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História Sky Ascending - Procissão


Escrita por: suzannaclimaco9

Capítulo 15 - Procissão


- Lexa, ainda acho ser imprudente a sua ida a Arkadia. 

 

A comandante me analisa de seu trono. Nós sempre estamos nesse ponto em que ela está a um patamar acima e adiante de mim, mostrando-me o quanto sou insignificante diante dela e que preciso implorar por qualquer coisa que eu queira dela. Eu odeio a perspectiva de ter que pedir qualquer coisa desde que sempre fui eu a conquistar o que eu queria. Então, quando eu tenho que vir até Lexa para pedir que ela cuide de si mesma isso não acontece sem trocarmos farpas entre nós.

 

- Clarke, eu bem sei o que é melhor para mim mesma. Você deveria estar se preocupando em como vamos derrotar os nossos inimigos. - ela responde de forma paciente.

 

- Mas isso pode causar uma ruptura entre o meu povo e uma hostilidade acima da média com o seu. Um exército dividido não subsiste, heda, e você deveria saber. - completo com um olhar de olhos apertados e desafiante.

 

- Tampouco subsiste uma comandante que não comanda seu próprio exército. Clarke, esqueceu-se que estou lidando ainda com a repressão do meu próprio povo? A morte de Nia não acalmou as coisas. Pode ter servido para incendiar ainda mais a minha reputação.

 

- Eu sei. - respondo pateticamente. - Ainda assim...

 

- Chega, Clarke. - diz Lexa, refutando minha opinião. - Não vamos ganhar nada com discussões infantis. Lide com a negativa de uma maneira mais adulta. 

 

Eu rolo meus olhos para ela, um tanto chateada e contrariada. Eu queria que ela entendesse o quanto será ruim ter que ver os olhares que meu povo vai dirigir a ela. Tão ou piores que os olhares e palavras de Octavia, mas ela não esteve com ela para saber que tom isso vai assumir. Deixo para lá por que eu devo seguir meu próprio conselho. Não podemos chegar até lá desunidas.

 

- Então... O que você está planejando? - pergunto e a expressão em seu rosto torna-se lívida novamente como águas que se acalmam depois da tempestade.

 

- Vou levar meu exército até a floresta que circunda o acampamento, onde vamos nos unir ao seu povo. Logo iniciaremos as patrulhas em busca dos aliados de Nia. Pretendo que uma boa parte dos com quem nos encontremos sejam capturados e trazidos para receberem sentença aqui em Pólis diante de todos, mas bem sei que talvez eles não se entreguem sem luta. Mortes virão.

 

- E se eles não estiverem lá? E se encontrarmos apenas um grupo pequeno e não todos eles? Quando eles irão parar de vir? 

 

Minha cabeça está cheia de dúvidas. Eu não sei o quão bom esse plano é. Lexa não muda um milímetro em sua expressão.

 

- Se isso acontecer, eu temo que teremos que levar o exército para os muros da Nação do Gelo e manter um cerco.

 

- Um cerco...

 

- Sim, nós vamos cercar o povoado e lhes privar de ir e vir.

 

- Não é isso que eu quero dizer.

 

Estou imaginando os muros da Nação do Gelo, fortes e imponentes, o castelo onde Nia morava que não pode ser assaltado com facilidade. O clã é praticamente impenetrável e quantos não serão os que pegarão em armas contra nós para defender seu lar? Além disso, eu não me vejo levando meu povo para outra situação como TNDC e Monte Wheater. Para isso, os meus laços de confiança com lexa teriam que estar inabaláveis e agora eles quase não existem mais.

 

Mas, isso pode não acontecer. Nós podemos nunca chegar a essa situação se as forças da Nação do gelo ainda estiverem próximas  a Arkadia.

 

- O que foi, Clarke? - indaga Lexa, um pouco preocupada.

 

- Eu não sei se vou participar disso. Do assalto.

 

- Nós vamos precisar de vocês. Não consegui levantar homens e mulheres suficientes para ir contra eles sozinha. - a voz da comandante soa um átimo abaixo de uma súplica.

 

- Você entende o porquê disso, certo?

 

- Você não confia em mim. - seus olhos brilham com alguma emoção antes de ela se elevar do trono e caminhar lentamente até mim.

 

Lexa cruza as mãos diante do corpo e ela já não parece tão grandiosa como quando está assentada em seu trono inatingível. Ela está perto, mais humana que uma divindade, olhando-me nos olhos com tal afinco que eu juro ser capaz de ouvir seus pensamentos. Ouço um pedido de perdão por trás de sua fachada dura, mas não sei se sou capaz de entender suas razões como fui capaz naquele dia.

 

- O que eu preciso fazer para você compreender que não vou lhe trair, Clarke? Isso nunca passou pela minha cabeça. Acredite em mim.

 

Ela pega minhas mãos antes que eu possa afasta-las e eu gostaria de ser forte o suficiente para dizer que não tive vontade de beijá-la como no dia em que eu deveria matá-la como a um novilho. Tanta que eu cheguei a apertar os lábios até doerem.

 

- Nada do que você faça vai apagar o que fez. - digo convicta por que é a mais pura verdade. Ela larga minha mãos como se tivesse envergonhada de ter sucumbido por um instante a emoções humanas. - Só preciso de mais tempo. Talvez um dia, eu e você não devamos mais nada ao nosso povo.

