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  3. 08 de Dezembro de 2016

História Hakanai - 08 de Dezembro de 2016


Escrita por: Juriasu

Notas do Autor


KKKKKKKK
Meninas que tao com vergonha me add
Eu sei que prometi não editar mais nada nessa história MAS GENTE ME PERDOA eu tenho ascendente em libra. Eu nunca sei qq eu queronskfnskfn

Mas gente. Simplesmente não dá. Smile é um nome tão comum. Tem mil fanfics com a palavra smile. Gente quero ser diferentona. Como sou otaca cauai deso eu pensei olha por que não??? O NOME VAI TER SIM SIGNIFICADO NA HISTORIA ces vao ver.

Mas agora, tá aí o capítulo, boa leitura e espero que gostem. ♡

Capítulo 3 - 08 de Dezembro de 2016


Fanfic / Fanfiction Hakanai - 08 de Dezembro de 2016

08 de Dezembro de 2016

Quando acordei naquela manhã de quinta-feira me sentindo mil vezes mais leve, no início não entendi muito bem por quê. Mas acho que é assim mesmo, depois de acordar a gente fica meio lerdo e não lembra nem o próprio nome se alguém perguntar. Mas não era sempre que eu levantava com um sorriso no rosto. Se não me engano, a última vez que estive de bom-humor a essa hora foi... é, deixa pra lá. Mas o que importa é que eram seis da manhã e eu cantava Fly do Epik High pela casa como se não tivéssemos vizinhos.

— Yoongi? Já entendi que está feliz, mas acho que a sra. Park não precisa dessa informação.

Sra. Park era uma velhinha agradável que morava no apartamento ao lado e que, apesar de ser muito simpática, vivia reclamando do menor barulho que nós fizéssemos, porque mesmo sendo plena uma da tarde, a senhorinha insistia que queria silêncio pra dormir. O que eu até entendia porque minhas noites de sono nunca foram as melhores então uma sesta de tardinha era sempre bem-vinda. Mas por outro lado, eu nunca reclamei do barulho da vida alheia.

Seokjin estava na cozinha fazendo panquecas, o que de certa forma contribuía para a minha felicidade, e acho que ele sabia disso, mas honestamente, eu não tinha bem do que reclamar. Me senti um pouco mal por ter sido tão rude e mesmo assim era ele quem estava me agradando. Às vezes eu odeio Jin por ser tão compreensivo.

Então as lembranças de ontem invadiram a minha cabeça e a primeira coisa que me lembrei foi de chorar igual a uma criança nos ombros de Hoseok. Ele me abraçou daquele jeito e foi realmente vergonhoso porque as lágrimas não paravam de descer e eu me senti mais impotente do que nunca. Mas na verdade eu estava feliz porque eu nunca pensei que coisas assim podiam acontecer comigo. Digo, eu continuava o mesmo mau humorado workaholic, mas as coisas meio que pareciam dar sinal de que iriam melhorar.

Sei que demorei muito pra me acalmar naquela noite, mas quando fiz, nenhum de nós teve coragem o suficiente para quebrar o silêncio que, por mais surpreendente que fosse, não estava desconfortável. Então ficamos lá por um bom tempo sem falar nada enquanto eu sentia de pertinho aquele cheiro de maçã e canela que era melhor do que qualquer flor em plena primavera.

E foi mais vergonhoso ainda porque Hoseok fez questão de me levar pra casa, mesmo que nenhum de nós tivéssemos um carro ou algo do tipo. Dessa forma, decidimos por caminhar, enquanto Hoseok tentava puxar alguns assuntos bobos, que eu só respondia com sim ou não, porque acho que ainda estava meio fora de órbita.

Quando me despedi de Hoseok com muitos pedidos de desculpas por ter o feito vir até a minha casa, e dei de cara com a realidade onde eu teria que abrir aquela porta e encarar o meu melhor amigo(que talvez eu não pudesse nem mais chamar assim), minha vontade era chorar de novo. Mas naquele dia tudo estava sendo tão inesperado, e eu não estava muito afim de dormir na rua, muito menos perder a amizade de Seokjin, então reuni toda a coragem do mundo e girei a maçaneta.

Entretanto, quando encontrei Jin sentado no sofá assistindo algum daqueles seus filmes de comédia romântica que eu não aguentava nem ler o nome, antes que eu percebesse, já estava chorando desesperado com lágrimas pesadas e soluços, parado no batente da porta.

Então, como sempre, Seokjin correu pra me envolver em um abraço, talvez não tão bom quanto o de Hoseok, mas tão bom quanto as panquecas que fazia. Meu melhor amigo sussurrava palavras de conforto no meu ouvido toda vez que eu pedia desculpas e xingava a mim mesmo por ser tão idiota.

