Não poder falar com ninguem e observar todos te esquecerem aos poucos,deve ser uma merda.
- Isso definitivamente não está bom – murmurou Justin, encarando meu vestido preto.
- O que tem de errado? – me encarei no espelho, não estava feio, estava um pouco extravagante, mas não feio.
- Estamos tentando fazer com que Kaylee confie em você, para falar sobre a minha morte, um vestido de vadia não vai passar essa credibilidade toda! – levantei minhas sobrancelhas para ele.
- Tudo bem – murmurei irritada e me dirigi ao guarda-roupa, não é um vestido de vadia, só estava tentando pegar algo que não me faça parecer uma ovelha desgarrada, no meio de toda aquela gente rica.
- Ali – suspirou – não quis te chamar de vadia, só estou nervoso com a possibilidade de que talvez ela não te conte nada – assenti ainda de costas para ele e puxei um vestido branco do guarda-roupa, ele tinha pequenos detalhes na barra, umas bolinhas e algumas pequenas florzinhas, típico garota doce de cinema.
Segui até o banheiro para me vestir – vai ficar com raiva de mim agora? – apenas fechei a porta e me despi, já vesti centenas de vestidos e todos, ele disse que estavam horríveis. O que faz com que eu nunca mais use nenhum deles, principalmente o vestido de vadia, vou só vestir calças de agora em diante.
Fechei o zíper do vestido e me encarei no espelho do banheiro, soltei meu cabelo deixando apenas um pouco da parte da frente presa na presilha que antes segurava todo o cabelo. Até que não ficou tão mal, estou parecendo a Amy Adams em The Muppets, doce donzela!
- Isso sim vai passar credibilidade – arregalei meus olhos em direção a porta, onde Justin estava parado me observando.
- Você tem que parar de fazer isso!Ou eu vou ter que fazer terapia, daqui a alguns anos.
- Isso ficou realmente bom, Kaylee vai gostar de você.
- Você não me viu trocar de roupa, viu? – ele apenas andava ao meu redor, observando cada detalhe do vestido.
- O cabelo também ficou bom.
- Se você tiver me visto nua, eu juro que te mato – Epa – de novo – ele soltou um riso abafado.
- Entrei agora, porque Carter estava falando com Scott e daqui a alguns segundos ela ira entrar no quarto, e não seria nada legal ver você falando sozinha.
- Alice! – ambos olhamos para porta, que logo se abriu revelando uma Carter com um enorme sorriso no rosto – você está linda, parecendo Amy Adams, mas linda.
- Obrigado – sorri.
- Scott me chamou para passar o domingo na casa dele, os pais dele estarão lá - ela deu um gritinho histérico, fazendo com que eu e Justin ríssemos.
- Irá voltar que horas?
- Não acho que irei voltar talvez eu durma na casa de Scott mesmo – assenti meio relutante, a ideia de Chaz me deixar em casa e eu não ter nenhuma desculpa do tipo “Carter está dormindo” para ele não entrar, não é muito empolgante para mim – vou arrumar umas roupas – ela deu outro gritinho e saiu do banheiro, fechando a porta atrás de si.
- Ela realmente ama esse Scott – murmurou Justin atrás de mim.
- É um amor meio doentio.
- Sim, é.
- O vestido está realmente bom? – murmurei, tentando mudar de assunto, o amor de Scott e Carter, não é algo que eu goste de discutir, porque na verdade eu não entendo.
- Chaz irá se apaixonar.
- Esse não é bem o meu objetivo.
- Por que não?Chaz é um cara legal.
- E seu possível assassino – saí do banheiro tirando minhas sandálias.
- Ele não me matou, Alice! – o encarei por alguns segundos e dei de ombros.
- Não tem como sabermos – guardei as sandálias ao lado do guarda roupa.
- Ele era meu melhor amigo, ele não me matou – e foi a ultima coisa que ele disse antes de desaparecer, a possibilidade de seu melhor amigo ter te matado, não deve ser muito agradável mesmo.
***
Na manhã de domingo, acordei as nove aos gritos de Justin, eu tinha que acordar cedo, para estar pronta cedo, como pode ser tão chato?
As dez e vinte, eu já estava pronta sentada na mesa da cozinha, tomando suco de laranja com sanduíche de peru, enquanto Justin me passava todas as dicas para ser amada por Kaylee.
- Fale que gosta de Nirvana!Eu lembro que ela era doida por essa banda.
- Tudo bem.
- E em hipótese alguma fale que sua musica favorita deles é Lithium e Smells Like Teen Spirit.
- São ótimas musicas, sabia?
- Sim, são ótimas musicas, mas são as mais famosas, até um morador de rua conhece essas – soltei um riso abafado, quase me engasgando com o suco de laranja.
- Eu gosto de Dumb, está bom para você?
- Ótimo!Porque eu não conheço essa – botei meu copo vazio na pia, junto com o prato sujo com farelos.
- Vamos assistir televisão, Justin – me dirigi até a sala e liguei a enorme televisão.
- Kaylee gosta de ler, fale algum livro que já leu para ela – assenti, enquanto mudava de canal.
- Qual livro que você leu?
- Já li vários – murmurei, parando em um canal de vídeos.
- Diga o melhor – revirei os olhos.
- Minha alma para levar, é ótimo.
- Outro.
- Wake.
- Outro – revirei os olhos e me virei para ele com um belo sorriso sínico no rosto.
- 50 tons de cinza.
- Que livro é esse? – oh, eu tinha esquecido que ele morreu a quatro anos.
- É erótico – seus olhos arregalaram no mesmo momento.
- Um dos seus livros favoritos é erótico?
- Ele tem uma historia em volta, não é só eles na cama.
- É erótico! – ri dele e me foquei no vídeo que passava, Adam Levine era realmente sexy, o pior é: ele sabe disso – não fale que gosta de um livro erótico para Kaylee.
- Ela pode gostar também – soltei um riso torto para ele.
- Claro que não, ela é inocente.
A campainha soou pela sala e eu encarei Justin no mesmo instante, que sumiu por três segundos e logo apareceu novamente.
- É Chaz – respirei fundo e me levantei do sofá, eu vou entrar no carro com um possível assassino!Puta merda.
- Chaz – sorri para ele, que vestia uma calça jeans, um regata branca coberta por uma camisa xadrez azul com vermelha e um casaco marrom de couro por cima, definitivamente perfeito, se não fosse um possível assassino.
- Becker, está linda – murmurou logo após me olhar de cima abaixo.
- Obrigado, podemos? – assentiu e eu saí pela porta olhando para Justin que continuava sentado no sofá.
- Lembre-se, não fale com nenhum Nash que encontrar lá – encarei Justin, que andava ao meu lado, confusa, quem é Nash?
Antes que pudesse murmurar alguma coisa em resposta, ele desapareceu, nós temos que conversar sobre isso.
- Está tudo bem? – percebi que já estava em frente ao carro,então apenas assenti e escorreguei para o banco do passageiro.
Agora só era não falar com nenhum Nash,ser melhor amiga de Kaylee,ser amável,ah e mais importante,chegar viva para poder fazer tudo isso.
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