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História Skins - New Generation - S08E09 - Ben


Escrita por: VOFLucas

Notas do Autor


Penúltimo capítulo!

Capítulo 9 - S08E09 - Ben


Fanfic / Fanfiction Skins - New Generation - S08E09 - Ben

— Benjamin!

Mas eu já estava acordado.

Deitado de barriga para cima, os braços cruzados sob minha cabeça, eu observava o teto desde as cinco da manhã. Não sentia nenhuma vontade de levantar, apesar disso. Continuei deitado pelos próximos cinco minutos, ouvindo meus pais discutirem no andar de baixo, como quase todos os dias. Era quase ritualístico.

Então, sem qualquer ânimo, joguei o edredom para o lado e forcei-me a me levantar. Não liguei o som. Atravessei o quarto com passos arrastados e abri as cortinas que davam para a rua, sem me preocupar com minha completa nudez.

Costumava haver uma garotinha do outro lado da rua, uma vez ou outra. Mas há muito tempo ela não aparecia mais... No princípio, eu achava até boa aquela ausência, porque não me parecia muito certo que alguém daquela idade se interessasse por paus. Mas, agora, eu sentia uma estranha sensação de abandono.

Estiquei os braços, espreguiçando-me, completamente alheio aos gritos de papai e mamãe. Era como uma música irritante que a gente se acostumava a ouvir, porque ela nunca parava de tocar. Urinei sem ter que me masturbar e entrei de baixo do chuveiro.

Fiquei por lá durante algum tempo, apenas deixando que a água escorresse por meu corpo. Então, ouvi um baque seco, e papai apareceu no banheiro, vermelho como um grande tomate.

— Você por acaso é surdo?!— ralhou ele.

— Não – eu disse, indiferente, continuando meu banho como se não tivesse sido interrompido.

— Estamos te gritando há horas!

— Mas isso já é tão natural que passei a não ouvir mais... – retruquei, esfregando as mãos no rosto.

— Seu merdinha insolente, saia já desse banho e desça agora! Suas notas chegaram, e precisamos ter uma conversinha a respeito delas!

Aquilo atraiu minha atenção. Olhei para meu pai, piscando algumas vezes.

— Vocês abriram o envelope?

— É claro! Você nunca nos mostraria notas tão baixas...!

— Mas... não podem fazer isso! Há uma tradição em...

— Dane-se a tradição! – então, pela primeira vez, ele pareceu perceber o quanto a ocasião era inconveniente. – Quer sair logo desse banho?! Estou te esperando lá embaixo!

E saiu.

— Vocês não podiam ter feito isso! – gritei, furioso. – Droga!

Era a última semana de aula, e eu não estava nada empolgado com isso. Na verdade, os últimos dias vinham se arrastando de forma torturante. E isso era estranho para Ben Wilkinson, que estava acostumado a fazer farra de tudo, encher a cara, ficar doidão e comer quantas xoxotas aparecessem em minha frente.

Não sentia mais vontade fazer esse tipo de coisa. Não que eu houvesse deixado de gostar das xoxotas... Elas ainda são uma delícia. O problema é que não havia mais a alegria que me motivava a viver com aquela intensidade.

Afinal, eu não tinha mais com quem farrear.

O veado do Liam havia assumido de vez o namoro com Dual;

Chad não queria mais saber de mim, desde que Emma e eu contratamos o Prego para espalhar as montagens escandalosas na internet – me chamou de “maior vacilão”!

Felicia me odiava com todas as suas forças e fazia questão de deixar isso bem claro;

E Emma continuava desaparecida, depois de meses. Provavelmente estava em algum lugar longe da confusão que causara, fartando-se com qualquer um que tivesse disposição para agradá-la.

Então, de um modo geral, eu estava sozinho. Sem amigos, sem namorada, sem ficante, sem farra... e agora, provavelmente, sem notas para ingressar numa faculdade.

Mas eu já esperava por isso. Tanto é que havia me alistado ao exército britânico, e estava apenas esperando pelo fim das aulas para ingressar nele. Pensei que isso fosse me dar uns pontinhos positivos com o meu pai, mas ele – incoerentemente – ficou uma fera quando lhe contei.

Vai entender! Era ele que vivia falando aquilo, sobre disciplina e blá, blá, blá...

Enrolado numa toalha e o rosto queimando de raiva, eu desci até a cozinha. Papai ainda parecia um tomate, e mamãe mantinha os olhos baixos, como se tivesse medo do que estava por vir. Charlie, meu irmão mais velho portador de deficiência cerebral, parecia muito agitado, como acontecia quando as coisas o incomodavam.

