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História Snarky - Capítulo Único


Escrita por: PLL_23

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Snarky - Capítulo Único

Canadá,  17 de dezembro de 2016   

Amberle   

Estou entediada de tanto ficar dentro da casa então olhei pelo janela checando o tempo, já esta escurecendo e o chão esta coberto de neve então me agasalhei bem antes de sair do meu quarto e descer para o primeiro andar. Vi meu tio Ander na sala colocando um casaco se preparando para sair e estranhei pois ele disse que ia ficar o dia inteiro em casa no seu escritório trabalhando.      

-Vai a algum lugar? - Ele fez a pergunta que estava na ponta da minha língua.    

-Só dar uma volta, e você?    

-Vou até o hotel, parece que uma garota desapareceu esquiando então eu vou me juntar a equipe de busca para procurar por ela.     

Meu tio é dono de uma rede de hotéis, inclusive o que tem no alto dessa montanha perto da sua casa de inverno onde estamos no momento, a maioria das pessoas que se hospedam ali é para esquiar e dificilmente alguém se machuca ou se perde, essa garota deve ter saído da pista principal e se arriscado entre as árvores para ter conseguido se perder.     

-Você quer que eu vá junto e ajude a procurar?    

-Não, só tome cuidado no seu passeio, não saia da trilha e não demore muito para voltar para casa ok? - Assenti e ele se aproximou de mim dando um beijo na minha testa. -Não me espere, eu não faço a mínima ideia de que horas eu vou voltar.     

-Tudo bem.    

-Qualquer coisa eu estou com o celular! - Ele gritou quando já estava na porta da casa.    

Tia Ander é minha única família já a muito tempo,  depois que meu pais morreram quando eu tinha nove anos ele ficou com a minha guarda pois não tinha mais ninguém na família. Todas as férias de final de ano ele gosta de deixar Nova Iorque onde moramos e vir passar aqui, então geralmente eu venho com ele ou as vezes fico em Nova Iorque com os meus amigos.     

Sai da casa e meu corpo tremeu um pouco quando o ar gelado me atingiu, chaveie a porta sabendo que ele também tem uma chave e segui para a trilha que tem perto das árvores escolhendo aproveitar o restante da luz do sol indo um pouco para dentro da floresta antes de voltar. Acabei perdendo a noção do tempo e quando fui ver já estava visivelmente mais escuro indicando que o sol esta terminando de se pôr, decidir voltar sabendo que daqui a pouco vai ficar bem escuro e minha única lanterna é a do celular.    

Estava prestes a dar meia volta quando ouvi um barulho no meio da floresta, meus olhos esquadrinharam toda a área ao meu redor e primeiramente eu não vi nada, mas depois que andei um pouco mais para frente pude ver que parecia que tinha alguém encostado numa árvore um pouco longe de onde estou e fora da trilha, a garota da qual meu tio falou imediatamente me veio a mente.    

Cautelosamente fui até lá já que é uma pequena descida, chegando mais perto pude confirmar que é realmente uma garota sentada e encostada na árvore. Ela esta usando uma calça preta, uma jaqueta vermelha e uma touca na cabeça, seus olhos estão fechados e ela esta tremendo um pouco, mas seu corpo parece estar perdendo as forças até para fazer isso. Hesitantemente eu levei minha mão até o seu pescoço para sentir sua pulsação, mas assim que encostei nela seus olhos se abriram o que me fez levar um pequeno susto então afastei minha mão.   

-Oi, você consegue andar? Precisamos sair daqui e te levar para um lugar quente.    

Eu não obtive resposta mas julgando pelo seu olhar ela não parecia com medo de mim então levei minhas mãos até os seus antebraços e ela tirou suas mãos dos bolsos do seu casaco, suas mãos entraram em contato com as minhas enquanto a ajudo a levantar e eu pude sentir sua pele que esta parecendo um cubo de gelo.    

-Suas mãos estão congelando. - Pensei alto sem querer e passei um dos seus braços pelos meus ombros para apoio já que ela esta mancando, provavelmente machucou um dos pés.    

-Meu corpo inteiro esta congelando, mas obrigada por ressaltar sobre essa parte. - Tenho que admitir que fiquei um pouco impressionada dela conseguir falar, ainda mais mantendo o tom sarcástico na voz considerando o quanto esta tremendo no momento.    

-Eu estou te ajudando e a primeira coisa que sai da sua boca é um comentário sarcástico. - Falei parando de andar e ela olhou para mim, a sombra de um sorriso apareceu nos seus lábios mas devido ao seu queixo batendo de frio ela não conseguiu realmente sorrir. -Vamos continuar, é uns vinte minutos de caminhada até a casa do meu tio.   

Acabamos demorando o dobro do tempo já que ela não conseguia caminhar direito e eu não sou tão forte ao ponto de conseguir caminhar normalmente tendo alguém se apoiando quase completamente em mim, sem contar que no meio do caminho já tinha escurecido e eu precisei tirar o celular do bolso para ligar a lanterna senão nós duas íamos acabar perdidas no meio da floresta.    

Quando chegamos em frente a porta eu guardei o celular e peguei a chave abrindo a mesma, achei melhor levar ela direto para o meu quarto e foi um pequeno trabalho para conseguir subir a escada mas conseguimos, o problema é que isso desgastou o restante das suas energias e quando chegamos no quarto ela estava quase desmaiando.    

A coloquei em cima da poltrona que tem no meu quarto e fui em direção a lareira elétrica a ligando rapidamente antes de voltar até ela, a encontrei de olhos fechados e praticamente deitada em cima da poltrona. Preciso tirar essas roupas úmidas dela. O pensamento me ocorreu assim que comecei a buscar na minha mente o que sei sobre primeiros atendimentos para pessoas com hipotermia. Antes de fazer isso eu segurei o seu pulso finalmente checando sua pulsação vendo que esta muito fraca, eu posso não saber quase nada de medicina mas é obvio que isso não é bom.    

