História Skyfall - Ninguém é Humano - parte 1

Capítulo 1 – Ninguém é Humano - Parte 1

Hanna

—Filha? Está na hora de acordar, você precisa ir para a escola. - Minha mãe me balançava na cama, eu resmunguei em resposta.

— Não quero ir mãe, me deixa ficar em casa hoje. 

— Nada disso, levanta.

Levantei com a maior cara de sono do universo e fui para o banheiro, eu sei que não tem como uma pessoa estar com uma boa aparência logo após acordar, mas pelo amor, eu nunca estive tão horrível. Parecia até um zumbi.

Fiz um coque de qualquer jeito é fui ao guarda roupa para me arrumar. Minha mãe já tinha saído do quarto e provavelmente estava no andar de baixo, tomando seu café da manhã. Suspirei de sono mais uma vez antes de colocar a blusa de manga longa cinza e uma calça jeans preta. Desci as escadas e fui tomar algo antes de sair para a escola.

—Onde está o papai? - Eu perguntei com um pedaço de pão na boca.

— Não fale de boca cheia, filha. - Minha mãe respondeu ignorando minha pergunta. Engoli o pão em minha boca e voltei a perguntar.

— Onde está o papai, mãe? 

— Ensinando seu irmão a atirar.

— Porque não pude ir também?

—Vocês é menina, Hanna. Meninas não mexem com isso e é nova demais para isso.

— Grande coisa ser menina, isso é um machismo que só. E, nova demais? Fala sério, Max tem 19 anos, é só dois anos mais velho que eu, isso não tem sentido.

— Apenas se concentre na escola, está bem querida? E em por falar em escola, você vai ao baile de formatura? 

— Tenho cara de quem quer ir? Aliás, tenho cara de quem tem um par para ir? - Levei meu olhar ao relógio que ficava na parede e vi que já estava na hora de ir. - Tchau mãe, depois a gente se fala.

Dei um beijo na bochecha dela e fui para a escola.

Sempre fico esperando Anna chegar para entrarmos juntas, já que estudamos na mesma sala, mas hoje ela demorou um pouco e eu acabei dando de cara com Ally, ela era o o típico tipo de garota que não tem motivo nenhum para te por pra baixo, mas mesmo assim o faz. Nem parece que tem 17 anos, santa infantilidade.

—Nossa, um pássaro fez um ninho na sua cabeça? - ela disse e as suas amigas Madison e Claire, que estavam juntas a ela soltaram risadinhas irritantes.

Ignorei o comentário e vi que elas seguiram reto. Suspirei ao ver que Anna estava chegando.

—Oi Hanna, desculpe pelo atraso e... Espera o que elas estão fazendo aqui? - Ela disse apontando para Ally que passava nos encarando.

—Me enchendo a paciência, vamos, a aula já vai começar. - eu respondi.

O dia passou como uma lesma, e ao bater o sinal do intervalo Anna apareceu na minha frente .

—E ai, você vai pro baile?

—Claro que não Annie - eu a chamava assim - já te falei que não tenho par, e não tenho roupa, e não gosto de usar vestidos.

—Aaaaah, qual é Hanna, nós precisamos ir, pensa no quanto de caras gatos vão estar lá, e é o ultimo baile do ano, precisamos aproveitar. - Às vezes eu acho Annie mais parecida com Ally do que comigo.

—Tudo bem Annie, tudo bem, eu vou, por você.

Pude ver seus olhos brilhando. Eu odiava o poder que suas palavras tinham. Ao sairmos da sala vimos o corredor todo parado e concentrado para olhar o "top3" da escola, que seriam Anthony, Mark e Eric. Olha, preciso admitir que eles eram gatos demais, mas é aquele famoso ditado, nem sabem que eu existo e tem mais, eu sou uma garota normal demais para eles. Preferem gente tipo Ally e suas amigas do que eu.

Era uma coisa impressionante quando eles passavam, o corredor inteiro parava e abria espaço para vê-los passar. Mark era um aluno do terceiro ano, assim como Anna e eu e era o que podemos denominar de "famoso" na escola, mas ao contrário do que todos acham, ele e seus amigos não são esnobes nem coisas do tipo, eles são as pessoas mais gentis e legais que eu conheço - ou gostaria de conhecer -, mas pelo o que eu sei, Mark gosta de Ally, e querendo eu ou não, eu sinto alguma coisa por ele sim, por menor que seja, e as chances que eu tenho contra Ally são mínimas. Eles passaram reto por todas as meninas, sem esboçar nenhuma expressão, eu não sei se foi coisa da minha cabeça, mas podia jurar que os olhos de Mark se encontraram com os meus.... Impossível, não pode ser.

Após eles deixarem o corredor, o mesmo explodiu em gritinhos do tipo "eles são tão lindos" e "soube que eles não chamaram ninguém para ir ao baile" e coisas do tipo. Anna e eu nos olhamos e rimos das garotas apaixonadas pelos garotos.

Aquele já era o último dia de aula, era uma segunda feira e todo mundo só falava no dia do baile, que seria na sexta. As meninas sussurravam entre si, ora falando dos meninos que havia as convidado, ora falando da cor de seus vestidos, e eu tentava ao máximo não mandarem elas calarem a boca e olha, eu quase fiz mesmo, mas de repente um garoto que se sentava não muito a minha frente começou a tossir violentamente, mostrando falta de ar.