Dessa vez ele não me perguntou o que tinha acontecido e eu me senti muito grato, porque eu provavelmente não saberia como responder. Apenas nos sentamos no sofá e ficamos ali, abraçados. Ainda eram coisas demais pra absorver e eu estava exausto. Dessa forma, acabei dormindo nos braços de Seokjin porque eu estava tão cansado e parecia que o peso do mundo inteiro havia sido tirado das minhas costas. E foi a primeira vez em meses que não precisei de nenhum tipo de hipnótico forte pra cair no sono.

Tudo isso parecia tão distante naquela manhã, como se fossem cenas de outra vida. Porque quero dizer, eram seis da manhã e eu queria cantar.
Mas no final eu comi as panquecas e saí mais cedo de casa, apenas pra poder caminhar até a universidade com Jin, coisa que eu nunca me importava muito em fazer, já que a essa hora, normalmente eu estava ocupado demais rangendo os dentes de raiva por ter sido acordado de mais uma noite mal dormida.

Depois que me despedi de Seokjin — que tinha aulas de manhã cedo — e entrei naquele café, senti os olhares e cochichos, mas ignorei. Eu não queria que aquilo estragasse o meu dia.

Sentei naquela mesa mais afastada depois de pedir um café bem forte e abri meu notebook para começar a trabalhar, obviamente não sem antes checar o relógio. Ainda eram 07h00 e Hoseok só costumava aparecer por volta das 07h30. Não que eu estivesse ansioso pra vê-lo ou algo do tipo. Não, era só um fato.

Já que não tinha nada realmente urgente pra fazer, me contentei em começar a preparar o seminário que eu deveria apresentar aos professores no final do mês. Apresentar. Aquela simples palavra fazia meu estômago dar cambalhotas. Deus, quem foi que inventou isso?

O relógio já marcava sete e meia e ainda não havia nenhum sinal de Hoseok. Suspirei. Eu até queria vê-lo hoje, talvez agradecer por tudo, embora houvesse uma boa parte de mim que ainda estava constrangida por ontem e não iria saber onde enfiar a cara caso ele resolvesse aparecer.

Divagando em meus pensamentos, com um seminário pra terminar já há muito esquecido, me peguei observando cada canto daquele café que eu conhecia centímetro por centímetro. Entretanto, dessa vez, as paredes estavam enfeitadas com algumas simples decorações de Natal. Nada muito extravagante como nas lojas dos shoppings ou nos supermercados. Apenas umas guirlandas aqui e ali, pequenas luzes, e estrelinhas e bolinhas douradas penduradas no teto.

Já estávamos em Dezembro, o que significa que faltavam poucos dias para o Natal, e eu realmente não estou muito ansioso para essa data. Jin sempre ia comemorar com os pais, já que pra ele era uma dia de família, mas não é como se eu pudesse voltar pra casa desse jeito. No final eu provavelmente iria passar a noite trancado no apartamento vazio ou até em algum bar qualquer bebendo até esquecer o nome. Sei lá, o que rolasse primeiro.

— Yoongi-hyung!

Eu não conhecia muitas pessoas, portanto, eu não era hyung de muitas pessoas. Tentei imaginar quem poderia estar me chamando assim, mas ninguém me veio à cabeça. Direcionei o olhar até o suposto conhecido e então, pelo que parecia a milésima vez, mas talvez fosse apenas a quinta, me deparei com aquele sorriso quilométrico que podia iluminar até o canto mais escuro do planeta.

Às vezes eu tinha dúvidas de se Hoseok era mesmo um ser humano. Sua felicidade era tão contagiante que, pra mim, ele parecia mais um pedacinho de Sol que resolvera se aventurar aqui pela Terra e, quem sabe espalhar um pouquinho de alegria para aqueles que aqui moravam. Era incrível como ele irradiava uma energia desde a pontinha daquele topete impecavelmente desarrumado — porque até os fios mais rebeldes pareciam terem sido perfeitamente alinhados. — até o último dedo do pé.

Já era tarde demais quando me peguei admirando cada parte do corpo do rapaz na minha frente. Ele vestia uma jaqueta de couro de aspecto pesado e uma camisa extravagante com uma estampa colorida e meio sem sentido. Não era muito sofisticado, porém Hoseok tinha aquele jeitinho convencido, e eu acreditaria facilmente que ele era uma espécie de modelo ou um desses idols.

De repente me arrependi de ter vestido a primeira coisa que encontrei no armário e optado por aqueles óculos de armação preta tosca ao invés das lentes de contato que Jin queria comprar para mim.

Se me perguntassem qual era o maior hobby de Hoseok, eu diria com quase toda a certeza do mundo que esse era me pegar de surpresa em momentos completamente inoportunos.