E eu odiava vê-lo assim.

— Tá tudo bem, Charlie – eu disse, lhe afagando ombro ao me sentar ao seu lado. Charlie virou-se para mim, os olhos azuis cheios de medo, enquanto balançava o corpo para frente e para trás.

— Não, nada está bem – trovejou papai.

— Para com isso, pai!

— Charlie, fique calmo – mamãe sussurrava, estendendo as mãos para acalmar meu irmão.

Papai colocou um pedaço quadrado de papel sobre a mesa com uma brutalidade desnecessária. Charlie e mamãe saltaram com o susto.

— Que vergonha, Benjamin! Que vergonha!

Estreitei os olhos para o papel, amarrando a cara. Sob os meus braços cruzados, meu peito arfava.

— Olha só isso – ele apontou o dedo gordo para o papel. – Um D. Dois Es e um FUm maldito F!— ele gritou, enfurecido. – O que você ficou fazendo durante todo o ano naquela porcaria de escola para tirar um F, Benjamin?!

— Roger...

— Não me interrompa, mulher!

Fiquei em silêncio, fitando o papel que era bombardeado por gotas de saliva do meu pai. Minha pele parecia estar pegando fogo, de tanta raiva.

— Não criei um filho para ser um vagabundo! – continuava ele. – Se não consegue nem ao menos boas notas na escola, como se sairá na vida? Vai ser sempre um perdedor? Sempre ficar atrás das outras pessoas? É isso que você quer, Benjamin? É isso? 

— Não, pai! – eu explodi, de repente. – Não é isso que eu quero! Porra! Eu me fodi durante todo o ano, e tudo o que você sabe é gritar e gritar, e me acusar de ser sempre motivo de desgosto! O senhor não sabe de porcaria nenhuma do que aconteceu comigo, e sequer procura saber os motivos que me fizeram chegar ao estado em que estou hoje! Se estou falhando como filho, é porque você falhou como pai primeiro!

E sem esperar para ver sua reação, eu levantei-me da cadeira e subi correndo para o meu quarto. A casa ficou estranhamente silenciosa. Bati a porta e comecei a me vestir com uma raiva que sufocava e ardia em meu peito. Assim que calcei os sapatos, desci novamente para a cozinha, que continuava silenciosa, e estava prestes a sair de casa quando ouvi os resmungos de Charlie. Virei-me e fui até ele.

— Ben... – começou meu pai, num tom mais controlado.

— Me deixa em paz – sibilei, puxando a cadeira de rodas de Charlie e começando a empurrá-lo para o corredor.

— Aonde vai levar o seu irmão? Benjamin...?

— Para longe daqui – respondi, sem olhá-lo, ainda empurrando a cadeira de rodas de Charlie até a porta da frente. – Aonde ele vai se sentir melhor.

...

Meu irmão era três anos mais velho que eu. Havia nascido com uma deficiência no cérebro que comprometia seu sistema motor, a fala e a compreensão de algumas coisas. De toda a minha família, era a pessoa que eu mais amava. Não porque ele era “especial” no sentido de doente. Charlie era realmente especial pra mim. Meu irmão mais velho que, por mais que não me compreendesse sempre, não me maltratava. Não me acusava. Não me denunciava. Apenas me amava do jeito que sou, com minhas próprias deficiências.

Eu o conduzi pelas ruas lentamente, nos afastando de casa. Aos poucos ele foi se acalmando, erguendo os olhos para fitar o céu. Ele adorava o céu, mas mamãe não gostava que ele saísse muito de casa.

— En – fez ele, tateando o encosto da cadeira, até tocar minha mão.

— Estou aqui – eu disse, também me sentindo mais calmo.

— En – fez ele de novo, apertando minha mão o máximo que pôde. Eu parei, preocupado, e me curvei para ver suas feições. Afinal, havia motivos para que mamãe não gostasse que ele saísse.

Charlie fixou os olhos em mim, e inclinou a cabeça, sorrindo. Com ambas as mãos, tocou meu rosto suavemente. Não disse nada. Apenas continuou sorrindo, as mãos trêmulas em meu rosto, os olhos azuis brilhando intensamente. Era como se ele quisesse me fazer sentir que não me achava um perdedor ou um vagabundo...

Se fosse essa a intenção, ele obteve sucesso.

Tentei segurar, mas não deu.

Charlie era uma pessoa tão doce e pura que conseguia me fazer chorar apenas por ter o sorriso mais sincero que alguém poderia ter. 

