1. Spirit Fanfics >
  2. So ist es immer, eu te amo. >
  3. Quebrado

História So ist es immer, eu te amo. - Quebrado


Escrita por: Beez-chan

Notas do Autor


Olá meus pudinzinhos! Estou de volta continuando com a narração do nosso Eren. Queria dizer a todos o quanto foi difícil escrever esse capítulo porque eu me emocionei muito... Bom, sem muita enrolação, espero que tenham uma boa leitura!

Capítulo 9 - Quebrado


Fanfic / Fanfiction So ist es immer, eu te amo. - Quebrado

(Música do trecho: You – Myuu)

A dor que sinto em meu íntimo é lacerante, queimava e ardia como se eu estivesse sendo perfurado por uma lâmina atroz. Eu queria acreditar que tudo não passava de um engano, de uma mentira... Mas era real, estava realmente acontecendo. Essa dor que me envolveu quando minha mãe se foi, estou sentindo novamente agora que Mikasa se foi também.

Mal percebo que todos me olham assustados, sem entender o que está acontecendo. Levi está me segurando pelos ombros, me chamando, mas sua voz está muito distante. Meus pensamentos estão gritando na minha cabeça.

- A Mikasa... Minha irmã... Ela... – Eu não conseguia terminar a frase. Abracei Levi e escondi a face em seu peito, chorando com toda a força.

- Eren, o que está acontecendo?  Levi me perguntou assustado com a minha atitude. – Eren?

- Levi... – Armin disse aos prantos. – A Mikasa... morreu.

Fitei Levi aos prantos e ele me olhava boquiaberto com os olhos marejados de lágrimas. Seus braços me puxaram novamente para junto de seu corpo e ele me abraçou forte. Todos estavam em silêncio, olhando uns aos outros incrédulos. Meu choro era a única melodia que soava pela casa agora.

- É tudo minha culpa... Minha culpa. Se eu tivesse ido buscá-la quando saiu... Se eu tivesse me importado em ir atrás dela... Ela não teria... Ela não teria mo... – Mais uma vez sou interrompido pelo mar de lágrimas que transbordavam de mim.

- Não! Eren, não é sua culpa! Entendeu? Olhe pra mim! – Levi me segurou pelos ombros novamente e eu o fitei. – Você não tem culpa de nada! Você não teve culpa, meu amor... Não se culpe por isso. – Ele dizia chorando. Assim como nosso riso, nossas lágrimas eram sincronizadas.

- Eu... – Eu queria falar, mas o choro agonizante não me permitia. Levi chorava em silêncio ao me ver naquele estado. – Preciso ir vê-la...

Eu preciso reconhecer o corpo.

Eu, Levi e Armin seguimos de carro até o necrotério. Levi dirigiu com uma mão ao volante do carro e a outra entrelaçada na minha. Fitei a janela embaçada pelo frio durante todo o trajeto, havia uma garoa singela banhando o carro. As gotas de chuva na janela deslizavam lentamente pelo vidro como as lágrimas em meu rosto. Chegamos ao necrotério do hospital onde levavam todos os casos de óbito. Meu corpo se arrepiou assim que meus olhos se focaram naquele prédio cinza e frio.

Havia alguns carros policiais na porta, deduzi que já estavam lá há algum tempo. Adentramos ao local e me dirigi até a recepção, alguns policiais me fitavam, provavelmente minha expressão se mostrava desolada. Entreguei meus documentos para o homem na recepção.

- Sou o irmão de Mikasa Ackerman, estou aqui para rec... – “Droga, por que estou sendo obrigado a dizer isso?”, meu pensamento gritava enquanto meu rosto se banhava novamente. – Reconhecer... o corpo.

- Eren, certo? Eu sou o delegado Isayama. – Ele se aproximou e me cumprimentou. – Eu realmente sinto muito... Ao que a investigação aponta, ela foi vítima de assalto mas reagiu. Têm algumas marcas de luta no corpo dela. Ela praticava artes marciais?

- Sim, judô. – O respondi tentando assimilar as informações. Mesmo sabendo lutar, ela nunca iria reagir a um assalto. É como se ela tivesse feito de propósito. “Não... Ela não faria isso”, pensei.

O modo como ela saiu transtornada da mesa de jantar, eu sabia que era devido aos atos do Levi e aos meus também. Ela não tinha superado os acontecimentos das férias, todo aquele ambiente comemorativo era demais pra ela suportar. Eu fui tão egoísta. Como pude ser tão egoísta e não ver que ela estava sofrendo? A culpa remoeu mais intensamente dentro do meu ser.

- Por favor me acompanhe. As câmeras de segurança do local filmaram todo o ocorrido... – O delegado disse interrompendo meus pensamentos. – Ela estava descendo as escadas do metrô enquanto digitava algo no celular, parecia estar chorando e então um homem magro correu em sua direção provavelmente para pegar o celular. Mas ela o atacou com um reflexo surpreendente, quase o nocauteou, mas um outro rapaz saiu de dentro de um carro velho e atirou contra ela. Suspeitamos que ela já estivesse sendo seguida.

