História So Far Away - Os piores dias do mês

      No dia seguinte eu acordei com muita dor na barriga, e algo escorrer entre minhas perna. Ótimo! Os piores dias do mês chegaram. Sai correndo pro banheiro, entrei no boxe e tomei um banho quente. 

      Depois de eu estar devidamente vestida com meu pijama, fui caminhando para a cozinha com a maior preguiça do mundo. Quando cheguei na sala sentir cheiro de panquecas, achei estranho, muito estranho...Olhei para a porta da cozinha desconfiada, tinha suspeitas de que alienígenas abduziram a minha tia.

        -Por quê você está parada no meio da sala e olhando pra porta da cozinha assim? 

        -JESUS CRISTO AMADO! EU JURO QUE EU VOU TE DAR UM CHUTE NAS PARTES DE BAIXO SE VOCÊ ME ABDUZIR! -se o medo não tivesse falando mais alto, eu estaria morrendo de vergonha da minha ação. Me joguei no chão e me encolhi inteira, a dor na minha barriga piorou mais ainda, isso fez com que eu chorasse.

       -Abduzir? O que...? Suna, levanta. Eu vou chamar a sua tia, ta? - se eu tivesse em sã consciência dos meus atos, eu teria percebido que a coisa bizarra na minha frente, na verdade era o namorado da minha tia, o cosplay de armário albino. 

       -Você vai chamar ela pra quê? Pra me abduzir ou comer meu celebro? -e eu ainda continuava chorando, ele ficava em dúvida entre chamar a minha tia ou se aproximar de mim, e ele fez a pior das escolhas naquele momento. 

         -Você está bem? -ele colocou a mão no meu ombro, no exato momento em que fez isso, eu simplesmente dei um pulo da onde estava. 

          -NÃO ENCOSTA EM MIM! -fui para detrás do sofá e peguei uma almofada para me proteger. 

         -O que está acontecendo aqui?- a minha tia apareceu com um avental todo sujo de farinha e desesperada. 

       -Ela começou a falar um monte de coisas e ficou chorando ai...-não sei quem estava mais desesperado, ou ele ou minha tia, mas ela pareceu entender a situação assim que me viu chorando e com a mão na barriga. 

       -Oh, os piores dias do mês chegaram, por isso ela está desse jeito. A dor na barriga está muito forte? -assenti para ela.

        -Ela...ela está com...-ele fez um gesto estranho com as mãos- com...diarreia? 

         -Não...-minha tia massageou as têmporas como se buscasse paciência, ela sabia como esses dias eram- isso vai ser um inferno. 

        -Não acha melhor ligar para a empresa e dizer que ela está impossibilitada de trabalhar hoje? 

       -É melhor. Vou ligar para o Menager. -deitei no sofá e fiquei me contorcendo de tanta dor. 

        -NÃO! -no momento em que ele gritou, eu dei um pulo do sofá por causa do susto. 

        -Por que não, amor? 

       -V-você não acha me-melhor ficar com...ela? -comecei a suspeitar que ele estava com medo de mim.

        -Okay. Você liga Menager e eu fico com a Suna, está bem? -ele fez um gesto positivo com a cabeça e foi para o quarto da minha tia, provavelmente. A minha querida e maravilhosa titia foi para a cozinha pegar uma bolsa de água pra colocar em minha barriga. 

        -Ainda bem que você vai ficar em casa hoje! -disse ela voltando da cozinha. 

      -Você está feliz com a minha desgraça? Saiba que não é só eu que vou sofrer com isso não, viu? 

        -Claro que eu sei! Quando está nesses dias você fica um porre! -sentou na revirou os olhos - e ainda faz o favor de descontar a raiva na linda aqui, né? 

        Não falei nada porque eu estava com medo de responder e a minha dor piorar, então fiz o que eu faço de melhor, mandei o meu dedo do meio pra ela, e a descarada somente riu. Nos dias em que estou menstruada, eu fico totalmente assustadora, o Jace sabia os dias em que isso acontece, então ele nem se quer dava sinal de vida, mas tem a linda consideração de me mandar uma caixa cheia de chocolate,  muito sensível da parte dele. O Jace e a minha tia sempre sofrem quando fico nesse estado, no primeiro dia eu fico totalmente emotiva, crio coisas na minha cabeça e choro por nada, no segundo e terceiro é uma mistura de sentimentalismo, agressividade e um mal humor, os outros dias fico totalmente estressada, então como são mais próximos de mim, eles passam esse momento difícil comigo, menos Jace que costuma fugir de mim o máximo possível. 