Desviei o olhar, sentindo minhas bochechas esquentarem. Fala sério, por que eu estava assim?

— E-Eu não sou seu hyung.

Óbvio que eu não era. Simplesmente pelo fato de que Hoseok tinha literalmente três vezes o meu tamanho. Tudo bem que eu sempre fui meio baixinho, mas ele também parecia mais... Experiente. Enquanto eu era só um cara vazio, cheio de nada. Não fazia muito sentido pra mim.

— Claro que é. Jungkook me contou que você tem 19 anos, mesmo parecendo ter uns 14. — riu. — Então é, acho que você é meu hyung. Quero dizer, eu tenho 18.

Hoseok falava tudo tão rápido que eu levei um bom tempo pra processar tudo que havia dito. Eles eram amigos? E desde quando Jungkook falava sobre mim para os amigos? Ou será que havia sido Hoseok quem perguntara? Mas por que ele faria isso? Eram tantas perguntas sem respostas que eu achava que estava prestes a explodir.

— Ah... Não é como se não tivessem mesas disponíveis hoje, Hoseok. — falei, rapidamente mudando de assunto quando percebi que ele havia se sentado na cadeira em frente a minha sem pedir licença.

— Não seja assim, Suga-hyung! — disse com uma falsa expressão de ofendido — Somos amigos agora, não somos?

Nós éramos amigos?

— Tecnicamente, nos conhecemos há apenas três dias.

E aí que percebi meu erro, porque Hoseok parecia estar prestes a tocar no assunto de ontem à noite. Algo como "Oh, Hey. Você confia em mim o suficiente para se desfazer em lágrimas na minha frente, mas não para ser meu amigo?” Mas ao invés disso, sorriu e simplesmente disse:

— Tempo suficiente para uma amizade.

Eu não soube muito bem o que responder e acho que isso é a coisa que mais odeio em mim. Nunca sei o que dizer quando é realmente necessário dizer algo. É irritante porque eu queria conhecer mais Hoseok. Eu queria que nos tornássemos amigos. Mas parecia que a minha mente não estava muito afim de trabalhar junto comigo. Como sempre.

O silêncio caiu como em todas as outras vezes que nos encontrávamos e eu fiz o possível para focar no trabalho que eu tinha que fazer. Às vezes deslizava o olhar para cima da tela do notebook e via que Hoseok ainda me encarava inquieto. Sua boca abria e fechava constantemente, como se estivesse tentando encontrar algo para dizer.

— O que você tanto faz aí? — disse ele, dando as caras por cima da tela digital.

— Trabalho.

Pfff. Obrigado por esclarecer. Acho que nunca saberia se não tivesse me contado. — rebateu com aquela risada escandalosa que enchia os meus ouvidos toda vez.

— É só mais um daqueles seminários de final de mês, Hoseok. Nada demais. — falei sem tirar os olhos do notebook.

— Sim, mas eu quero dizer, sobre o que é? Porque sabe, eu nunca fiz uma faculdade de música, então eu queria, sei lá... saber do que se tratam as coisas.

Levantei o rosto e vi que Hoseok me encarava como uma criancinha curiosa e, antes mesmo que eu percebesse, estava escondendo com as costas da mão o sorriso que se formava em meus lábios.

— Progressões musicais. — falei depois de me recompor, desviando o olhar rapidamente de volta para o notebook.

— Ohhh... Eu não faço ideia do que seja isso. — contei três segundos de silêncio antes de uma gargalhada escandalosa tomar conta do local — Você é muito inteligente, hyung.

Meu corpo se arrepiava brutalmente sempre que ele usava aquela palavra para se dirigir a mim. Parecia um pouco errado ser hyung de alguém como Hoseok, que parecia carregar o mundo todo na ponta da língua e dos dedos. Não seria justo que fosse ele a me tratar com respeito, quando eu só era um cara qualquer de 19 anos que não tinha muita vontade pra nada, enquanto ele via beleza em tudo.

— Não precisa me chamar de hyung... — falei o mais alto que a minha vergonha permitia, o que, convenhamos, não era lá muita coisa.

— Quê?

Eu estava quase me irritando. Quase. Mas ele não tirava aquela porcaria de sorriso ridículo do rosto e eu já sabia que eu não conseguia ficar bravo com aquilo. Minhas bochechas pegavam fogo e eu queria voar no pescoço de Hoseok, mas ao invés disso, apenas aumentei o tom de voz e repeti:

— N-Não precisa me chamar de hyung! 

Hoseok me encarou com uma expressão surpresa, mas que foi logo substituída por mais uma daquelas suas gargalhadas bem dadas.

— Ohh, tudo bem, então, Yoongi. É que você fala muito baixinho!

