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História Skinny Love (Sendo reescrita) - Ashamed


Escrita por: arabella70head

Notas do Autor


Aqui estou eu de volta, depois de 84 anos ~ainda tem alguém vivo aqui?~ 👻

Enfim, espero que gostem do capitulo e não me abandonem, pleeese ❤
Boa leitura

Capítulo 29 - Ashamed


XXVIII

Ao topo daquela escada escura, Thomas ainda permanecia imóvel a minha frente. Com as sombras da lua escondendo parcialmente sua expressão de angústia.  Eu sentia meu corpo tremer por dentro, o sentimento de receio crescendo. Não havia como recuar. As palavras já haviam sido ditas, e agora Thomas a minha frente me encarava desesperado pelas palavras a seguir. As respostas para todos os desastres que haviam acontecido em sua vida, até agora inexplicáveis para ele. Mas eu sabia que era essa a parte mais fácil, afinal, a resposta disso era eu.

— O quê? — indagou ele impaciente e eu desejei mentalmente que não tivesse dito daquelas palavras.

— Algumas semanas atrás... — Minha voz soou fraca. — Eu descobri uma coisa. Eu apenas liguei os fatos, e tudo se tornou claro e na hora eu não pude acreditar.  Era muito pra absorver, até mesmo para mim... — Eu não consegui olhar para ele enquanto falava, deixando meus olhos vagarem pelo ambiente pouco iluminado.

— Só me fale... — pediu Thomas em voz baixa. Um suspiro me escapou.

­— No dia em que o encontramos caído na estrada, estávamos voltando para Ravenswood. Você não se perguntou de onde estávamos vindo? — murmurei a última frase. Thomas apertou os olhos.

— Eu não tive tempo de pensar nisso... ­­­— admitiu ele.

Um momento de silêncio se estendeu entre nós enquanto eu procurava um jeito de continuar. Sentia a pressão expandir tomando cada centímetro daquele cômodo, tornando cada expressão complexa, cada segundo uma eternidade.

— Eu queria te contar, Thomas. — disse finalmente. — Mas Mikael me proibiu. Ele disse que não era seguro, e eu temo que esteja certo.

— Me diga, Ellizabeth. — exigiu ele com irritação transparecendo em sua voz, e eu encolhi os ombros.

— Lilian Andrew é sua mãe. — respondi finalmente olhando para ele. Seu rosto se contorceu em dúvida.

— O que você está dizendo? Você nem sabe quem é... — rebateu ele asperamente.

­— Sim, eu sei. — interrompi com veemência. — Colunista do jornal de Ravanswood, desapareceu há vinte anos, casou-se com seu pai em segredo. Lilian Andrew Salvatore. Eu sei quem ela é, Thomas. — Seu rosto havia se tornado pasmo ao eu concluir a frase. Em começou a andar de um lado para outro com as mãos afundando os olhos, e murmurando coisas inaudíveis.

— Isso não explica nada. — disparou ele em voz alta. — Lilian Andrew, não é? Eu não a conheci. Eles dizem quer ela era uma ótima pessoa, metade dessa cidade adora essa mulher até hoje! — contou ele com apatia. — Se ela era como dizem, por que ela fez isso? Por que ela me abandonou? — Ao fim da frase ele estava gritando.

— Ela não te abandonou. — respondi, me forçando a manter a voz calma. — Ela fez o que teve que fazer para te proteger. — expliquei me aproximando dele, mas ele caminhou para longe em seguida.

— Me proteger? O que ela fez foi deixar a mim e a meu pai, que estava tão perdido quanto eu. Enquanto eu crescia e o torturava com perguntas quando via as outras famílias. “Onde está minha mãe?”. — As lágrimas encheram seus olhos enquanto ele despejava em voz alta a angústia guardada por anos. — Ela nunca me protegeu disso. De passar anos acreditando que ela estava morta, e de toda a culpa que eu carreguei durante todos esses anos. — Thomas gritou com amargura. A pressão estava nós esmagando. — Então me diga, do quê ela estava me protegendo?

Eu apertei os olhos para ele. Seu peito arfando, as mãos fechadas em punho, o rosto pálido e amargurado em meio às sombras revelando seu olhar arregalado. Fechei os olhos por um breve momento, e senti que estava prestes desarmar uma bomba. Mas as chances estavam contra mim, eu sabia que explodiria.

