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História Skater Boy - Ninguém Caminha Sozinho


Escrita por: Kalish

Capítulo 2 - Ninguém Caminha Sozinho


“Ela morreu? ”

“Alguém liga para a emergência, ela ‘tá sangrando”

“Eca”

“Essa menina estuda aqui? ”

“Caralho, o emo tentou matar a estranha”

As vozes se misturavam ao meu redor e consegui abrir meus olhos, pelo menos umas sete cabeças surgiram em cima de mim. Pude reconhecer algumas como, Sasuke, Ino, Suigetsu e Karin. Os outros vestiam o blusão do time de futebol. Levei minha mão até o local que ardia em minha cabeça.

– O que aconteceu? - Perguntei em voz baixa.

– Vamos, ela está bem – Karin saiu puxando Suigetsu e os outros desconhecidos.

– Olha – Ino olhou rapidamente para Sasuke – eu já chamei a emergência, eles devem chegar logo – e se afastou, sobrando ali apenas Sasuke e poucos curiosos.

– Eu acabei caindo e o skate foi arremessado em sua direção – Sasuke sentou ao meu lado.

– Você tacou esse treco em mim? - Eu continuava deitada.

– Eu não taquei nada em você, eu caí – ele tirou o moletom, puxou minha mão e pressionou o pano em minha testa – acho que você vai precisar de alguns pontos.

– Você tacou um skate em mim e ainda me desfigurou? O que eu fiz para você Uchiha?           

Ele estreitou os olhos e me ignorou, ficamos em silêncio até os paramédicos chegarem. Enquanto eles me examinavam Sasuke se levantou, embolou o moletom e se virou.

– Não vai me pedir desculpa?

– Você não deveria ficar tão perto do bowl – ele disse se afastando.

– Você me deve desculpas, Uchiha.

– E você me deve um Skate novo – ele levantou o skate rachado nas mãos ainda de costas.           

Eu nunca tive nada contra aquele magricela emo, até hoje. O dia que me fez sair carregada da área de esportes da escola, por onde eu passava com uma atadura enorme na cabeça e no meio daqueles enfermeiros todos nos olhavam. E eu odeio ser o centro das atenções.           

E o que essa gracinha me rendeu? Dois dias de atestado, cinco pontos e uma cicatriz no meio da testa. Agora imagine só uma garota de um metro e sessenta, de cabelo curto e tingido de rosa, com uma testa enorme e de enfeite cinco pontos bem no centro. Eu agradeceria se me deixassem de atestado até que esses malditos fios negros caíssem.           

Com a descrição anterior quem não chamaria atenção? Eu que já estava acostumada a não ser percebida, por onde andava agora era o centro de toda atenção. Os corredores da escola que antes pareciam tão enormes, hoje estão pequenos demais. Alguns me olham assustados e outros começam a rir.

– Olha quem voltou do mundo dos mortos – Suigetsu parou em minha frente, acompanhado pela sua trupe.

– Ela é tão chamativa que nem sabia que essa coisinha estudava aqui – e todos voltaram a sorrir – o que acha Ino? - Então essa foi a deixa para a rainha.           

Ino me encarou por alguns minutos, estava em um conflito interno. Era a hora da abelha rainha se mostrar e ser tão desprezível quanto sua turma, mas pelo modo que me tratou no dia do pequeno acidente, eu sabia que não era aquilo que ela realmente queria.           

E no fundo nada daquilo me afetava, eu já estava acostumada a ouvir algumas asneiras da turma dos populares, e eu realmente não ligava. Para mim tudo aquilo não passava de um show barato. Já ouviram falar que “…os populares de hoje limparão os carros dos nerds amanhã. ” Então, me seguro fielmente nessa afirmação.           

Por fim, Ino olhou em meus olhos vestindo sua melhor máscara, a de superior, e já andando pelo corredor soltou, friamente.

– Ela nunca importou, não é por um corte na testa enorme que merece atenção.           

Perversa, como sempre. Eu ainda era poupada muitas vezes, a trupe fazia coisas piores com aqueles que tentavam chamar a atenção deles, como meninas que se espelhavam nas líderes de torcida, mas não “eram o bastante” na opinião medíocre deles, ou aquelas que demostravam estar apaixonadas por um dos caras do time.           