Depois daquele comentário eu já estava querendo derreter ali mesmo pra fugir de todo aquele vexame. Acho que nunca me odiei tanto por ser tão pálido, porque eu tinha certeza de que, não só minhas bochechas, mas o meu rosto todo estava mais próximo de um pimentão do que do leite azedo do dia-a-dia.

— Não é verdade... — foi o mais coerente que saiu no meio dos milhares de resmungos que passavam pela minha cabeça.

— Desculpa, Yoongi. Eu não consigo te ouvir. — Hoseok disse com um sorrisinho travesso no rosto.

Eu já estava começando a ficar frustrado. Quero dizer, quando eu disse que era bom ter a presença de Hoseok, eu não estava falando desses surtos de infantilidade que me faziam passar a maior vergonha.

— Para, não tem graça, Hoseok! — falei quando ele começou a rir mais uma vez.

Sério, por que essas coisas têm que acontecer justo comigo? Eu podia ter esbarrado com qualquer outra pessoa naquela noite, qualquer uma, mas não, eu tinha que dar de cara logo com Jung Hoseok. Ah como eu queria rasgar aquele sorriso bonito.

— Desculpa, desculpa! De verdade, Yoongi. É que você fica muito bonitinho quando tá irritado. Suas bochechas enchem assim ó.

E então, Hoseok demonstrou o sei lá o quê que minhas bochechas faziam e eu esqueci toda a raiva de antes, porque fala sério, ele não era nada mais que uma criançona presa num corpo de adulto, mas até que era fofo vê-lo com as bochechas cheias de ar e a boca num biquinho infantil. Talvez eu estivesse ficando tão louco quanto ele.

De qualquer forma, eu ainda estava querendo sumir de vergonha, ainda mais depois de ter sido chamado de bonitinho, mas Hoseok tem essa coisa de ir te deixando confortável aos pouquinhos sem você nem perceber. Por isso não me surpreendi quando uma risada escapou dos meus lábios antes que eu me desse conta.

— Eu fiz você rir! — ele começa a gritar e agitar os braços como se tivesse ganhado algum tipo de prêmio.

Afundei o corpo na cadeira mais do que eu consideraria possível e escondi o rosto nas mãos. Eu ria ainda mais dessas palhaçadas.

Minha mente estava um turbilhão de pensamentos e confusões. Hoseok tinha tudo o que eu mais odiava reunido em uma pessoa só, mas eu não conseguia nem me irritar com ele por muito tempo. Muito pelo contrário, ele me arrancava sorrisos, preenchia aquele vazio no peito que você já está tão acostumado que nem lembra mais que existe até ele mostrar aqueles dentes extremamente brancos e te convencer de que tudo vale a pena sem nem precisar de palavras. Mesmo sempre fazendo um estardalhaço digno de circo por qualquer coisinha e acabar atraindo toda atenção pra nós, ele é o tipo de pessoa que você quer ter por perto.

— Poxa, Yoongi. Seu sorriso é tão fofo. Não esconde, não.

Hoseok puxou minhas mãos para longe do meu rosto com uma delicadeza atípica e continuou me observando com um sorrisinho torto, o que me deixava mais sem graça ainda. Eu não sabia para onde devia olhar, mas aquele rosto bobão definitivamente estava fora da minha lista de possibilidades.

— Já que eu te fiz rir, por que não me dá o seu número?

Imediatamente me lembrei da outra vez que Hoseok havia me feito essa mesma pergunta. Tudo podia ter sido tão mais fácil se eu não fosse um medroso que foge até da própria sombra. Justo quando eu havia aceitado o fato de que eu não tinha mais chances contra o mundo, Hoseok aparece e vira tudo de ponta cabeça. Inclusive eu já tinha desistido de manter uma opinião fixa sobre ele há tempos, porque num momento aquele sorriso é tudo que importa, então em um piscar de olhos, minha vontade é mandá-lo para o mais longe possível da Terra. Jung Hoseok era terrivelmente inconstante. Tanto nos meus pensamentos, quanto na vida real.

— Tudo bem se não quiser. Eu não quero te forçar a nada. Só pensei que talvez fosse mais fácil pra...

— Não, tudo bem. Eu só estava distraído. — o interrompi. Hoseok tinha esse hábito de falar explicar mais do que o necessário.

Ele então estendeu o celular com a aba de contatos aberta para que eu anotasse o meu ali. Salvei um simples “Min Yoongi” e devolvi o aparelho.

Hoseok examinou a tela e sorriu.

Honestamente, eu queria saber por quê ele tem essa mania de sorrir até pro primeiro poste da rua. É ridículo. Afinal, não é como se alguém pudesse ser feliz o tempo todo assim, mesmo que todos os seus sorrisos parecessem cada vez mais sinceros.

