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História Skins - New Generation - S08E07 - Emma


Escrita por: VOFLucas

Capítulo 7 - S08E07 - Emma


Fanfic / Fanfiction Skins - New Generation - S08E07 - Emma

- Você consegue baixá-los? – perguntei, sentindo-me cheia de poder, uma satisfação triunfante pulsando em meu peito.

- Consigo – disse o nerd cujo nome eu não me importei em saber. – Pretende enviá-los para alguma pasta específica?

- Na verdade – olhei para Ben, que estava deitado em minha cama, por sobre o ombro. Ele abriu um sorriso malicioso. – Se pudesse enviá-los para todos esses contatos – mostrei-lhe minha lista de contatos online. Havia ali pessoas que eu nem conhecia, mas, quanto maior fosse a extensão daquela vingança, melhor seria.

- Quer mesmo mandar esses arquivos pra t...?

- Faça logo o que ela tá mandando, Prego – interrompeu-o Ben.

O garoto apressou-se a atacar o teclado com os dedos, numa rapidez doentia. Fiquei ao seu lado o tempo todo. Não que eu entendesse alguma coisa sobre hacker ou seja lá qual for o nome daquilo. Apenas queria presenciar cada etapa da minha doce vingança.

- Pronto – disse o tal de Prego. No mesmo instante, ouvi o meu celular vibrar, sobre a escrivaninha. Sorri.

- Obrigada – eu disse, passando-lhe uma quantia mínima de dinheiro. – Se contar a alguém, vamos te destruir também, okay? Pode sair agora...

O rapaz saiu apressadamente do meu quarto, enfiando o dinheiro no bolso do jeans, sem sequer conferir. Fechei a porta, e virei-me para Ben, que me fitava com aqueles olhos azuis que sempre achei mais sedutores que os de Liam. Peguei meu celular sobre a escrivaninha, e abri os três arquivos que eu havia acabado de receber.

O primeiro era um gif com duas imagens de Gwen. Uma era a sua foto do anuário, toda esquisita, como ela era. A outra havia sido tirada de um dos vídeos em que ela aprecia nua, hackeado pelo nerd que contratamos. Letras brancas em tarjas pretas diziam, quando a imagem se movia: “De mocinha puritana... a prostituta virtual”. Fabuloso.

O segundo arquivo era uma montagem com as fotos de Felicia e Chad. Nela, Felicia sangrava pela vagina, enquanto Chad a penetrava com um pênis monstruoso. “Mais uma vadia arrombada pelo Sr. Penca” diziam as letras pretas.

E, por último, a que me fazia sentir um aperto na garganta, e uma raiva mesclada com decepção gritante. Uma montagem com Liam e Dual de mãos dadas, se beijando, tendo um arco-íris ao fundo. “O Atleta Enrustido e O Bi Putinha”. Dei uma risada amarga, deixando o celular de lado.

- Amanhã todos estarão sabendo – eu disse, abrindo as pernas e sentando-me no colo de Ben, que continuava deitado em minha cama.

- Você é muito má – disse ele, as mãos em minha cintura.

- Não. Eles são maus. Você foi traído por sua namorada, e por seus dois melhores amigos. Felicia e Gwen também me traíram, quando esconderam coisas de mim... E, o filho da puta do Liam me trocou por um cara! Não somos os maus dessa história. Fomos os únicos sinceros, os únicos transparentes. Os únicos traídos. Só temos um ao outro...

Joguei meu cabelo para trás, e curvei-me para beijá-lo. Ele prontamente retribuiu, as mãos subindo pela minha cintura, até chegar aos meus seios. Despi minha blusa, e deixei que ele os beijasse, tentando prender-me apenas à excitação e não me lembrar das coisas que aconteceram no último fim de semana. E, por incrível que possa parecer, eu consegui... Pelos minutos que se seguiram, Ben conseguiu manter-me longe dos meus pesadelos, me conduzindo ao prazer com uma maestria delirante.

Havia algo nele que eu nunca havia sentido em Liam. Talvez fosse a brusquidão, a selvageria, os apertos firmes... Afinal, Ben sim, era um homem de verdade.

Era essa a diferença.

...