-Ei eu preciso que você se mantenha acordada. - Falei segurando seu rosto nas minhas mãos e ela lentamente abriu seus olhos. -Eu sei que você esta cansada mas precisamos te tirar dessas roupas úmidas. - Eu posso ter imaginado já que ela ainda esta tremendo, mas acho que a vi assentir brevemente. -Qual é o seu nome?   

-Eretria. - Respondeu com um pouco de dificuldade.    

-Eretria eu vou tirar o seu casaco e a sua calça que estão úmidos ok?   

A única resposta que recebi foi ela não relutar enquanto tiro sua roupa, tirei primeiro os dois casacos a deixando só com uma blusa de manga curta e depois passei para a sua calça e ela usou um pouco da força que lhe resta me ajudando com isso. Quando ela estava só de blusa e calcinha eu a levei até a cama ajudando ela a ir para debaixo das cobertas, o quarto já esta ficando aquecido graças a lareira e mesmo ela estando de baixo de dois cobertores grossos ainda esta tremendo.    

Lembrando que tem uma equipe de busca atrás dela e provavelmente parentes ou amigos preocupados eu peguei o meu celular e liguei para o meu tio, ele não atendeu em nenhuma das três vezes que liguei então mandei uma mensagem avisando que tinha achado a garota e a trazido para nossa casa.    

Quando voltei a olhar para a Eretria percebi que ela ainda esta tremendo de frio, uma segunda coisa me ocorreu sobre atendimentos para pessoas com hipotermia e eu comecei a debater comigo mesma se deveria ou não fazer isso, mesmo não querendo e me sentindo extremamente desconfortável a minha consciência ganhou então eu tirei a minha roupa ficando só de camiseta e calcinha antes de me juntar a ela na cama.    

A abracei por trás para um pouco do calor do meu corpo passar para o seu que ainda esta congelando e nos primeiros minutos ela não se mexeu e nem falou nada, se eu não a estivesse sentindo tremendo iria ficar com medo dela ter  parado de respirar. Derepente Eretria se mexeu nos meus braços e virou de frente para mim, sem falar nada e ainda com seus olhos fechados ela enterrou seu rosto no meu pescoço e entrelaçou nossas pernas.   

Partes do seu corpo ainda geladas entrando em contado com o meu fazendo um arrepio de frio percorrer meu corpo, só depois de alguns segundos eu consegui relaxar completamente e prendi meus braços ao seu redor deixando seu corpo completamente contra o meu. Ainda demorou um pouco até ela parar de tremer completamente e não sei quanto tempo depois disso eu acabei pegando no sono.   

Acordei com a luz do sol entrando pela janela e me xinguei mentalmente por ter esquecido de fechar a cortina, estava prestes a me levantar e fazer isso quando percebi o peso de um corpo parcialmente sobre o meu. Abri meus olhos vendo a Eretria dormindo com a sua cabeça descansando no meu peito e tudo que aconteceu ontem voltou a minha mente, lentamente eu me desvencilhei dos seus braços e sai da cama indo até a janela e fechando as cortinas, depois peguei o meu celular que estava em cima do criado mudo vendo que são seis e trinta três da manhã.   

Meus olhos se voltaram para ela que esta dormindo tranquilamente de bruços em cima da minha cama e pela primeira vez eu me deixei realmente olhar para o seu rosto, sua pele já perdeu a palidez que tinha adquirido ontem por causa do frio assim como os seus lábios que perderam aquele coloração esbranquiçada e estão exibindo um tom bem claro de rosa, eu tenho que admitir que ela é linda demais.    

Sai do meu devaneio e cogitei a possibilidade de voltar para cama mas no fim achei melhor não, coloquei uma calça e um moletom antes de sair do quarto indo para o banheiro. Depois de fazer minha higiene matinal desci para cozinha já que minha barriga reclamou de fome, o que não foi uma surpresa já que acabei não jantando ontem.    

Enquanto descia as escadas estranhei o fato de estar escutando não só uma mas três vozes masculinas sendo uma delas do meu tio, quando cheguei lá encontrei meu tio em pé do lado oposto ao que os outros dois estão sentados nas cadeiras da ilha da cozinha.    

-Bom dia. - Tio Ander me cumprimentou o que fez com que os outros dois olhassem para mim, meus olhos passaram rapidamente do loiro parando no moreno já que eu o reconheci.   

-Bandon?    

-Amberle?    

-Vocês se conhecem? - O loiro perguntou e o Bandon olhou para ele.    

-Ela é melhor amiga da Catania e as duas trabalham juntas na galeria de arte. - Respondeu antes de voltar sua atenção para mim.   

-Por falar na sua namorada, segundo o que ela me disse você ia passar essas férias com os seus irmãos.    

-Sim, esse é o Will meu irmão e a garota que você salvou ontem é minha irmã. - Por um segundo minha cabeça deu um nó já que os três não tem nada em comum fisicamente, até que lembrei da Catania ter comentado que todos os três foram adotados por um advogado rico chamado Allanon Ohmsford. -Eretria já acordou?   

-Ainda não. - O respondi e olhei para o meu tio que esta com seus olhos azuis presos em mim. -Eu acho melhor chamar o médico do hotel porque ela estava mancando quando eu a trouxe.    

-Ele estava procurando por ela junto com a gente ontem, então quando eu vi sua mensagem nós quatro viemos para cá. Como vocês estavam dormindo o doutor Farah só checou se a respiração dela estava normal e resolveu ficar aqui, esta dormindo em um dos quartos de hóspedes. Wil e Bandon também ficaram mas não conseguiram dormir muito, estão preocupados com ela.    

-Será que eu posso vê-la? - O loiro perguntou timidamente e eu assenti.   

Os dois saíram das cadeiras e vieram até mim me surpreendendo quando me envolveram em seus braços e sussurraram um "obrigado por salvar a minha irmã" no meu ouvido, fiquei em silêncio sem saber o que falar e logo eles saíram do abraço praticamente correndo para o segundo andar.   

