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História So close together, so far apart - 7 27 (parte 1)


Escrita por: jucemedeiros

Capítulo 16 - 7 27 (parte 1)


Lauren POV.

O primeiro dia de gravação havia chegado.

Passei a noite em claro, perdida em devaneios sobre como seria o encontro com Camila. Não tínhamos nos visto desde sua ida a Miami.

Eram tantas sensações dentro de mim que meu peito poderia explodir a qualquer momento. Eu estava feliz e ansiosa para cantar as músicas que marcariam a nova fase do grupo, mas não conseguia ignorar o frio na barriga que surgia sempre que pensava na minha ex. Por isso, me sentia uma namorada horrível. Lucy não merecia.

"Bem, Camila também não." – minha consciência fez questão de reforçar.

- Você não dormiu nada, né? – dei um pequeno pulo ao ouvir a voz de Ally. Ela riu da minha reação.

- Só um pouquinho. Mas estou disposta, não se preocupem, isso não vai nos prejudicar – complementei, vendo a expressão de censura de Normani.

Elas estavam me fazendo companhia desde a noite anterior. Eu as chamei, já sabendo que Simon providenciaria um veículo grande para passar nos dois apartamentos. Não queria dar de cara com Camila sem ter alguém por perto.

Felizmente, aquelas duas vieram de imediato, sem pedir por explicações.

- Ela deve estar tão nervosa quanto você, Lauren. O melhor a se fazer agora é focar no álbum – Ally tentou me animar, quase como se lesse meus pensamentos.

- Sim, você tem razão. Pelo menos não estarei sozinha quando chegar a hora, certo? Muito obrigada por terem vindo, eu amo vocês.

- Quanto sentimentalismo, Laur. Eu, hein – Normani cruzou os braços e fez pose de durona, antes de começar a rir da minha cara – Estou brincando, também amo vocês!

Demos um abraço triplo apertado. Naquele instante, me senti satisfeita por ter o apoio de minhas amigas, mesmo sabendo que EU era a vilã da história.

- Pode contar com a gente, ok? Agora vamos descendo, Simon gosta de pontualidade. Aposto que daqui a pouco o motorista chega – Ally disse e deu tapinhas em nossas costas, para que nos apressássemos.

Pegamos o elevador e, assim que descemos, avistamos seguranças à nossa espera na portaria.

***

Minhas mãos gelavam conforme nos aproximávamos do apartamento no centro. A poucos quarteirões do endereço, coloquei os fones de ouvido e baixei a cabeça para disfarçar meu nervosismo.

- Prontas pra arrasar?! – Dinah-Jane foi a primeira a entrar, com a mesma gritaria de sempre. Logo atrás dela, pude ver uma Camila cabisbaixa aparecer.

Ela estava usando uma calça jeans justa demais. Todo o contorno do seu quadril estava sensualmente marcado. A camiseta e a jaqueta de couro davam um ar "bad girl" à sua aparência. Os óculos escuros não permitiam que eu analisasse seus olhos.

Ela sorriu em nossa direção e foi para o assento mais afastado. Voltei minha atenção para o celular antes que todas percebessem que eu estava praticamente babando.

"Ela está tão gostosa!" – pensei. Parte de mim temia que Camila parecesse triste, fragilizada. Vê-la tão linda me fez acreditar que eu não deveria me preocupar tanto.

Ou deveria?

 

Camila POV.

Fiz o possível para que meu sorriso parecesse sincero ao ver as meninas. Nem foi preciso olhar diretamente para Lauren para saber que ela estava me avaliando, dos pés à cabeça.

Sentei o mais rápido que pude, perto da janela, para observar a cidade. Era hora de esvaziar a cabeça. Eu precisava estar concentrada, não poderia dar espaço para que Lauren invadisse minha mente.

***

Chegando ao estúdio, fomos recebidas por representantes da Syco Music e da Epic Records. Recebemos algumas instruções dos responsáveis pelas mesas de mixagem, enquanto verificávamos a sequência de faixas.

- Estas são as que vocês gravarão hoje – um rapaz indicou, apontando-as na lista – O restante ficará pra amanhã.

Aquecemos as vozes e começamos a gravar nossas partes individualmente, separadas pelas cabines.

Li nossa lista de músicas outra vez e respirei fundo, me preparando psicologicamente para o que estava prestes a ouvir e a dizer.

