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História Sky Ascending - Capítulo 8: Lugar Certo


Escrita por: suzannaclimaco9

Capítulo 8 - Capítulo 8: Lugar Certo


Comecei pensando no que significaria traçar este caminho.

Me concentrei na raiva que eu sabia que existia em meu peito. Na razão para eu ter fugido para longe das pessoas que eu amo. Concentrei-me nas minhas perdas, no olhar daqueles que sofreram as suas, na despedida, quando eu olhei para trás... para aquele monte de metal retorcido atrás de uma cerca que poderia ser botada abaixo com muita facilidade, o lugar que eu aprendi a reconhecer como meu lar.

Relembrei  o rosto da minha mãe e dos meus amigos e pensei em como eles deviam estar aflitos sem notícias minhas. Novamente eu pensei em como nada disso estaria acontecendo se Lexa não tivesse me traído e soube que teria combustível suficiente para que eu buscasse minha vingança pessoal. Isso não precisava se resumir aos desejos de Nia. Pode ser por mim em primeiro lugar.

Logo foi fácil sair daquela cabana ao lado de Niylah sabendo que eu teria que dar um jeito de matar Lexa. Eles não me chamavam de Wanheda atoa. Houve uma razão. Talvez eu seja mesmo impiedosa. Talvez eu seja mesmo capaz de levar isso adiante.

Nós caminhamos por horas pela floresta e algumas vezes tenho certeza de já ter visto uma certa árvore ou um arbusto como se estivéssemos andando em círculos. Mas aí nós passamos por algumas aldeias no caminho para Pólis e Niylah me diz o nome de um clã ao acaso, se o líder deles é hostil, o que pensam de mim e sei que estamos indo no rumo certo. No entanto, eu mal a ouço. 

Em algum lugar em minha perna, onde eu escondi as cegas a adaga envenenada que Nia me deu, eu sinto um comichão. Não sei se é real ou se é o incômodo de saber que tudo isso não é um pesadelo. Mas eu vejo algo bom nisso tudo. Quando eu tiver feito o que vim fazer, eu vou poder reencontrar meu povo e se eu posso confiar na palavra da rainha, então quer dizer também que teremos paz até um novo inimigo se apresentar. Não estou certa que isso é o fim de todos os nossos problemas.

- Nós chegamos, Clarke. - é apenas assim que eu noto que Niylah parou de caminhar. 

Ainda estamos na cobertura das árvores quando o mundo a minha frente toma forma. Observo a enorme clareira ocupada por monumentos que deviam fazer parte de um todo que formava uma cidade e que agora está lotada de cabanas formando passagens estreitas com moradias e mercados a céu aberto, prédios aos pedaços, destroços de uma civilização a muito esquecida. Pólis. Após tudo isso, no horizonte, um edifício se destaca de todos os outros, apontando para o céu como se quisesse tocá-lo. Ele está mutilado, as janelas quebradas e arrancadas, um pedaço de concreto e metal que resistiu ao tempo. 

Niylah aponta exatamente para lá quando vê que o estou encarando.

- É onde Lexa vive.

Eu sei, penso. Onde mais ela poderia estar?  Ainda assim a informação faz meu coração se acelerar e com que eu engula em seco. Estou tão perto. Mas não é uma emoção boa que eu sinto contrair meu estômago. Não estou lembrando de momentos felizes ao fechar os olhos e rever Lexa.

- Daqui você parte sozinha. - Niylah me informa. - Eu não posso deixar meus negócios por muito tempo. - ela dá um sorriso forçado. - Deixe a rainha Nia saber que eu cumpri com minha parte.

"È minha irmã que foi capturada depois de fugir de Monte Wheater", eu ouço ela dizer novamente e uma tristeza me arrebata.

- Ok. - é tudo que eu consigo dizer.

- Boa sorte, Wanheda. - ela me deseja e parece sincero. 

Niylah  não faz menção de me abraçar ou bater em meu ombro. Ela apenas vira-se e vai embora. Suspiro, voltando meu rosto para a trilha mais próxima que me levará para a torre distante. Então, eu tomo uma lufada de ar para me abastecer de coragem e deixo a proteção das árvores. Não é muito que eu consigo caminhar até que eu veja grounders armados. Uns dois passam por mim enquanto eu finjo estar interessada em uma espécie de carne que uma senhora está assando sobre brasas.

Não sei o que eu deveria fazer. Se devo pedir para que alguém me anuncie a comandante ou esperar que eu chegue lá sem dar notícias. Quando ainda estou pensando nisso, um grounder robusto segurando uma lança parece vir em minha direção. Eu tento novamente a tática de me manter absorvida com as coisas que estão vendendo no mercado, mas isso não faz com que ele vá embora.

O homem para ao meu lado, puxando uma folha seca de um saquinho na bancada.

- Não lembro de já ter visto você por aqui. - ele resmunga em sua voz nasalada. Como não respondo, ele continua. - A qual clã você pertence?

