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História Six Years - 11. does she really exist?


Escrita por: intensive

Capítulo 12 - 11. does she really exist?


Fanfic / Fanfiction Six Years - 11. does she really exist?

Algumas semanas antes de Lauren me deixar, quando ainda éramos loucamente apaixonadas uma pela outra, fugimos dos nossos retiros em Gainesville para fazer uma visita a Golden West.

– Quero descobrir porque esse lugar significa tanto para você – dissera ela.

Recordo-me muito bem de seus olhos que brilhavam ao caminhar de mãos dadas comigo pelo campus. Lauren usava batom escuro e um sobretudo preto que quase chegava ao seus joelhos, e eu observava seu cabelo bagunçando pensando em como era adorável. Ela parecia mais uma modelo fora de trabalho.

– Quando você ainda estudava aqui, para onde levava as colegas de que estava a fim? – perguntou.

– Direto para a cama.

Lauren bateu no meu braço com ar serelepe.

– Estou falando sério. E estou ficando com fome.

Então fomos ao Julie’s. Julie fazia uma torta holandesa divina, de sabor limão. Lauren adorou. No tempo em que eu a admirava, ela observava tudo – os quadros, a decoração, a pequena televisão, o cardápio.

– Quer dizer que era aqui que você trazia suas namoradas?

– Só as de classe – respondi.

– Espere aí, e onde você levava as outras?

– Ao Harver’s. A toca aqui ao lado – falei enquanto sorria. – Jogávamos roleta de camisinha.

– Como é que é?

– Não com as garotas que me interessavam. Era uma brincadeira. Ia lá com o grupo de amigos. O banheiro tinha uma dessas máquinas automáticas de camisinha.

– Máquinas de camisinha?

– Sim.

– Daquelas que as pessoas põem moedinhas?

– Isso mesmo – falei.

Lauren franziu a testa.

– Que elegante!

– Ok, eu sei.

– E quais as regras desse jogo?

– É muito bobo.

– Não está pensando que vai escapar tão fácil assim, está? Vamos lá, eu quero ouvir.

E então ela abriu um sorriso. Aquele sorriso que me nocauteava.

– Tudo bem – cedi. – Você joga com cinco pessoas... É tão idiota!

– Por favor. Estou adorando. Você joga com quatro pessoas... – Ela gesticulou para que eu continuasse.

– As camisinhas vêm em cinco cores – relatei. – Vermelho-cardinal, azul-turquesa, amarelo-canário, verde-abacate e laranja-laranja.

– As duas últimas você inventou.

– Era algo assim. O importante é que elas vêm em cinco cores, mas você não consegue saber a cor até abri-las. Então cada pessoa colocava dois dólares no meio da mesa e escolhia uma cor. Então, um de nós ia até a máquina pegar a camisinha embalada. Uma pessoa fazia o rufar dos tambores e outra pessoa incorporava o locutor esportivo. No final, abriam a embalagem e quem tivesse escolhido a cor certa ficava com todo o dinheiro.

– Que emocionante.

– É, mas... – falei. – O vencedor pagava a próxima rodada de vodka e whisky, então não dava tanto lucro. Kurt, o dono do bar, acabou tornando isso um jogo de verdade, com regras, placar, competições e tudo mais.

Ela pegou minha mão.

– Vamos jogar?

– O que, agora? Não mesmo.

– Por favor!

– Sem chance.

– Quem sabe depois do jogo – cochichou Lauren, torturando-me com seu olhar provocante – podemos brincar com a camisinha.

– Escolho vermelho-cardinal.

Ela riu. Eu podia ouvir aquele som quando entrava no Julie’s, como se sua risada ainda estivesse ali, debochando de mim. Eu não ia lá fazia... bem, seis anos. Meu olhar seguiu direto para a mesa onde um dia havíamos nos sentado. Estava vazia.

– Camila?

Olhei para o lado. Keana Issartel estava sentada perto da janela, com seus cotovelos cruzados. Ela não acenou nem sorriu, manteve-se em sua posição – que em geral desconfiada, agora parecia estar toda errada. Sentei na cadeira diante dela e ela  mal levantou a cabeça.

– Oi – cumprimentei.

Ainda sem olhar para mim, Keana disse:

– Preciso que me conte a história toda, Camila.

– O quê? Por quê? O que houve?

Ela finalmente levantou a cabeça e cravou seus olhos em mim. Eu me sentia em meio a um interrogatório. Era a primeira vez que via Keana assim; como uma agente do FBI.

– Você realmente namorou com ela?

– O quê? É claro que sim.

– E por que quer encontrá-la assim, do nada?

Pestanejei.

– Camila?

O e-mail.

                Você fez uma promessa.

– Eu lhe pedi que me ajudasse. – falei.

– Eu sei.

– Ou você me diz o que descobriu ou deixamos isso para lá. Por que quer saber mais?

A jovem garçonete – Julie gostava de contratar alunas da faculdade – nos deu o cardápio e perguntou se desejávamos beber alguma coisa. Pedi um café irlandês. Logo quando ela saiu, Keana voltou seu olhar rígido para mim.

– Quero ajudá-la, Camila.

– Talvez seja melhor esquecermos isso.

– É uma piada?

– Não. – respondi. – Ela queria que eu a deixasse em paz. Eu devia ter a escutado.

– Quando?

– Quando o quê?

– Quando ela lhe pediu isso?

– Por que isso importa?

– Apenas me responda, ok? Pode ser de extrema importância.

– Como? – mas acabei perguntando-me que mal haveria nisso, então respondi: – Há seis anos.

