História So ist es immer, eu te amo. - Desejos secretos

Há um mês, Mikasa e Armin haviam planejado uma viagem. O destino seria uma aldeia nevada no Japão, Hakone, conhecida pela sua natureza exuberante, fontes termais e centros históricos. Naquela manhã, eu acordara mais cedo que todos, estava embaixo do chuveiro, sentindo a água quente percorrer meu corpo, os olhos fechados e a cabeça baixa. Era o único momento em que eu podia respirar e um turbilhão de pensamentos invadiam minha mente, embora um fosse o mais insistente. Aquele rosto, aqueles olhos e acima de tudo, aquela boca. Sem perceber, dou um murro na parede.

Me visto com a habitual calça de moletom azul marinho e uma camiseta branca. Me jogo novamente na cama e pouso um braço sobre os meus olhos, até que alguém bate na porta.

- Fala... – Um suspiro preguiçoso escapa pelos meus lábios.

- Eren, eu e Armin estamos indo na agência de viagem. Você vai ficar bem sozinho?

Eu já havia entendido esses espírito protetor da Mikasa há algum tempo, mesmo assim ainda me sentia incomodado. Era um pouco constrangedor, eu que deveria cuidar dela, mas isso não vem ao caso.

- Tá, pode deixar. – A preguiça consumia meu tom de voz.

- Certo... – Ela respondia com seu tom penetrante e sem oscilações, repleto de autoconfiança.

Ouço as portas baterem e o carro ficando distante, “maravilha, o dia todo pra mim”, pensei. Mas eu estaria equivocado. Coloquei músicas aleatórias pra tocar em um volume demasiado alto e fiquei na cama vagando pela internet. A campainha toca roubando a minha atenção de um jeito irritante. Me levanto e vou até o porta, no trajeto começa a tocar “Blue Jeans” da Lana Del Rey. Abro a porta e estou olhando para o chão, subo o olhar lentamente e um arrepio percorre meu corpo, quando meus olhos estão focados aos dele sinto meu corpo estremecer e engulo em seco.

- L-Levi? – O tom era de espanto, como uma criança quando é flagrada fazendo algo errado. Levi me olhou com aquela expressão de sempre, a qual não revela muito sobre os seus pensamentos.

- Posso entrar ou vou ter que acampar aqui? – ele perguntou em um tom sério mas ao mesmo tempo brincalhão. Balancei a cabeça tentando me concentrar e sorri de canto, saindo da frente da porta.

- Claro... Desculpa, é que eu não estava esperando por visita, ainda mais sua.

 Levi corria os olhos pela sala que estava organizada e limpa, o que era um milagre. Eu o observava com as mãos dentro dos bolsos da calça, ele estava usando uma calça escura, camisa branca, um casaco e tênis, sempre admirei sua elegância mesmo nas roupas mais simples. Ainda de costas pra mim, ele me olha por cima do ombro.

- Armin disse que iriam viajar... – Ele se vira de frente e fita alguns quadros na parede. – E me convidou pra ir junto! Ele está?

 Pisquei várias vezes e suspirei profundamente antes de conseguir proferir qualquer palavra. Como ele fazia isso comigo? Chega a ser cruel. “Você veio ver o Armin... “, esse pensamento me desanimou um pouco e as palavras saíram da minha boca com o mesmo sentimento.

- Ele saiu com a Mikasa...

Levi me olhou de canto e acenou com a cabeça. Mais uma vez meus olhos passeavam por aquele corpo, era impossível controlar. E acho que ele percebeu. Eu o admirava, queria ser forte como ele, inteligente como ele, sedutor como ele e mais forte que todos esses desejos, eu o queria. Nos encaramos por uns 5 constrangedores segundos até que ele retirou o casaco devagar e se sentou no sofá.

- Você é um péssimo anfitrião, Eren. – O meu nome dançava de um jeito incomparável entre os lábios dele. – Não me ofereceu nada para comer ou beber.

Arregalei os olhos por uns instantes, “é mesmo seu grande idiota... aff”. Coloquei uma mão atrás da cabeça e dei uma risada curta, estava um pouco (ou seria muito?) nervoso.

- Desculpa é que eu não estava esperando ninguém, então não tem nada preparado. Se quiser posso preparar um café ou suco... Não sei. – Eu não sabia o que fazer e Levi tem toda razão, eu sou um péssimo anfitrião. Ele retirou o celular do bolso e então prosseguiu.

