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História Sky Ascending - Capítulo 7: Meio Termo


Escrita por: suzannaclimaco9

Capítulo 7 - Capítulo 7: Meio Termo


Algo cai aos meus pés. Pequeno, encouraçado e meio triangular na ponta.

Eu não preciso chegar perto para saber do que se trata.

Está lá no olhar desafiador de Nia, nos seus olhos frios e calculistas e nas linhas de tinta circulando-os. Está na sua coroa metálica, no jeito como se senta naquele trono como se fosse a dona do mundo lá fora. Como se Lexa já não existisse.

Eu sei o que aquela peça é.

Uma arma para eu acabar com a única pessoa que tem presença de espírito para desafiar a rainha.   

 

A floresta se estende a nossa frente até eu achar que faz tanto tempo que eu vi a luz do dia fora da Nação do Gelo que ele voltou a ser o que era antes da raça humana existir: natureza pura. Meus pés tropeçam em mais uma pedra, culpa do meu corpo fraco e cansado. Faz horas que não paramos e eu sou a única caminhando com os braços amarrados a uma corda que Ontari segura como se eu fosse uma espécie de prêmio. È quando eu me sinto menos Wanheda do que é possível.

As vezes, eu imagino ouvir passos as minhas costas ou nas laterais, mas são só os sons da mata cheia de pequenos animais desfarçados. Mas eu sempre sou traída por mim mesma e quando vejo estou olhando alarmada para um lugar vazio, a não ser pelas árvores. Nesses instantes, Roan ralha comigo e Ontari puxa a corda e eu tropeço. Só posso desejar chegar logo onde quer que seja que estão me levando.

Até um momento atrás eu não sabia exatamente porque Nia tinha mandado me trazer para essa mulher chamada Niylah. Eu poderia ser deixada pessoalmente em Pólis por alguém mais próximo da rainha como Ontari e Roan. Seria o óbvio e melhor para ela se assegurar que eu chegasse no local combinado. Mas seria também muito fácil para alguém de Lexa notar quem me trouxera e isso seria levado como uma afronta e eles veriam a minha chegada com desconfiança.

Não, eu tenho que dar a impressão de ter ido lá por vontade própria.

Eu tenho uma única e determinante pergunta rondando meu cérebro:

O que Lexa vai pensar da minha chegada?

Meu pé esquerdo pisa na corda frouxa e minhas mãos são puxadas para baixo. Perco o equilíbrio e caio no chão.

- Levante-se, Clarke. Nós chegamos. - Roan rosna, puxando a corda para cima e sou obrigada a me sentar e levantar em seguida.

Roan me arrasta para frente enquanto Ontari amarra os cavalos em uma árvore. Nesse instante, eu noto uma forma escura mais em frente entre as árvores. Uma cabana. Ontari se junta a nós quando estamos atravessando o pórtico de entrada que permanecia aberto. Dentro está escuro e preciso piscar até meus olhos até que meus olhos se acostumem. Uma bancada com várias ferramentas e pedaços de coisas indistinguíveis se materializa de um lado. Atrás do balcão, eu tenho certeza, está a mulher que viemos procurar. Ela nos encara,um pouco desconfiada, na defensiva, diante de um grupo que ela não espera ver todo dia.

- Fechem a porta. - ela comanda com uma voz dura.

Roan dá um pontapé na porta que desliza e se fecha com um baque.

- A rainha Nia disse que você sabe o que fazer com essa aqui. - Roan comenta e me dá um tapa no ombro que me joga para frente. Se, pelo menos, minhas mãos não estivessem amarradas...

Wanheda. - Niylah entoa, me notando, como se fosse nada e tudo ao mesmo tempo.

Ela está me analisando com seus olhos escuros. Eu sei o que ela vê. Uma garota decrépita, abatida e fraca. Foi assim que Ontari e aquelas mulheres me deixaram parecendo. Deve estar se perguntando como fui capaz de derrubar Monte Wheater.

Eu não ouso dizer nada. Não enquanto eles não forem embora.

- Niylah, a rainha espera que você faça o combinado. Cuide para que Clarke chegue a Pólis. Como não é costume que façamos acordos com você, se algum dos homens e mulheres da comandante fizerem uma visita, eles não vão desconfiar de você ter dado abrigo a Clarke. - Ontari avisa, feroz. - Aliás, Kia está ansiosa para ver você.

Ao ouvir esse nome Niylah engole em seco, abalada e o máximo que consegue fazer é assentir fracamente com a cabeça. Roan passa a ponta da corda para as mãos dela.

- Cuide bem dela. - ele diz com um sorriso malicioso, nos dá as costas e abre a porta, saindo.

- Nos vemos em breve, Clarke. - Ontari segue o mesmo caminho de Roan.

