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História Sky Ascending - Capítulo 5: Wanheda


Escrita por: suzannaclimaco9

Capítulo 5 - Capítulo 5: Wanheda


  | Clarke

Nos sonhos sou perseguida por um bando de mortos-vivos. As vezes, é apenas suas vozes clamando por mim; em outras posso vê-los, as carnes caindo de seus rostos, os olhos saltados, exalando o cheiro mórbido que eu penso que a radiação deve exalar. Estou correndo pelos corredores de Monte Wheater, batendo em portas de metal lacradas, no fim de um corredor barrado por uma parede sólida e real. Tudo é pulsantemente real ao meu redor. Eles me alcançam, arranham minha pele, mordem meus ossos e eu acordo arfando, sem ar e molhada de suor, lutando contra um inimigo criado por minha mente. Pelas minhas escolhas.

Algumas vezes, não tem nada a ver com as pessoas que sentenciei a morte, mas aquela que me sentenciou a uma vida de remorso. LexaEu ainda a vejo indo, sobre seu cavalo magro e veloz, sem olhar para trás, sendo seguida por aquele mar tempestuoso de grounders. Eu ainda ouço sua voz quando disse que nosso tratado estava acabado, ainda ouço o galope de mil cavalos e a corrida de mil pés, deixando-me diante de mim mesma. O que eu fiz? Como eu pude confiar que ela, uma líder feroz de um povo amarrado em seus preceitos, iria deixar sua luta de anos pela minha? 

Lexa está a muito mais tempo vivendo na Terra do que eu. Ela sabe o que é preciso ser feito diante de uma pergunta difícil. Eu tenho raiva dela por isso. Por ter feito tudo como eu faria. Eu tenho ódio por ela ser tão forte para me virar as costas e não dar desculpas para apaziguar as coisas. Eu odeio Lexa por não ter feito as coisas mais fáceis para mim.

Quando as portas do quarto se abrem, ainda estou deitada sobre as peles que recobrem a cama, vigiando o teto de madeira e pedra como se eu pudesse ver o céu e um novo pedaço da Ark caindo. Quem sabe se mais pessoas viessem do céu eu fosse deixado de lado pela novidade.

A pessoa que entrou e fechou a porta com cuidado, se mantem em silêncio. Eu não aguento isso, não saber o que me espera, então eu me sento de uma vez, virando o rosto para aquela figura estática. È uma mulher. Precisamente aquela que estava atrás de Nia quando eu lutei com Jót. A luz que entra por uma janela oposta toca ela por inteiro, dentro de suas peles escuras, frisando as marcas finas em seu rosto como se um animal tivesse usado ele para desenhar distraidamente com uma garra.

Ela me dá um sorrisinho presunçoso e cruza os braços. 

- Quem é você? - eu pergunto, minha voz soa como se eu me sentisse ameaçada.

- A rainha diz que não devemos dar algo importante como nosso nome para um inimigo. - ela explana como se não ligasse para mim mais do que para um monte de esterco. - Eu vim dar uma olhada em você para entender uma coisa, Clarke.

- Se já olhou o bastante eu gostaria de ser deixada sozinha novam...

- Por que ela escolheu você e não eu?

Ela sorri e acena em direção a mim como se empurra-se  o esterco para longe de seus pés.

- Quem me escolheu e para quê? Do que está falando?!

- De quem mais eu estaria falando se não da rainha Nia?!

Meus olhos se arregalam com a compreensão. Ela está falando sobre eu ter sido escolhida para matar Lexa. Uma pergunta me vem a cabeça. Por que ela esperava ser ela a fazê-lo?

- Antes de eu chegar era você quem faria a tarefa?

- Ela não havia escolhido ainda. - ela sussurra, meio envergonhada com algum detalhe que eu desconheço. - Ela não disse para qualquer um de nós. Eu sei que você tem uma fama desde sua rebelião contra Monte Wheater quando Lexa lhe deu as costas como um cachorrinho magro diante de um lobo, mas isso não pode ser tudo. Eu me sinto preparada! Eu sou a sombra dela.

- Você é aprendiz de Nia?

- Uma das suas mais valorosas guerreiras, sim. Com certeza.

- Eu realmente gostaria de saber seu nome.

- Não deve fazer muito mal. Você não seria pário para mim em uma luta de verdade. Não quando não tem seus amiguinhos, não é?! Meu nome é Ontari.

Soa como um nome forte e temido deveria soar. Eu balanço a cabeça para tentar não desrespeitá-la antes de saber com quem estou lidando.

- Ontari, eu não escolhi participar de nada disso. Eu fui capturada como você bem sabe. Então, qualquer problema que você tenha com isso, eu diria para você ir falar com sua rainha.