- Suco...

Eu o encarei por alguns segundos e então fui pra cozinha. Preparei um suco de frutas vermelhas e levei junto uns bolinhos de chocolate. Coloquei a bandeja na mesinha da sala e o servi. Ele expressou um curto sorriso de canto enquanto mordia o bolinho. Aquela cena definitivamente mexeu com as profundezas do meu corpo. Me servi apenas com suco e então sentei ao lado dele.

- Então... você vai pra Hakone conosco? – Encarei o copo passando o dedo por toda a sua borda.

- Sim... E a propósito – Ele me olhou e eu o encarei de volta com um sorriso nos lábios – Esse suco está ótimo.

 Ele se levantou e colocou um pouco mais de suco em seu copo e ao voltar para o sofá, derrubou o bolinho em cima da minha camiseta branca. Mordi o lábio sem saber o que fazer e então me levantei, a camiseta estava com uma grande mancha de chocolate. Ele me olhou e parecia nervoso.

- Desculpa Eren, não sei o que aconteceu... Deixa que eu limpo isso.

 Ele colocou as duas mãos firmemente no meu quadril e então começou a subir minha camiseta devagar. A trilha sonora não estava ajudando muito, “Undisclosed Desires” da banda Muse. Ele olhava fixamente para o meu abdômen e ao sentir o toque frio de suas mãos, minha pele se arrepiou inteira, cada terminação nervosa do meu corpo estremeceu. Respirei fundo e o encarei, ele estava deliciosamente perto, o cheiro dele era ainda melhor do que eu já havia sentido. Ele terminou de retirar minha camiseta ao fim do refrão da música que dizia “eu quero satisfazer os desejos secretos do seu coração”.

- Está tudo bem, Eren? – Ele me encarava ainda perto.

- S-sim... Não precisava ter feito isso... – Sentia minhas bochechas queimando.

- Precisava, você sabe como eu odeio sujeira.

 Ele me fitava nos olhos como se quisesse enxergar minha alma e eu corava instantaneamente. Sinto suas mãos novamente no meu quadril, subindo pelas minhas costelas em um toque firme e pela primeira vez, o vejo sorrir de um jeito malicioso.

- Algum problema, Eren? – Ele me pergunta num sussurro que me faz morder os lábios. Ouvir ele dizendo meu nome, causava uma reação em cadeia no meu corpo. Era uma deliciosa tortura.

- N-nenhum...

Me atrevo a pousar minhas mãos sobre os braços dele e os acaricio. Suas mãos já estavam passeando pelas minhas costas e ouço ele suspirar profundamente. Com uma força incrível, ele me ergue, cruzando minhas pernas na cintura dele e então me carrega até o sofá, onde se senta e me coloca sobre o seu colo. Uma mão dele pousa na minha nuca e a outra está na minha cintura. Posso sentir a excitação de Levi e aquilo me corava mais, ele puxa meu cabelo de leve enquanto me puxa para perto dele e no início do segundo refrão da música, ele me beija.

Ele me beija intensamente, com vontade, minha língua dança junto com a dele, se entrelaçam numa coreografia perfeita. Sua mão arranhando minhas costas e a outra puxando meu cabelo. Sinto uma mordida forte no meu lábio inferior e a retribuo com o mesmo desejo. A respiração dele está ofegante e a minha já quase nem existe, ele sobe a mão até meu ombro e desce pelas minhas costas a arranhando, esse ato tira de mim um gemido quase inaudível. Entrelaço minha mão no cabelo dele e a outra segura sua face, eu o queria naquele momento. Nossos quadris roçando um contra o outro num ritmo quase frenético, até que ele me solta e me encara ofegante.

Olho boquiaberto para Levi, as mãos pousadas nas coxas dele. Ele leva as mãos na cabeça e sua face é tomada por uma expressão incógnita. Num súbito ele me tira do colo, se levanta rápido e sai correndo sem dizer nada. Fico paralisado no sofá tocando os lábios com dois dedos enquanto ouço ele acelerar o carro e ir embora. Sem entender nada, algumas lágrimas caem preguiçosas pelo meu rosto, lágrimas de tristeza, de alegria... Mais uma incógnita. Escorrego meu corpo pra baixo e fico sentado no chão abraçado ao casaco que ele esqueceu.

- Levi... Eu te amo!