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História Snow Globe - Capítulo único


Escrita por: Yeol6192

Notas do Autor


Hey baby's *O*/
Nunca imaginei que fazer fanfic inspirada em "De repente 30" seria tão complicado kkkkkk
Depois de dias sem inspiração e de ter desistido de postar a fic anterior q tinha dado 9mil palavras, cá estou eu para postar o capitulo COMPLETAMENTE diferente do que tinha pensando antes kkkkkkkk
Tenho que admitir que essa segunda fase me deixou muito apreensiva e tenho dó das adm's que tiveram que ficar me aguentando dias perguntando coisas sem parar <3
Enfim, boa leitura *3*

Ps.: Obrigada unnie por betar <3 e por ter aguentado me ouvir falar que tava sem criatividade/tempo de escrever <3 Te saranghae <3

Capítulo 1 - Capítulo único


Sentiu o piso frio tocar seus pés ao levantar-se em silêncio da cama, a porta de seu quarto estava aberta colaborando para que saísse sem ser percebido. O curto corredor estava imerso no puro breu.

As vozes foram ficando mais altas e logo mais coerentes para que entendesse alguma coisa que falavam. Chegando ao final do estreito corredor, agachou-se no chão e pôs uma pequena parte de sua cabeça para fora do esconderijo.

Observou seus pais parados diante de uma mulher e um homem, ambos fardados. Seu pai mantinha um dos braços envolvendo os ombros de sua mãe, enquanto acariciava a região numa forma de consolo.

- Faremos o possível para encontrá-lo, Sr. e Sra. Kim. – a policial proferiu sorrindo.

- Qualquer progresso nos avise imediatamente, por favor. – Sr. Kim pediu.

As mãos finas de sua mãe secaram as lágrimas acumuladas nos olhos escuros, fechando-os por um breve momento e quando os abriu a mulher olhou em sua direção. Até mesmo tentou rapidamente esconder sua cabeça atrás da parede, sem sucesso. Ouviu os passos pesados vindo em sua direção e soube naquele exato momento que estava ferrado.

- Já pro quarto! – a mãe falou alto logo que parou ao seu lado.

- Mas é meu direito saber o que aconteceu com ele. – argumentou.

- Kim MinSeok, é uma ordem!

O garoto levantou-se do chão e caminhou com passos largos até o quarto, batendo a porta com força atrás de si. Jogou-se na cama ouvindo-a ranger com o corpo gordinho em cima da madeira e do colchão macio.

Sua mão percorreu um caminho cego até a cômoda ao lado da cama, sequer precisava olhar para alcançar o que queria. Pegou o pequeno globo de neve entre a mão igualmente pequena. Passou a girá-lo e apertá-lo entre os dedos finos e longos, aquela era a mania boba que adquiriu conforme o tempo para se acalmar, apesar de que nada naquele momento conseguiria relaxá-lo.

Ainda era possível ouvir as vozes vindas da cozinha, entretanto nenhuma frase fazia sentido visto que as paredes abafavam quaisquer sons vindos de fora.

Sua visão ficou embaçada conforme as lágrimas salgadas tomavam os olhos escuros, consequentemente molhando o rosto gorducho do pré-adolescente. Fazia três dias que as segurava para não mostrar sua fraqueza, porém a aflição pesando em seus ombros estava deixando-o maluco.

Seu irmão mais velho estava sumido cerca de setenta e duas horas. Não havia mensagens, nem ligações. Não aparecera na faculdade, nem no trabalho. Nada estava fora do normal exceto pelo detalhe de que Kim JunMyeon evaporara da face da Terra.

Queria poder ajudar de alguma forma, ser capaz de achá-lo e dizer que havia deixado todos da família preocupados. Gostaria de ter a capacidade e talento dos detetives e policiais que trabalhavam no caso, apenas para encontrá-lo e lhe bater até que seus punhos doessem, em seguida prendê-lo dentro do quarto e nunca mais deixá-lo sair sem supervisão. Se fosse um adulto tudo seria mais fácil. Todos sempre diziam que era maduro para a idade e agora sequer podia ouvir o que era discutido na cozinha a fim de auxiliar de alguma forma.

Queria acordar no dia seguinte como um homem feito, com habilidade o suficiente para ajudar em qualquer mínimo detalhe da investigação.

Sentiu seus olhos meio pesados. Não conseguia dormir direito desde quando o irmão sumira, mal comia e tinha posto seus estudos de lado. Fungou o nariz sentindo-o escorrer pelo choro silencioso.

Sentia-se sonolento demais e a cada segundo era mais difícil se manter acordado. Fechou os olhos, sentindo a escuridão tomar sua visão. Gostaria que tudo aquilo não passasse de um mero pesadelo.

Estava praticamente cochilando quando ouviu um baque alto de algo caindo. Abriu os olhos, assustado, vendo que o globo de neve que chacoalhava se encontrava no chão. O vidro despedaçado no piso assim como o isopor branco, representação da neve da decoração, espalhado.

Pensou em arrumar a bagunça que fizera, entretanto antes que o fizesse a escuridão lhe tomou por completo.

 

 

 

A primeira coisa que fez ao acordar foi bocejar, resmungando. A cadeira em que estava sentado machucava seu traseiro, era dura demais.

Seu corpo ficou rijo quando se deu conta de que não havia adormecido numa cadeira e sim em sua cama. Levantou a cabeça antes depositada sobre uma mesa de madeira completamente organizada, olhando ao redor meio espantado.

Arregalou os olhos. Onde estava? O que acontecera consigo?

Aparentemente se localizava dentro de um escritório de estrutura um pouco maior que seu quarto. Arquivos de quatro gavetas estavam colocados um ao lado do outro, sempre os via em filmes de detetives e sabia que ali dentro era onde guardavam as papeladas de cada caso concluído ou não.

Sentiu algo pinicar seu pulso, olhou para o mesmo e encontrou um relógio caro preso ali. Marcavam 10 horas da noite. Ficou intrigado. Ele odiava relógios, então por que diabos estava usando um?

Um diploma encontrava-se preso na parede. Chegou perto do mesmo, franzindo o cenho tentando entender o que estava escrito nas letras miúdas. Desde quando tinha problemas na visão?

"Kim MinSeok, formado em direito pela Seoul National University". Outro ao lado dizia que tinha curso de detetive particular. Seu coração falhou uma batida. Não estava entendendo droga nenhuma daquilo tudo.

Correu até a porta do local, abrindo-a. Esticou seu corpo para fora do escritório apenas para ler a plaquinha localizada na parte exterior da porta: "Sala 04. Kim MinSeok, detetive particular".

Fechou a porta, assustado e, acima de qualquer coisa, curioso. Que droga acontecera? Devia estar tendo um pesadelo. Beliscou-se para se certificar e aquilo doer.

Andou até a mesa onde acordara e remexeu todas as gavetas existentes no móvel. Encontrou uma carteira de motorista com seu nome, uma identidade também com seu nome, um comprovante de residência, uma chave e um jornal.

Sentou na cadeira novamente e folheou as páginas impressas. Em uma delas havia uma entrevista que falava de si, com uma foto que era definitivamente sua, entretanto ele parecia bem mais velho do que se lembrava, a mandíbula estava mais definida e os traços adultos não passavam despercebidos. Engoliu a seco, olhando as pequenas palavras abaixo da fotografia. Ali dizia que ela tinha sido tirada por Byun BaekHyun no dia 25 de junho de 2020.

Fez as contas de cabeça. Ele teria trinta anos então? Não, aquilo era impossível. Lembrou-se de que havia desejado ter maturidade o suficiente para ajudar a esclarecer o sequestro do irmão antes de dormir, mas ainda assim nada fazia sentido. Não pedira para avançar no tempo, apenas queria ter idade razoável para comentar algo sem que alguém mais velho falasse que era apenas uma criança e que não entenderia.