-O que foi isso? - Perguntei um pouco confusa com o que aconteceu nesses últimos minutos.   

-Dois irmãos preocupados com a irmã caçula. - Tio Ander me respondeu enquanto me sento para comer. -Onde você a encontrou?   

-A uns vinte minutos daqui, na floresta saindo um pouco da trilha. - Respondi com a boca cheia e ele me repreendeu com o olhar.    

-Nós íamos demorar horas até procurar nessa parte da montanha, você realmente a salvou.    

-Eu só a trouxe pra cá.    

-E aproveitou para se enfiar debaixo das cobertas junto com ela seminua.   

-Tio! - O repreendi e ele riu. -Espera como você sabe disso?   

-Eu vi as roupas jogadas no chão. - Sua risada ainda preenchendo a cozinha enquanto ele me responde.    

[...]   

Voltei para o segundo andar depois de tomar café e chegando perto do meu quarto ouvi a Eretria falando, sua voz parece ainda estar um pouco rouca do sono então acho que ela acordou agora pouco, sei que não deveria fazer isso mas parei perto da porta que esta aberta ouvindo a conversa.   

-Eu decidi sair fora da trilha e andar um pouco com o snowboard pelo meio da floresta...   

-O que eu especificamente te disse para não fazer. - Wil falou a interrompendo, mas ela pareceu ignorar e continuou falando.   

-No meio do caminho eu acho que bati em alguma coisa que estava no chão e fui rolando metros abaixo pela floresta, quando parei percebi a dor no meu pé e deduzi que torci por causa da prancha que ainda estava presa aos meus pés. Eu tirei a prancha e comecei a andar para tentar achar a trilha, mas meu pé começou a doer muito mais então eu parei me encostando em uma árvore. Não lembro em que momento acabei fechando meus olhos, só sei que estava muito frio e quando os abri novamente vi a garota que me trouxe pra cá.    

-Amberle. - Ouvindo a voz do doutor Farah atrás de mim eu levei um susto, dei graças aos deuses por ele ter falado baixo assim sei que os três dentro do quarto não ouviram. Indiquei a porta do quarto e ele sorriu para mim antes de entrar. -Bom dia. - Cumprimentou os três que agora estão com os olhos presos na gente.   

-Bom dia. - Os dois falaram juntos, mas ela se manteve em silêncio com seus olhos presos em mim.   

-Eretria como você esta se sentindo?   

-Um pouco de dor no meu pé, tirando isso estou bem. - Respondeu finalmente olhando para o médico e não para mim.    

-A gente vai descer e deixar o médico te examinar. - Wil deu um beijo na testa dela depois de falar e os dois saíram do quarto.    

-Você quer que eu saia? - Perguntei fazendo seus olhos voltarem para mim.    

-Não.    

Eu fiquei em pé perto da porta vendo ela tirar a coberta de cima de si mesma deixando ele olhar o seu pé direito que esta um pouco inchado e vermelho na região do tornozelo, ele disse que foi só uma torção e depois perguntou se ela tinha se machucado em mais algum lugar. Eretria apontou o hematoma na sua coxa  e depois levantou a camisa mostrando outro hematoma no seu abdômen.    

-Você deu sorte que foi só uma torção leve, vai ter que manter o pé elevado, usar tornozeleira e colocar gelo não só no seu pé mas também nos outros dois hematomas.    

-Eu já não fiquei no gelo por tempo o suficiente ontem? - Sua pergunta retórica fez um sorriso aparecer em meus lábios. -Quanto tempo até ficar melhor?   

-O inchaço vai diminuir em no máximo três dias desde que você coloque gelo, mas provavelmente vai demorar uma semana até se recuperar completamente e até lá tome bastante cuidado para não agravar a lesão.    

-Ok, obrigada.   

-Eu vou pedir para um dos funcionários do hotel trazerem uma tornozeleira pra você.    

-Não precisa. - Falou voltando a se cobrir da cintura para baixo, provavelmente esta com frio. -Eu vou voltar para o hotel.   

-Não. - Essa única palavra saiu automaticamente dos meus lábios e os dois olharam para mim.    

-Minha sobrinha tem razão. - Tio Ander entrou no quarto falando e eu o agradeci mentalmente por isso, olhei para trás e percebi que os meninos estão juntos com ele. -É melhor você ficar em absoluto repouso por hoje e amanhã você decide se quer voltar para o hotel ou não, saiba que pode ficar aqui com os seus irmãos temos quartos de hóspedes para vocês três.    

-Seria bom se você ficasse aqui pelo menos nesses três primeiros dias até o inchaço e a dor diminuírem, mesmo subindo a montanha de carro você ainda iria precisar andar daqui até o taxi e depois até o seu quarto no hotel, o que eu não recomendo. - Pela expressão no seu rosto eu tinha certeza que ela ia recusar a oferta de ficar aqui.    

-Se você quiser voltar para o hotel saiba que eu vou te carregar por todo o caminho que era para você andar. - Wil falou e eu percebi ela hesitar em recusar a oferta do meu tio.    

-Quase não vai chamar atenção quando o Wil passar no lobby do hotel te carregando, depois no elevador e por ultimo no corredor que dá para o nosso quarto. - Quando o Bandon disse isso eu tive que me impedir de rir vendo a expressão de raiva no rosto da Eretria.   

-Ok eu fico, mas só hoje.    

-Tudo bem, eu vou mandar a tornozeleira por alguém e qualquer coisa é só me ligar. - Eretria assentiu e o médico se despediu antes de sair do quarto acompanhando do meu tio.   

-Imagino que você deva estar com fome. - Ela assentiu confirmando.  

-Eu vou ir até a cozinha pegar alguma coisa para você comer. - Bandon anunciou antes de sair do quarto.   

-Wil cai fora do quarto, eu preciso me vestir.   

-Sempre tão educada né tampinha. - Ele falou rindo antes de sair e a Eretria revirou seus olhos tentando conter um sorriso.   