 

Meu telefone tocou durante toda a noite. Liam, Felicia, Liam de novo, Chad... E, é claro, eu não atendi. Que fossem todos para o quinto dos infernos.

Fiquei com Ben, imaginando suas reações e rindo. Fumamos um pouco, e fizemos sexo uma segunda vez, com uma selvageria ainda maior. Devo ter gritado horrores, mas não me importei caso minha mãe ouvisse. Eu podia ser escandalosa, mas ela era mais quando levava seus namorados pra casa, então...

Quando o dia finalmente amanheceu, eu me sentia muito ansiosa; meio eufórica também. Tomei banho antes que Ben acordasse, e me aprontei com uma dedicação ainda maior que o normal. Chequei meu celular, e vi que havia mais ligações e algumas mensagens de texto, que excluí sem me dar ao trabalho de ler.

Ben finalmente acordou e descemos para o primeiro andar, onde mamãe já estava de pé, praticando seus exercícios matinais.

- Bom dia, querida! – disse ela, sem parar de se exercitar. – Bom dia, Ben! Pensei que fosse o Liam que estivesse aqui... Como vai Felicia?

Revirei os olhos.

- Acho que... agora, melhor que nunca – respondeu Ben, cheio de maldade.

- Estamos indo, mãe!

- Okay! Tenham boas aulas!

Com certeza teremos, pensei.

Mal havíamos colocado os pés fora de casa e meus olhos se depararam com a visão dos infernos. Recostado em sua moto, Liam estava do outro lado da rua, vestindo as típicas regatas e uma jaqueta de couro. Ele pareceu um pouco surpreso, ao ver que Ben estava comigo.

- Começou cedo – bufou Ben, ao meu lado.

Com um esforço sobre-humano, virei-me e comecei a caminhar pela calçada, tomando Ben pela mão e o arrastando comigo.

- Emma! – gritou Liam.

- Vai pro inferno!

- Emma, você não precisava fazer isso...

- Você não a ouviu? – Ben parou, virando-se para encará-lo. Eu também parei. – Vai procurar sua turma, veadinho.

Liam cerrou os punhos, as maçãs do rosto corando. Mas ele não disse nada para se defender. Apenas meneou a cabeça de leve. E isso foi decepcionante.

Ben colocou a mão em minha cintura, e recomeçou a andar, forçando-me a ir com ele. Senti meus olhos marejarem, e pisquei rapidamente para afugentar as lágrimas. Engoli o choro, e continuei meu caminho.

...

 

O Roundview College estava um pandemônio quando chegamos. Apesar de ser semana de exames, todo mundo havia deixado os livros e os cadernos de lado para comentar sobre as bombásticas “revelações” e especular se seriam verdadeiras ou não. E quando as pessoas viram Ben e eu chegarmos de mãos dadas, ficaram ainda mais em choque porque aquilo confirmava, superficialmente, a veracidade das informações.

Logo, avistei Felicia, que estava abraçada a uma chorosa Gwen. Confesso que cheguei a sentir pena... só da Gwen. Ao lado delas, a asiática, Yazuko Shimizu, me observava com os olhos predatórios.

Então, Felicia afastou-se de Gwen e veio em nossa direção, com passos tão determinados que me surpreendi. Inclinei o queixo, num ar de desafio. E, a nossa volta, os alunos prenderam a respiração.

- Você é um tremendo imbecil, Benjamin Wilkinson! – exclamou ela, apontando o dedo para Ben. – Acha engraçado o que você fez?! O que Gwen tem a ver com nós dois?

- Não foi ideia dele – eu intervi, erguendo as sobrancelhas. – Foi minha.

Felicia virou os olhos para mim e, no instante seguinte, sua mão estalava em meu rosto.

- Você vinha merecendo isso – sibilou ela.

- Vadia! – eu avancei para atacá-la, mas, de repente, Yazuko ficou entre nós duas, afastando-a de mim.

- Não encosta a mão nela!

- Sai da minha frente, sapata!

Yazuko ergueu o dedo do meio, com um sorrisinho cínico, ainda afastando Felicia de mim.

- Deixa ela vir – resmungou Felicia.

- Não precisar rebaixar-se ao nível dessas merdas.