Riu de si mesmo. É claro que pensar em tais coisas antes de dormir o faria sonhar com aquela maluquice. Apenas voltaria a dormir e assim, quando acordasse, tudo estaria normal.

Apesar de sua cabeça estar rodeada de perguntas das quais não sabia as respostas, Kim se forçou a pegar no sono.

 

 

 

- Com licença.

Uma voz melodiosa foi ouvida dentro do recinto. MinSeok ergueu a cabeça, passando a observar o homem a sua frente.

Ele estava de pé em frente à mesa de madeira, segurava dois cafés do tipo americano, tinha uma máquina de fotografia profissional presa ao pescoço e vestia roupas simples. Era muito bonito. Tinha os fios de cabelo tingidos de loiro, seus olhos eram castanhos e mordia os lábios se forçando a conter o riso.

Olhou para o recinto e percebeu que ainda estava no escritório, porém agora o relógio em seu pulso marcava 9 horas da manhã.

Levou uma das mãos à frente da boca limpando o resquício de saliva contida ali. Pegou o blazer preto que estava caído no chão e colocou-o em cima da mesa, exatamente onde havia babado enquanto dormia. Quando fora a última vez que babara enquanto dormia? Não se lembrava, mas aparentemente aquilo voltara a acontecer.

- Se quiser que eu volte outra hora, tudo bem. – o homem que permanecia de pé falou, deixando um dos cafés sobre a mesa.

- Não. Pode sentar. -pediu sem entender nada do que acontecia, porém dando sequência àquele sonho sem pé nem cabeça.

Pegou o café depositado na mesa e tomou um gole. Americano era a melhor coisa do mundo.

- Ótimo. – sorriu, cumprimentou o homem com um aperto de mão antes de se sentar – Sou Byun BaekHyun, vim aqui para solicitar seus serviços. Acompanhei seu último caso e fiquei realmente impressionado com seu talento na área.

- Meu último caso? – indagou confuso.

- Sim. O garoto tinha Transtorno Obsessivo e prendeu a própria irmã numa cela apenas para ninguém chegar perto dela, estou certo? – o Kim apenas assentiu, tentando acompanhar tudo o que o outro falava – Achei incrível como conseguiu desvendar cada pista e encontrá-los.

- Ah, sim. – sorriu de lado – Espera. Você disse que seu nome é qual?

- Byun BaekHyun.

- Você é o fotógrafo que tirou uma foto minha para o jornal.

- Sim. – seu sorriso dobrou de tamanho – Um colega de serviço fez a entrevista e eu tirei as fotos.

Concordou com o que o outro falara, apesar de não entender direito. E enquanto o homem – aparentemente seu fã – falava coisas e mais coisas, ele voltara suas lembranças para a noite anterior, relembrando de cada mínimo detalhe, precisava saber o porquê de aquilo tudo estar acontecendo.

Era cético em relação a muitas coisas, mas estava começando a acreditar que talvez alguém tivesse colocado seu nome num ritual ou algo do gênero. Afinal, essa era a única explicação plausível para o que acontecia. Fora ter enlouquecido de vez, claro.

E então, completamente imerso em seus pensamentos, lembrou-se do globo de neve caindo e todo seu conteúdo se espalhando pelo quarto logo depois de ter desejado aquelas coisas. Será que aquele objeto o fizera avançar dezessete anos? Aquela hipótese não lhe parecia convincente.

- Enfim, – Byun continuou – minha tia sumiu faz uma semana e não voltou mais.

Ao ouvir a fala do outro, lembrou-se do irmão mais velho e de seu desaparecimento. Aquilo o deixou meio abalado.

- Já pensou na hipótese dela ter ido viajar?

- Ela é muito próxima de toda a família, principalmente de mim, avisaria se fosse viajar. Fui ao apartamento dela ontem de novo e tudo estava arrumado, as portas trancadas. Tudo normal, mas ela simplesmente não está lá.

- Tentou falar com seus familiares?

- Sim e ninguém sabe de nada.

- Me conte um pouco sobre ela.

- Seu nome é Gong YoungAh, tem trinta e quatro anos, é apaixonada por plantas e meio ambiente em geral. Ama escrever e tem um caderninho específico onde faz isso. É super próxima de toda a família e é meio... – pareceu procurar a palavra certa – é meio estranha, mas não sei se esse adjetivo é apropriado.

- Estranha?

- Ela apenas tem sua própria forma de pensar e é completamente coração, sabe? Se quer algo ela simplesmente vai lá e faz sem se importar com o que vão achar ou com as consequências.

Xiumin suspirou, sabia exatamente pelo que o outro passava. Entretanto sua vontade era de mandá-lo embora, para assim poder pensar melhor em tudo que estava passando e, principalmente, tentar achar algum motivo coerente para ter trinta anos. Mas ao observar atentamente o rosto do homem a sua frente, desistiu da ideia de deixá-lo ali completamente sem esperanças. Não havia percebido as olheiras escuras abaixo dos olhos bonitos, estava visivelmente cansado.

- Quando acha que devemos começar? – o Kim perguntou.

- Quanto mais cedo melhor.

- Certo. E por que você não pediu ajuda a policiais ao invés de um detetive particular? – ergueu uma das sobrancelhas, ainda não havia entendido o sentido daquilo.

- Estava esperando que me perguntasse isso. – sorriu de lado – Como sabe, eu trabalho como fotógrafo para jornais e revistas e, por conta disso, sei perfeitamente como é o ramo jornalístico. Se eu contasse aos policiais eles poderiam tornar o caso da minha tia público e, no momento, a última coisa de que preciso são de jornalistas e pessoas que trabalham com a mídia em cima de mim sem se importar se ela está ou não bem. Sei que vai acontecer isso porque eu sou desse dessa áres e, sinceramente, a maioria das vezes a última coisa com que me importo é se a pessoa está bem, só quero tirar uma foto boa e ter meu salário no fim do mês. Mesmo que depois do trabalho fique chocado ou triste com algum acontecimento.

MinSeok arregalou os olhos com a sinceridade do homem, mas concordava com seu ponto de vista.

- Ok. – sorriu – Podemos ir até o apartamento da sua tia?

- Claro.

Byun assentiu se levantando, sendo prontamente seguido pelo outro. Antes do mais velho seguir BaekHyun, guardou tudo que achara necessário dentro de sua mochila. Não se esquecendo de guardar principalmente o comprovante de residência e a chave, que julgava pertencer ao local em que devia morar.

MinSeok não fazia ideia do que estava fazendo ou do que faria dali para frente, todavia estava disposto a não ficar parado esperando algo acontecer. Uma parte sua ainda acreditava que aquilo não passava de um mero sonho, porém algo dentro de si lhe dizia que aquela era sua nova realidade. A questão era: Em qual das duas hipóteses acreditar?

Só pararam de andar quando chegaram a frente de um carro caro e preto, Byun o olhou como se esperasse alguma coisa.

- Não vai entrar? – indagou vendo a expressão confusa do homem a sua frente – O carro é seu, não vai dirigir?

- Meu carro? – tornou surpreso e já emendou - Ah, sim! Meu carro. – procurou as malditas chaves nos bolsos e encontrou-as. Destravou as portas e virou-se de frente para o outro – Pode dirigir? – ele definitivamente não queria matar nenhum dos dois ali, afinal ele não sabia dirigir.

- Por quê?

- Eu acordei há pouco tempo e estou cansado, por favor. – pediu sem pensar na incoerência da frase.

BaekHyun riu e entrou no carro.

Xiumin suspirou. Aquele dia seria longo e cansativo.

 

 

 

- Viu? – Byun indagou cabisbaixo – Tudo está em seu devido lugar.

- Primeiramente, como conseguiu a cópia da chave?

- Nós somos muito próximos e sempre que arrumava um tempo eu a visitava, então ela tirou uma cópia.

- Quando foi a última vez que falou com ela?

- Cerca de dois dias antes de ela sumir.