-Onde esta a minha calça? - Eu olhei para o chão perto da poltrona e estranhei não ver nenhuma das nossas roupas ali. -Então princesa? - Voltei a olhar para ela segurando minha vontade de revirar meus olhos pelo jeito que ela me chamou.  

-Princesa?  

-Se eu soubesse o seu nome te chamaria por ele.   

-Amberle, e eu não faço a mínima ideia de onde foram parar nossas roupas.   

-Nossas roupas? - Perguntou parecendo confusa por uns segundos. -Oh! Verdade, você resolveu tirar a roupa e se deitar comigo. Você faz isso com todos os estranhos que encontra no meio da floresta? - Sentir meu rosto esquentar, não sei se de raiva ou vergonha, talvez um pouco dos dois.  

-Você estava hipotérmica e a lareira e os cobertores não estavam adiantando. - A raiva presente na minha voz e eu pude confirmar que não estou só envergonhada.   

-Eu sei, só estava brincando. - O sorriso no seu rosto servindo para me deixar um pouco mais irritada, mas logo ela colocou uma expressão seria no rosto. -Obrigada por tudo, mesmo. - A raiva se esvaiu quando percebi a sinceridade na sua voz.   

-Eu vou pegar algo para você vestir.   

Fui até o guarda roupa que fica perto da poltrona e peguei uma calça de moletom e um moletom cinza diferente do preto que estou usando, entreguei para ela que imediatamente passou o moletom pela sua cabeça e pelo seus braços o vestindo, depois colocou as pernas para fora da cama permanecendo sentada na mesma e colocou a calça.   

-Onde fica o banheiro?   

-Saindo do quarto a primeira porta a direta. - Ela assentiu e saiu da cama, mas assim que pisou a primeira vez com o seu pé machucado uma exclamação de dor saiu dos seus lábios e ela teria caído se eu não tivesse levado minha mãos para a sua cintura lhe dando apoio. -Acho que quando o médico disse para tomar cuidado para não agravar a lesão, isso incluía não colocar peso sobre esse pé. - Ela riu e recostou sua testa no meu ombro como se estivesse a vontade nos meus braços.   

-Valeu. - Agradeceu quando voltou a olhar para mim.   

-Eu te ajudo.   

Passei seu braço pelos meus ombros e a levei até a porta do banheiro, quando ela saiu minutos depois o Wil se encarregou de leva-la até o quarto a colocando na cama como se ela não pesasse quase nada. Bandon apareceu logo depois com uma bandeja cheia de coisas para ela comer e colocou em cima da cama ao seu lado.  

-O café da manhã é para mim ou para nós quatro? - Os meninos riram das suas palavras.  

-Eu só tinha pego as torradas com os ovos mexidos e o bacon, foi o Ander que disse que era muito pouco e colocou o café, o leite, as frutas e o pão. - Bandon se defendeu.  

-Eu vou deixar vocês três a sós.    

Os três olharam para mim com um sorriso no rosto me agradecendo antes deu sair do quarto, desci para o primeiro andar encontrando meu tio sentado no sofá com o computador em seu colo, me sentei ao seu lado e ele parou o que estava fazendo voltando sua atenção para mim.  

-Você tem alguma coisa a ver com nossas roupas terem sumido do chão do meu quarto? 

-Sim, eu as coloquei para lavar. Tenho certeza que você pode emprestar uma roupa para ela por hoje. 

-Já fiz isso.  

-A quanto tempo você conhece o Bandon?  

-A quase seis meses, eu o conheci duas semanas depois dele e da Catania começarem a namorar. Porque?  

-Eu tenho que cuidar de você, então preciso saber quem estou colocando dentro da minha casa. - Eu sei que é uma preocupação aceitável já que para ele os três são completos estranhos, mesmo assim não consegui me impedir de rir.  

-Eu tenho vinte três anos tio, sei me cuidar e eu conheço o Bandon e confio nele. Tenho certeza que não precisamos nos preocupar tendo os três aqui dentro de casa.   

-Que bom porque eu gostei daqueles dois, só falta eu conhecer apropriadamente a Eretria agora.   

-Boa sorte. - Sussurrei quando ele já tinha voltado a olhar para o computador.  

-O que você disse?  

-Nada.  

 
 

Uma semana depois   

Uma semana se passou e os três continuam aqui, não foi fácil convencer a Eretria mas os meninos conseguiram impedir que ela voltasse para o hotel nos primeiros três dias e depois o pai deles, Allanon, chegou e meu tio que esta adorando ter a casa cheia insistiu que todos ficassem aqui então ele convenceu os filhos a ficarem.    

Tio Ander se deu muito bem com todos eles, quando ele, a Eretria e o Bandon se juntam mesmo viram três crianças, Wil é um pouco introvertido então acabou se dando melhor comigo e geralmente ficamos conversando longe dos outros três que sempre que estão juntos gostam de fazer barulho, ainda mais agora que Allanon se juntou a festa e é outro que vira criança perto da Eretria e do Bandon.   

Eu também me dei muito bem com os homens da família, especialmente o Wil, e quanto a mim e a Eretria bom as vezes ela tem o dom de me irritar, mas quando ela resolve deixar o lado sarcástico e irônico de lado dá para conhecer a verdadeira Eretria que é inteligente, sincera, autoconfiante, teimosa e orgulhosa (o que as vezes também me irrita), um pouco reservada sobre si mesma e extremamente leal a família.   

Durante os três primeiros dias eu estava dormindo no quarto de hóspedes deixando a Eretria no meu já que é mais perto do banheiro, só que desde que o Allanon chegou estou dividindo a cama com ela o que por incrível que pareça não esta sendo desconfortável, talvez seja um pouco quando eu acordo todo a manhã grudada nela, culpa minha já que ela mal se mexe na cama mas Eretria não parece se importar, na verdade parece gostar especialmente porque pode me provocar por causa disso depois.   

-Hora de acordar! - A voz do Wil preencheu o quarto e eu o xinguei mentalmente antes de abrir meus olhos vendo ele e o Bandon em pé na frente da cama.    