— De qualquer forma, eu tenho aula agora, então tenho que ir. Até mais Yoongi!

Se despediu com um beijinho no ar e foi embora levando os sorrisos e o clima agradável que, até então, eu não havia percebido estar presente. De repente tudo que antes estava colorido com aquela presença dourada de Hoseok voltou a ser preto e branco, e eu apenas continuei ali, encarando a parede sem cor como todo o resto.

Entretanto, não se passou muito tempo até que meu celular vibrasse, avisando que havia uma nova notificação, me tirando daquele transe.

Assim que desbloqueei o aparelho e li a mensagem na tela, pela primeira vez em muito tempo, sorri de verdade. Eu nunca gostei muito do meu sorriso porque não importa o quão feliz eu esteja, ele sempre parece forçado. Então, a partir daí comecei a evitar sorrir na frente dos outros, porque eu tinha vergonha de não conseguir demonstrar nem mesmo uma coisa tão simples como felicidade.

Porém, naquele momento eu não me importei.

O número era desconhecido, mas eu não precisava de uma identificação para saber quem era.

Tenha um bom dia! :)

E de repente as cores voltaram.

Eu não respondi a mensagem e nem salvei o contato, mas aquele calor me acompanhou pelo resto do dia; até mesmo quando o relógio anunciou seis da tarde e eu fazia o meu caminho até a biblioteca pra começar o expediente.
Hoseok é definitivamente estranho e me faz sentir estranho também, e eu não sei se isso é bom ou ruim. Mas eu queria ter uma chance de descobrir, porque não gosto de coisas incertas. Além do fato de que é sempre bom saber quando vai levar uma rasteira da vida.

E eu dei de cara com essa chance quando Hoseok apareceu na porta daquele prédio antigo e empoeirado da universidade logo depois do meu turno, com a maior cara de felicidade, dizendo ter algo bacana para me mostrar.

Eu queria aceitar sem nem pensar duas vezes, mas, como sempre, aquela parte da minha mente que eu me esforçava pra fingir que não existia, mas que, infelizmente, tinha mais voz do que a própria razão, se pronunciou. Era óbvio que eu não podia ficar sozinho com Hoseok, principalmente quando eu não tinha ideia nenhuma de para onde ele me levaria. Então lá estava eu, mais uma vez com o coração acelerado e aquele frio desagradável tomando conta do meu corpo, com a mente em branco e sem saber como agir. Eu não queria parecer um idiota covarde, mas também não queria ir para onde quer que Hoseok pretendia me levar. E aí eu acabei recusando, mesmo depois dos milhares de “por favorzinho, Suga!” e até mesmo um “Prometo que não vai se arrepender, Suga-oppa” com uma voz fininha e as mãos formando um coração, que recebeu o melhor olhar feio que consegui lançar.

Entretanto, o meu coração fora reduzido a milhares de caquinhos quando me deparei com o olhar decepcionado em seu rosto. Ver Hoseok, que nunca parava de sorrir por um segundo desde que nos conhecemos; com aquela expressão era torturante. Principalmente por saber que a culpa era inteiramente minha. Não existem palavras para descrever como me senti ao assisti-lo ir embora com aquele semblante triste. Eu definitivamente era a pior pessoa do mundo.

Eu não queria afastar mais alguém por causa dessa personalidade de merda. Era tão injusto. Eu só queria poder conversar e agir normalmente, será que é pedir muito? Qualquer que tenha sido o meu pecado em alguma das vidas passadas, acredito que já paguei mais do que o dobro do que devia por ele. Era por minha causa que Hoseok estava fechando aquela porta e levando junto consigo todas as minhas oportunidades de conseguir mudar pelo menos um pouco, e tudo que eu conseguia era ficar parado ali encarando a porta.

Até mesmo Jungkook me olhava decepcionado. Não era preciso muito esforço para deduzir que eles eram íntimos e aquilo me deixou pior ainda, se é que era possível. O que ele estava pensando de mim? Eu sentia como se estivesse fora do meu corpo, assistindo a cena de camarote apenas para poder presenciar o quão estúpido eu era no meio de tudo isso.

Mas eu estava cansado. Cansado de perder pessoas, oportunidades e até mesmo momentos por causa de um medo ridículo. Não aguentava mais ficar preso naquela prisão invisível sem fazer nada, simplesmente aceitando tudo sem lutar ou protestar. Eu tinha que ser forte, e dessa vez eu seria.

Antes que minha mente tivesse tempo de me fazer voltar atrás, juntei minhas coisas e corri o mais rápido que pude. Nos conhecíamos há apenas três dias, mas eu já tinha perdido a conta de quantas vezes fui o maior babaca com Hoseok e ele apenas continuou do meu lado, como se fossem três anos. Mas eu não queria e nem iria decepcioná-lo mais uma vez.