– Você ainda estava apaixonada por ela.

– Sim, eu estava.

– Isso foi logo depois do término?

Assenti.

– Quando ela se casou com outra pessoa. Um homem.

Essa descoberta fez Keana pestanear. O olhar rígido desapareceu por um momento.

– Deixe-me entender: você foi ao casamento dela? Ainda não havia a esquecido? Que pergunta idiota! É claro que não. Nunca a esqueceu. Então você foi ao casamento e Lauren lhe disse para deixá-la em paz?

– É, mais ou menos isso.

– Deve ter sido uma baita cena!

– Não foi como parece. Havíamos acabado de terminar. Ela quis ficar com outra pessoa. Um ex-namorado. Eles resolveram se casar logo depois. – Tentei mostrar como se não me importasse. – Acontece.

– Você acha mesmo? – Keana perguntou se aproximando, como se fosse uma caloura confusa. – Prossiga.

– Prosseguir com o quê? Eu fui ao casamento. Lauren me pediu que respeitasse sua decisão e os deixassem em paz. Eu respeitei.

– Você obteve algum contato com ela depois disso?

– Não.

– Tem certeza?

Notei como Keana era boa nisso. Eu havia jurado a mim mesma que não abriria a boca, mas agora não conseguia parar de falar.

– Sim, tenho certeza. Não tivemos nenhum contato.

– E você tem certeza que o nome dela é Lauren Jauregui?

– Eu não me enganaria sobre isso. Sem mais perguntas. O que você descobriu, Keana?

– Nada.

– Nada?

A garçonete voltou com um sorriso no rosto.

– Julie acabou de fazer essa torta holandesa.

Sua voz possuía o tom alegre da juventude. O cheiro da torta me levou de volta à minha última visita àquele local, seis anos antes.

– Alguma dúvida com o cardápio? – perguntou a moça.

Apesar do esforço, não consegui responder.

– Camila? – chamou Keana.

Engoli em seco.

– Nenhuma dúvida.

Keana pediu bolo de laranja com calda de açúcar, e eu, um sanduíche de peito de peru com mussarela e tomate. Quando a garçonete saiu, inclinei-me sobe a mesa.

– O que significa “nada” ?

– Qual a parte do “nada” você não entendeu, Camila? Não encontrei nada sobre sua ex. Niets, zilch, rien. Residência, declaração de imposto de renda, poupança bancária, fatura de cartão de crédito, nada, nada, nada. Não há nenhum indício de que sua Lauren Jauregui sequer exista.

Tentei compreender aquilo.

Keana voltou a apoiar os cotovelos na mesa.

– Você tem ideia de como é difícil desaparecer do mapa assim?

– Pra ser sincera, não.

– Hoje em dia, com rastreadores e toda essa tecnologia? É praticamente impossível.

– Talvez haja uma explicação.

– Qual, por exemplo?

– Ela pode ter se mudado para o exterior.

– Se tivesse ido, haveria um registro de saída do país. Mas não há nada. Nenhuma solicitação de passaporte. Nenhuma entrada nos computadores. É como eu disse...

– Não há nada – repeti.

Keana balançou a cabeça.

– Ela é uma pessoa. Ela existe – novamente afirmei.

– Existia. O último endereço que tivemos dela era de seis anos atrás. Sabemos que tem uma irmã chamada Taylor Alison Swift. A mãe, Clara Jauregui, mora num asilo. Você sabia disso?

– Sim.

– Com quem ela se casou?

Eu deveria responder essa pergunta? Não vi problema algum.

– Luís Felipe Santos.

Keana anotou o nome.

– E por que você decidiu procurá-la agora?

                Você fez uma promessa.

– Isso não tem importância – respondi. – Talvez eu deva esquecer tudo isso.

– Você não está brincando, está?

– Não. Foi o impulso. Já faz muitos anos. Ela casou-se com outra pessoa e me fez prometer que a deixaria em paz. Por que procurá-la?

– É exatamente isso que me deixa curiosa, Camila.

– O quê?

– Você não quebrou a promessa durante seis anos. Por que mudou de ideia assim, tão de repente?

Não queria responder, e outro detalhe estava começando a me perturbar.

– Por que você quer tanto saber?

Silêncio.

– Pedi um favor. Você poderia dizer simplesmente que não encontrou nada sobre Lauren. Por que todas essas perguntas sobre ela?

Keana pareceu perplexa.

– Eu só estava tentando ajudar.

– Você está escondendo alguma coisa.

– Você também – revidou Keana. – Por que agora, Camila? Por que ir atrás dela agora?

Olhei para a torta. Uma leve lembrança veio á minha mente. Aquele dia, nesse mesmo restaurante, há seis anos, a maneira como Lauren pegava pedaços e passava manteiga de amendoim neles, com um olhar centralizado, o modo como apreciava tudo ao seu redor. Quando estávamos juntas, até as coisas mais fúteis ganhavam importância. Completas era a palavra certa para como nos sentíamos.

                Você fez uma promessa.

Todavia, mesmo depois de tudo o que havia acontecido, não conseguia traí-la. Idiotice? Sim. Ingenuidade? Demais. Mas eu não conseguia, de jeito nenhum.

– Conte-me, Camila.

Fiz sinal de negação com a cabeça.

– Não.

– Por que não, meu Deus?

– Quem pediu peito de peru com mussarela e tomate?

Era outra garçonete, menos disposta e mais angustiada. Levantei a mão.

– E o bolo de laranja com calda de açúcar?

– Embrulhe para viagem – ordenou Keana, antes de levantar-se. – Perdi a fome.


Notas Finais


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