— En... – balbuciou ele, os olhos acompanhando minhas lágrimas. – não... não.

— Está tudo bem, Charlie – eu funguei, sorrindo e enxugando o rosto. – Você é um cara incrível, sabia?

Os olhos de Charlie brilharam ainda mais, ao ouvir aquelas palavras. E eu me senti um pouco culpado por não dizê-las mais vezes... porque ele merecia.

— Vamos até o parque, então – eu disse, voltando a empurrá-lo pela calçada.

— Scola...

— Nada de escola hoje – retorqui, divertindo-me com sua preocupação. – Hoje é o seu dia.

— Uau!

— É, pode se animar!

...

Como eu havia prometido, o levei até um dos parques urbanos de Bristol, onde havia coisas coloridas e ar fresco, duas coisas que ele gostava muito. Comprei sorvetes para nós dois, e continuei nossa jornada, até o parque aquático. Passeamos em torno das piscinas e deixei que ele molhasse os pés.

E o tempo todo ele parecia divertir-se, fazendo comentários curtos sobre as coisas que lhe chamavam atenção. Percebi que as garotas de biquíni o agradavam e puxei papo com algumas delas, pra que ele se sentisse mais familiarizado. E ri muito quando ele tentou dizer que elas eram gostosas... Não sei se elas entenderam, mas pouco importava. Foi hilário.

Ficamos algumas horas apenas curtindo o sol matutino e, quanto mais refletia sobre aquele momento, mais me convencia de que eu não estava tão abandonado quanto achei que estivesse. Com toda intensidade que eu vinha vivendo minha juventude, mal percebi que euhavia excluído da minha vida alguém que queria sempre estar ao meu lado, fosse eu um perdedor ou não.

Depois de sairmos do parque aquático, nos sentamos à sombra de uma árvore e ficamos observando o movimento. Charlie tinha as maçãs do rosto coradas, por causa do sol, e isso o deixava com uma aparência bem mais saudável.

— Está se divertindo, Charlie? – perguntei.

— Aham... – ele assentiu, sorrindo.

— Eu também – inclinei-me para afastar o cabelo de seus olhos, que continuavam com aquele brilho fascinante.

— Scola... En.

— Já disse que hoje não vou à escola. Tirei notas ruins, lembra? Não faz mais sentido voltar pra lá. Vou servir o exército. Sabia? Vou virar soldado.

— Scola...

— Charlie, aqui não está bom?

— En, Licy... ama.

Franzi o cenho, acreditando que não houvesse ouvido direito.

— O que disse?

— Licy ama.

Não, eu havia entendido direito sim.

— Licey não me ama mais, Charlie – eu disse, com pesar. – Eu pisei na bola feio, com ela. Ela me odeia... Todos os meus amigos me odeiam. E com razão... – suspirei, franzindo o cenho contra a luz do sol. – Talvez eu tenha exagerado com aquela história de traição. Quero dizer, eu realmente havia traído Felicia primeiro. E Chad estava chapado, quando ela se vingou... Sei lá, Charlie, eu fiquei tão zangado. Ele era um dos meus melhores amigos, e eu percebi que realmente gosto da Felicia. Acho que qualquer um ficaria puto.

— Puto?

— Você não ficaria? – eu olhei pra ele, e me arrependi de ter perguntado, antes mesmo da última palavra sair de minha boca.

Charlie, no entanto, pareceu não se importar com minha falta de tato.

— Não.

— Mas você é o cara – dei de ombros, sorrindo.

— Scola... voltar Licy... aígos.

Só então percebi o que ele queria dizer. E me surpreendi... com o quanto se importava comigo. Não sei como ele sabia daquelas coisas, mas percebera o que meus pais não conseguiram perceber. Percebeu que eu não tinha mais minha Licey, nem meus amigos, e que isso me deixara deprimido. E estava me incentivando a ir até a escola... “voltar” para eles.  

— Quer ir à escola, então? – eu perguntei, respirando fundo.

— Aham.

— Okay – levantei-me, sacudindo a grama seca da calça, determinado. – Vamos lá, então. Você está certo. Já está na hora de resolvermos as coisas.

...

De longe os avistei.

Durante a hora do almoço, era comum nos sentarmos no gramado do colégio. Naquela época, eu deitava a cabeça no colo de Felicia e ela me fazia cafuné; Liam, Chad e eu conversávamos sobre cada loucura... Qualquer coisa que nos fizesse rir. Emma, sempre com o cigarro preso entre os dedos, destilava veneno a cada cinco minutos. E Gwen, perdida em seu punhado de roupas, ficava quase sempre em silêncio, horrorizada demais com nossas conversas para dizer algo além de “Misericórdia”!