MinSeok concordou com a cabeça e continuou andando pelos cômodos com Byun sempre atrás de si, prestando atenção em cada movimento seu e falando dos hábitos da tia.

Estava se sentindo em um seriado ou livro de investigação que costumava se interessar desde pequeno. A partir da época em que aprendera a mexer corretamente na internet, acompanhava documentários de detetives, investigações e coisas referentes a esse universo. Aquilo havia se tornado sua maior paixão e até pensava em seguir esse caminho quando crescesse. Nunca imaginou que ia ser da noite para o dia... Enfim, por conta disso, não se sentia completamente perdido naquela realidade que era submetido a enfrentar. Mas, ainda assim, se sentia receoso, embora lesse e visse tudo que era disponível. Afinal, não era de fato formado na área, apesar daquele diploma pregado na parede do escritório dizer o contrário.

Sua mãe costumava chamá-lo de menino prodígio desde pequeno, já que nenhuma criança trocaria um desenho animado por livros grossos de Thomas Harris* como era um hábito seu. Além de demonstrar muita afeição à informática desde seus oito anos de idade. Seu irmão mais velho era um dos funcionários da empresa de tecnologia do pai de ambos. Estudava TI na faculdade e, consequentemente, ensinava tudo que aprendia de computação e de aparelhos eletrônicos ao caçula. De simples computadores e eletrodomésticos a máquinas de cortar papel e fazer embalagens.

Kim MinSeok amava conhecer assuntos novos e tinha uma facilidade de aprender invejável.

Seu coração se apertou dentro do peito ao lembrar-se de sua família. Havia se esquecido deles por alguns instantes. Onde estariam agora? Tinha medo de descobrir.

- Ela estava em algum relacionamento?

- Estava saindo com um cara, mas nunca falava quem era. YoungAh é muito reservada nesse quesito, nunca comenta nada de seus romances.

- Acha que seria possível ela ter sido sequestrada por ele?

Byun deu de ombros, sem saber o que responder.

Xiumin parou diante de uma estante, ali havia diversos livros de engenharia florestal, biologia e química.

- Sua tia é engenheira florestal?

- Sim. – confirmou.

Assentiu fazendo uma careta. A área de biológicas não era nada atraente a seu ver, talvez apenas biotecnologia.

Continuou procurando quaisquer vestígios que lhe fizesse chegar a alguma conclusão, entretanto nada foi encontrado exceto uma agenda com números de telefones. Pegou-a, folheando as páginas calmamente.

- Vou levar isso comigo, preciso entrar em contato com as pessoas próximas para descartar suspeitos.

Olhou centímetro por centímetro da casa e alguma coisa estava errada, algo lhe parecia muito fora do normal.

- Isso é muito estranho. – MinSeok comentou. O outro olhava-o com as sobrancelhas arqueadas, sem entender o sentido da frase.

- O que é estranho?

- Ela sumiu, nenhuma roupa está fora do lugar, assim como malas e roupas de cama, entretanto, a pasta e escova de dente sumiram. – suspirou – Além disso, você me falou que ela gosta de escrever, certo? E que ela tinha um caderno específico para as escritas. Onde está o caderno? Ele sumiu também. Quais seriam as chances dela ter sido sequestrada com tudo isso? – parou um momento para refletir sobre o assunto – Apesar de que ela poderia ter sido surpreendida quando estava indo para o serviço ou saindo para algum lugar. Mas isso me faz pensar que as chances de o sujeito ser alguém conhecido sejam quase nulas, já que uma pessoa que a conhece saberia que ela gosta de escrever e se certificaria de que o caderno não estivesse com ela no momento do sequestro. Que sequestrador ia querer um caderno pessoal da vítima como prova num cativeiro?

- Como você consegue pensar rápido desse jeito? – o homem olhava-o assustado.

Anos assistindo seriados e lendo livros de investigação, quis responder, contudo preferiu manter as aparências.

- É o meu trabalho. – respondeu sorrindo, vendo o outro apenas concordar com um aceno – Agora tenho que voltar, para analisar mais hipóteses. – arranjou essa desculpa, mas a verdade era que precisava descobrir mais sobre si mesmo. Estava perdido dentro da própria vida, como um barco navegando sem rumo.

- Ainda cansado? Quer que eu o leve até sua casa? – BaekHyun indagou rindo.

- Com certeza. Eu odeio dirigir. – preferiu abster-se de falar que não sabia sequer dar ré num carro.

Byun deu uma risada gostosa e ambos se locomoveram até o carro do detetive. Quando o loiro perguntou onde morava usou a desculpa de que havia se mudado há pouco tempo, portanto precisava ter certeza da localização de sua moradia. Tirou o comprovante de residência da bolsa e informou o fotógrafo o endereço de sua suposta casa.

MinSeok saíra dali apenas com uma agenda, uma carteira onde encontrava-se tudo inclusive um cartão de visitas de uma loja chamada ‘Soap Bubbles’. Olharia tudo com mais calma depois.

- As vagas de estacionamento estão lotadas. Onde eu posso parar o carro? – BaekHyun perguntou assim que pararam em frente ao condomínio.

- Sei lá, para em qualquer lugar.

Fez o que lhe foi pedido e estacionou o carro em qualquer lugar. Saíram do automóvel e caminharam até a entrada do prédio.

- Quanto vai ficar? – Xiumin olhou-o sem entender – Eu estou te contratando, quanto vai ficar o preço? – esclareceu, rindo da lerdeza do outro.

- Vamos decidir isso depois. – mas acrescentou rápido tentando parecer mais profissional – O preço de mercado. Deve ter pesquisado isso.

- Certo, agora eu preciso voltar ao meu trabalho.

BaekHyun falou enquanto tirava um pedaço de papel e uma caneta de dentro da bolsa, escreveu algo e lhe entregou.

- Aqui está o meu número do celular e do meu escritório caso você descubra alguma coisa. De preferência ligue no celular. – guardou a caneta novamente dentro da bolsa e encarou com os olhos arregalados algo atrás de MinSeok – Não! Não faça isso!

BaekHyun correu até o carro do detetive sendo seguido por este. Vendo o veículo ser preparado para ser retirado dali por um guincho.

- Senhor, tem uma placa bem grande ali. – o trabalhador apontou – E ela deixa bem claro que nenhum carro pode parar aqui, caso contrário ele será levado pelo guincho. Você estacionou em frente a uma obra da prefeitura.

- Desculpe, foi erro meu. Prometo não estacionar mais aí, agora me devolve o carro. – tornou num tom persuasivo.

- Não posso. É meu trabalho.

- Como assim não pode? – indagou levantando uma das sobrancelhas – Meu amigo aqui fez direito e pode muito bem te processar, sabia? -ameaçou.

- BaekHyun, tudo bem. – MinSeok falou calmo. Não estava nem um pouco preocupado com o carro.

- Não está tudo bem! Eles vão levar seu carro. – ressaltou.

- Não tem problema, eu nem sei dirigir. – deixou escapar.

- Não sabe? – estreitou os olhos.

- Claro que sei! – exaltou-se – Eu só não gosto de dirigir.

Kim puxou o outro pelo braço, tirando-o de perto do carro.

- Desculpe. – Byun pediu já imaginando que talvez o detetive acrescesse a multa e o imposto para liberar o carro ao preço dos seus serviços.

- Sério, não tem problema. Te ligo outra hora? – viu o mais novo assentir.

Despediu-se rapidamente do outro e deu mais uma olhada no papel que lhe informava em qual apartamento morava. Entrou no prédio meio receoso, e se não morasse lá?

- Olá, MinSeok. – o porteiro cumprimentou, fazendo-o se assustar – Chegou mais cedo hoje.

- Sim, cheguei. – respondeu ao outro, forçando um sorriso.

Correu em direção ao elevador, esperando não encontrar algum conhecido ‘desconhecido’ pelo caminho, e apertou o botão que o levaria até o penúltimo andar. Chegando ao andar solicitado, caminhou calmamente até a porta número 99.