— De você mesmo. Você é um nephilim. — disse e seu rosto se tornou inexpressivo. O choque havia varrido qualquer reação que ele pudesse ter. — Nephilins são filhos de anjos com...

— Eu sei o que são. — interrompeu ele em um tom grave. Ele mantinha os olhos fixos no chão, e suas mãos tremiam.

— Foi por isso que Lilian teve que te deixar, Thomas. Eles iram te matar se ela não fizesse. Você tem que entender... — comecei cautelosamente.

— Você não tinha o direito. — murmurou ele, me interrompendo. Ele finalmente levantou os olhos pra mim. Eles estavam margeados por lágrimas e agora a expressão de terror e ira tomava seu rosto. — Você não tinha o direito! É a minha vida! Você não tinha que procurá-la. Não é você quem decide isso.  — gritou ele e soltou uma risada amarga em seguida. — O que você estava pensando? Que iria chegar aqui e me convencer a acreditar que a minha mãe me abandou para o meu bem?

— Eu sei que isso não foi justo, e entendo que...

— Não, você entende! Não perca seu tempo dizendo isso, Elliz. — gritou ele novamente me interrompendo.

Lá fora uma tempestade estava prestes a começar, os raios iluminavam todo o ambiente de tempo em tempos, e os altos ecos das trovoadas me faziam minhas entranhas gelarem.

— Eu sinto muito, Thomas, mas isso não envolve apenas você. — respondi, sentindo minha garganta queimar. Eu queria gritar. Vi as lágrimas escorrendo pelo rosto dele. — Eu precisava de respostas. — minha voz tremeu na última frase e ele me lançou um olhar apático.

— E me diga, você achou as respostas? — sussurrou se aproximando de mim. Podia sentir a raiva diluída em sua voz. As luzes sobre nós piscaram algumas vezes soltando uns estalidos e me fazendo tremer. Thomas ainda me fitava de perto com ira. — Você está me dizendo que eu sou a droga de um monstro, e é você quem precisava de respostas? — rebateu ele com amargura.

Trovejou novamente.

— Está acontecendo por causa de mim, assim como a maioria das coisas nessa cidade. Sua mãe te deixou por que ela foi forçada a isso. Para manter a sua parte angelical inconsciente, pois você não teria nenhum contato com criaturas celestiais. Você viveria sua vida normalmente e nunca saberia. — Eu soltei um suspiro antes de continuar. Permanecia com a cabeça baixa, pois não conseguia encarar o olhar arregalado de Thomas em mim. — Mas os planos de Lilian mudaram, quando eu cheguei à cidade... Você deveria ter ficado longe de mim, Thomas. — sussurrei. Thomas se afastou andando de um lado para o outro, e as luzes piscaram novamente.

— Você está dizendo, — começou ele. Havia lágrimas em seu rosto, mas eu não soube dizer se era de medo ou fúria. — Que eu sou um monstro por causa de você? — Ele cuspiu as palavras, e eu senti meu coração se apertar e a parte do meu cérebro que sabia que ele estava certo, começou a latejar.

— Não diga isso... — pedi sentindo que as lágrimas inundavam meus olhos. A culpa líquida transbordava por eles.

O estrondo de uma trovoada me fez virar repentinamente. Em seguida um raio atingiu o chão próximo dali, produzindo um clarão, porém isso pareceu irrelevante a Thomas. O vento forte fez os galhos altos da árvore se chocar contra a janela atrás de nós.

— Já chega pra mim. — bufou Thomas descendo as escadas rapidamente. Todas as lâmpadas da acenderam e se apagaram repentinamente assim em que ele chegou a ela. E com um estalo, todas elas queimaram, o deixando imerso na escuridão, onde eu só conseguia vê-lo se afastando pela luz produzida pela janela.

 Foi quando percebi que tudo estava conectado a ele. Thomas estava manipulando tamanha energia sem sequer perceber isso. Ele tinha uma concentração de poder inimaginável e completamente destrutiva, uma vez que sem controle. Sua fúria a havia desequilibrado tudo em nossa volta. O desespero me invadia a cada passo que ele dava, se afastando.

— Thomas, pare. — pedi com urgência. — Você não entende, o poder que você tem...

— Eu nunca quis isso, ok? — berrou ele se virando para mim, que ainda estava imóvel ao topo da escada. — Eu não pedi por isso. — Sua voz foi encoberta por um trovão ao fundo. — EU NUNCA QUIS SER UM MONSTRO! — berrou ele.