- Merda é o caralho! – gritei, empurrando minha bolsa para Ben. – Vou mostrar pra você o que é merda, sua cola-velcro nojenta!

E logo estávamos atracadas em uma briga. Gostaria de dizer que puxei muito cabelo, estapeei, arranhei, dei pontapés mais do que apanhei, mas não foi o que aconteceu. Yazuko era baixinha, mas era bem mais forte e brigava feito um garoto. Ben veio nos separar, enquanto a multidão de alunos curiosos e empolgados formava um círculo a nossa volta. Chad também interveio, tentando arrastar Yazuko para longe.

- E não entra no nosso caminho de novo, sua patriçola! – berrava Yazuko. – Se importunar Felicia, ou Gwen ou Dual mais uma vez, não vou ser tão boazinha!

- Foda-se! – eu disse, sem saber mais o que dizer.

Estava ofegante e meus cabelos pareciam eletrificados. Resvalei os dedos por eles, tocando meu lábio ferido com o dedo. Aquela sapatão asiática não tinha ideia de com quem havia se metido...

- Tá tudo bem? – perguntou Ben, enquanto Chad, Felicia e Yazuko se afastavam, sumindo em meio aos outros alunos.

- É claro – peguei minha bolsa, e engoli em seco, percebendo que a maioria das pessoas olhava para mim e fazia comentários em voz baixa. – Não têm mais o que fazer? Vamos, saiam da minha frente! Saiam!

Sem esperar que de fato saíssem, atravessei a multidão, ignorando a Sra. Barnes, que aparecera para ver o que estava acontecendo. Caminhei pelos corredores quase vazios até o banheiro feminino. Havia uma caloura lá, fitando-se no espelho.

- Dá o fora. Agora!

A garota saiu apressadamente.

Assim que fiquei sozinha, fechei a porta e coloquei uma vassoura na maçaneta, de modo que ninguém pudesse entrar. Fitei minha imagem no espelho... Os cabelos desgrenhados, o lábio ferido, arranhões no pescoço e a blusa rasgada na altura da manga. Minha respiração tornou-se mais densa. Meus olhos arderam. E, com toda a minha força, eu gritei.

Não foi um grito de raiva. Talvez a raiva estivesse ali, mas ainda era ofuscada pela frustração, pela decepção, pela tristeza de ter sido enganada, abandonada, humilhada.

Continuei gritando, derrubando os vidros de sabonete no chão. Esmurrei as portas dos boxes. Quis quebrar os espelhos com um rodo, mas não tive força o bastante para isso. Então, quando meu grito se cansou, eu me deixei escorregar pela parede até sentar-me no chão. E chorei, abraçada às minhas próprias pernas.

Nunca havia imaginado que aquilo, um dia, pudesse acontecer. Eu estava tão feliz... Feliz com meu namorado. Feliz por Felicia e Ben terem se reconciliado... Feliz porque Gwen conseguiu libertar-se das garras de seu padrasto fanático. Tudo estava tão perfeito, antes do mundo desabar sobre mim.

E agora?

Tudo foi destruído. Tudo foi despedaçado.

Na verdade, tudo já estava assim...

Sob frágeis máscaras e cascas, as coisas já estavam destruídas.

A eclosão da verdade fora inevitável.

...

 

Cheguei atrasada para a primeira prova. A professora olhou-me com um ar repreensivo, que eu ignorei. Peguei a prova, sentindo as pessoas me observarem, e me sentei no único lugar vazio, entre Liam e Gwen.

É óbvio que aquilo não foi agradável.

Corri os olhos pelas questões, e não consegui interpretá-las. Era como se a presença deles tomasse toda minha atenção, por mais que eu os ignorasse.

O tempo passou e alguns alunos começaram a sair. E eu ainda não havia respondido nenhuma questão. Fazia rabiscos nas margens das páginas... Suspirava. Até que decidi marcar as respostas aleatoriamente. Isso durou menos de cinco minutos. Levantei-me, peguei a bolsa e deixei a prova na mesa da professora, saindo da sala apressadamente.

Antes que eu chegasse ao fim do corredor, ouvi a voz de Liam me chamar. Não parei. Mas ele insistiu, e eu decidi parar e ouvir o que ele tinha a dizer. Talvez eu ainda tivesse esperanças de que tudo não passava de um mal entendido, ou apenas quisesse ouvir o seu lado da história. Não sei...