Engoliu em seco antes de colocar a chave na fechadura e girá-la ali. De fato o apartamento era seu, já que abrira sem nenhuma dificuldade.

Ao bater a porta atrás de si desejou não encontrar algo fora do normal ali dentro, e de fato não encontrou. O lugar era pequeno e simples, tudo muito limpo e organizado.

Vasculhou cada cômodo procurando qualquer coisa anormal, ainda com receio de descobrir algo muito errado sobre si mesmo. Mas era apenas um apartamento como qualquer outro. Tinha que admitir que quase tudo encontrado lá era apreciado por si mesmo. As revistas falando de futebol, a máquina de café no balcão da cozinha, os livros de crime e, até mesmo, os kimchis em conserva na geladeira. A única coisa que não lhe apetecia eram as cervejas e algumas bebidas que achou.

Após fazer um sanduíche simples e pegar um copo grande de café apenas para saciar sua fome, sentou-se no sofá confortável. Dali conseguia observar a estante com diversas divisórias. Na maior delas estava a TV, já nas outras objetos como livros, DVDs, um globo de neve, papeladas e decorações em geral eram depositadas.

Suspirou enquanto se alimentava.

Tudo estava tão confuso que fazia sua cabeça girar. Onde estavam seus pais? Seu irmão ainda estava desaparecido? E, principalmente, por que havia avançado dezessete anos? Sabia que havia pensado todas aquelas coisas antes de dormir e realmente desejara ser mais velho, entretanto agora estava assustado, porque aparentemente estava sozinho.

Mas agora era tarde demais para se arrepender, teria de seguir e redescobrir tudo que vivera e desvendar todas as respostas desejadas. Sabia que era capaz de compreender qualquer coisa com sua curiosidade e empenho.

E o primeiro passo era tentar dedicar-se à carreira, afinal, era apaixonado por aquilo e sempre fora seu sonho se tornar detetive. Começaria desvendando o caso do Byun. Arranjaria uma forma de saber onde Gong YoungAh se encontrava.

 

 

 

Duas semanas e meia se passaram e a investigação do possível sequestro não havia evoluído.

MinSeok já havia entrado em contado com todos os familiares e amigos da vítima, nenhum sabia onde YoungAh estava, nem se mostraram suspeitos. Visitara tantas vezes o apartamento da mulher junto com BaekHyun que duvidava não saber cada mínimo detalhe do local. A única coisa que tinha em mente era um plano que talvez nem funcionasse, contudo não custava nada tentar. Ao menos todo aquele prolongar na investigação havia aproximado os dois homens. Viam-se praticamente todos os dias desde que aquela história toda começara.

Encontrava-se sentado à mesa de uma cafeteria, esperando Byun chegar e ele estava atrasado.

O dono do café havia aderido a ideia de colocar um karaokê para os clientes se divertirem, por conta disso, o ambiente se mostrava bastante barulhento e animado.

- Desculpe o atraso, tive que cuidar de uns problemas no trabalho. – BaekHyun justificou assim que chegou, sentando na cadeira a sua frente.

As olheiras do Byun estavam profundas e nas últimas semanas que passara com o menor percebera que este tinha emagrecido um pouco.

Sabia exatamente o que o homem passava, pois estava passando pela mesma situação em relação a seu irmão, JunMyeon. Apesar de fazer de tudo para esconder e esquecer o que acontecera. Não queria pensar no ocorrido com seu irmão depois de dezessete anos, nem com seus pais. Imagina descobrir que todos estavam mortos? Não queria passar por aquilo, era torturante demais, portanto preferia adiar essas descobertas para outra hora. Talvez quando se acostumasse com o fato de ter pulado toda a adolescência e ser chamado de senhor em todo o lugar que ia.

Logo que a garçonete se aproximou da mesa perguntando se queriam algo, MinSeok pediu um americano e BaekHyun um frappuccino.

- Algum progresso? – Byun perguntou enquanto sugava um pouco de sua bebida pelo canudinho.

- Infelizmente não. Mas estava pensando em uma coisa. – começou, o loiro lhe encarou com expectativa – O condomínio dela tem câmeras, certo?

- Tem, mas por que quer saber isso?

- Vou precisar das gravações das câmeras de segurança, porque assim vou conseguir saber quem foi a última pessoa que esteve com ela. Vou puxar toda a ficha da pessoa, descobrir quem é e depois interrogá-la.

- Você tem permissão para fazer isso? – Byun indagou.

- Nós precisamos falar com o síndico do condomínio, caso ele não permita que eu veja as filmagens, então vou ter que pedir para o Estado me deixar ver, só que demoraria meses. Nesse caso eu daria outro jeito não tão legal perante a lei, mas ao menos seria mais rápido.

- Certo. – riu – Só não se meta em encrencas.

- Não se preocupe. – respondeu fazendo uma careca quando uma das mulheres do local gritou no microfone do karaokê.

Aparentemente aquela cafeteria estava fazendo homenagem a Michael Jackson naquele dia, já que os clientes não cantavam outra coisa.

- Gosta de Michael Jackson? – Kim perguntou como quem não queria nada, tomando o último gole de seu café.

- Gosto muito. – sorriu – E você também, afinal, fica mexendo a cabeça de um lado para o outro com as músicas.

- Aquele cara era um ótimo músico.

- Era mesmo. – concordou – Devia tomar menos café puro, sabia? Vai fazer mal.

- É um vício do qual não consigo me livrar. – deu de ombros.

- Experimente um pouco do meu.

- Mas tem sorvete. – fez careta – Não sei qual era o problema da pessoa que inventou isso. Juntar café e sorvete não é uma boa combinação.

- Aposto que nunca provou. Toma. – estendeu o copo para MinSeok que apenas balançou a cabeça indicando que não tomaria – Toma logo!

Forçou o canudo contra a boca do mais velho, que se viu obrigado a tomar um gole seguido de outros dois, mas Byun não precisava saber desse detalhe.

- Então?

- Prefiro café preto. – MinSeok respondeu apenas para deixar o outro bravo. Havia gostado da bebida.

- Você é um pé no saco. – revirou os olhos – Levanta.

- Por quê? – indagou com as sobrancelhas franzidas.

- Nós vamos cantar.

BaekHyun levantou-se, segurando o pulso de Kim e o obrigando a fazer o mesmo.

- Eu não sei cantar.

- Qualquer pessoa sabe cantar. Além disso, você mesmo disse que gosta do Michael.

Pararam em frente à televisão que ficava em cima de um palco tão pequeno que mal cabiam quatro pessoas. Esperaram a outra pessoa terminar de cantar para pegarem um microfone cada.

- Qual música quer?

- Quero voltar para a mesa, tem muita gente olhando. –pediu sussurrando.

- Thriller está bom pra você? – quis saber ignorando o comentário do outro.

- Vai realmente me obrigar a isso?

- Vou.

Byun selecionou a música escolhida e, logo a letra da música começou a aparecer na tela grande da TV, acompanhando a melodia com maestria.

MinSeok demorou alguns instantes para conseguir fazer o mesmo, contudo logo conseguiu, afinal, sabia aquela música de trás para frente de tantas vezes que já a ouvira.

Por um breve momento desviou seus olhos das letras em inglês para olhar BaekHyun que permanecia ao seu lado. Ele se remexia de um lado para o outro no ritmo da música, sua voz era muito bonita e Xiumin não se surpreenderia se o outro lhe contasse que havia feito aulas de canto. A mão delicada segurava o microfone rente à própria face. Estava convicto de que qualquer pessoa teria inveja daquelas mãos, e a pintinha no polegar esquerdo definitivamente era marca registrada sua. Nem de longe Kim falaria que aquele homem era um ano mais novo que si, parecia um garoto do colegial. Quando se pegava observando-o daquela forma acabara por se sentir com os trinta anos que agora tinha. E ele era muito bonito. Pensou pela milésima vez desde que o conhecia. Byun não possuía aquela beleza que faria pessoas virarem os pescoços para olhá-lo, mas um encanto discreto que apenas quem o conhecia percebia.