Comecei a andar para o lado oposto de Ino, e ainda pude ouvir os chiados e risadas dos que tinham ficado para trás. Ela sempre fazia um ótimo trabalho. Caminhei até o pátio externo onde dava acesso à área de esportes da escola, uma longa jornada de três minutos e meio até chegar no bowl.           

E lá estava ele, sentado na beira do bowl sem se importar com os outros garotos que passavam a centímetros dele com seus skates tinindo pelo cimento. Sentado, com o gorro da blusa de frio na cabeça e com seus fones. Um rock bem pesado soava. Me sentei ao seu lado e puxei um dos fones.

– Assim vai ficar surdo.

– ‘Ta querendo pegar mais alguns dias de atestado?

– Uou, qual é o seu problema? - Ele me olhou rapidamente. Tinha cara de pouquíssimos amigos, mas eu não ligava de qualquer forma – por que não está andando hoje?

– Por que meu skate quebrou, esqueceu ou está se fazendo de sonsa?

– Tão mal-humorado, credo.

– O que você quer? - Me encarou.

– Você me deve desculpas, se não fosse por você as pessoas não estariam pegando no meu pé.

– Foi um acidente, não te machuquei por que eu quis.

– Essa é sua forma de me pedir desculpas? - Arqueei minhas sobrancelhas.

– Não vou pedir desculpa, não seja irritante.           

Então sua atenção se desviou para um ponto logo atrás de mim, curiosa segui seu olhar. Ino vinha em nossa direção, com passadas longas e firmes. Assim que passou por trás ela nos olhou, foram segundos tensos. Seu olhar passou pelo meu, e logo alcançou o de Sasuke. E sem dizer nenhuma palavra continuou a caminhar, imponente até se reagrupar.

– E lá se vai a abelha rainha e suas fiéis seguidoras, patético.

– Ela não é tão ruim assim – ele quase sussurrou, ainda mantinha seu olhar sobre ela.

– Não, ela é ainda pior – ele me olhou curioso, e eu observava o grupinho – ela sabe o que faz, tem consciência do que causa, até arrisco dizer que de vez em quando se coloca no lugar de seus alvos, mas, mesmo assim, continua.

– Ela tem aqui o que nunca teve em casa – eu o olhei curiosa dessa vez – atenção.

– Oh, pobrezinha. Ela não tem atenção em casa e por isso se acha no direito de humilhar as pessoas, isso só a faz parecer bem pior.           

Ficamos em silêncio, voltamos nossa atenção para o bowl. Ambos pensativos, eu consigo analisar gestos e olhares, mas ainda não tenho a capacidade de ler mentes. Aquela pequena conversa me deixou ainda mais curiosa quanto ao misterioso Uchiha. Como ele sabia tanto sobre Ino? Ao falar de atenção familiar, pareceu querer se justificar também.

– Ei, teme – meus pensamentos foram dispersos pelo grito – não sabe o que aconteceu – Naruto estava de pé ao lado de Sasuke – a megera loira acabou com aquela esquisita de cabelo rosa, aquela que você acertou com o skate, já viu a testa dela? Os pontos parecem letras neon que brilham falando “me zoem”.           

E ele caiu na gargalhada, Sasuke o olhava e fez um som com a garganta, mas não foi o suficiente para o loiro parar, ele diminuiu as gargalhadas e continuou a tagarelar.

– Sério, não sei como você é apaixonado pela Ino. Que malvada, me deu até dó da esquisita.           

Sasuke apenas se levantou e saiu, quando Naruto olhou para onde ele estava sentado e me viu, coçou a cabeça com uma das mãos e sorriu sem graça chacoalhando a outra em minha direção.

– Ah, você está aqui. Que surpresa – e ele parecia realmente surpreso.

– Olha – me levantei e bati as mãos na calça – você não deveria sair gritando aos quatro ventos por quem ele é apaixonado – me aproximei e bati em seu ombro – assim vai acabar perdendo o único amigo que tem.