(Scared of Happy)

Lauren:

It's been a while since I was lost for words (Já faz um tempo desde que fiquei sem palavras)

Needles and static and stutters (Anestesiada, estática e gaguejando)

I never knew a love that doesn't hurt (Eu nunca conheci um amor que não doesse)

Feeling the heat and the burn (Sentindo o calor e a queimadura)

Camila:

Just give me one good reason (Só me dê uma boa razão)

Drop everything and leave it (Para largar tudo e abandonar)

Seconds away from turning this car back around (Segundos para manobrar este carro e voltar atrás)

Something about your feeling (Alguma coisa no seu sentimento)

Pushing and pulling me in (Está me empurrando e me puxando para dentro)

And now my walls fall down (E agora minhas paredes desmoronam)

Depois de sentir o impacto daquelas palavras, continuei cantando normalmente. Como já estávamos familiarizadas com o álbum, não tivemos que repetir nossas divisões muitas vezes. Através do painel de vidro, eu conseguia ver os representantes das gravadoras sorrindo e aprovando nosso desempenho.

Lauren:

When it all goes down, when it all goes down (Quando tudo desmoronar, quando tudo desmoronar)

Camila:

Will you still be around? (Você ainda estará por perto?)

I'm coming back, no more running away (Estou voltando, chega de fugir)

Senti meu estômago embrulhar com aquelas frases, mas foquei apenas em dar o meu melhor para o final da música. Se eu fiquei com os principais solos das músicas em Reflection, em 7/27 o destaque era todo de Lauren. Sua voz parecia estar ainda mais rouca, garantindo alguns arrepios em meu pescoço.

Recebemos alguns elogios e partimos para a próxima.  

(Dope)

Camila:

New Jersey tongue, not saying too much (Sotaque de Nova Jersey, não fala muito)

I'm feeling your atitude (Estou sentindo sua atitude)

That East Coasting, babe, is driving me crazy (Aquela da Costa Oeste, baby, está me deixando louca)

Just like it's supposed to do (Exatamente como deveria)

With hands that could save me, face that could break me (Com mãos que poderiam me salvar, rosto que poderia me quebrar)

Sort of in love with you (Estou meio apaixonada por você)

But I wouldn't say that to ya (Mas eu não lhe diria)

Fechei os olhos, ouvindo a voz de Dinah através dos fones. Novamente, aquela rouquidão surgiu para derrubar minhas estruturas.

Lauren:

I don't know what else to say (Eu não sei mais o que dizer)

But you're pretty fucking dope (Mas você é muito foda)

Just so you know (Só pra você saber)

I've been thinking 'bout ways that I wanna hold you close (Tenho pensado nas maneiras que quero lhe abraçar)

Just so you know (Só pra você saber)

Quem diria que nossa girlband adolescente estaria cantando um palavrão em pleno refrão, não é? Isso sem mencionar o tom de voz completamente sedutor que Lauren estava usando...

Eu queria bater em mim mesma por me permitir ser tão vulnerável àquela garota.

(No Way)

Nós tínhamos gravado essa canção tempos atrás, era composição de Dinah e Lauren. Elas batalharam muito para que ela entrasse no novo álbum e estavam visivelmente felizes por isso. Mesmo assim, Simon insistiu para que repetíssemos a experiência. Dessa forma, poderíamos fazer alguns ajustes. 

Lauren:

I know you don't want me anymore (Eu sei que você não me quer mais)

By the look on your face (Pelo olhar em seu rosto)

They say when it rains it pours (Eles dizem que quando está ruim, só piora)

You can tell by my face (Você pode dizer pela minha cara)

Normani deu continuidade aos versos. Fiquei insatisfeita com o que estava sendo expresso, considerando que minha relação com Lauren havia mudado completamente, mas claro que não reclamei. Deixei meu lado profissional fluir.

Camila:

We ignore those with opinions of hate (Nós ignoramos aqueles com opiniões de ódio)

We're not like the rest of them (Nós não somos como eles)

Friends with insanity as of lately (Ficamos amigas da insanidade ultimamente)

Lauren:

Everyone comes with scars (Todo mundo vem com cicatrizes)

But you can love them away (Mas você pode amar até que elas desapareçam)

I told you that I wasn't perfect (Eu lhe disse que não era perfeita)

You told me the same (Você me disse o mesmo)

Maldita letra que me fazia pensar que ela estava cantando pra mim.

I think that's why we belong (Acho que é por isso que devemos)

Together and unashamed (Ficar juntas e sem ter vergonha)

I told you that I wasn't perfect (Eu lhe disse que não era perfeita)

No way, way, way (De jeito nenhum, nenhum, nenhum)

***

- Por hoje é só, meninas. Foi um ótimo trabalho. Amanhã vocês gravarão aquelas faixas mais animadas, que com certeza irão tocar em todas as rádios e festas – o mesmo rapaz explicou. Aparentemente, ele era um dos operadores de som.

Ergui os braços e agradeci mentalmente várias vezes  por finalmente poder sair daquele lugar. Aquilo não estava me fazendo bem.

Apressei os passos, sendo a primeira a chegar ao estacionamento. Olhei pra trás, tentando localizar Dinah, quando dei de cara justo com quem eu estava fugindo.