Quando a música acabou os clientes presentes ali aplaudiram a dupla.

- Viu? Você nem tremeu tanto a voz. – Baek comentou.

Os olhos puxadinhos diminuíram ainda mais de tamanho enquanto sorria retangular em sua direção. Xiumin se viu perdido entre os dentes brancos e os lábios rosados do outro, se sentia meio estranho.

- Tudo bem? –Byun perguntou.

- Ah, claro! – exaltou-se desviando seu olhar para a saída do local – Acho melhor nós irmos, já começou a escurecer.

- Certo. – concordou.

Caminharam até o carro do Byun, já que o de MinSeok havia sido levado, detalhe que o deixava muito feliz, já que assim não precisaria ter que inventar uma desculpa sempre que o outro lhe perguntasse o porquê de não dirigir seu próprio carro.

Eles teriam de ir até o condomínio onde YoungAh morava para assim darem continuidade a investigação. O Kim só esperava que o síndico do lugar não lhe impedisse de checar as câmeras.

Sentado no banco do passageiro, MinSeok se sentiu meio nostálgico. Será que os policiais que ajudaram no caso de seu irmão desaparecido tinham se esforçado daquela maneira para encontrá-lo? Queria saber como toda aquela história acabara. Saber se seu irmão e sua família estavam bem, mas era covarde demais para ir atrás de tais respostas, afinal, não saberia qual seria sua reação se descobrisse algo trágico.

Engoliu em seco, sentindo os olhos mais molhados que o normal. Ele não choraria por aquilo novamente. Não sabia exatamente como – apesar de ter certeza que tinha a ver com aquele maldito globo de neve que brincava quando menor –, mas agora tinha trinta anos e teria de se acostumar com isso. Seria obrigado a enfrentar aquilo de cabeça erguida, tentar seguir em frente, afinal de contas, ele conseguira tudo que queria, não? Era um detetive particular, tinha uma renda aparentemente boa, uma vida legal.

- Está tudo bem mesmo? – Byun novamente indagou, preocupado pelo rosto triste que o mais velho fazia.

- Só estou cansado.

BaekHyun assentiu, pisando no acelerador.

 

 

- E se ele não aceitar? – Byun estava apreensivo enquanto segurava um de seus braços. O Kim estava gostando da aproximação.

- Ele vai aceitar.

MinSeok caminhou até a bancada de onde o síndico do prédio, um senhor grisalho e aparentemente amigável, conversava com o porteiro enquanto observava tudo atentamente.

- Boa noite. –cumprimentou, vendo o idoso olhá-lo.

- Boa noite, jovem. Como posso ajudar?

- Então, é que meu amigo aqui e eu queríamos dar uma olhada nas câmeras de segurança. – apontou para o homem que ainda permanecia segurando seu braço.

- Não posso permitir, é confidencial.

Suspirou enquanto tirava sua identidade do bolso, entregou-a ao velho que examinou-a e a passou para o porteiro.

- Sou Kim MinSeok, detetive particular. – sorriu, sentindo seu interior se animar. Realmente parecia dentro de um filme de detetives – Uma moradora aqui do condomínio que é parente dele sumiu de repente e o Byun me contratou para encontrá-la. E para que isso seja possível preciso que o senhor me deixe ver as câmeras de segurança.

- Quem sumiu?

- Gong YoungAh. – respondeu, sentiu o aperto do Byun em seu braço. Um arrepio subiu sua coluna.

- A vi saindo a mais ou menos três semanas com uma mulher. – o porteiro se intrometeu.

- Já viu a mulher antes do acontecimento?

- Não me lembro de tê-la visto. – o porteiro suspirou, devolvendo-lhe a identidade e olhando para o síndico esperando instruções. O idoso assentiu com um gesto. O porteiro mexeu em alguma coisa no computador velho que estava ali enquanto o síndico afirmava aos rapazes – Espero não me arrepender de te mostrar, garoto.

Atravessaram o balcão pela abertura do lado e esperaram o homem achar o exato momento em que YoungAh saía junto de uma garota com cabelo castanho.

- Posso fazer uma cópia dessa parte da gravação? Preciso descobrir quem é ela. – o viu assentir.

Pegou o pen drive que guardara dentro da bolsa e copiou o arquivo o mais rápido possível.

- Muito obrigado. – Byun e o Kim agradeceram em uníssono, correndo até o carro em seguida.

- Preciso chegar em casa para descobrir quem é ela.
- Minha casa é mais próxima, quer dormir lá? – Xiumin fora pego desprevenido pela pergunta.

- Dormir na sua casa? – indagou surpreso, recebendo um aceno positivo como resposta – Tudo bem, vamos.

Ao ouvir a resposta Byun acelerou. As ruas não estavam muito movimentadas por aquela área, consequentemente, chegaram a casa de BaekHyun rapidamente.

O mais novo já procurou pelas chaves da porta logo que saiu do automóvel e adentrou a casa sendo seguido pelo outro.

- Qual é a senha do wi-fi?

- Byunnie04. – MinSeok tentou segurar o riso, mas fora impossível – Está rindo do quê? Minha senha é muito criativa. – avisou antes de juntar irônico – Fique a vontade.

O Kim se sentou no sofá, abrindo o notebook em seguida. Nas últimas semanas descobrira que tinha diversos programas baixados no computador que eram específicos para detetives e Xiumin sabia exatamente qual que lhe ajudaria.

O programa funcionava basicamente assim: você jogava o nome de qualquer pessoa ali e o programa fazia pesquisas em fichas do governo para descobrir toda e qualquer tipo de informação sobre o indivíduo – incluindo nome, idade, endereço etc. – Era complicado de mexer, mas MinSeok passara a noite anterior aprendendo sozinho. E ainda descobrira que o aplicativo era completamente legal, porém apenas pessoas autorizadas tinham acesso. Ficara realmente feliz de saber que não havia quebrado as regras do Estado.

Depois de alguns minutos, o suficiente para BaekHyun aparecer na sala com duas tigelas cheias de Bulgogi e duas latinhas de coca-cola, a identidade da mulher estava revelada.

- Conhece alguma Kim TaeYeon? – perguntou.

- O nome não me é estranho.

- Foi ela quem saiu com sua tia na noite do desaparecimento.

O Byun o encarou, tirando o notebook se seu colo e entregando-lhe uma das tigelas e o refrigerante.

- Você precisa comer. – declarou sentando-se com a outra tigela e a bebida. O paradeiro da tia era importante, mas o bem estar de seu amigo também.

Comeram a refeição em silêncio, imersos em seus próprios pensamentos.

MinSeok não sabia se estava sendo um idiota por estar se afeiçoando rápido demais ao outro, mas era inevitável. Ele nunca fora de arranjar muitos amigos, era sempre o aluno isolado e nerd da sala. Contudo Byun o fazia se sentir diferente, era bom estar na presença do outro. Percebia que poderia confiar nele.

- Vamos à casa dela amanhã? – o mais novo perguntou.

- Sim. Acho que está chegando o momento de encontrar sua tia.

- Espero que esteja certo. – sorriu em direção ao Kim. Seus olhos transmitiam esperança – Por que nunca me fala sobre você? - indagou sem pensar, arrependendo-se no instante seguinte quando o outro lhe olhou surpreso – Desculpe, estou sendo indiscreto. – abaixou a cabeça com a face corada – Sei que pode parecer imbecilidade minha, mas sinto como se nós fôssemos amigos e não só detetive e cliente, sabe?

- Nós somos amigos. Não sei se te considero assim só porque você foi a primeira pessoa que se aproximou depois de tudo. Mas, sei lá, eu gosto de você. – Kim estava confuso em relação a seus sentimentos sobre o mais novo.

- Depois de tudo? – indagou. Sabia que era péssimo ficar questionando coisas sobre a vida do outro, mas não se conteve, afinal, era curioso demais.