        -Vou voltar a fazer minhas panquecas. -minha tia se levantou de onde estava e começou a ir para cozinha. 

       -Desde quando você faz panquecas? 

     -Desde quando eu aprendi?

      -E quando foi que você aprendeu? 

      -E quando foi que você ficou interessada na minha vida? 

      -Por que você está respondendo as minhas perguntas com outras perguntas? 

       -Foi você que começou...-ela deu de ombros e foi para a cozinha. Aquilo me deixou magoada, não sei o porquê, mas deixou. 

       Sentia o cheiro das panquecas da sala, e isso me fazia ter água na boca, o cosplay de armário albino, que até hoje não sei o nome, passou correndo para a cozinha, me assustei com a velocidade daquele homem, parecia o Flash. Escutei a companhia tocar, pensei que alguma alma bondosa atenderia, mas nada, pelo jeito não tem nenhuma alma bondosa nessa casa, então eu esperei que a pessoa se cansasse e fosse embora, só que o ser era mal educado e abriu a porta, mas como era uma gazela loira, que estava entrando em minha casa sem permissão, esse tipo de comportamento já era esperado. 

         -Porra, nem pra abrir uma porta você serve! - se estivesse em outras condições eu teria xingado até os filhos dele, que ainda não existia, mas como estou fora de mim, eu comecei a chorar.  

       -Por que você vive brigando comigo, Jace? 

       -Ah, é! Esqueci que no primeiro dia você fica sensível. -ele se sentou em um pequeno espaço que tinha no sofá. - eu trouxe seus chocolates. -disse, e depois apontou para sacola que estava em cima da mesa.

       -Sabia que eu te amo? -levantei e sentei em seu colo.

      -É claro que sabia. Você vive dizendo isso toda vez que eu te dou algo. Incrível, né? 

       -Você está insinuando que eu sou interesseira? 

      -Ah, não...imagina...

      -O café já está pronto, Suna...- minha tia apareceu na sala tirando o avental sujo- Oh, Jace! Que bom que está aqui! Vai querer tomar café com a gente? 

       -Oi, tia Sônia! -ele deu dois tapinhas na minha coxa fazendo com que eu me levantasse - e sim, eu aceito seu convite! 

        -Você nem se quer precisa de convite, já faz parte da família! 

Olhei feio para o Jace, eu sabia queelee agia dessa forma, porque tem uma quedinha pela minha tia. 

       -Vamos parar com isso? Eu estou com fome! - coloquei a mão na barriga e puxei o Jace pelo braço até a cozinha.  

        -O que acharam das minhas  panquecas?- dava pra ver os olhinhos da minha tia brilhando.

         -Você realmente se superou dessa vez, Sisui! - falou Knaw, sim, o nome do namorado da minha tia é Knaw, descobri quando o mesmo se apresentou ao Jace, se o meu querido amigo não tivesse perguntado o nome do cosplay de armário, nunca ficaria sabendo, já que eu não ia perguntar para minha nada sobre ele, vai que ela pensa que eu fiquei interessada na vida dela? 

        -Você acha mesmo? -Ela perguntou a ele e o mesmo fez um gesto positivo com a cabeça.

         -Realmente...está muito boa! -disse o idiota que eu ainda chamo de melhor amigo.

Eu não tinha nem se quer sentido o gosto da comida, eu estava com tanta fome!

        -Oh, obrigada, Jace! Eu acho que alguém deveria aprender a ser tão adorável e educada como você...-me sentir ofendida quando todos da mesa olharam pra mim.-Você não deveria comer tanto assim, querida. 

       -Pois é. Eu concordo com a tia Sisui, em tudo... -no momento em que o Jace disse aquilo, eu me sentir traída, decepcionada e mais uma vez traída, era como se eu tivesse visto o meu marido com outra, sentir uma dor como se tivesse levado uma facada nas costas e foi isso que eu levei, fui apunhalada pelo meu melhor amigo, pela minha metade da laranja, o beijinho do meu brigadeiro, o queijo da minha goiabada, a manteiga do meu pão! Levantei da cadeira com tudo, já sentindo os meus olhos se encherem de lágrimas, mas antes de sair da cozinha, eu falei algo que não podia deixar de ser dito neste momento. 

        -Pega a "titia Sisui " e essas panquecas, e enfie no seu cu!-a última coisa que vi antes de eu sair da cozinha foi o Knaw arregalar os olhos, surpreso com a minha tamanha  delicadeza.