— Espera, Hoseok! — gritei assim que saí porta afora e me deparei com o próprio Jung a apenas alguns metros de distância, chutando as pedrinhas do chão enquanto andava.

Eu odiava correr, mais do que tudo, mas lá estava eu, mais uma vez correndo com todas as minhas forças por causa de Hoseok. Ele tinha essa habilidade de me deixar confuso, de me convencer a fazer e conviver com coisas que eu sempre detestei, sem precisar de argumento algum. Simplesmente porque era Hoseok, e Hoseok sempre conseguia o que queria.

— Desculpa, eu fui idiota outra vez. Eu... eu quero ir com você.

Seu rosto iluminou-se rapidamente com um sorriso meio torto e uma expressão satisfeita, e eu não pude deixar de corar quando seus olhos encontraram os meus. Hoseok já era lindo, e ficava ainda mais quando assumia aquele ar convencido e empinava o nariz daquele jeitinho, capaz de acelerar o coração de qualquer um.

— E o que te fez mudar de ideia? — perguntou.

Ele fazia muitas perguntas e eu detestava isso. Mas meio que amava também, porque é bom saber que, no fundo, ele se importava o suficiente para tentar entender o que se passa na cabeça de alguém tão confuso quanto eu. Mas esse era justamente o maior dos problemas. Eu era confuso até demais, e não sabia a resposta de nenhuma das suas perguntas.

— E-Eu não mudei de ideia! Digo.... Eu queria desde o início. É só que... Eu não sei! É complicado... Me desculpa. Quero muito conhecer o seu mundo, Hoseok.

Minhas bochechas coravam enquanto eu dizia para mim mesmo que não havia motivo para ficar com medo, afinal, era apenas Jung Hoseok.

Uma leve risada deixou os lábios do mais alto e, em questão de segundos, fui puxado para um abraço meio desengonçado que, por mais incrível que pareça, não recusei.  Era completamente desajeitado e acanhado, bem rapidinho. Mas cabia tanto sentimento que me surpreendi com como um toque tão singelo poderia significar tanta coisa. Afinal, eu nunca estive muito familiarizado com essa intensidade que Hoseok tinha de sobra. Sempre fui um cara simples e prático. O que acontecia, acontecia e pronto. De forma que eu nunca sabia muito bem como agir perto de alguém assim.

Tão rápido como começou, o abraço teve um fim e eu senti como se faltasse alguma coisa.

— Prometo que não vou te decepcionar, Yoongi!

Sorri de leve enquanto Hoseok me conduzia pela universidade até pararmos em frente ao prédio do campus de Artes.

— Esse aqui é o meu prédio. — disse, orgulhoso, enquanto me guiava pelo lugar — Aqui tem algumas salas de ensaio, então gosto de vir à noite, quando é mais vazio, pra praticar algumas coreografias e extravasar um pouco. A arte lava a alma, Suga.

Eu olhava admirado para cada canto dos corredores que exibiam diversas imagens de atividades artísticas, desde dança até teatro. Era incrível como o ar era completamente diferente do campus do curso de música. Muito mais tranquilo. Portanto, mal notei quando chegamos em frente a uma porta branca grande, meio intimidadora.

— Hoseok, tem certeza de que podemos mesmo estar aqui?

— Claro que sim. — sorriu.

Então a porta foi aberta e as luzes acesas. Era uma sala enorme e cheia de espelhos. O piso era rosa claro em perfeita harmonia com as paredes brancas bem simples, com uma prateleira ao fundo onde se encontrava um rádio com grandes caixas de som e até mesmo um quadro negro escondido numa das paredes do cantinho.

Mais uma vez eu olhava aquilo tudo espantado, quando Hoseok se pôs na minha frente e começou:

— Eu gosto muito de dançar, sabe? Desde pequenininho eu já inventava umas danças esquisitas e só minhas para as músicas que eu gostava, e quando fui crescendo, minha paixão só aumentava e eu sentia necessidade de transparecer aquilo além de apenas pelo meu corpo. Eu queria criar minhas próprias obras, entende? Algo na qual pudesse colocar todos os meus sentimentos e ver aquilo criar vida. E quem sabe até contagiar outras pessoas também! E foi aí que decidi que queria ser coreógrafo. Aliás, acho que tenho cara daqueles coreógrafos barra pesada não é? — ele perguntou e eu sorri para a sua gracinha. Hoseok podia se apelidar de todas formas que quisesse, menos barra pesada — Mas a questão é que, tenho que apresentar uma coreografia para os professores daqui a algumas semanas e é a primeira vez que mostro para alguém algo que eu mesmo criei. Então eu estou meio... Inseguro, eu acho? Eu queria sua ajuda. Para me dizer o que você acha, sabe. Pode falar se estiver ruim, eu quero melhorar.