Olhei para Levi suplicando que ele fosse comigo. Todas aquelas informações giravam na minha mente, me tonteando. Seguimos para dentro daquele local sem vida. Passei meu braço pelo corpo de Levi e o abracei no trajeto. O delegado abriu uma porta branca com a tintura desgastada e sem brilho, engoli a seco enquanto a luz da sala tomava meu campo de visão. Havia um corpo na maca coberto por um lençol branco, a roupa e outras coisas dela estavam numa mesa ao lado.

(Música do trecho: Pieces – Red)

Adentrei à sala e me aproximei da maca devagar, Levi e o delegado ficaram próximos da porta. Levei minhas mãos trêmulas até o lençol e o abaixei até os ombros. A visão que tive me fez desmoronar. Levei uma mão até a boca já tomado pelo choro e me apoiei na parede, senti uma vertigem tomar posse dos meus sentidos. Toquei seu rosto devagar, sua pele gélida me fez enxergar a realidade, ela não estava mais ali.

Mikasa estava pálida e fria, tão alva quanto o lençol que cobria seu corpo pequeno e magro. Sua expressão era tão serena quanto uma criança que dorme tranquila em uma cama confortável e quente. Meu coração queimou em dor. Haviam marcas de arranhões em seus ombros e braços, hematomas em seu rosto, cortes nos lábios. Ergui um pouco mais do lençol e pude ver as três marcas das balas em seu peito. Minha pequena menininha... Por que ela estava assim? Eu não suportava mais, eu queria sumir. Tomei seu corpo em meus braços, a abraçando em meio ao choro.

- Me perdoe... me perdoe, Mikasa. Por favor, me perdoe... – Meu pranto se mesclava com gritos excruciantes. – Irmã... É tudo minha culpa, se eu... Se eu tivesse ido atrás de você. Se eu tivesse te impedido de sair... Se eu... SE EU PELO MENOS TIVESSE FEITO ALGUMA COISA... MAS EU NÃO FUI CAPAZ DE FAZER NADA! AAAAH... Eu não consigo suportar essa dor Mikasa. Por que? Me diz... Por que me deixou? Você... Me prometeu que não iria embora, lembra? Prometeu que ficaríamos sempre juntos. Você me prometeu... Por que... você... morreu?

Deitei seu corpo novamente e escorreguei o meu pela parede, me sentando no chão ao lado da maca completamente sem forças. Eu me sentia culpado. A culpa havia me dominado. Levi correu até mim e me abraçou forte, levantando-me do chão. Eu não conseguia me manter em pé sem a ajuda dele.

- Eren... Eren! Olhe pra mim. Eu estou aqui contigo, eu estou aqui meu amor.

- Levi... – O ar não entrava em meus pulmões, eu sentia meu peito arder. – Eu... Está doendo... Eu não vou aguentar...

- Você vai. Vamos suportar isso juntos. Eu estou aqui com você...

Armin organizou o que era necessário pois eu não tinha condições. Aquela noite foi a mais longa de todas. O funeral seria na manhã seguinte e eu precisava me preparar. Levi ficou acordado ao meu lado durante toda a noite. Eu me sentia dormente, era como se a dor que senti fosse tão forte que me deixou anestesiado. A manhã finalmente chegou. Me preparei vestindo um terno escuro. Antes de sair fui ao quarto de Mikasa, seu perfume adocicado estava no local, o seu cachecol vermelho estava jogado na cama, levei-o para a cerimônia.

(Música do trecho: Scarlet – Brooke Fraser)

Fomos ao cemitério da cidade onde a cerimônia seria realizada numa espécie de capela que havia lá. Os amigos de colégio, professores, amigos do trabalho dela... Todos estavam arrasados. A cerimônia foi curta mas para mim durou anos, todos iam até o caixão se despedir. Ela parecia um anjo. Trajando um vestido branco e rodeada de rosas vermelhas, seu sono eterno parecia tranquilo. Fui o último a me despedir, me aproximei do caixão e toquei suas mãos frias e em seguida seu rosto pálido. Lhe dei um beijo na testa, algumas lágrimas caíram em seu rosto e coloquei o cachecol sobre suas mãos.

- Você ia esquecer ele aqui... – Aproximei meu rosto à sua pálida face, a molhando com minhas lágrimas e disse em seu ouvido. – Droga, por que você? O que eu vou fazer agora? Não era pra ser assim, eu tenho tantas coisas pra te dizer. Você ia entrar na universidade... O seu tão sonhado curso de medicina estava tão próximo. Tínhamos tantas coisas pra fazer juntos, Mikasa. Você sempre esteve do meu lado, sempre... E quando precisou de mim eu não estava contigo. – As pessoas ao nosso redor choravam, acho que estavam me ouvindo.

- Você vai me perdoar por isso algum dia, irmã? Eu me sinto tão mal, está doendo tanto... Como você está? Me dá um sinal de que está bem... Não me deixe aqui sozinho, por favor Mikasa... Não me deixe. Eu te amo, minha irmã. Me desculpe se eu não te amei como você desejava, mas eu te amei verdadeiramente e ainda amo... Sempre vou te amar, Mikasa. Sempre...