E no exato segundo após suas palavras, o vidro da alta janela sob mim se partiu em uma explosão. Um impulso de força me levou ao chão, enquanto a chuva de cacos de vidro caía sobre mim. Sentia-os fincando em minha pele, e apertei meu rosto contra o chão. O vendaval invadiu o cômodo, espalhando os cacos de vidro pelos degraus. A dor dos cortes veio em seguida. Levantei a cabeça devagar, mas Thomas já havia ido embora deixando a porta da frente aberta. Era difícil apoiar para me levantar, pois todo o carpete da escada estava coberto por estilhaços de vidro. Sustentei meus braços, empurrando meu corpo pra trás apesar da dor, mas eu não parecia ter mais poder algum sobre meus próprios músculos. Meu corpo lutava contra mim mesma para não me mover. Então como se um cansaço excessivo e repentino se apoderasse de mim, me deixei tombar no chão novamente. Senti o sangue escorrer do canto superior da minha testa pela extremidade do meu rosto e por meus dedos onde um estilhaço de vidro estava alojado entre eles. O tirei com um gemido de dor.

Então a porta rangeu e eu ouvi passos se aproximando, esmagando os cacos de vidros sob seus pés. Girei os olhos em volta, em pânico. Me mover não era uma escolha que eu poderia tomar agora, mesmo com o perigo eminente meu corpo permanecia débil demais para levantar ou muito menos fugir.

Os passos se aproximavam, subindo as escadas degrau por degrau. Virei minha cabeça, mas tudo que pude ver foi sapatos pretos entrando em foco antes dos braços fortes e rígidos me erguerem do chão. Mikael me aconchegou em seu peito sem dizer uma palavra, descendo as escadas e me colocando com facilidade no sofá da sala. Eu abaixei os olhos pra mim mesma e percebi que ainda tremia, minhas roupas ainda estavam úmidas, o choque ainda corria em minhas veias apesar do meu rosto não corresponder a isso. Levantei os olhos para Mikael, que me analisava sentado a minha frente. As trovoadas continuavam ecoando ao longe.

— O que diabos aconteceu aqui? — indagou ele finalmente.

— Thomas... — sussurrei e o resto da frase foi inaudível.

­— Ele fez isso? — perguntou olhando em volta. A sala estava escura, e havia estilhaços de vidro por todo o cômodo, eles cintilavam com a luz que vinha de fora.

Senti o sangue que escorria da minha fronte pingar e levei meus dedos até o ferimento. O corte aberto queimava, e eu não sentia a dor aliviar-se gradualmente como de costume.

— Não estou me curando... — murmurei olhando para Mikael em desespero. — Por que eu não estou me curando? — Ele apertou os olhos em mim. Senti o corte entre meus dedos onde o fragmento de vidro havia se encravado latejar, assim como vários pontos em meus braços e pés.

Mikael segurou meus pulsos com firmeza, olhando fixamente para eles. Em seguida, as veias delineadas sobre minha pele se acenderam fluorescentemente em um brilho azul, assim como as suas alguns momentos atrás, mas dessa vez era apenas um feixe de luz fraco e tremeluzente. Ele me soltou repentinamente e todo o brilho se apagou no exato segundo, e arfando como se aquela ação exigisse muito dele, ele olhou para mim.

— Você está fraca, sua graça está praticamente esvaída. ­— disse ele olhando para o cômodo desordenado em sua volta. — Você disse que aquela criatura fez isso? — perguntou ele erguendo as sobrancelhas e eu assenti. — Há uma tempestade se formando lá fora, uma como eu não vejo há anos. E o que houve aqui, ele precisaria de muito poder para fazer isso, um poder que ele não teria. — Mikael falava hesitante. Sua expressão era a complexa, tudo estava se ligando em seu cérebro. Uma avalanche de informações, mas sequer metade delas saia dos seus lábios, o que me deixava ainda mais aflita. — Não sozinho.

— O que quer dizer? — indaguei com uma impaciência que não me dei o me trabalho de oprimir.

— Que ele usou o seu poder também. Sugou sua graça de você, como um parasita. — respondeu ele, se levantando com irritação. — Aquela maldita aberração! O que foi que aconteceu aqui pra ele fazer isso? — Ele lançou um olhar interrogativo pra mim e eu estremeci. Pus-me de pé e minhas pernas bambearam.

— Mikael, eu tinha que fazer. Eu sinto muito. — comecei e sua expressão se desmanchou, se tornando em ira controlada. — Eu tinha que contar a ele.

