lhe a arma que tomara de Porter e se enfiando debaixo do caminhão. Daisy guardou sua pistola, segurando o que parecia ser um rifle automático com dificuldade; era bem mais pesado do que parecia. Ela nunca havia aprendido a usar um, porque seus pais nunca viram necessidade em ensiná-la, embora ambos soubessem como manusear armas grandes.
Glenn e Tara também se aproximaram, ao passo que Rosita se encostou no caminhão, parencendo cansada. A ruiva então colocou-se ao lado de Eugene, que observava o sagento tentar descobrir o que havia de errado em seu carro.

— Estávamos comandando um comboio com um desses — contou Abraham de repente, atraindo a atenção dos demais. — Na subida de uma duna tinha um camelo parecendo prestes a vomitar, provavelmente porque o inimigo enfiou dois quilos de C-4 na bunda dele. Estávamos a seis metros da explosão que mandou a corcova do bicho meio quilômetro pra dentro do deserto, e nós voltamos pra casa. — Ele saiu debaixo do veículo, sentando-se e encarando Eugene. — Então você me explique: como conseguiu matar a porra do caminhão?

— Um estado alterado de medo e ignorância em armas de tiro rápido — esclareceu o homem, falando rápido. Daisy deu uma risadinha, sendo repreendida por Ford, que a olhou feio.

— Sinto muito pela sua carona — disse Glenn, aproximando-se do soldado e devolvendo a arma que tirara do caminhão. — Espero que consigam chegar em Washington.

Ele começou a se afastar, e Tara caminhou até Rosita, lançando um último olhar a Moore. A garota entregou a arma à mulher hispânica, assim como seu companheiro, e correu em direção a ele.

— Espere por mim! — pediu.

Espinosa encarou o sargento por um milissegundo antes de se virar na direção contrária e começar a andar atrás dos dois que se afastavam.

— O que mais vamos fazer? — perguntou.

— Ir pra Washington — respondeu Abraham, agora gritando. — Salvar a porra do mundo todo!

Mesmo assim, Espinosa não olhou para trás nenhuma vez, continuando no mesmo ritmo que a dupla à frente. Eugene aproximou-se de Abraham, encarando-os.

— Aquele lado está limpo, ninguém sabe o que há a norte — falou em seu tom robotizado e recebendo um olhar incrédulo do soldado. — Acharemos outro veículo, vamos com eles até lá. Confie em mim, sou mais inteligente que você.

Assim, Porter aproximou-se da traseira do caminhão, puxando de lá um par de bolsas, e logo Abraham o imitou, mesmo a contra-gosto. Daisy pendurou o rifle em seu ombro e subiu uma última vez na caçamba, pegando sua mochila para descer novamente. Ela dividiu a carga dos outros, levando uma sacola de pano que continha munição, e logo os três estavam seguindo atrás de Glenn, Tara e Rosita.


Notas Finais


Beijinhos e até o próximo!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...