MinSeok ficou em um dilema interno. Devia finalmente se abrir com alguém sobre o que acontecera? Ou apenas deixar para lá?

Seu olhar espelhava toda sua relutância e indecisão. Byun, notando isso, quase se arrependeu por deixar a curiosidade tomar conta de si. Quase, afinal depois de mais de duas semanas andando juntos, parecia um direito seu saber mais sobre ele.

Ao seu lado, Kim pensava que Byun parecia gostar dele, assim como gostava do homem. Havia se apegado a ele de uma forma que julgava errado pelo pouco tempo de convivência, mas arriscaria. Afinal, o que tinha a perder?

- Por favor, não fale que estou louco ou qualquer coisa do gênero. – pediu, vendo-o olhar dentro de seus olhos. Aquilo o desarmou de quaisquer escudos que ergueu ao seu redor e percebeu que seria sempre assim com Byun.

E então contou tudo. Num tom meio de desabafo e um pouco confuso. Desde o desaparecimento de seu irmão até ali, onde se encontrava agora. O homem ao seu lado ouviu cada detalhe quieto, como se tentasse assimilar tudo que era dito.

- Você é maluco. – Byun constatou enquanto permitia que uma risada gostosa escapasse dos lábios rosados – Sinceramente? Não sou uma pessoa cética em relação a nada nesse mundo, sou muito crédulo. Entretanto, você pode esconder que usa LSD e no meio de uma das alucinações ter inventado essa história.

- Então não acredita? -indagou mordendo os lábios. Estava nervoso, sentia as palmas suadas. No entanto, parecia que tinha tirado um peso enorme das costas se abrindo com ele.

- Não disse isso. – segurou a mão alheia, acariciando-a com a ponta dos dedos – Você falou que é meu amigo o que quer dizer que confia em mim o bastante para me falar isso. Enquanto me contava essa história o sentimento que transpareceu no seu olhar não era uma coisa falsa. Sei disso porque convivo com jornalistas e os vejo trabalhando todos os dias com pessoas que não demonstram sentimento algum, elas mentem o tempo todo sem qualquer remorso. Estou convicto de que não está mentindo pra mim e creio no que contou, apesar de eu ainda não ter descartado inteiramente a hipótese do LSD. – avisou, meio sério, meio brincando.

- Obrigado.

- Quem deve agradecimentos aqui sou eu. – sorriu.

O corpo de MinSeok estava inteiramente arrepiado, não esperava tal reação do homem. Isso ao menos mostrava que realmente podia confiar nele.

Olhou para as mãos do Byun, que ainda permaneciam coladas nas suas, pôde perceber que não era o único ali que estava arrepiado. BaekHyun parecia tão nervoso quanto ele mesmo.

Um pouco mais tarde, quando foram dormir. MinSeok se forçara para conseguir dormir no sofá macio, apesar disso ter se tornado uma tarefa difícil.

 

 

 

 

A casa de TaeYeon não era longe, portanto, antes da 1 hora da tarde, já se encontravam em frente a porta de sua casa. Tocaram a campainha esperando que a mulher aparecesse diante da porta.

- Boa tarde, você é Kim TaeYeon, correto? – MinSeok só perguntou para se certificar de que era mesmo a mulher que procurava.

- Sim, sou eu.

- Prazer, sou Kim MinSeok e esse é meu amigo Byun BaekHyun. – estendeu a mão num cumprimento educado, vendo BaekHyun repetir o ato – Ele é sobrinho de YoungAh e há algumas semanas ela desapareceu, então viemos aqui fazer algumas perguntas.

- YoungAh desapareceu? – TaeYeon riu.

- Sim e a última pessoa que foi vista com ela foi você.

- Bem que ela me falou que viriam atrás dela. Entrem, por favor.

Os homens fizeram o que foi solicitado e se sentaram no sofá confortável da sala. Observaram enquanto ela pegava algo dentro de uma gaveta e se sentava diante deles, numa poltrona que também fazia parte da mobília. Entregou-lhes um folheto de viagens.

- Vou explicar tudo, então tenham paciência. Sou colega de trabalho e melhor amiga da YoungAh, por isso sei onde ela está e garanto a vocês que ela está bem. Recentemente a empresa em que trabalhamos decidiu sortear dois pacotes de viagem para dois de seus funcionários, podia levar até um acompanhante e tudo seria pago pela agência. A Young foi uma das ganhadoras.

- Viagem para onde? Por que ela não avisou ninguém? Quem ela levou de acompanhante? – MinSeok indagou, duvidando da história mal contada.

- A viagem era para um retiro naturalista que fica próximo a praia de Jeju. Fui ao apartamento dela aquele dia porque ela não sabia que tinha ganhado, a agência de viagem avisou de última hora para a empresa. No caminho da minha casa ela ligou do meu celular para o namorado e eles foram para Jeju.

- E por que ela não levou roupas? E ainda deixou a carteira em casa. Isso não faz sentido.

- Você ouviu uma palavra que falei? – suspirou, para em seguida continuar a falar – Eles foram a um retiro naturalista, quem levaria roupas pra lá? Sabia que é proibido andar vestido nesse tipo de lugar? Tem muita gente que chama até de retiro nudista. Ela foi só com a roupa que estava no corpo. Como ganhadora do prêmio todas as despesas estão pagas, inclusive a ida e volta do lugar. Ela ficou de me ligar de um telefone público quando chegasse ao aeroporto na volta, para eu dar uma carona. Além disso, se procurou direitinho na carteira, vai perceber que só o documento de identidade não está por lá. Só levou escova de dente e o caderno onde escreve as histórias dela.

- Só me pergunto por que ela não me avisou. – BaekHyun se fez presente no local pela primeira vez, MinSeok percebeu que ele estava ansioso – Nós sempre fomos muito próximos.

- Não leve para o lado pessoal, ela não avisou ninguém. Vai ver não queria que a julgassem por estar indo num retiro desses, além disso não podia levar celular e não tem tecnologia no lugar. Se vocês eram próximos então sabem o quanto ela gosta de lugares onde só tem natureza e quando a chamaram para essa viagem ela surtou de alegria. – contorceu o rosto numa careta – Cruz credo ir para um lugar desses. Eles devem tomar banho em cachoeiras, só pode. Sério, tudo que falei está escrito nesse papel que dei a vocês, é só ler tudinho e verão que não estou mentindo.

Xiumin olhou o panfleto em suas mãos e verificou cada vírgula das informações contidas ali. Absolutamente tudo que TaeYeon falara era verdade.

- E desculpe por chegar aqui quase te acusando. – avisou já se levantando para ir embora.

- Não se preocupe com isso. – sorriu – Vamos, eu abro a porta para vocês.

TaeYeon deixou que ficassem com o panfleto da viajem para que soubessem exatamente o endereço e, depois de agradecerem mais algumas vezes, partiram dali.

 

- O que acha? – perguntou ao Byun já dentro do carro.

- Acho que podemos viajar até Jeju para ter certeza. Se estiver de acordo, claro.

- Quer pegar o vôo ainda hoje? – viu o outro assentir.

Optaram por pararem na casa do detetive antes de irem até o aeroporto, para pegarem coisas que talvez fossem úteis.

MinSeok pegou uma mochila grande o suficiente para colocar algumas roupas, que por sorte serviriam no Byun já que se assemelhavam no tamanho, escova de dente e sua carteira. Voltou à sala, encontrando o homem parado em frente a sua estante com algo na mão.

- Foi esse globo de neve que te fez avançar no tempo? – indagou.

O objeto circular era idêntico ao que possuía aos treze anos, estava sem qualquer arranhão ou rachadura. A neve feita de isopor contida ali dentro permanecia branca e sequer parecia ser velha.

Lembrou-se da primeira vez que estivera naquela casa, de ter visto a peça de decoração na estante. Como não havia associado aquele globo com o de sua infância?