- Eu não sei se era isso que você fazia com a Lexa, ficar de fuxico e trançando cabelos, mas eu tenho realmente coisas melhores a fazer e respeito a rainha Nia, bem como suas escolhas. Se ela escolheu você, ela tem seus motivos. Eu realmente só vim botar meus olhos em você por um instante. Não é como se eu também não tivesse meu lugar nos planos dela.

Ontari me dá as costas em seguida encerrando nossa conversa e abre as portas depressa e  as fecha com uma pancada intensa. Deixada com meus próprios pensamentos, eu fico imaginando onde a mulher grounder se encaixa nisso tudo e depois eu penso onde tudo isso irá me levar.
 

| Lexa

Permanecer em meu trono tem se tornado difícil nos últimos tempos.

Algumas vezes me pego indagando quando houve essa mudança. Quando eu comecei a ter meus atos questionados ou melhor quando eu mesma comecei a me questionar.

Se isso já me acompanha desde que fui tirada dos meus pais por causa da cor do meu sangue, se foi quando eu fui jogada com outras crianças em uma batalha para ver quem de nós cresceria mais acostumado a cair e se erguer, se foi depois que eu dei a eles a morte honrosa de um guerreiro ou quando eu recebi meu manto carmesim da nossa primeira Heda.

Mas não foi em nenhum desses momentos que eu realmente senti o vento soprar contra quem eu sempre achei ser ou que estive destinada a me tornar. Foi quando eles caíram do céu, de um reino distante, dentro de um encouraçado de metal como um filho de um ente poderoso sendo posto a prova. Foi quando eu vi Clarke, uma skykru que tinha algo de ameaçador em seus olhos que eu tinha visto apenas nos melhores lutadores de nós. Foi ali, naquele encontro improvável de duas líderes de povos distintos com maneiras diferentes de lutar que eu vi meus atos questionados.

Amor é fraqueza, eles me disseram quando me desagarraram das pernas da minha mãe. Amor é fraqueza, eles repetiram quando eu me neguei a lutar com meus irmãos de clã. Amor é fraqueza,eles rosnaram quando eu caí nas graças da garota que era minha concorrente e inimiga.

Sangue se paga com sangue, eles me disseram para me darem um motivo para lutar depois da derrota ou da traição. Mas o que sempre me chocou mais profundamente de todas as palavras com as quais tentaram me moldar foram aquelas três primeiras. Foi onde tudo começou.

E mesmo depois de tantos episódios de perda semelhantes, eu não fui capaz de aprender o que aquelas três palavras significavam. Desconstrução. Destruição. Mais perda.

Eu perdi novamente o que me era estimado. Perdi Clarke.

Embora dessa vez eu não vá aceitar isso de forma condescendente.

Estou pensando exatamente em tudo isso, exclusivamente no meu desejo de trazer Clarke de volta, quando Titus entra no salão. Seu olhar segura o meu enquanto ele dá alguns passos para perto do trono e faz uma breve saudação. Ultimamente, eu tenho ficado surpresa com a quantidade de vezes que ele vêm me ver. Nunca é trazendo uma boa notícia.

- Heda. - ele me saúda. Nada na sua voz me fornece um comparativo para ter uma ideia do que ele irá abordar.

- Sim, Titus.

- Os doze clãs estão questionando mais uma vez a sua liderança.

Eu sei, penso. Eles não perdem a oportunidade de me ameaçar e de jogar em meu rosto o dia que dei as costas a uma grande batalha contra nossos inimigos. Muitos do meu povo foram mortos atrás das paredes e muros de Monte Wheater. Mas o que eu devia ter feito além de poupar as vidas daqueles que as me deram para proteger? Sou responsável por qualquer coisa que sobrevier a eles. E aquelas pessoas estranhas tinham tantas armas que desconhecíamos... Por um breve momento eu vi o que aquilo poderia me custar e pensei não ser possível dormir com tal situação.

Agora, depois dessa escolha que me pareceu honrosa, eles tripudiam em cima de mim e dizem que não faço jus a um verdadeiro grounder. Meus dentes se cerram com esse pensamento, mas eu me controlo para não transparecer nada. Uma heda é lívida, serena e impassível mesmo diante das farpas do seu caminho.

- Quem está incitando-os?

Alguém deveria estar por trás disso. Sempre há alguém por trás do fogo que consome a floresta.

- Eu não posso afirmar com certeza...

- Quem, Titus?!

- A Rainha Nia da Nação do Gelo.

Eu senti uma leve vibração se espalhar do meu nariz pelas minhas bochechas como o início de um pequeno rosnado. Mas eu não deixei que Titus o visse ou ele ficaria preocupado comigo.

- Claro. Convoque Nia a vir a Pólis o mais rápido possível. Se ela tem algo a dizer que atire em minha cara pessoalmente, se tiver coragem.



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