- Oi.

Hesitei antes de responder.

- Hmm... Oi.

- Olha, você realmente mandou bem lá dentro. Dá pra sentir de longe sua confiança quando canta – Lauren falou, a admiração brilhando em seus olhos.

 - Obrigada, você também foi muito bem. Parece estar mais à vontade. Está crescendo como artista.

"Merda, será que eu não era capaz de fazer um elogio normal? Não tinha nada que ficar enchendo o ego dela."

- Uau! Isso foi... Inesperado. Significa muito vindo de você.

- Tudo bem por aqui? – Dinah perguntou, assim que percebeu nosso diálogo. Tive vontade de beijar os pés daquela mulher.

- Sim, Cheche. Eu não vou pra casa agora, ok? Tenho coisas a resolver.

Lauren arqueou uma sobrancelha, nitidamente curiosa.

- Ok, Chancho. Devo lhe esperar pra jantar?

- Claro, acha mesmo que vou abrir mão de pedir pizzas com você? Quero comer o equivalente ao meu peso hoje.

Ela riu da minha gula.

- Tá certo, monstrinha. Qualquer coisa que precisar, me ligue.

- Pode deixar, DJ – agradeci, dando beijinhos em suas bochechas – Tchau, Lauren – me despedi, sem deixar transparecer qualquer emoção.

- Tchau, Camz.

***

Lá estava eu, novamente, caminhando pelos jardins da mansão dos Iglesias.

- Vero... Não estou mais com Lauren.

No estúdio, ao observar as meninas, me ocorreu que Veronica ainda não sabia o que estava acontecendo. Então, me pareceu justo que ela ouvisse a novidade da minha própria boca.

A garota apenas assentiu com a cabeça. Vi um meio sorriso surgir em seus lábios.

- Não está surpresa? – perguntei, analisando sua apatia.

- Não. Eu disse que isso aconteceria, Camila. Esse plano nunca fez sentido pra mim – explicou e deu de ombros – Lucy tem esse poder de virar o mundo de qualquer uma de cabeça para baixo.

O meu mundo não estava virado de cabeça pra baixo. Estava destruído.

- Independente desse "poder", Lauren não podia ter agido dessa forma comigo. Eu confiava nela.

- O amor nos cega, Camila. Eu sempre soube dessa dificuldade de Lauren em manter compromissos.

Baixei a cabeça, tentando não discutir. Mesmo com tudo o que havia acontecido, eu me recusava a rotular Lauren simplesmente como alguém que não sabe se comportar em relacionamentos. Afinal, tínhamos boas lembranças juntas. Eu me sentia completa, plena, até o momento em que minhas expectativas de ter um futuro com ela foram por água abaixo.

- Olha... Tempos atrás, eu disse a Lauren que se ela não estivesse a fim de você, eu investiria – Veronica admitiu.

- Oi? – perguntei e parei de andar no mesmo instante.

- Não se faça de sonsa, Camila. Você sabe do meu interesse por você.

- Vero...

Ela chegou mais perto, fazendo questão de manter contato visual. Pegou uma mecha de meu cabelo e a afastou para trás de minha orelha, exatamente como Lauren fazia antes de me beijar.

- Não.

- Por quê?

- Primeiro: eu estou despedaçada por dentro. Seria muita irresponsabilidade minha me envolver romanticamente com outra pessoa agora. Segundo: não posso ficar com você. Pareceria vingança.

- Mas é justamente isso que estou lhe propondo! Imagina só, você e eu, juntas! Seria o troco perfeito.

- Eu não sou assim, Veronica.

- E é por isso que sempre sai perdendo, Camila. Você pensa demais nos outros. Lauren e Lucy não foram altruístas assim. Acha mesmo que elas merecem isso?

- Não cabe a mim decidir o que elas merecem.

- Tudo bem, já entendi. Não vou mais dar em cima de você – Veronica concordou, desapontada – Só quero que saiba que estou aqui, ok? Eu nunca concordei com essa história toda, e sem dúvidas você é a pessoa mais prejudicada aqui. Muito mais do que eu.

- Obrigada, Vero. Seu apoio é muito importante pra mim.

Nós nos abraçamos e ela se aproximou de meu ouvido.

- Mas tenho certeza de que seria foda, se ao menos você me desse uma chance... – sussurrou, um vestígio de brincadeira presente em sua voz.

- Nem pense nisso! – cortei, fingindo estar brava. Senti seu abdome vibrar com as risadas.

Por mais carente que meu corpo estivesse, por mais que eu desejasse tocar e ser tocada por outra mulher, não ousaria meter Vero ou qualquer outra naquela confusão. Preferia mantê-la por perto, mas não desse jeito.

Ela seria mais útil como aliada.

 



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