Encarou os olhos do fotógrafo, estava meio desnorteado.

- Vou guardá-lo. – BaekHyun informou, procurando por um jornal. Quando o achou, embrulhou o globo de vidro com o mesmo, deixando-o devidamente seguro.

Caminhou para trás do detetive e com cuidado colocou o globo de neve em uma das divisórias da mochila.

- Por que está guardando aí? – Kim perguntou.

- Nunca se sabe quando vai precisar dele. Vai que resolva ‘passear’ no tempo outra vez...

O detetive apenas assentiu sem entender as intenções do amigo e o puxou para fora de seu apartamento. Eles estavam sem tempo.

 

 

 

 

O clima de Jeju era quente naquela época do ano. Era bem cedinho quando chegaram a ilha, visto que o único vôo previsto tinha sido às dez da noite passada.

Era a primeira vez que MinSeok viajava para aquele lugar e estava maravilhado com a beleza do lugar. Nem mesmo o cansaço de ter ficado horas num avião tirava sua felicidade de estar lá com BaekHyun.

Logo que chegaram ao aeroporto pediram informações de onde ficava o retiro desejado e, por sorte, descobriram que ficava realmente perto do aeroporto.

A caminhada durou cerca de quinze minutos até avistarem uma grande placa onde estava escrito “Retiro Naturalista”, o lugar era extenso e isolado por muros medianos. Um homem estava parado em frente a um portão grande de ferro, aquela era provavelmente a entrada do local.

- Bom dia. – foi BaekHyun quem cumprimentou primeiro – Queremos saber quanto custa entrar no retiro.

- Foram convidados por alguém da associação?

- Como assim?

- Só podem entrar se alguém de dentro convidá-los.

- Não tem outra forma de entrar? – MinSeok indagou, achando aquilo um absurdo.

- Aqui é um lugar de paz interior e exterior, precisamos ter a certeza de que a pessoa que está entrando não irá causar problemas, portanto, se ninguém de dentro os convidou não posso permitir que entrem.

- Ao menos podemos ver a lista das pessoas que estão aí dentro?

- Sinto muito, não podem.

- Tudo bem. – Byun respondeu, puxando o braço do outro para saírem logo dali.

Caminhou com a mão envolvendo o pulso de MinSeok até estarem diante de um dos muros localizados bem longe da entrada, para que ninguém conseguisse vê-los.

- Me ajuda a pular o muro. – Byun pediu, obrigando o outro a tirar a bolsa das costas. Jogou-a por cima do muro a fazendo cair do outro lado.

- O quê? Por quê?

- Não viemos até aqui para ouvir um ‘não’ como resposta.

Kim se abaixou um pouco e ajudou o fotógrafo a subir em seus ombros. Suas costas reclamaram pelo peso do outro, porém o aguentou, afinal, não tinha outra opção a não ser ajudá-lo. Viu o outro apoiar os braços no muro e fazer força até conseguir sentar-se sobre o mesmo. Byun ergueu a mão para o homem que permanecia no chão, com muito custo conseguiu puxá-lo para cima. O mais velho foi o primeiro a pular da parede rochosa caindo de pé no chão, sendo seguido pelo amigo.

- Temos que começar a procurar, caso contrário, não vamos encontrá-la nunca. – Xiumin afirmou começando a andar, foi parado pela mão do mais novo que o segurou pelo pulso – O que foi?

- É um retiro naturalista, Seok.

- E?

- Todo mundo daqui anda nu, chamaríamos atenção se ficarmos assim. – apontou para si próprio.

- O que está sugerindo?

Byun sequer perdeu tempo respondendo a pergunta do mais velho. Retirando a própria camiseta e desabotoou a calça jeans que usava anteriormente. MinSeok desviou o olhar fazendo muito esforço para manter seus olhos em qualquer outro ponto que não fosse o corpo do fotógrafo.

- Está esperando o quê? – BaekHyun indagou, como se ficar pelado em sua frente fosse a coisa mais banal do mundo.

Kim seguiu o exemplo do outro, envergonhado com a ideia de ficar nu na frente do amigo. Momentos depois ambos já se encontravam completamente despidos.

BaekHyun pegou as roupas e a mochila escondendo-as atrás de um arbusto que havia ali, enquanto Xiumin preocupava-se em esconder seu corpo. Como BaekHyun podia estar tão confortável daquela maneira?

- Não me deixe esquecer que as nossas coisas estão perto da casa de massagem. – o mais novo apontou para o edifício.

Os dois homens começaram a andar rapidamente, vasculhando cada centímetro do retiro, mas nada foi encontrado.

Já tinham andado por cerca de duas horas e meia quando se aproximaram de um parque muito bonito, o ar daquele ambiente era muito diferente do de Seoul. Era puro e não poluído por carros e fábricas.

- Odeio o fato de ser sedentário. – Byun comentou, se apoiando numa árvore próxima, já estava exausto – Será que ela está mesmo aqui?

- Tem que estar, caso contrário, vamos denunciar TaeYeon assim que voltarmos.

BaekHyun assentiu com a cabeça e olhou para frente, avistou um lugar onde pessoas faziam ioga sentadas em cima de toalhas, afinal, não seria nada interessante sentar-se na grama quando se está nu.

Observou a cena que lhe parecia muito estranha, franziu o cenho em direção aos indivíduos que praticavam o tratamento de relaxamento. Olhava principalmente para a pessoa que mostrava cada movimento ensinando o restante das pessoas com uma calmaria desumana.

Diversos palavrões vieram em sua cabeça enquanto andava em passos largos até a turma da ioga, deixando para trás MinSeok que não estava entendendo absolutamente nada. Correu atrás do fotógrafo.

- Como você pode estar viajando enquanto estou igual a um retardado te procurando? – Byun gritou com a mulher que se levantou num pulo do chão.

- Baek, o que está fazendo aqui?

- Tem ideia das horas que passei chorando achando que estava sofrendo na mão de alguém? Ainda tive que pular a droga do muro e ficar vendo um festival de pelancas. Tem noção de que vou sair daqui traumatizado?

- Vem aqui. – YoungAh puxou o sobrinho para longe das pessoas que os encaravam perplexos pelo escândalo do rapaz – Como me encontrou?

- TaeYeon me contou.

- E quem é esse? – indagou olhando MinSeok que permanecia quieto até o momento.

- Sou um amigo do BaekHyun. – Kim respondeu, ainda não acreditando que a mulher estava tirando férias enquanto seu sobrinho estava desesperado atrás dela.

Tentava a todo custo segurar o próprio riso, falhando miseravelmente, enquanto BaekHyun xingava a mulher.

- Seok? – uma voz conhecida se fez presente no momento, fazendo BaekHyun e YoungAh ficarem quietos de repente.

MinSeok olhou na direção em que foi chamado com o coração pulando dentro do peito. Encarou o homem, bem mais velho do que se lembrava, ele tinha cerca de trinta e oito anos agora.

Kim JunMyeon lhe encarava sorrindo. Seu irmão que pensava ter sido sequestrado, que pensava estar morto, estava diante de si.

- O que está fazendo aqui, irmãozinho? – JunMyeon indagou, dando alguns tapinhas amigáveis nas costas nuas do irmão – Achei que nunca mais o veria.

- Você não foi sequestrado? –Xiumin se sentia perplexo. Seu irmão mais velho realmente estava ali? Ou tudo não passavam de alucinações?

- Claro que não! Faz tempo que não nos vemos. Mas seqüestro é exagero. – riu – Você não se lembra?

- Nós temos que conversar sobre isso, mas creio que não seja a melhor hora. – MinSeok respondeu, ainda surpreso pelo o que acontecia- Só me fale o que aconteceu com você quando eu tinha treze anos e sumiu. – pediu, precisava entender tudo de uma vez por todas.

Mesmo estranhando a pergunta, afinal a família toda sabia do que havia ocorrido naquela época, respondeu ao irmão caçula.