-Ainda é cedo, caiam fora. - Eretria falou ainda meio grogue do sono e firmou seu aperto ao redor da minha cintura, acho que num movimento inconsciente.    

Sim eu novamente acordei deitada parcialmente sobre ela, voltei a fechar meus olhos deixando minha cabeça descansando no seu peito e rezei para os garotos saírem logo daqui, porque eu ainda estou com sono e muito confortável para querer sair da cama.    

-Manhã de natal meninas, saiam da cama!  - Bandon falou antes de puxar a coberta de cima de nós duas que automaticamente reclamamos. -Amberle acho que nós precisamos conversar sobre o fato de você estar dormindo agarrada a minha irmã.   

Me sentei na cama jogando um travesseiro nele e sem falar nada me levantei pegando uma roupa mais quente no guarda roupa antes de sair do quarto indo para o banheiro, pude ouvir a risada dos três durante o caminho. Quando voltei para o quarto os meninos não estavam mais ali e a Eretria já tinha se trocado e esta colocando a tornozeleira, o médico pediu para ela usar por uma semana a mais só como prevenção mas ela esta muito melhor, já consegue andar sozinha sem precisar se apoiar em nada.   

-O banheiro é todo seu.    

-Eu já usei o outro. - Peguei um casaco dentro do meu guarda roupa antes de voltar minha atenção para ela que ainda esta sentada na poltrona do meu quarto, mas agora olhando para mim. -Você não ficou realmente brava com a provocação do Bandon né?   

-É claro que não, depois de aturar tantas provocações desse tipo vindo de você a deles é fichinha. - Um largo sorriso tomou conta de seus lábios e meu mau humor pareceu se esvair. -Feliz natal tampinha. - Ela revirou os olhos por causa do apelido, são seus irmãos que a chamam assim mas como ela não parou de me chamar de princesa eu adotei o apelido.   

-Feliz natal princesa.    

Se levantou e deu um beijo no meu rosto antes de sair do quarto e eu fiquei aqui estática por alguns segundos por ter sentido seus lábios na minha pele pela primeira vez,  ainda não entendo porque ela faz eu me sentir como se fosse uma adolescente de quinze anos apaixonada. Essas coisas de frio na barriga, mão suada, nervosismo e quase pirar por causa de um simples beijo no rosto não deveriam parar de acontecer depois que a gente amadurece?   

Deixando minha dúvida de lado eu desci para o primeiro andar encontrando todo mundo na mesa tomando café, me juntei a eles ouvindo um feliz natal sincronizado e sentei ao lado do meu tio que deu um beijo na minha testa. Depois teve a troca de presentes e então os quatro foram para frente da televisão assistir uma competição de esqui e snowboard, as duas cozinheiras do hotel chegaram para preparar a ceia de natal e eu e o Wil decidimos sair de casa para fugir da bagunça que esta acontecendo na sala com aqueles quatro falando sobre a competição. Andamos só até a frente da casa mesmo e nos sentamos na neve, já sei que não vou aguentar muito tempo aqui fora pois esta muito frio e eu não estou bem agasalhada.    

-Acho que eu vou para um lugar quente nas minhas próximas férias. - Assenti concordando com ele.    

-Boa ideia, acho que eu vou passar minhas próximas férias em Bahamas ou talvez na Austrália.    

-Eu fui para Austrália nas férias uma vez, passei quase todo o tempo dentro da água. Você sabe surfar?   

-Definitivamente não. - Ele riu da minha resposta. -Toda a minha vida eu passei em cidades como Londres, Canadá e Nova Iorque...   

-Lugares que nunca tem um tempo realmente agradável para passar dentro do mar. - Ele completou por mim.   

-Exatamente. Vocês quatro sempre passam as férias juntos?   

-O natal sim, na virada do ano nem sempre.    

-Só quando você esta solteiro né, dai passa com a família. - Falei brincando e ele riu.   

-Na verdade eu tenho namorada, ela faz residência no hospital junto comigo.   

-Então quer dizer que eu não tenho chances com você. - Me finge de decepcionada e novamente ele riu.    

-Nem tente fingir, eu sei que não sou o membro da família no qual você esta interessada.    

-O Bandon é namorado da minha melhor amiga e o seu pai tem do dobro da minha idade, então eu não sei de quem você esta falando. - Tentei fugir do assunto mas pela expressão no seu rosto sei que não consegui.    

-Você sabe muito bem de quem eu estou falando e com certeza não é do meu irmão, muito menos do meu pai. Eu devo me preocupar com o fato de você esta dormindo na mesma cama que ela?    

Dei um tapa no seu braço mas ele não pareceu se importar, se levantou rindo e eu não me dei ao trabalho de olhar onde ele esta indo até que senti uma bola de neve atingir minhas costas, imediatamente me levantei também e olhei para ele que esta um pouco distante de mim rindo da expressão de indignação no meu rosto.   

-É guerra que você quer? - Perguntei pegando um pouco de neve para jogar nele, Wil assentiu e quando eu joguei ele conseguiu desfiar.   

-Esse é o melhor que você pode fazer?   

Aparentemente não é só os quatro que estão dentro da casa que podem voltar a agir como crianças porque eu e o Wil começamos uma guerra de neve aqui fora, depois de não sei quantos minutos jogando bolas de neve um no outro em meio a risadas Wil pareceu ter cansado e me segurou pela cintura tentando me fazer parar, eu resisti e nós acabamos caindo deitados na neve um por cima do outro ainda rindo.    

-Ei! - Nós dois paramos de rir e olhamos em direção a voz vendo a Eretria em frente a porta da casa com uma expressão nada amigável no rosto. -O almoço esta pronto! - Foi tudo o que ela disse antes de voltar para dentro da casa.    

-Uma coisa que você precisa saber sobre a minha irmã... - Wil falou saindo de cima de mim e estendeu a mão me ajudando a levantar. -Ela é bem ciumenta.   

[...]  