 

- Talvez. - ela responde, embora com quase nada de certeza. - Vá se preparar, Clarke. - ela comanda, voltando-se a sua máscara. - Nós vamos partir em breve. Pedirei a Titus para lhe acompanhar até nós.

 

- Claro. - respondo e minha voz soa como um punhal fazendo caminho para fora da minha garganta. Não sou capaz de perdoar Lexa, mas também não sou forte o bastante para odiá-la.

 

Eu deixo o salão com a impressão aflitiva de que não verei Lexa outra vez.

 

 

 

°°°

 

Quando Titus chega para me escoltar até Lexa e o exército já estou pronta. Me deram um traje não muito diferente do de Lexa, um blusão de mangas compridas e uma calça justa de tons de preto e azul escuro feitos de várias partes de peças de roupa que foi possível que encontrassem. Há até mesmo um capuz para que eu possa aguentar o sol escaldante até Arkadia. Ele me dirige um olhar avaliador como se estivesse medindo o quanto sou digna de andar ao lado de sua Heda. Por fim, ele balança a cabeça, meio satisfeito, e o sigo para as escadas.

 

Pegamos o recém descoberto elevador para o térreo e estou sem fôlego quando chegamos e por essa razão, nós paramos um instante. Quando olho para fora das portas destruídas, eu noto todo o contingente de homens e mulheres que Lexa conseguiu reunir. Um grupo grande  eorganizado de terras-firme. E no meio deles lá está ela, montada em um cavalo alto e meio magro, girando no meio de seu exército e falando com eles de maneira firme, embora eu só possa supor isso pela sua expressão e pelo jeito como movimenta o cavalo em círculos.

 

Um capuz formado pela sua capa carmesim está cobrindo sua cabeça e Lexa nunca me pareceu algum tipo de entidade como nesse instante em que ela instiga seu povo a lutar por ela. Por nós, me relembro.

 

Titus me convida a deixarmos a edificação e ele pula para a cela de um cavalo que um terra-firme manteve ali para ele. Em seguida, eu faço o mesmo com o outro animal que uma mulher puxa até mim, ela me entrega uma espada comprida e é quando Lexa me percebe. Ela me dá um breve sorriso como se esperasse que de jeito nenhum eu viria me juntar a ela. Depois desse momento, ela faz um gesto de cabeça para eu me aproximar, então gira e instiga o cavalo a seguir para a frente da primeira linha do exército. Eu e Titus nos juntamos de cada lado dela como seus fiéis escudeiros.

 

- Adiante, guerreiros! - comanda Lexa a plenos pulmões para que até mesmo os que estão lá atrás a escutem e bate as botas no flanco do seu cavalo que dispara adiante de nós..

 

Nós, a procissão de Lexa, a seguimos e isso parece tanto com uma despedida que eu olho por sobre o ombro, sobre as cabeças, para o prédio devastado que ainda se mantém erguido mesmo depois de todos esses anos. Quase posso ver um reflexo de mim mesma nas janelas fictícias e com alguma nota de tristeza, volto meu rosto para frente, esperando ver meus inimigos, esperando poder matá-los de uma vez só para essa apreensão em meu estômago passar.

 

A comandante, no entanto, não parece nada abalada. Pelo contrário, nunca a vi com esse ar antes. Poder exala de sua imagem. Iluminados e abençoados por sua figura, nós entramos na floresta, desviando de árvores, marchando para uma batalha que pode não acontecer hoje. Não demora muito para que eu comece a reconhecer as imediações, sei exatamente quando nós passamos perto da cabana de Nyilah e apertando os olhos posso ver seus contornos escuros através dos troncos e folhagem.

 

Uma hora depois, nós paramos e Lexa desmonta e seguimos todos o seu exemplo. Titus e eu paramos a seu lado.

 

- Daqui nós seguimos a pé. Só eu e você, Clarke. - sugeri a comandante.

 

- Ficarei com o exército, Heda. - informa Titus, entendendo seu papel.

 

- Não espero outra coisa de você. Se vir qualquer membro da Nação do Gelo, ataque e capture-o, se possível. Nós vamos até Arkadia.

 

Saímos da cobertura das árvores quase que imediatamente e tomo um susto assim que estamos na clareira. Há fumaça subindo de um lado das fortificações de metal e posso ver buracos enormes no lado exposto para nós. Há algumas pessoas de um lado da cerca, concertando uma passagem enorme que parece ter sido aberta a força por um trator. Meu coração dispara e Lexa olha para mim e ela está prestes a dizer alguma coisa, mas eu não lhe dou tempo, corro com toda a força das minhas pernas para dentro do acampamento, afastando do meu rosto o capuz da camisa para que eles possam ver que sou eu.

 

- Clarkee! - alguém me chama, suponho que é Lexa, mas a voz é muito grossa para ser dela.

 

Quando viro meu rosto para trás, depois que já entrei pelo buraco aberto na cerca sem parar para ver quem estaria lá, eu vejo Bellamy com uma ferramenta nas mãos.

 

- Bellamy! - exclamo, engasgando no processo de falar e correr.

 

De repente, estou nos seus braços em um aperto familiar e ele cheira a fuligem e gasolina, mas nada mais importa por que isso foi o mesmo que fiz antes de partir e agora quer dizer que estou em casa novamente. Casa.



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