- A mamãe e o papai sempre pegavam no meu pé então me irritei e fiquei um tempo na casa de um amigo, mas voltei semanas depois, afinal, eles não mereciam aquele tipo de tratamento sendo que estavam apenas preocupados com o meu futuro.

- E nossos pais, como eles estão? – enquanto esperava uma resposta, MinSeok sentiu a mão de BaekHyun segurar a sua, como se quisesse passar algum tipo de segurança. Apertou a mão pequena num pedido mudo para que não saísse dali.

- Eles estão ótimos. Apesar de que ficaram um pouco chateados depois que você sumiu.

- Eu sumi? Por quê?

- Ninguém sabe. – o irmão mais velho estranhou. Como o próprio MinSeok poderia ter esquecido o motivo de não ter mantido o contato com a família? – Acho que carreira consumiu sua cabeça e então você largou tudo para se formar e simplesmente não tem mantido mais contato nem comigo, nem com nossos pais.

- Eu... – MinSeok começou sem saber ao certo o que falar – Me desculpe.

- Tudo bem, não tem problema. – o irmão sorriu – Mas acho que devia visitá-los um dia desses, eles sentem sua falta. Eu também sinto. E quero que me conte essa história direito. Você sofreu de amnésia ou algo do gênero?

MinSeok apenas discordou com um aceno. Sentia uma tremenda vontade de ir até o irmão e abraçá-lo, entretanto preferiu guardar tais vontades para si mesmo, afinal, não era nada interessante abraçar seu irmão enquanto ambos estivessem pelados.

- Agora se não se importam eu vou voltar para a ioga. – YoungAh comentou – Você vem, querido?

- Vou sim. –JunMyeon respondeu e se voltou pela última vez para o irmão mais novo- A próxima vez que nos vermos quero que me explique toda essa história direito. E, por favor, não suma daquele jeito novamente. –pediu, puxando a namorada para que voltassem ao exercício de relaxamento.

- Ok, isso foi estranho. – Byun falou enquanto os dois homens caminhavam novamente em direção ao arbusto onde haviam deixado seus pertences.

- Foi um dia cheio de reencontros. – Kim falou ainda meio assustado pelo encontro inesperado.

BaekHyun pegou as roupas do detetive, jogando-as para ele.

- Apesar de seu corpo ser muito bonito, é melhor se vestir antes de sairmos.

MinSeok revirou os olhos, corando um pouco, se vestindo e tentando a todo custo não olhar para o Byun que se trocava na sua frente. Encarou o homem apenas algumas vezes, já que sua curiosidade era grande. Tinha vontade de retribuir o elogio.

- Nós vamos parar para descansar, né? Estou exausto. – MinSeok sugeriu.

- Vamos encontrar um hotel e passar o dia lá. Amanhã nós pegamos um vôo de volta.

O mais velho apenas assentiu antes de ajudar o fotógrafo a subir no muro pela segunda vez no dia.

 

 

 

Logo que chegou ao quarto de hotel, MinSeok se jogou em cima da cama macia. Seu corpo reclamava de cansaço já que nos últimos dias não havia parado um minuto sequer.

Tudo aparentemente havia acabado bem, mas ainda assim sentia como se faltasse alguma coisa. Como se o quebra-cabeça estivesse com uma peça faltando para que todo o desenho fizesse sentido.

Sua cabeça doía de tantos pensamentos e dúvidas que lhe rodeavam. Nunca imaginara que ter trinta anos poderia ser tão complicado e cheio de preocupações. Definitivamente a vida era mais fácil quando possuía treze anos, conseguia as coisas mais facilmente naquela época. A inocência da idade, na maioria das vezes, também lhe privava de muito sofrimento, afinal, pouco se entendia de assuntos sérios nessa idade. Quando se é mais novo as únicas preocupações que precisava ter eram trabalho escolares que poderiam ser facilmente buscados na internet e se seu time de futebol favorito ganharia aquele jogo ou não.

Abriu calmamente a mochila e retirou o globo de neve de lá. Chacoalhou o objeto circular vendo a neve artificial se mover ali dentro sem uma direção definida.

Quem diria que sua vida poderia se tornar algo que nunca imaginara por conta de um pedido bobo de uma criança e de um objeto de decoração?

- Estava pensando em voltar no tempo sem se despedir de mim? – ouviu a voz que sabia pertencer a BaekHyun. Olhou para a porta aberta do quarto e viu o outro vestido confortavelmente com roupas largas.

- Voltar no tempo? – indagou, querendo entender o que se passava na cabeça do fotógrafo.

- Você veio para cá através de um pedido e depois de quebrar um desses. – apontou para o objeto que permanecia nas mãos do Kim – Tecnicamente, se pedir para voltar e quebrá-lo de novo, vai voltar aos seus trezes anos.

Xiumin olhou para a peça de decoração. Talvez BaekHyun estivesse certo e seu pedido se realizaria novamente. Mais uma vez se encontrou num dilema.

Valeria a pena voltar no tempo e viver uma vida normal, passar pela adolescência e o início da vida adulta? Ou valia mais a pena ficar ali e perder dezessete anos de sua vida?

Encarou Byun que estava de pé em sua frente. Os últimos dias que passara ao lado do coreano loiro haviam sido agitados e a dor no corpo que sentia o fazia ter vontade de se deitar na cama e permanecer lá por uma vida inteira.

Os olhares se encontraram e um frio na barriga se fez presente.

Voltaria a viver sua vida corriqueira de antes? Ou ficaria ali com o Byun? Abriria a mão de longos dezessete anos apenas para ficar ao lado do outro?

Levantou-se suspirando, fechou os olhos e fez o pedido mentalmente, assim como havia feito quando criança. Ouviu o som do vidro se quebrando em pedaços no chão. Abriu os olhos e viu BaekHyun lhe encarando curioso.

- Funcionou. – o mais velho informou.

- O que pediu?

- Pedi para ficar exatamente onde estou, com a pessoa com quem estou.

- O que quer dizer? – Byun indagou mordendo o próprio lábio. Evidentemente estava nervoso e ansioso.

- Sabe o que quero dizer.

MinSeok se aproximou do outro abraçando-o, o ouviu suspirar e corresponder o contato.

- Ficar comigo em qual sentido? – BaekHyun perguntou e por um instante temeu que a resposta não fosse o que esperava ouvir.

- No sentido que você quiser.

Kim se afastou o suficiente apenas para observar a face corada do outro. Era adorável.

- Quer tomar um frappuccino naquela cafeteria quando voltarmos para Seoul? – MinSeok questionou o outro.

- Pensei que gostasse só de café preto.

- Uma pessoa acabou me mostrando que sorvete e café combinam, apesar de serem completamente diferentes.

- Essa pessoa é sábia e sabe bem o que fala. – brincou.

E no instante seguinte Kim MinSeok beijou o mais novo e, somente naquele momento, percebeu que não pertencia a qualquer outro lugar e tempo, senão no agora e nos braços do Byun.

O futuro era completamente incerto, cheio de altos e baixos, perdas e conquistas. Contudo, MinSeok estava verdadeiramente ansioso para estar nessa montanha-russa junto de BaekHyun e viveria intensamente cada fase de sua vida com calma, sem perder nenhum momento.

 


Notas Finais


*Thomas Harris é um autor que escreve livros de crimes/investigação. Escreveu livros inclusive do Hannibal Lecter *-*
Ficou muito ruim? kkkkkkkkkkk
Então, decidi dar bastante visão à carreira do Xiu pq o filme foca MUITO na profissão da protagonista e achei que se ñ focasse ficaria completamente fora da realidade já que a fase adulta praticamente é ligada a carreira kkkkkkk Também coloquei algumas referencias do filme ~tipo a parte de Thriller, o fato do Baek ser fotografo~ pq achei que ficaria interessante.
Espero que tenham gostado e boa sorte para quem estiver participando <3 Fighting *O*/

Kisses and bye bye o/


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