- Sim?

- Emma – seus olhos pareciam vermelhos, como se tivesse chorado. – Eu sei... Eu sei que você tem toda a razão de estar brava comigo, mas eu... preciso me desculpar.

- Desde quando?

- O... o que?

- Desde quando você está tendo um caso com Dual? – as palavras pareciam relutantes em sair da minha boca.

- Não, não tivemos nenhum caso. Foi... – ele engoliu em seco. – só um beijo. Eu estava chapado e confuso e...

Bufei.

- Ah, é? E agora?

Liam desviou os olhos, comprimindo os lábios. E antes mesmo que ele respondesse, eu já sabia. Não havia sido apenas um efeito das drogas, não havia sido apenas um ato de diversão ou confusão no calor do momento. Dual realmente mexia com ele.

- Eu... não sei. Não sei.

- Você é uma maldita bichinha medrosa, Liam – eu disse, lentamente, mantendo a voz firme e o tom venenoso. – E isso me enoja... Não a sua “opção sexual”, mas o seu caráter. Aproveita que eu já te dei uma mãozinha e assuma logo de uma vez. Seja feliz, com o seu novo amor – levei as mãos ao lábio e soprei-lhe um beijinho, antes de me virar e sair pela porta da frente da escola, desmoronando por dentro, mas mantendo a pose digna de Emma Dreschler.

...

 

Eu sabia que não conseguiria realizar as outras provas, então, caminhei lentamente pelas ruas de Bristol, sem perceber coisa alguma ao meu redor, até chegar ao shopping. Lá, eu decidi remediar minhas mágoas como a maioria das garotas faz: comprando.

Minha mãe e eu não somos necessariamente ricas. Temos uma vida bem confortável, com direito a algumas luxuosidades e regalias. Ela trabalha no período da tarde em uma empresa de contabilidade, e ganha razoavelmente bem.

De qualquer forma, a maioria da nossa renda vinha do meu pai. Eles eram divorciados, mas ele bancava grande parte das nossas despesas. Ele é bem rico, sim, e mora atualmente na América do Sul. Não sei ao certo qual é a sua profissão lá, e desde que ele continuasse mandando dinheiro e cartões de crédito, eu não me importo.

Entrei em várias lojas de roupas... Experimentei blusas, vestidos, saias. Comprei algumas bem selecionadas. Depois, investi em dois pares de sapatos, e entrei em um salão de beleza. No fim das contas, fiz apenas uma hidratação e uma limpeza de pele... Não estava tão louca assim, para mudar de visual. Então, vi que um filme bacana estava em cartaz e decidi assisti-lo... Para o meu alívio, não era nada romântico. Contava a história de um mundo futurista, cheio de criaturas estranhas e alta tecnologia. Não me lembro do nome...

 Depois disso, senti fome e comprei um lanche, sentando-me à praça de alimentação. Cruzei as pernas, chequei o celular, e vi que não havia mais nenhuma chamada perdida nem novas mensagens. Mas os gifs de Gwen, Felicia e Liam ainda estavam bombando nas redes sociais.

Li vários comentários e, a princípio, me senti triunfante com a repercussão da minha vingança. Mas quando percebi que alguns também me insultavam, fazendo piadinhas sobre Liam e eu, parei de ler.

Ergui os olhos, e vi que um rapaz me observava, sentado a poucas mesas de distância. Tinha o cabelo escuro, cuidadosamente penteado para cima e o queixo barbado. Até que era bonito.

Ele sorriu.

Também sorri, sem dar-lhe muita atenção. Continuei comendo meu lanche, olhando a movimentação das pessoas ao meu redor. Só que, sem muita cerimônia, esse rapaz levantou-se e veio até mim.

- Boa tarde – ele disse.

- Hmm – eu fiz. – Mais ou menos, né?

Ele pareceu desconcertado.

- Desculpe, eu n...

- Não é por sua causa – tranquilizei-o, com um sorriso amarelo. – É só que... hoje meu dia não está sendo tão agradável.