O almoço seguiu normalmente se tirarmos o fato de que a Eretria evitou contato visual comigo o máximo possível, horas depois de termos terminado de comer os quatro resolveram ir esquiar e como eu não gosto e a Eretria não pode acabamos ficando sozinhas em casa.   

Achei que ela ia subir depois que eles saíram mas me surpreendendo ela continuou na sala sentada no sofá e pegou o controle da televisão procurando algo para assistir, eu sai da poltrona onde estava e me sentei ao seu lado no sofá. Seus olhos não saíram da tela então eu tirei o controle da sua mão desligando a televisão, isso com certeza fez ela olhar para mim.  

-Eu estava assistindo!  

-Não, você estava passando os canais procurando algo para assistir.   

-Dá no mesmo. - Tentou pegou o controle mas eu joguei em cima da poltrona onde eu estava sentada antes. -Será que você poderia me dizer porque fez isso?  

-Estou entediada e nós duas sabemos que você já passou todos os canais que prestam e não tem nada de bom. - Ela relaxou no sofá se dando por vencida. -Alguma sugestão de algo para fazer? - Depois de alguns segundos em silêncio sua postura pareceu mudar completamente e um sorriso de lado apareceu em seus lábios   

-Eu até tenho, mas não sei se você vai gostar princesa. - Ela começou a aproximar seu rosto do meu me deixando sem entender o que ela esta fazendo.   

-Eretria...  

Fui impedida de continuar falando quando seus lábios cobriram os meus, não correspondi no começo, muito surpresa com o que esta acontecendo, tão surpresa que estou esperando o momento em que vou acordar e descobrir que estou sonhando. Quando eu percebi que ela ia se afastar levei minha mão até a sua nuca e finalmente correspondi o beijo, Eretria não perdeu tempo o aprofundando e me fazendo deitar no sofá ficando por cima de mim.   

Não reclamei, meu corpo já esta mais do que acostumado de estar em contado com o seu ao contrário da minha boca que não esta acostumada a ter seus carnudos e deliciosos lábios nos meus, mas eu com certeza poderia me acostumar facilmente com isso. Inclusive não queria parar de beija-la nunca mas infelizmente a minha barriga reclamando de fome fez a gente se separar, Eretria olhou para mim sorrindo e eu fiquei esperando um dos seus comentários sarcásticos saírem de sua boca mas isso não aconteceu.  

-É isso que da só comer salada no almoço mesmo tendo um banquete, na verdade eu acho que você precisa rever seus hábitos alimentares, sempre te vejo dispensando a carne e comendo berinjela ou algum tipo de cogumelo estranho. - Não consegui segurar a minha risada diante da careta que apareceu no seu rosto. -Serio aquilo não parece ser nenhum um pouco bom, assim como aquela carne que seu tio costuma fazer separado para você, aquilo nem carne parece ser.   

-Eu acho que você anda prestando atenção de mais nos meus hábitos alimentares.   

-Você é vegetariana? - Perguntou ignorando o que eu disse.  

-Sim.   

-Como é que você consegue viver sem carne, especialmente sem bacon. - Minha risada preencheu a sala e ela continuou olhando serio para mim. -Eu não estou brincando, bacon é vid... - A beijei fazendo ela parar de falar e a Eretria deixou sua mão direta viajar pela lateral do meu corpo até chegar na minha coxa, onde ela apertou antes de quebrar o beijo. -Acho que você deveria ir comer alguma coisa.  

-Eu preciso que você saia de cima de mim para poder fazer isso.   

Ela me deu um beijo casto antes de se levantar e estender sua mão me ajudando a fazer o mesmo, fomos para a cozinha juntas e eu peguei o pacote de pão de fatia e a geleia na geladeira fazendo meu sanduiche em seguida.  

-Você é dona de uma galeria de arte e vegetariana, mas alguma coisa que eu precise saber? Você por acaso tem um gato de estimação em casa?  

-Primeiro eu moro num apartamento, não numa casa, e segundo eu não tenho nenhum animal de estimação. Porque, você não gosta de gatos?  

-Eu sou alérgica na verdade. - Respondeu retribuindo o meu sorriso.  

-Como você sabe que eu sou dona de uma galeria de arte?  

-Bandon me contou quando eu perguntei dá onde ele te conhecia, você parece ser nova para já ser dona de uma galeria.  

-E você parece ser nova para já trabalhar numa firma de advocacia. - Ela me olhou surpresa por eu saber disso. -Wil me contou que você se formou esse ano e vai começar a trabalhar efetivamente na firma do seu pai ano que vem. - Respondi a pergunta que sabia que ela ia me fazer. -E quanto a galeria eu tive ajuda do meu tio já que tenho direito a uma parte da empresa da nossa família.   

-Chegasse a ir para faculdade?  

-Sim, quatro anos de curso e quando estava no ultimo ano abri a galeria. Catania é três anos mais velha que eu e já era formada quando veio com a proposta de abrirmos antes mesmo deu terminar o curso, eu aceitei e abrimos juntas a galeria. A primeira exibição foi só com peças minhas.  

-Tem algum quadro seu nessa casa?  

-Não, só na outra casa do meu tio e no meu apartamento em Nova Iorque. Você se interessa por arte? 

-Sinceramente, eu não entendo nada de arte. - Respondeu me fazendo rir. -Só queria ver um dos seus quadros.  

-Eu tenho algumas fotos, depois te mostro. - Eretria se aproximou de mim e eu achei que ela ia me beijar, mas ao invés de fazer isso ela deu uma mordida no meu sanduiche. -Ei! Esse é meu, faz um para você.  

-Me passa o pão. - Peguei o pacote e dei para ela. 

-Como é você pode já estar com fome? Você comeu bem no almoço. 

-Eu estou sempre com fome. - Respondeu sorrindo para mim. 