Foram bons tempos.

Agora, lá estava Felicia, o cabelo num corte radical, rindo de qualquer coisa que Yazuko havia dito. Gwen não usava mais tantas roupas, e estava mais bonita, e também parecia conversar mais. Chad, com seu boné de aba reta e a corrente dourada com o C continuava o mesmo. E Liam e Dual, olhando dali, pareciam apenas amigos sentados um do lado do outro, trocando, de vez em quando, gestos mais íntimos.

— Vai, En – balbuciou Charlie, tocando minha mão.

— Okay – inspirei profundamente. – Lá vamos nós.

Num ímpeto de coragem, atravessei a rua empurrando a cadeira de rodas de Charlie. Durante o caminho, que parecia uma eternidade, minha mente trabalhava num turbilhão, tentando encontrar as palavras certas para dizer. Afinal, eles pareciam tão bem sem mim... Não pareciam sentir tanta falta como eu sentia deles.

Então, quando eu estava próximo o bastante para que fosse notado, todos os olhares voltaram-se para mim. Alguns até bem tensos, como se esperasse que eu fosse berrar ou agredi-los.

Estanquei, a uma distância segura, as ideias simplesmente eclipsadas da minha mente. Então, Charlie se manifestou:

— Oi – disse ele, acenando com a mão trêmula.

— Oi, Charlie – cumprimentou-o Felicia, com um sorriso confuso, antes que os outros o cumprimentassem, de maneira quase uníssona.

— En – chamou-me Charlie, a mão tateando a cadeira em busca da minha.

— Estou aqui – eu disse.

Ele apertou minha mão com força, como se quisesse me encorajar, me passar segurança. Engoli em seco, piscando algumas vezes... e comecei:

— Hey – pigarreei, sentindo a boca seca. – Eu... eu sei que não me querem ter por perto, mas... – hesitei, sentindo-me intimidado por aqueles olhares inquisitivos. Então, cerrei os punhos e disparei: – Querem saber? Eu sinto muita falta de vocês! Sinto falta pra caramba... E eu preciso dizer isso, porque, essa porra tá acabando comigo. Licey – olhei diretamente para ela. – Me desculpe, eu fiz tudo errado... Eu não devia ter pirado daquele jeito, não devia ter fodido aquela caloura... Não devia ter te chamado de puta, porque você não é uma puta. Você... é a minha Licey. A minha Licey... Eu gosto de verdade de você. Tipo, pra caralho mesmo, entende? Eu só pirei porque... cara, foi muita coisa numa noite só, e... também quero pedir desculpas pelas imagens, por te humilhar... Me desculpe mesmo. Eu sinto muito...

Felicia pareceu em choque, durante todo o tempo em que estive falando. Piscou algumas vezes. Abriu a boca para falar, mas foi, aparentemente, incapaz. Então, eu continuei – já havia começado mesmo.

— Chad... confesso que senti vontade de cortar esse seu pau fora, mas... você precisa entender. Minha cabeça estava tão fodida. Vamos deixar aquilo pra trás...

— Ufa!

—... eu te considero pra porra, cara! Você e Liam são meus melhores amigos. Os únicos com que eu realmente gosto de zoar, ficar doidão, e fazer farra... Sinto falta de vocês. Podem me chamar de mariquinha, mas eu sinto uma puta falta de vocês! Me desculpem... por... por ser tão idiota, tão mesquinho. Liam, Dual... – os dois trocaram olhares furtivos. – Vocês... ficam até bem juntos! Sério... eu só fiquei puto porque Liam nunca me disse nada, e eu me senti traído por não saber sobre algo tão importante de um dos meus melhores amigos... Porra, Liam, a gente tomava banho junto desde o primário, e você nunca teve uma ereção! Foi um choque, beleza? Sei que não justifica minhas atitudes, mas espero que me perdoem...

Igualmente estupefatos, os dois ficaram em silêncio.

— E... – já me sentindo cansado de tanto falar, virei-me para Gwen. – Gwen... eu nem sei o que dizer a você, porque você nunca me fez nada, e eu... eu ajudei a ferrar com sua vida. Me desculpa, por favor... Me desculpem, todos... Eu só não suporto mais isso.

Silêncio. O maldito silêncio.