Um homem se aproximou de mim e disse-me que estava na hora de fechar o caixão, respirei fundo e a olhei mais uma vez, pela última vez. Me concentrei em guardar todos os detalhes de seu rosto. Lembro-me do dia que a conheci, quando minha mãe foi buscá-la no orfanato. Eu me encantei assim que a vi, era tão linda mas algo em seu olhar era vago e triste. Me aproximei daquela criança e ela se escondeu, mas estendi a mão para ela e disse sorrindo que tudo ficaria bem, que eu iria protegê-la de tudo, que eu era seu irmão, que estaria sempre ao seu lado. Encostei meu rosto novamente ao dela.

- Você precisa ir agora, mas não se preocupe... Vamos nos encontrar de novo. Eu te prometo! Tatakai, Mikasa. – Beijei sua testa novamente e me afastei do caixão indo de encontro ao abraço de Levi.

Após o enterro, Levi ficou comigo por um tempo junto à lápide dela. Organizamos as rosas que deixaram para ela ao lado de seu túmulo e fizemos uma prece. Ao olhar para o lado, percebo Jean-sensei ajoelhado deixando rosas em um túmulo, eu e Levi nos aproximamos dele e ele chorava silenciosamente. Um choro angustiado e silencioso. Volto minha atenção ao túmulo e leio o nome nele gravado, “Marco Bodt”. Um rapaz bonito, de cabelos escuros, olhos com um tom amarelado e algumas sardas pela face.

- Jean? – Toco seu ombro e ele se levanta enxugando as lágrimas.

- Eren... Levi. – Ele nos cumprimenta. – Eu sinto muito pela Mikasa...

- Você está bem? É seu parente? – Pergunto a respeito do rapaz na foto.

- Ah... Não. Éramos casados. Nós moramos por 5 anos em Boston antes de eu conseguir a vaga de professor no seu antigo colégio. Moramos juntos aqui por 2 anos, ele era bombeiro e durante um resgate... Ele não conseguiu sair a tempo e... – As lágrimas inundavam seu rosto. – Marco deu sua vida por uma garotinha, eu sequer posso odiá-lo por ter me deixado assim. É insuportável não tê-lo comigo, eu ainda o amo tanto...

. . .

Na volta para a casa, Levi comprou ramen em um restaurante e então seguimos viagem. Ele pediu que eu tomasse um banho quente enquanto ele organizava o quarto. Fiz como ele pediu. Vesti uma calça de moletom cinza e uma camiseta preta, ele me esperava sentado na cama. Ao me ver veio ao meu encontro e me tomou em seus braços mais uma vez.

- O delegado me entregou os pertences da Mikasa, coloquei no quarto dela... – Sua voz soou baixa e grave.

Assenti com a cabeça e me dirigi até o quarto, havia uma caixa pequena em cima da cama. A abri e lá estavam os brincos e o colar que ela usou naquela noite, o vestido e o celular. Peguei-o e desbloqueei pois não havia senha, a tela estava aberta no bloco de notas e havia um texto pela metade.

“Eren, eu queria ser capaz de lhe dizer isso pessoalmente. Sempre me admiraram pela minha força e determinação, sempre se encantaram pelo que havia do lado de fora, mas nunca me enxergaram por dentro. Você foi único que olhou em meus olhos e viu minha alma. Nunca me esquecerei do dia do orfanato, do seu sorriso confiante me dizendo que tudo ficaria bem, quando toquei sua mão tive certeza de que enquanto você estivesse comigo, eu seria capaz de fazer qualquer coisa. Você é a minha força e determinação. No dia do resort eu me vi no orfanato novamente, sozinha e triste por ter te perdido. Sem você comigo eu não sou capaz de nada, tudo é difícil, eu me sinto insegura e toda minha força se esvai.  Mas mesmo assim queria poder lhe dizer que eu não odeio o Levi, queria ter lhes abraçado hoje no jantar e dizer que estava feliz por vocês... Mesmo que eu sinta esse vazio doloroso em mim por saber que nunca o terei do jeito que anseio, por saber o quanto vocês dois pertencem um ao outro e ninguém mudará isso, saber que ele te faz feliz é o meu consolo. Parabéns pelo noiv”

Sinto o ar desabitar meus pulmões, é possível sentir tamanha dor? Minha mente está transtornada, como uma caixa de abelhas zangadas. Era isso que ela realmente sentia? Eu sempre estive ao lado dela e nunca fui capaz de enxergar. Eu nunca disse o suficiente a ela, nunca fiz o suficiente por ela. Se eu não tivesse dito sim ao Levi... Ela ainda estaria aqui? Se eu tivesse agido diferente, ela ainda estaria viva? Se eu tivesse feito mais por ela... Se eu não tivesse sido tão egoísta naquela noite...

 

E se...


Notas Finais


Meus amores, estou curiosa para saber o que acharam, eu estou com o coração partido... Queria dizer aqui o quanto os comentários são importantes pra quem escreve, eles nos motivam a não desistir apesar de toda a dificuldade que repentinamente pode surgir. Obrigada de coração a todos que comentam, vocês são demais <3

Beijinhos da tia Beez :3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...