- Ah – ele pareceu aliviado. – Ah, mas que coisa horrenda tem tirado a sua paz de espírito?

Eu o olhei com mais atenção, franzindo a testa. Que tipo de pessoa falava daquele jeito?

- É uma longa história – eu disse, por fim.

- Entendo. Está esperando alguém?

- Talvez – brinquei.

- Talvez? Então, talvez eu deva me sentar com você...

Fiquei em silêncio, observando-o se sentar diante de mim. Ele era mesmo muito bonito, mas... aquela situação estava bem estranha.

- A propósito – disse ele. – Meu nome é Laurence.

- Emma.

- Emma é um nome tão bonito quanto a dona.

Estreitei os olhos, comprimindo uma risada.

- Isso é sério?

- O que?

- Você realmente veio até aqui, e me deu essa cantada... tão clichê? Você parecia tão inteligente... Esperava mais.

- Oh – ele suspirou. – É que palavras me faltam para formular cantadas originais, quando estou diante de uma beleza tão estonteante.

Ergui as sobrancelhas, incrédula. Ele sorriu.

- Okay, essa foi melhor – confessei.

- Obrigado – ele passou a mão pela testa, como se estivesse suando, e nós dois começamos a rir.

A conversa que se seguiu foi estranhamente descontraída e agradável. Não falamos sobre nada especificamente. Apenas coisas triviais, que nos faziam rir, que me faziam esquecer as minhas tribulações.

Ele comeu o resto do meu lanche, quando eu não quis mais, e começamos a passear pelos corredores do shopping como se fôssemos velhos amigos que se reencontravam após um longo período de separação. Ele quis entrar em algumas lojas... Comprou roupas, e eu o ajudei a escolher. O fiz comprar um chapéu coco azul-marinho e um par de cuecas, porque ele disse que não era de seu costume usá-las. Aquilo me deixou um pouco curiosa, e passei a observá-lo melhor, enquanto ele caminhava.

Depois do banho de lojas – ele era um cara bem rico, por sinal –, Laurence me levou à ala de jogos eletrônicos. Me ensinou a jogar games de luta no fliperama, e nos divertimos bastante durante esse processo de aprendizagem. Depois de várias derrotas consecutivas, Laurence me permitiu ganhar uma vez.

- Onde você esteve esse tempo todo, que eu ainda não o conhecia? – perguntei, num tom acusador, quando nós saíamos da sorveteria, e ele carregava todas as nossas sacolas.

- Esperando o momento certo – respondeu ele, dando uma lambida no meu sorvete. – Por acaso não sabe que existe tempo para tudo?

- Gwen costumava dizer isso.

- Gwen?

- Minha ami... Éramos amigas.

- Oh – ele percebeu minha mudança de humor e pareceu sem jeito. – Escute, Em... Algumas pessoas saem de nossas vidas quando chega a hora de novas pessoas entrarem. Nunca estaremos sós. Quando um amigo sai de cena, outro aparece, quando menos esperamos. O mesmo acontece com o amor...

Eu virei-me para olhá-lo e fui surpreendida por seus lábios contra os meus. Foi um beijo rápido, tão espontâneo quanto inesperado. Mas foi através dele que eu acabei aceitando seu convite não dito de ir até sua casa.

Laurence dirigiu com calma pelas ruas, mantendo a mesma conversa descontraída de antes. Mas quando descemos em sua casa simplista e espaçosa, a conversa foi substituída por beijos e abraços urgentes. Ele ergueu-me pela cintura e me colocou sobre o balcão da cozinha, tirando vários objetos do caminho. Despiu a camisa, revelando um corpo magro e firme, coberto por pelos. Aquilo não era tão legal, mas decidi não dar chilique. Continuamos a nos beijar, minha mão descendo até seu pênis enrijecido, sob a calça. Realmente, não havia cueca ali. Aquilo me excitou ainda mais.

- Espere – disse ele, tomando-me nos braços e me levando até o quarto. Eu ri daquilo. Ele me jogou na cama espaçosa e desfivelou o cinto, as calças caindo e revelando-o judeu. – Tire as roupas – disse ele.

- Não quer fazer isso?

- Preciso fazer outra coisa – sem dizer mais nada, ele saiu do quarto, deixando-me sozinha.