Depois de comer nós subimos para o quarto e nos deitamos na cama, no meio da nossa conversa ela acabou falando sobre gostar de filmes de terror então eu comentei sobre a paixão do meu tio por Wes Craven e Kevin Williamson, para o meu azar não é só o tio Ander que é apaixonado por filmes como A Hora do Pesadelo, Pânico e Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado porque Eretria imediatamente perguntou se poderíamos assistir quando eu disse que ele tem todos esses filmes em DVD aqui em casa. Eu relutei obviamente porque filmes de terror e suspense definitivamente não é algo que eu gosto, só que não tendo mais nada para fazer eu acabei concordando e ela pegou os quatro filmes do Pânico já que A Hora do Pesadelo eu me recusei a ver, só assisti o primeiro uma vez a muitos anos atrás e fiquei tendo pesadelos por uma semana então nem pensar ver esse filme novamente.    

Já esta no final do segundo filme mas eu admito que não assisti nem metade de nenhum deles, para mim assistir esse tipo de filme só uma vez já é mais do que suficiente. O único motivo deu ainda estar dentro do quarto é que estou deitada confortavelmente nos braços da Eretria, sua mão mexendo no meu cabelo e seu perfume preenchendo meus pulmões por eu estar com o meu rosto praticamente enterrado no seu pescoço é o que esta me mantendo aqui.   

-Você quer assistir o que depois? A gente não precisa ver os dois últimos, até porque somente eu estou assistindo. - Escondi mais ainda meu rosto no seu pescoço tentando abafar a minha risada.  

-Pode assistir os dois últimos eu vou acabar dormindo de qualquer jeito estou cansada, culpa dos seus irmãos que nos acordaram cedo.  

-É uma tradição na nossa família acordar cedo na manhã de natal. Bandon foi o primeiro de nós três a ser adotado, ele tinha seis anos na época. Como ele tinha passado a vida inteira no orfanato sua primeira manhã de natal em família foi naquele ano com o Allanon e nosso pai o acordou as sete horas da manhã para abrir os presentes, desde então Bandon fez disso uma tradição acordando eu e o Wil quando nos juntamos a família.   

-Você e o Wil foram adotados quanto tempo depois? - Perguntei hesitantemente, nunca tínhamos conversando sobre algo tão pessoal e sendo ela sempre tão fechada fiquei com medo de estar ultrapassando um limite.   

-Três ano depois, nós dois fomos adotados juntos éramos do mesmo orfanato, já nos conhecíamos e nos dávamos muito bem antes mesmo de sermos adotados. Wil tinha oito anos na época e fazia só um ano que estava morando no orfanato porque tinha perdido os pais e não havia mais ninguém na família que pudesse ficar com ele, eu tinha seis anos e assim como o Bandon tinha sido deixada no orfanato ainda bebê. - Ela ficou um pouco tensa enquanto me respondia, eu dei um beijo no seu pescoço antes de me afastar para poder olhar para ela.  

-Eu tenho que lembrar de agradecer o Allanon por ter te adotado, se não talvez nós nunca teríamos nos conhecido. - Não vendo nenhum sinal de pena na minha expressão ou na minha voz ela relaxou. -É só vocês quatro? Allanon nunca teve ninguém? - Perguntei querendo saciar a minha curiosidade.   

-Ele é viúvo, perdeu a esposa quadro anos antes de adotar o Bandon. Como ela não podia ter filhos sempre quis adotar então ele decidiu continuar com os planos de adoção, não foi fácil exatamente por ele ser um homem solteiro mas eventualmente ele conseguiu. E o seu tio? É difícil acreditar que ele é solteiro.  

-Como assim é difícil acreditar que ele é solteiro? - Ela riu diante do ciúme presente na minha voz.  

-Ele é rico, bonito, divertido e engraçado, só isso já preenche alguns dos requisitos que uma mulher procura num homem. - Tentei me afastar mas seu braço que agora esta ao redor da minha cintura me impediu. -Não se preocupa ele não é meu tipo, eu não curto homens dez anos mais velhos. - Revirei meus olhos ouvindo ela rir novamente.   

-Ele não é solteiro, esta noivo da Diana. Ela trabalho junto com ele e só não esta aqui porque sempre passa o natal com a sua família, mas a virada do ano ela vai estar aqui passando com a gente.   

-Então na virada a família vai estar finalmente completa. - Falou claramente brincando. -Essa coisa das nossas famílias se reunirem para passar as festar de final do ano juntas não deveria acontecer só depois da gente já estar juntas a anos? - Nossas risadas preencheram o quarto.  

-Ainda vai estar faltando a Catania. - Falei quando finalmente consegui parar de rir.   

-E a Anne.   

-Quem?  

-A namorada do Wil, ele tem uma caso você não saiba.   

-Você por acaso ficou com ciúme de nós dois? - Perguntei só para provocar ela um pouquinho.  

-Não. - O tom defensivo e a rapidez com que respondeu a entregou.  

Pelo barulho vindo da televisão agora o filme já acabou e esta passando os créditos, Eretria não parece incomodada de ter perdido a cena final. Desde que o silêncio se estabeleceu entre nós duas seus olhos estão alternando entre os meus e minha boca, sua mão que esta livre veio para o meu rosto colocando uma mexa do meu cabelo atrás da minha orelha antes de ir para minha nuca me puxando para ela.   

Seus lábios cobriram os meus e não demorou para eu acabar indo parar deitada completamente em cima dela, sua língua acariciando a minha de uma forma tão gostosa que eu estou tendo que me conter para não gemer em meio ao beijo. Não conseguindo me conter e não me importando em estar indo rápido demais eu levei minha mão para dentro da sua blusa, não tendo protesto da parte dela eu continuei meu caminho até o seu seio mas antes que tivesse a chance de fazer isso a porta do quarto foi aberta e a voz do Wil preencheu o cômodo.   

-Caralho eu nunca mais entro sem bater na porta antes. - Eu e a Eretria nos separamos ficando deitadas lado a lado na cama olhando para os dois na porta.   

-Seria uma ótima ideia bater antes. - O tom na voz da Eretria deixando claro que ela esta um pouco irritada, mas os dois escolheram ignorar isso.   