Eu estava chocado. Hoseok era tão cheio de história, de talento, de carisma. Era alguém que valia a pena conhecer. Mas ele tinha tantos amigos, então por que eu?

— Mas por que você quer a minha opinião?

Ele pareceu se surpreender um pouco, mas logo recuperou a compostura e respondeu, com um sorriso:

— Não sei, me pareceu certo. Além de que você entende de música, e música e dança andam juntos, não é?

Eu preferi não perguntar por que ele simplesmente não pediu para algum dos amigos do curso. Eu estava feliz por ter sido lembrado e não ia estragar isso.

— Por mim tudo bem, então.

Os olhos do mais alto se iluminaram e ele abriu aquele sorriso que ia de ponta a ponta no seu rosto e fazia seus olhos quase sumirem por entre as ruguinhas de felicidade que tomavam conta dos seus cantinhos.

— Obrigado, Suga! Espero não decepcionar o meu hyung.

Eu ignorei a palavra hyung, mesmo ainda me sentindo desconfortável com ela ali, e me sentei perto da porta com as pernas cruzadas enquanto Hoseok corria para selecionar a música que procurava.

A partir desse momento foi como se tudo ficasse vago e meu corpo flutuasse enquanto assistia aquilo. Eu me sentia drogado, embriagado, e não conseguia mexer um músculo, muito menos desgrudar meus olhos da cena. Se eu já achava Hoseok bonito, naquele momento eu não tinha nem palavras para descrever sua imagem. Era arrebatador. Ele havia tirado o casaco, exibindo uma blusa sem mangas, onde eu podia ter uma visão completa de seus braços, que não eram musculosos, mas terrivelmente definidos. Sim, terrivelmente, porque aquilo com certeza não estava fazendo bem para o meu psicológico.

Os movimentos eram fortes e precisos. Seu corpo parecia encaixar e desencaixar várias vezes conforme a música ficava mais agitada e a dança mais intensa. Sinceramente, eu não acreditaria que certos passos seriam possíveis se não estivessem sendo realizados bem na minha frente. Era humanamente impossível mexer o corpo daquela forma. Mas Hoseok não era humano. Não, ele era de outro planeta, eu constatei. Um planeta bem distante, onde Min Yoongis não eram bem o que são aqui na Terra.

A música acabou e eu quase nem notei, muito menos consegui esboçar alguma reação. Aquilo fora muito mais do que eu esperava. Hoseok era incrível em todos os aspectos. Será que ele tinha mesmo defeitos? Agora pensando bem, ele tem sim, sendo o principal deles a inconveniência. Mas acho que na hora eu não estava raciocinando muito bem.

Eu já estava perdido naquele universo que eram os meus pensamentos pela milésima vez, quando um hálito quente soprou o meu rosto.

— Yoongi? Não gostou?

Era Hoseok parado com o rosto bem em frente ao meu. Tão perto que nossos narizes quase se tocavam e nossas bocas estavam separadas por míseros centímetros. Meu coração disparou e eu me afastei.

— Desculpa, eu... Eu... Foi incrível, Hoseok.

— Gostou mesmo?

— Eu amei.

— Tem certeza? Acho que eu poderia ter feito melhor...

— Tenho. Foi perfeito.

— Tão perfeito quanto as suas músicas?

— Mas você nunca...

Deixei minhas palavras se perderem quando percebi que estava quase deitado no chão, apoiado apenas pelos cotovelos, e Hoseok estava praticamente deitado em cima de mim. E então ele segurou os meus braços com força e pensei que eu fosse cair de cabeça no chão gelado e fechei os olhos, mas ao invés disso, senti meu corpo encostar aos poucos no piso. Eu não tinha a mínima coragem para abrir os olhos, então continuei do mesmo jeito, com o coração martelando no peito e querendo sair dali o mais rápido possível. Senti suas mãos deixarem o meu braço e retirarem meus óculos, antes de se posicionarem uma de cada lado na minha cabeça. E aí me desesperei.

Meus olhos se abriram e Hoseok estava bem ali, sendo o centro de tudo, como eu já havia percebido que gostava. Eu não via nada além daquelas orbes escuras e aquele rosto longo. Sua boca estava muito perto e eu percebi um sinalzinho no lábio superior que deixava as coisas mais complicadas ainda. Meu rosto estava quente demais, minha mente tomada por uma névoa densa e minha visão estava turva porque afinal, eu sou míope.

Eu queria sumir, então fiz o que chegava mais perto disso. Escondi meu rosto com as mãos e rezei pra que tudo aquilo simplesmente acabasse.