Sem demora, despi toda minha roupa e aguardei, deitada na cama. Dei uma olhada ao meu redor, e percebi o quanto os móveis eram simples e belos. Não havia nenhum porta-retratos, nenhuma pintura, nada nas paredes brancas. Não achei aquilo estranho. Talvez fosse questão de gosto.

- Voltei – Laurence entrou no quarto com alguns objetos nas mãos. Percebi algemas, uma bisnaga de gel e uma mordaça. – Espero que não se importe...

- Estou surpresa – comentei, sendo sincera.

- Gosto de ter o domínio.

- É, isso é excitante.

Deixei que ele me algemasse na cama, sentindo minha libido aumentar a cada segundo. Vê-lo nu e não tê-lo dentro de mim estava me deixando ansiosa. Então, ele me amordaçou e começou a me beijar... Primeiro no pescoço. Nos ombros. Nos seios. Na barriga... Depois, ele me fazia gemer de prazer, a língua comprida e os dedos me massageando o clitóris. O gel era refrescante, e fazia meu desejo aumentar. Eu o queria dentro de mim. Logo.

No entanto, ele saiu do quarto mais uma vez, dando-me um beijo no rosto. Minha respiração estava ofegante, e um orgasmo estava à porta.

- Está na hora de deixarmos as coisas mais interessantes – disse Laurence, entrando mais uma vez em meu campo de visão. Ele trazia uma seringa e uma câmera. Aquilo me deixou nervosa. Mas a mordaça me impedia de falar.

O vi aproximar a seringa do meu braço imobilizado e tentei objetar. Ele, por sua vez, me lançou um olhar cheio de ternura, mas não se deteve. A agulha perfurou minha pele e o conteúdo da seringa foi injetado em minha veia

Não tinha ideia do que era aquilo, por isso o pavor instalou-se dentro de mim. Estava imobilizada, e não havia nada que eu pudesse fazer, além de olhar e tentar emitir algumas palavras, que soavam como resmungos incompreensíveis.

Só depois de esvaziar a seringa, Laurence ergueu minhas pernas e eu o senti dentro de mim. O vi ligar a câmera, enquanto fazia movimentos lentos e profundos, os gemidos mínimos escapando de sua boca.

Durante um pouco menos de dois minutos, ele continuou assim e eu não senti nada de anormal. Estava, inclusive, gostando. Mas passado esse tempo, algo sob minha pele começou a arder. Eu tentei alertá-lo disso, mas ele ignorava meus resmungos.

A ardência foi se intensificando e se espalhando por todo o meu corpo. Continuei tentando alertá-lo, com mais urgência, sacudindo os braços e as pernas algemadas. Ele, no entanto, apenas aumentou o ritmo dos movimentos, como se aquilo o estimulasse.

Passado algum tempo, minhas veias eram como em brasas vivas. A dor tornou-se insuportável. Lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos, e senti-lo dentro de mim só intensificava ainda mais aquela tortura.

Tentei gritar. Tentei me soltar.

Meu corpo, como que em chamas, padecia.

Acima de mim, Laurence fazia caras e bocas de prazer, os gemidos cada vez mais altos, os movimentos cada vez mais rápidos, a câmera registrando tudo.

Fechei os olhos, quando a dor chegou ao seu ápice. Ou, talvez, ela tivesse me cegado... Já não sabia mais. Apenas sabia que, se ela durasse mais um minuto, eu não suportaria. Romperia. E seria o fim de Emma Dreschler...

Engraçado como eu pensei nessas coisas, durante aquele tempo. No meu fim. No que seria do mundo sem Emma Dreschler... No que seria da mamãe. De Liam, de Felicia, de Gwen... Com certeza, suas vidas seriam melhores, porque eu passei a maior parte do meu tempo sendo uma vadia com todo mundo.

Mas era isso que fazia de mim Emma Dreschler.

Ouvi Laurence grunhir e, nos segundos que se seguiram, foi como se cuspissem fogo dentro de mim. Mas eu já não tinha mais forças para gritar – já nem enxergava mais...

Então, gosto de pensar que suspirei. Que virei o rosto no travesseiro confortável do estranho que conheci como Laurence...

E adormeci. 



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