       Assim que cheguei no quarto, chorei, coisa que eu detesto é chorar, mas não conseguia ter controle dos meus atos.

      -Sun...-escutei a voz do traidor me chamar com um certo receio. 

       -NÃO ME CHAMA DE SUN! -olhei o mais feio possível pra ele.

     -Suna...

     -NÃO ME CHAME PELO NOME! 

     -E como você quer que eu te chame? - ele ainda estava na entrada do meu quarto, provávelmente pensando como iria se aproximar de mim sem ser agredido fisicamente.

     -DE NADA, NADA! 

     -Okay, nada...

     -VOCÊ ME CHAMOU DE QUÊ? 

     -Porra...

    -SAI DAQUI!- peguei um abajur, que tinha em cima do criado mudo e ameacei a joga-lo no Jace. 

       -CALMA AI, SUNA! -ele começou a fazer gestos de desespero com as mãos. Subir em cima da cama me preparando para mirar em um algum lugar da cabeça, pra deixar ele inconsciente por pelo menos por um século. 

       -SAI DO MEU QUARTO! EU NÃO QUERO OUVIR ESSA SUA VOZ DE CROCODILO AQUI E NEM NO INFERNO QUE É PRA ONDE VOCÊ VAI! - quando eu ia jogar o abajur, a bonita da minha tia apareceu. 

       -CALMA, SUNA! Tem visita pra você...é o menino de cabelos brancos da banda que você cuida. - fiquei parada como uma estátua. O único que tinha cabelo branco nesse momento na banda era o...

       -Suga...-larguei o abajur no chão, pulei da cama e sai correndo para a sala, mas não antes de dar um empurrão no Jace. Assim que vi o Yoongi eu o abracei pela cintura e comecei a chorar do nada.

       -O que deu nela? - o Suga me olhou do mesmo jeito que eu olho para uma criança chata e melequenta quando chega perto de mim. Sabia que ele não gostava de abraços, mas eu estou carente, poxa! 

       -Os piores dias do mês chegaram.-minha tia falou isso como se explicasse tudo. Nem tinha percebido que os traidores estavam atrás de mim. O Knaw passou pela sala e indo para o quarto na velocidade da luz. 

       -Como assim? Ligaram para a empresa dizendo que a Suna não estava com condição de trabalhar hoje, mas não souberam explicar direito- de repente ele me abraça de volta-pelo jeito que a pessoa falou, parecia que era algo grave e ficamos preocupados...

 

        Ficaram preocupados? Ele ficou preocupado? Por que eu fiquei meio que feliz com isso? 

 

          -É algo grave, mas é só pra quem está perto dela.-falou o traidor de meia tigela, se sentando no sofá todo esparramado. 

 

        -O que foi que você disse? -a minha voz saiu rouca e baixa, soando mais assustadora do que eu queria. 

 

       -Eu...eu...n-não disse...nada! - mesmo estando praticamente deitado e entretido, ele parecia prestar total atenção em cada movimento meu. Olhei para cima, notei que o Suga estava inquieto, logo assim que o mesmo me olhou de volta, eu tive certeza que ele queria falar comigo.

 

       -Vou para o meu quarto com o Suga, e não quero que ninguém nos atrapalhe.-peguei sua mão e sair o puxando para o meu quarto sem esperar resposta de ninguém.

 

       Ele sentou na ponta da minha cama e olhou para o abajur todo despedaçado no chão e depois pra mim, então eu só dei de ombros e fechei a porta. 

 

      -Então...o que você queria falar comigo? -me ajoelhei na frente dele fazendo com que abrisse as pernas para eu me encaixar entre elas. 

 

       -O Hoseok falou comigo ontem...-sabia que ele estava um pouco desconfortável com a posição em que estávamos.

 

         -E...?-pensei em começar a provocar, mas sabia que se eu começasse, não iria parar mais e como estou em uma condição desagradável, não iria poder fazer o que eu queria verdadeiramente. 

 

        -E que ele disse que eu era maluco, que isso era muito arriscado...

 

       -Ele está certo.- sentei sobre as minhas próprias penas e deitei a minha cabeça na coxa esquerda dele.

 

        -É. Nós estamos nos arriscando bastante...-mordi o meu lábio inferior pensando em algo. Por incrível que pareça, eu não queria acabar com aquilo que mal começou entre nós. 

 

       -Mas...-sentir vontade de chorar novamente. 

 

      -Mas? - ele fez com que eu levantasse e sentasse em seu colo. Sabia que ele, assim como eu, não queria acabar com aquilo. 