-Wil eu acho nós vamos ter que ficar com esse quarto de agora em diante e as duas no outro que tem camas de solteiro. - Eretria pegou seu travesseiro jogando no Bandon, mas isso só fez ele rir. -Que foi maninha, nós só estamos cumprindo com nossos papeis de irmãos mais velhos. - Até eu ri dessa vez.   

-Saiam daqui vocês dois.   

Ao invés de atenderem o pedido dela eles se jogaram na cama se enfiando no meio de nós duas propositalmente nos separando, Wil fico ao meu lado me puxando contra o seu peito e o Bandon fez o mesmo com a Eretria. Pela primeira vez eu estou achando ruim o fato dessa cama ser enorme.   

-Então o que nós vamos assistir? - Wil perguntou com os olhos grudados na tela ignorando a Eretria o fuzilando com o olhar.   

-Nós vamos assistir Quando um Estranho Chama porque acreditem ou não esse é um filme que eu nunca vi. - Falei saindo da cama. -E mesmo não sendo dirigido pelo Wes Craven ou roteirizado pelo Kevin Williamson meu tio gosta dele, então o DVD esta lá em baixo.  

-Hoje é natal e vocês querem assistir filmes de terror? - Bandon perguntou e nós três simplesmente demos de ombros.   

-Por mais que eu não goste de suspense prefiro assistir esse filme do que ter que ver novamente O Grinch ou Esqueceram de Mim. - Eles assentiram concordando comigo.   

-Quer que eu vá lá pegar? - Wil se ofereceu.  

-Não, nós todos vamos descer, jantar e depois assistir o filme com o seu pai e o meu tio.   

Foi exatamente isso que fizemos e não me importando com o que o tio Ander ia pensar ou o pai da Eretria eu me deitei com ela no sofá menor da sala, mesmo com a lareira ligada ainda esta frio então todos nós estamos com cobertas. Tio Ander e o Allanon estão nas poltronas que tem na sala, as duas poltronas inclinadas para trás e eles concentrados no filme, os meninos estão no sofá maior cada um sentado em uma ponta, realmente espero que tenham mais noites assim pela frente com todos nós juntos.  

  

Estados Unidos, 16 de janeiro de 2017    

Fiquei no Canadá com o meu tio e a Diana até o dia treze, queria ter voltado para Nova Iorque antes pois a Eretria, Wil, Bandon e Allanon voltaram para cidade no dia oito e a casa ficou meio vazia sem eles, o que matava o meu tedio era ficar conversando com a Eretria por mensagem todos os dias.  

A virada do ano foi incrível, fomos na festa que o hotel sempre faz e depois de assistirmos um pouco os fogos eu e  Eretria voltamos sozinhas para casa aproveitando a privacidade para dormirmos juntas pela primeira vez. Por incrível que pareça nós não estávamos bêbedas e mesmo dormindo na mesma cama todos os dias só fomos transar depois da virada do ano, eu definitivamente não teria um jeito melhor para começar dois mil e dezessete do que esse.   

Meu tio e o pai dela descobriram sobre a gente estar ficando dois dias depois da noite de filme que fizemos quando sem pensar eu acabei a beijando na sala na frente de todo mundo, eles não pareciam surpresos, já desconfiavam especialmente depois da noite de natal. Isso resultou em nós duas sendo alvo de provocações dos quatro, mas isso parou quando a Diana chegou e nós tínhamos mais uma mulher na casa.   

As férias acabaram então voltei para Nova Iorque, infelizmente ainda não consegui ver a Eretria pessoalmente, estamos ainda só nos falando por mensagem e o que quer que esteja acontecendo entre nós continua sem um rótulo, a única coisa que eu sei é que não quero que acabe então eu e a ela precisamos conversar sobre isso.   

Hoje foi o primeiro dia do ano de volta ao trabalho na galeria, já passam das sete horas da noite então estamos saindo para ir para casa e como eu não vim de carro a Catania vai me dá uma carona, chegando no estacionamento estranhamos ver um mustang preto estacionado ali. A porta do motorista logo se abriu e eu imediatamente reconheci a Eretria saindo do carro, olhei para a Catania que esta ao meu lado sorrindo para mim, mas vendo que eu congelei no lugar seu sorriso morreu.  

-Eu tive que ouvir você reclamar que ainda não tinha conseguido ver a Eretria pessoalmente desde que voltou para cidade e agora que ela esta aqui só a alguns passos de distância você vai ficar parada ai? - Agradeci mentalmente pela Catania estar falando baixo e a fuzilei com o olhar antes de ir até a Eretria.   

-Oi. - Ela cumprimentou nós duas quando paramos na sua frente.  

-Amberle precisa de uma carona e eu preciso ir, então você esta encarregada de leva-la para casa. Sempre bom te ver cunhada. - Eretria riu já parecendo acostumada com as loucuras da minha melhor amiga, Catania voltou sua atenção para mim dando um beijo no meu rosto. -Até amanhã. - Me despedi também e ela foi para o seu carro.   

-Porque você não me avisou que vinha?  

-Porque nem eu sabia que vinha, eu estava indo para casa mas percebi que o que realmente queria fazer era te ver então vim pra cá. - Suas mãos vieram para minha jaqueta me puxando gentilmente, fazendo meu corpo ir de encontro ao seu. -Você esta livre agora?   

-Depende pra que. - Falei passando meus braços pelos seus ombros.   

-Tentando se fazer de difícil princesa, serio isso. - Ela riu e parecendo não conseguir mais se conter deu um beijo casto nos meus lábios. -Eu estava pensando em nós finalmente termos nosso primeiro encontro hoje. Tem um restaurante ótimo no centro que também tem cardápio vegetariano, que tal?  

-Soa perfeito para mim.   

Cobri seus lábios com os meus tendo a certeza nesse exato momento que isso entre nós não vai acabar tão cedo e logo nenhuma de nós duas vai estar mais com medo de admitir que mesmo com tão pouco tempo sabemos exatamente o que sentimos uma pela outra, é amor.



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