— Ellizabeth, o que você fez? — indagou pausadamente, mas a raiva preenchia sua voz.

 — Eu contei a Thomas sobre Lilian, sobre o que ele é. — respondi sem olhar para ele, esperando a explosão que viria a seguir, mas o silêncio prendeu a sala. Me arrisquei a olhar para ele, que comprimia os lábios em fúria, com os pulsos cerrados, procurando pela coisa mais próxima que esmagar.

— Você tem...— começou ele e seguida apertou os lábios de novo. — Alguma ideia do que fez? — perguntou ele contendo a raiva na ironia da sua voz. — Do que vai acontecer agora?

— Thomas não é perigoso. — rebati juntando as forças que com segui dentro de mim. Mikael me fitou com indiferença.

— Ele vai incendiar o mundo. — disse ele simplesmente e eu neguei com a cabeça freneticamente. O desespero voltava a se espalhar pelo meu corpo.

— Não. — disse com firmeza e Mikael se aproximou com um movimento brusco. Ele não conseguia mais manter a raiva reprimida.

— Você não se lembra das histórias que nos contavam quando crianças? — Sua voz era baixa e grave. — Por que você acha quem eles foram extintos? Eles são perigosos. — Eu não conseguia olhar para ele, mesmo estando tão próximo a mim. A minha barreira negação estava prestes a romper, e toda a aflição me invadiria.  — Você libertou uma besta. — disse ele com a voz cheia de amargura antes de se afastar, e de costas para mim ele continuou. — Agora você vai sentar e assistir todos seus preciosos humanos morrerem queimados. — Ao fim da sua frase, as lágrimas inundavam meus olhos.

— Ele não vai fazer isso. Eu conheço Thomas. — disse e Mikael se virou com ira.

— Como você pode ser tão tola? — gritou ele ferozmente. — Ele é uma aberração, e pode apostar que você não o conhece. Ele não é o garoto mais que você se apaixonou. Ele é um monstro, e você o transformou nisso. — disse Mikael friamente. Eu ainda sentia o sangue gotejar das pontas dos meus dedos manchando o carpete, assim como as lágrimas escorriam pelo meu rosto, sem veemência alguma. — E eu vou fazer o que for preciso para detê-lo.

— Você não pode. — Me apressei em dizer em meio aos soluços, segurando seus braços instintivamente, mesmo sabendo que aquilo não o pararia. Ele olhou em meus olhos azuis e provavelmente vermelhos e inchados.

— Não cabe mais a você decidir isso. — murmurou ele. Em seguida se afastou de mim caminhando em direção à porta, ao alcançá-la, ele se virou para mim novamente.

— Vai haver o inferno na Terra. — anunciou ele com impassibilidade.  — Sugiro que esteja preparada.

— Para o quê? — indaguei antes que ele passasse pela porta.

— Destruição.

Ele desapareceu em seguida. E eu me desmontei no sofá mais próximo, me sentido fraca e vulnerável. O que me levava cada vez mais a acreditar que Mikael estava certo. Ao passar dos dias eu tinha mais certeza que Thomas não era mais a mesma pessoa que eu havia conhecido. Sua vida estava sendo drenada pouco a pouco dando lugar a amargura crescente. Fui tola a princípio de achar que isso era resultado de todas as tragédias que estavam acontecendo em sua vida, mas aquilo não era o abatimento humano que acreditei. Sua transformação em uma criatura sob-humana estava cada vez mais evidente. Toda sua dor estava se transformando em ódio e consternação, o que era um problema evidente que eu me recusei a enxergar. As palavras de Mikael machucaram e também me fizeram abrir os olhos para uma realidade prestes a colidir e que talvez fosse tarde mais para salva-lá. Eu já não sentia mais a dor dos cortes abertos apesar de no subconsciente ainda saber que ela estava lá, mas eu estava totalmente anestesiada de qualquer dor física já que a culpa e o remorso que me feriam agora era demasiadamente mais doloroso. As lágrimas saiam dos meus olhos sem repreensão, em um choro necessitado e audível. E enquanto a pressão mortifica me esmagava contra o sofá, eu adormeci.

 

  

 

 

 

 

 

 

 


Notas Finais


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Comentem o que acharam, a opinião de vocês é sempre bem vinda e me motiva muito ❤
Obrigada por lerem e até o próximo 🌸 love you all 🌸


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