Alguns me olhavam com assombro, e outros mantinham as cabeças baixas. Meu peito subia e descia ruidosamente, minha mão sob a de Charlie, que continuava apertando-a.

— É isso – eu disse, depois de alguns segundos. – Valeu...

Estava prestes a virar a cadeira de Charlie e ir embora, convicto de que fiz um tremendo papel de bobo e enraivecido comigo mesmo por isso, quando a voz de Felicia quebrou o silêncio:

— Quantos copos teve de beber para dizer essas coisas?

— Quê?— a pergunta me pegou de surpresa.

— Catro – revelou Charlie, me entregando.

Depois de uma fração de segundo em silêncio, todos começaram a rir. Eu também reprimi uma risada, revirando os olhos e empurrando o ombro de Charlie, só de brincadeira.

— Foi só isso mesmo, Charlie? – insistiu Felicia.

— Aham – ele confirmou com a cabeça, assentindo veementemente.

— Olha, parece tão pouco – ela deu um sorriso que me pareceu cansado. Ergueu os olhos para mim, e o sorriso se desfez. Senti minha garganta apertar. – Mas... não sei o que dizer.

— Tá brincando?!— exclamou Chad, erguendo-se num salto e vindo me abraçar e sacudir, bem ao seu jeito. – Depois de um discurso desse, é claro que vamos aceitá-lo de volta! Não vamos?!

A pergunta ecoou sem resposta pelo que me pareceu um absurdo de tempo. Vi Liam e Dual trocar olhares significativos, como se discutissem a questão em silêncio.

— Bem... – começou Dual, dando de ombros. – Só não gostei da parte em que vocês tomavam banho juntos desde o primário... O resto – ele sorriu, olhando para Liam. – está tranquilo.

— Cara, você precisa parar de ser tão mariquinha – brincou Liam, olhando-o com um ar repreensivo. Então, levantou-se e veio em minha direção. – Bem, prove que não tem preconceito... e venha abraçar seu amigo, maldito Ben Wilkinson!

 Meio que correndo, meio que tropeçando, eu fui com um “Uhuuul”, sentindo-me, de fato, muito feliz. O abracei, como nos velhos tempos. Chad juntou-se a nós, num abraço coletivo e então, Gwen, Dual e até Yazuko vieram em seguida, soltando gritinhos e dando risada, com um coro de “Bem vindo de volta” ou “Maldito Ben Wilkinson”.

Felicia, no entanto, não saiu do lugar e mantinha o olhar distante. Apesar da alegria que sentia por ter meus amigos de volta, aquilo me doeu um pouco. Quando eles se afastaram, despenteando meu cabelo ou fazendo comentários sobre como eu havia ferrado com suas vidas, em meio às risadas, Felicia finalmente me olhou. E eu sustentei aquele olhar. Os outros fizeram silêncio, como se esperassem que alguma coisa extraordinária acontecesse.

Mas isso só acontece em filmes de romance, então...

— Ben – disse ela. – Fico muito feliz que tenha reconhecido seus erros, e tenha vindo até aqui se desculpar... Mas, não sou mais a suaLicey. Muita coisa mudou, entende? Podemos ser amigos, se quiser.

O aperto em minha garganta voltou.

— Amigos?

— Sim.

— Sim... – engoli em seco, tentando esconder a decepção. – Claro. Amigos...

Felicia sorriu, embora seus olhos não sorrissem.

— Ótimo – disse ela. – Vamos abrir os envelopes com as notas hoje à noite, na casa do Liam. Você devia ir...

— Claro – concordei, sem pensar muito.

Naquele momento, a sineta tocou, alertando-os para o fim do intervalo. Meus amigos despediram-se de mim, parecendo entusiasmados, e confirmei mais uma vez minha presença em sua cerimônia ou seja lá o que fosse aquilo.

Felicia demorou-se mais que os outros.

Com passos indecisos, caminhou até mim, e me deu um abraço forte. Surpreso, a ouvi sussurrar em meu ouvido:

— Vá fantasiado. É a festa surpresa da Gwen.

— Oh... Certo, vou sim.

Ela sorriu, começando a se afastar.

— Tchau, Charlie!

— Chau, Licy – fez meu irmão, acenando.

Virei-me para ele, um imenso sorriso repuxando o canto dos meus lábios. Ele também sorria.

— Charlie, eu te amo, cara! – exclamei, dando-lhe um beijo estalado na testa. – Você é o melhor irmão da porra desse mundo!


Notas Finais


Comentem ai o que esperam para o capítulo final!
Um abraço! o/


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