Niylah corre para fechar a porta e puxa a corda no processo e eu acabo girando de frente para ela. Mas eu não sinto alívio por vê-los irem embora. Ontari me ameaçou e com isso quis dizer que nos veremos em breve em Pólis por que ela irá para lá com Nia. Elas vão manter um olho em mim para saber se vou adiante. Do contrário, ela pegará meu povo desprevenido, mutilado e disperso após uma guerra ganha a custa de suas próprias sanidades. Eu não posso deixar isso acontecer.

A mulher em minha frente parece igualmente transtornada. De todas as coisas que eu poderia questioná-la, eu pergunto:

- Quem é Kia?

Niylah parece voltar a vida.

- Minha irmã. Foi capturada logo depois que conseguiu escapar de Monte Wheater. Eu nem sei se posso mesmo acreditar que ela está viva...

Ela parece distante, tão distante que não está se dando conta de estar falando detalhes da sua vida para mim.

- Se você está aceitando barganhar com Nia deve ter tido provas. - digo, rispidamente.

- Uns fios de cabelo, talvez. - ela dá de ombros. - Por que você parece tão ruim? Está fedendo! Caiu em um chiqueiro pelo caminho?

Alguma coisa na voz dela faz com que eu dê um sorriso tímido.

- Para falar a verdade, eu não sei o que é tudo isso em mim.

- Que tal um banho para começar? Você não pode ficar na minha casa fedendo desse jeito. Não importa quem você seja. - ela pisca para mim antes de me guiar para um cômodo ao lado.

- Você está me tratando muito bem para uma prisioneira.

Ela para abruptamente e vira de costas para mim. Estamos no seu quarto.

- Eu acho que tenho que agradecer você, Clarke. Por Kia. Mesmo que de certa maneira ela esteja com a rainha Nia por sua culpa.

- Eu aceito seu agradecimento se me soltar, quem sabe, e me deixar ir até meu povo.

È a vez dela de sorrir.

- Infelizmente, eu preciso de você aqui. Mas creio que vamos encontrar outra maneira de deixá-la agradecida.

A mulher faz um gesto para uma porta ao lado.

- Se quiser se lavar é logo ali. - completa.

- Eu não acho que tiveram todo esse trabalho comigo para eu acabar tomando um banho.

Niylah ergue as sobrancelhas como quem diz "você que sabe". Depois ela olha para suas mãos que ainda seguram a corda atrelada a mim. Ela suspira e a solta. Fico olhando para a ponta solta sem acreditar. Ela apressasse para um lado da sua cama e pesca algo brilhante de uma mesinha e caminha até mim. Então ela pega as minhas mãos e corta a corda em volta dos meus pulsos. Imediatamente eu massageio as feridas que se formaram neles.

Ela não se afasta. Nem eu sou capaz. Será que isso é um passe livre para a liberdade? Embora quando eu pense nisso eu veja Arkadia pegando fogo e destruída.

- Você está fazendo isso por que sabe que não vou fugir. - digo.

- Uma coisa assim. - ela se senta na beira da cama, me olhando profundamente, cheia de curiosidade. - Mas que tal você me contar como a Wanheda acabou nas mãos da rainha Nia?

De algum modo eu não consigo escapar a pergunta, então eu me acomodo ao lado de Niylah e conto a ela como escolhi deixar Arkadia e tomar meu próprio caminho. Eu até mesmo falei como isso era uma busca para descobrir quem eu realmente sou antes de poder voltar para junto do meu povo. Desde o atentado em Tondc e Monte Wheater, eu me vi jogada em batalhas fora do controle onde as pessoas esperavam que eu fosse capaz de lhes sugerir um caminho promissor para menos perda de vidas e estabilidade.

Contudo, eu nunca soube ser capaz disto. Depois do que eu fiz nos dois lugares e como isso transformou as pessoas ao meu redor, eu não tenho certeza de que sou uma boa pessoa para se ter ao lado. Em seguida, eu falei como Roan me capturou facilmente na floresta perto de Arkadia e me levou para a rainha. Eu não precisei falar sobre a missão que ela me deu, pois ela faz parte do plano.

- Você só vai passar essa noite comigo. Amanhã vou levar você até a comandante. - ela me informa.

A noite se alonga e já é algo perto da madrugada quando Niylah me diz para descansar um pouco. Não há mais que a cama dela em lugar algum da sua cabana, então nós deitamos juntas. Por alguma razão, eu não tenho medo de ter ela ao meu lado enquanto eu caio desprotegida no sono. Ela permanece no seu lado da cama com um bom espaço entre nós e seus olhos alcançam os meus e eu não consigo mover os meus para longe por que tem alguma coisa despretensiosa e selvagem na luminosidade do olhar de Niylah que me lembra o de Lexa.

 



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