Skykru. - respondo a primeira coisa que me vêm a mente, sem ter tempo para formular uma resposta mais adequada.

O grounder me lança um olhar hostil, seu punho se fecha despedaçando a folha que havia em sua mão e a outra se comprime mais fortemente em volta do cabo da arma.

- E o que você faz tão longe do seu povo?

Qualquer coisa que eu diga só irá irritá-lo mais, então vou direto ao ponto.

- Eu desejo ver a comandante. Me anuncie como Clarke Griffin. 

A expressão em seu rosto mudou como se de repente ele tivesse encontrado um velho amigo.

- Tem certeza... Clarke? A Wanheda?

- Eu mesma. 

Ele parece um pouco perplexo diante de mim.

- A comandante está procurando por você. - ele agarra meu braço, nos virando e movendo de volta a rua de terra. - È melhor irmos logo.

Desagarro-me da realidade por um instante. Então ela está mesmo me procurando como a rainha Nia havia dito. Mas eu não deixo isso tomar um significado que favoreça Lexa. Provavelmente, ela quer acusar meu povo de ter ultrapassado alguma linha que afeta o seu clã ou quem sabe eles podem estar me esperando em sua presença. Apesar de eu achar essa hipótese ridícula. Eles iriam pedir ajuda a Lexa depois de tudo que ela nos fez passar? Muito provavelmente, não.

Em nenhum momento enquanto caminhamos, o homem larga meu braço, me arrastando ao seu lado e muitas pessoas param o que estão fazendo para nos ver passar. Mesmo debaixo de todo o esterco em que as mulheres de Nia me lambuzaram e da cor diferente de cabelo, as pessoas parecem me reconhecer ou no mínimo notam que sou algo de valor.

Adiante o prédio de inúmeros andares cresce em minha visão. Ouço meus passos tão altos em meus ouvidos... Estou a alguns passos de ver Lexa. Parece que se passaram anos desde que eu a vi pela última vez. E eu ainda a vejo indo repetidas vezes. Meus pés bambeiam quando subimos um lance de escadas para a entrada destroçada do edifício e quase tropeço. Há uma guarda de grounders postados na abertura onde falta uma porta. Sem que eu me dê conta estamos subindo mais um lance, outro e mais outro até eu perder a conta, escalando a torre.

Eu vejo-a ir para longe de mim...

Meus pés tropeçam no último degrau e sou apoiada pelo meu captor antes que possa me estatelar no chão.  Acompanho-o por um corredor e algo como o cheiro de fumaça e incenso bate em meu rosto a medida que chegamos mais perto da única porta a vista. Então, quando já estamos quase ao alcance dela, tudo que eu quero é voltar. Sei que assim que eu entrar por aquela porta não haverá volta para nenhuma de nós.

Contudo, não tenho forças o suficiente para parar.

Nós entramos, eu primeiro ao ser empurrada sem delicadeza pelo grounder.

E lá está ela. Ofuscada por uma névoa brande de fumaça, sentada no seu trono, alisando uma faca distraidamente, com aquele semblante sério, o olhar distante e focado em alguma coisa que não parece valer a pena para nós meros mortais. Sua presença é tão forte que eu não sou capaz de ver qualquer outra coisa e permaneço de boca aberta, abobalhada, encurvada no meio da sala, esperando ser notada.

Mas ela não parece perceber que alguém entrou até que Titus se inclina ao alcance do seu ouvido, onde deposita suas palavras e, em seguida, seu rosto se move apenas alguns centímetros e ela olha diretamente para mim.

Vejo o espanto tomando conta do seu rosto por um mísero segundo. Ela só precisa de uma respiração para voltar a sua expressão impassível. Essa é a Lexa que eu conheço, aquela que preferiu me deixar para morrer do que assumir os riscos. È por isso que ela não demonstra o que sente ao me ver. Ela não está preparada para assumir os riscos.

Lexa se ergue do trono e eu cerro meus dentes, imaginando um monte de perguntas que eu poderia fazer a ela. Imaginando atacá-la aqui e agora pelo que me fez. Vendo-me fazer exatamente o que a rainha Nia espera de mim.

- Clarke. - ela pronuncia meu nome como se estivesse saldando um desses homens e mulheres com quem ela mantém acordos políticos. Totalmente destituído de emoção.

Ela começa a descer do seu pedestal.

- Não se aproxime! - exclamo com a maior calma que consigo. 

Se ela se aproximar, eu não sei o quão contida vou permanecer.

- Eu estava esperando por você. Nós devemos conversar a sós. - ela olha por cima do seu ombro em direção a Titus. - Pode nos deixar a sós, Titus?

Não é exatamente uma pergunta.

- Claro, Heda. 

- Os demais podem acompanhá-lo.

Meus olhos seguem todos eles saindo. A guarda pessoal da comandante, Titus, o homem que me trouxe... As portas da sala são fechadas e estou consciente do olhar de Lexa em mim quando ficamos a sós.

 

 

 



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