— Ai. Meu. Deus.

Meu coração acelerou mais ainda, se é que era possível. Será que ele tinha percebido o quão esquisito eu era? Será que finalmente havia se tocado de que eu era horrível? Com certeza era aquela quantidade desnecessária de bochechas que deixavam o meu rosto ridiculamente gordo, ainda mais com aquela pintinha estranha bem no meio de uma delas. Ou então os olhos pequenos e puxados demais até pra um asiático. Eu podia listar mil e um motivos para me achar um desastre.

— Eu não acredito. Você realmente tem uma testa!

Todo aquele medo de repente virou confusão. Eu tive vontade de rir. O que ele estava pensando? Era verdade que eu estava sempre de franja, simplesmente porque não gostava da minha testa. Mas haviam momentos inconvenientes como aquele, onde meus cabelos escapuliam pros lados e deixavam um pouquinho de pele exposta. Quero dizer, podia até não ser a melhor visão, mas não precisava daquilo tudo, precisava?

Abri meus dedos um pouco, ainda sem tirar a mão da frente do rosto, para que pudesse encará-lo.

— O quê? — perguntei, a voz saindo abafada.

— Sei lá, você nunca anda sem essa franja enorme, então comecei a pensar que você estava tentando esconder o fato de que, na verdade, você é uma espécie de alienígena, daqueles que tem um crânio bem grande, e veio parar aqui na Terra no meio de alguma viagem pra tomar algum planeta numa galáxia distante. E por isso que não fala com ninguém daqui.

Eu fiquei boquiaberto com o que tinha acabado de ouvir. Eu parecia tão deslocado assim? Se bem que ser um alienígena não parecia uma ideia tão ruim, uma vez que dessa forma eu teria um planeta para onde voltar. Mas as coisas complicam quando você não tem para onde fugir.

Eu não falei nada por longos minutos, até que senti as mesmas mãos macias de antes tirarem as minhas próprias do meu rosto.

— Pra um alienígena, você até que é bem fofinho, Min Yoongi.

Meu rosto continuava com a cor de um pimentão e minha vontade de sumir ainda era a mesma, mas eu pensei que eu realmente pudesse desmaiar ali quando Hoseok se aproximou e encostou seus lábios na minha bochecha, em um selinho rápido. Foi como se meu corpo todo desligasse e eu não conseguia mais me lembrar de como fazia para respirar.

— Vê se aprende a dirigir essa nave para a gente poder explorar a galáxia juntos.

Com isso, se levantou rapidamente com um sorriso enchendo a sala com aquela aura dourada, e foi se afastando, até chegar perto da porta e parar ali.

— Quando sair apague as luzes.

Apanhou o casaco esquecido no chão e saiu, me deixando sozinho, apenas com meus próprios pensamentos como companhia. Hoseok gostava de aparecer, confundir minha cabeça mais do que já estava, e depois ir embora, me deixando para organizar toda aquela bagunça. Aquilo parecia até uma tradição.

Eu continuei lá, deitado na mesma posição, com as mãos paradas no mesmo lugar onde ele antes havia deixado. Mas dessa vez, eu chorei, coisa que eu faço muito. Basicamente porque já deviam ser quase onze horas da noite e eu estava perdido. Perdido em mim mesmo, por não saber aonde eu pertencia. Eu não sabia por que estava aqui, por que as coisas estavam acontecendo daquele jeito, por que Hoseok me tirava do sério por não saber o que exatamente ele queria de mim, e pior, por não saber o que exatamente eu queria dele.

Mas eu espero descobrir logo, porque já são quatro da manhã e eu estou mesmo cansado.


Notas Finais


DESCULPA DEVE TER MUITO ERRO.
Mas eu fiz meu melhor. ;____;

♡ Se você leu até aqui, muito obrigada mesmo.
♡ Se você não abandonou a história mesmo eu tendo editado ela vinte e cinco vezes, eu te amo.
♡ Se você leu e favoritou, você mora no meu kokoro.
♡ Se você leu, favoritou e comentou, você merece uma torta de limão de maid café. Além do meu amor, claro.

☆ Agora, sobre o tempo de postagem. ☆
Não tem como fazer capítulos pequenos nessa fanfic, então eles vão continuar bem grandes e espero que isso não seja um problema. :<
Porém, tem aquele detalhe de que, quanto maior o capítulo, mais tempo leva pra ser feito. E eu tenho reparado que eu preciso de no mínimo 10 dias pra escrever um capítulo bom o suficiente, lembrar da escola e ainda viver. Então provavelmente esse vai ser o meu tempo médio de postagem. Sei que é demorado, mas eu me esforço muito pra trazer capítulos legais e bem escritos.

Muito obrigada mesmo e até o próximo capítulo ~


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