– Ei – ele se apressou em me acompanhar – eu tenho outros amigos.

– Tem sim – meu tom irônico o irritou.

– Sim, eu tenho – ele me parou – você que é esquisita e está sempre sozinha.

– De amigos você fala daqueles dois loucos que treinam com você? - Ele concordou e eu comecei a rir – cai na real, eles só te aturam por que você é muito bom e eles querem aprender e sugar tudo que puderem.

– O que? – Seu rosto enrugou.

– Vai me dizer que nunca ouviu os suspiros de Lee quando você se aproxima no intervalo? Ou Tenten revirando os olhos quando você começa a gritar os chamando pelos corredores.

–  Você é tão malvada quanto ela – ele estreitou os olhos.

– Não sou malvada, Naruto. Só que agora fiz você enxergar as pessoas que te cercam com outros olhos. Aqueles dois tentam a todo custo de colocar para baixo, só por que você é melhor do que eles – voltei a andar – é melhor estar sozinha do que mal acompanhada.

–  Que besteira – ele gritou – essa conversa ainda não acabou.           

Posso até parecer um pouco malvada sim, mas as vezes algumas verdades devem ser ditas. Depois que o loiro fez amizade com o emo, ele passou a chamar minha atenção. Naruto Uzumaki, primo de Karin Uzumaki, uma das líderes de torcida mais maldosas, com mais práticas de bullying em sua ficha, mas deixe o assunto “noiva do capeta” para depois.           

Naruto é daquele tipo de garoto que até poderia chamar atenção pela beleza. Poderia, mas não consegue, porque a beleza é totalmente descartada, o cara é muito lerdo, desengonçado, escandaloso e força barra. Quem quer alguém gritando asneiras em seu ouvido? Exatamente, ninguém. Ele tem potencial, o cara é alto, tem olhos claros, cabelos loiros rebeldes e é o melhor em artes marciais da região, assim nem preciso falar sobre os músculos que ficam salientes no uniforme colegial. Mas o cara é um pé no saco.           

E depois de um tempo de observação, vi o quanto ele era sozinho. Tão semelhante a mim, ou ao emo magricela. Deve ser por esse motivo que ele forçou uma amizade com Sasuke. O que fez surgir uma quantidade mínima de afeto pelo escandaloso, e a raiva pelos dois aproveitadores veio junto. Lee e Tenten são fissurados em lutas e combates, e os dois têm ciência do quanto o loiro é melhor do que eles, e levam aquele ditado ao pé da letra… “mantenha seus amigos próximos, e seus inimigos mais próximos ainda”

 

 

            …

           

O último sinal logo soou, os alunos saiam apressados da classe. Eu como todos os dias não tenho pressa, a rotina em casa não me favorece. Sabe como são as coisas, pais muito ocupados e dando sempre a desculpa de que estão cuidando do meu futuro. Assim que passei pelo portão principal percebi que estava sendo seguida, sim seguida porque as pessoas que vão para o mesmo lado da cidade que eu, sempre vão de carro.

Olhei para trás e vi o Uzumaki a apenas alguns passos. Continuei a andar, até que ele me alcançou, e ainda assim continuou andando ao meu lado. Parei e o fitei, ele fez o mesmo.

– O que você está fazendo? – Perguntei olhando-o.

– Te acompanhando até em casa – ele disse voltando a andar.

– Como assim? – Dei longos passos até alcança-lo.

– Você não vai mais ser a esquisita que só anda sozinha.

Minhas sobrancelhas se uniram, formando um vinco em minha testa. O que diga-se de passagem doeu pra caralho, os pontos continuavam ali e o local ainda estava dolorido. Puxei ele pela camisa.

– Você não vai fazer isso – ele se assustou pela agressividade – eu gosto de ser a esquisita que só anda só.

– Ninguém gosta de estar sozinho o tempo inteiro – ele pegou na minha mão e começou a caminhar me puxando – sei que mora no mesmo bairro que eu, e ignora todo mundo por lá. Sasuke mora duas ruas acima da sua casa, amanhã estarei te esperando para irmos juntos a escola.



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