 

       -Podemos nos envolver sem que ninguém saiba e se caso alguém descobri, nós damos um jeito. 

 

       -Você não acha melhor os meninos ficarem sabendo? Vai que algum descobre e pira de vez? Eu acho melhor eles ouvirem isso das nossas bocas. 

 

       -É...você tem razão, mas vamos fazer isso com calma, ta? 

 

       -Uhum...-ele colocou a cabeça no meu pescoço e começou a dar beijos no local. 

 

      -E nada de beijos por hoje. Isso é um pouco desconfortável quando eu estou nesses dias, sabe?-levantei do seu colo meio envergonhada, sentir a cólica me incomodar mais uma vez, pelo jeito o Suga percebeu, então ele tirou os sapatos, se deitou na cama até  ficar confortável, e fez um gesto para que eu deitasse ao lado dele, e foi o que fiz. Quando eu estava devidamente acomodada na cama, só que um pouco longe dele, ele me puxou, fazendo com que eu me aproximasse mais. Fechei os meus olhos quando a dor ficou um pouquinho mais forte, então sentir as pontas dos dedos gelados do Suga passarem de leve na minha barriga que estava a mostra, pelo fato da blusa do meu pijama ser pequena, me arrepiei, ele pareceu perceber, já que deu um risinho bem baixo, isso fez com que eu abrisse os olhos só para ver o seu sorriso belo. 

 

       -Os meninos sabem que você está aqui? 

 

      -Sim. Nós jogamos pedra, papel e tesoura pra ver quem iria vim te visitar, já que só podia um, e eu ganhei! -ele continuava a fazer carinho em minha barriga, se ele prosseguisse com aquilo, eu acabaria caindo no sono.

 

        -Então quer dizer que você não  pode ficar aqui por muito tempo? 

 

       -Sim. Mas posso ficar até você dormir.-ele olhou no relógio que tinha no pulso. Estiquei a cabeça para ver as honras, e me surpreendi quando vi que já se passava da 12 horas da manhã. O tempo passou muito rápido! 

 

      -Ótimo! Eu não quero que você vá embora agora.-o abracei pelo tronco, e deitei a minha cabeça em seu peito, sem nem me dar conta do que tinha falado. Sentir que ele tinha começado a mexer no meu cabelo, então eu acabei caindo no sono. 

 

         Acordei, e ele não estava mais na minha cama, provavelmente já tinha ido embora. Sentir uma pontada de tristeza...essa coisa de menstruação está me deixando mole demais. Olhei para o lado e vejo a caixa de chocolate que o Jace deu a mim. Tinha um bilhete escrito em cima da mesma "Já passou tempo demais longe de mim, né? Para de doce! Venha para a sala. Estou te esperando. ", sorri para a carta, eu nunca conseguia ficar muito tempo sem falar com o Jace, por mais idiota que ele seja. 

 

          Cheguei na sala com a caixa de chocolate nas mãos. Vi que ele tinha preparado tudo, pizzas, pipoca, bebidas e filmes que já tínhamos assistido unas mil vezes. Estava do jeito que eu gostava! Logo assim que ele me viu, foi direto botar um dos nossos filmes prediletos. O primeiro que ele colocou foi "Quanto mais idiota melhor " Eu simplesmente adoro esse filme! Eu e o Jace sempre assistirmos ele, costumamos dizer que eu era o Wayne Campbell e ele o Garth Algar. Rimos até a barriga doer toda vez que assistimos. Peguei o celular do Jace, porque eu não fazia ideia de onde está o meu, e vi as horas, já ia dar 19hrs da noite, eu realmente dormi muito e estou totalmente perdida no tempo.

 

       -Por que você não contou que estava pegando um dos carinhas do BTS? 

 

        -Porque você só tem tempo pra Clary ou pro Sebastian...-minhas voz já começou a sair embargada. 

 

       -Aparti de hoje, eu vou arranjar mais tempo na minha agenda super lotada, pra você, okay? - ele se sentou no sofá em que eu já estava, e me abraçou. 

 

        -Okay. -revirei os olhos e rir. Não faço a mínima idéia de que horas eu dormir novamente, só lembro da minha tia me dizendo que iria dormir na casa do namorado dela e só. Mesmo sabendo que meu humor amanhã vai ser péssimo, iria trabalhar, só tinha passado um dia e eu já sentia saudades dos meninos, mas não admitiria isso nem se porcos falasse. 

 

 

      FIM!!!