Eu rapidamente corri para tentar ajudar, já que aquelas inúteis da sala só lançavam olhares e caretas de espanto. Ao tocar em sua pele percebi estar absurdamente quente, o garoto tentava ao máximo falar alguma coisa, mas a tosse não deixava, eu virei seu corpo para ajudá-lo a respirar melhor, mas parecia que nada adiantava, ele começou a piorar ainda mais e tossia com mais violência ainda. A força fora tanta que logo já saiam sangue junto à tosse, meu rosto e minha blusa estavam com respingos de sangue. Não havia notado, mas Anna havia saído da sala rapidamente e chamara a enfermeira da escola. O garoto se soltou de meus braços e se virou e começou a vomitar sangue no chão, eu tentava de tudo para ajudar pelo menos com a falta de ar, mas tudo que eu fazia era inútil. Enfim a enfermeira chegou e ele desmaiou, ela o levou consigo até a enfermaria junto de alguns professores que estavam aglomerados na porta 

Um deles perguntou o que havia acontecido, respondi que Marco tivera uma crise de tosse, talvez fosse uma asma atacada ou sei lá o que. Pediram para eu ir ao banheiro limpar o sangue seco em meu rosto e roupa e agradeceram por Anna e eu termos agido rápido. Anna veio comigo ao banheiro, pois o sangue havia espirrado nela também.

— Que coisa louca cara, o cara tava bem e do nada quase morre. - Anna foi a primeira a falar.

— E eram tosses muito fortes, será que ele esta bem?

— Realmente, não tenho certeza, ele foi desmaiado para a enfermaria, só por causa de tosses, deve ser alguma coisa grave - Anna e eu paramos de falar, tinha certeza que ela estava também no que ele devia ter, com certeza era alguma coisa seria não tinha como não ser.

Estava quase na hora da Anna passar em casa para que minha mãe nos levasse ao baile, íamos juntas já que ambas não tinham par. Realmente eu não me dava bem com maquiagem, minha mãe chegou e ao me ver desesperada riu de minha cara e foi me ajudar. Eu estava com um vestido azul curto - ia até um pouco acima do joelho - ele era bonito, tive de admitir, queria ir de tênis, pois saltos altos não me deixavam confortáveis, mas minha mãe me deu um sermão falando que tênis não eram chiques e elegantes. Tive que me render a suas palavras, o salto ate que não era tão grande, mas mesmo assim me incomodava. Alguém tocou a campainha da nossa casa, fui ver pela janela e sorri ao ver Anna, que acenava felizmente em minha direção. Minha mãe me deu uma ultima olhada e suspirou e nós descemos as escadas de casa para irmos logo ao baile.

Ao abrir a porta pude ver que Anna usava um vestido vermelho de cor bem forte, ela estava deslumbrantemente linda.

—Você está linda - eu disse a ela.

—Ah, que isso, você está mais. Se o Mark não te notar hoje eu mesmo vou chegar nele.

—AH, MAS VOCÊ NÃO VAI NÃO. E espera, eu não gosto dele. 

—Ai, estranha. Eu tava brincando. E sei.... Não gosta dele, tá – Ela disse sorrindo e eu a olhei feio.

Depois de mais ou menos 10 minutos havíamos chegado a escola. Suspeitei de não ver Ally na entrada zombando do meu vestido ou de alguma coisa em mim, mas não reclamei, na verdade, estava tudo muito bom pra ser verdade.

Assim que entramos no salão pude ver Mark aos beijos com Ally em um canto, tentei não demonstrar o quão mal eu fiquei na hora, mas Anna notou, virou meu rosto e começou a tentar levantar minha estima. Mas eu não ouvi uma única palavra do que ela disse, pois estava bem ocupada vendo Ally e Mark se beijando. A sessão dos beijos acabou e eu ainda continuei olhando os dois até que Mark virou e surpreendentemente olhou em minha direção, não pude continuar olhando para ele, eu estava mal, mas precisava disfarçar. Então virei o rosto para Anna e sorri para ela.

—Vem, vamos se divertir.

Fomos pegar bebidas pois estávamos com sede, fizemos algumas piadinhas e eu acabei olhando de novo para Ally e Mark mas meu desvaneio cessou quando uma menina gritou.

Seu grito ecoou o salão inteiro, fazendo todos se calarem e tentar achar de onde tinha vindo. Meu coração parou quando encontrei a cena. A menina, aparentemente era um ano mais nova que eu estava sendo mordida no braço, não pude ver quem estava cometendo o ato de canibalismo, só sei que todos se desesperaram e começaram a correr de um lado para o outro, eu permaneci imóvel observando aquilo enquanto pessoas passavam na minha frente se empurrando e me empurrando também. A pessoa ao levantar a cabeça voltou e eu vi seu rosto, me assustei, admito, com o que vi. Era Marco, o menino que ainda mais cedo tivera crise de tosse, ele deveria estar doente seriamente, pois agora tinha ficado louco. Ele largou o braço da menina que caia no chão sem forças para fazer nada, e agarrou o pé de um menino que corria por lá tentando sair do grande salão, mordendo sua perna assim que suas mãos se encaixaram na perna dele.