História Só Mais Um Delinqüente... (Imagine BTS - JungKook) - It would be comical if it were not tragic

(...)

Desde aquele dia, sua vida não foi mais a mesma. Provavelmente, JungKook já sabia que você havia visto a traição de perto, mas não tinha coragem nem de olhar pra sua cara. Jong Mi passou a ser mais atencioso, evitando o máximo possível de tocar nesse assunto ainda muito delicado para você. Yang Mi nunca mais foi vista andando com JungKook, o que significava que ela só queria aquele maldito beijo.

Tão clichê.

Hoje era mais um dia de aula, e seu jeito havia retornado para sua tão miserável vida. Ao pisar os pés no colégio, os cochichos já podiam ser ouvidos...

"Fiquei sabendo que JungKook traiu essa daí com a novata.", "Como JungKook foi capaz de ficar com essa garota? Achei foi bom que ele tenha ficado com a novata!"

Era irritante apenas o jeito que eles falavam. Colocou seu capuz e andou em passos lentos até seu armário. Guardou e pegou o necessário para a primeira aula, mas antes, foi até o banheiro tomar seus remédios.

Sim, você havia voltado com os remédios anti-depressivos.

Você sabia que um dia a vida iria sacanear com a sua felicidade novamente, então sempre deixava seus remédios dentro da bolsa. Mas ao chegar em seu destino, amaldiçoou-se mentalmente por ter inventado de se medicar nesse momento.

Hoyara estava conversando animadamente com suas amiguinhas, e quanto te viu, abriu um sorriso enorme. 

— Estávamos te procurando! — Ela disse, com sua voz irritante. — Eu fiquei sabendo da traição...

— Vai me humilhar e dizer que eu merecia também? — Perguntou, enquanto tomava seu comprimido. — Fique a vontade, já me acostumei...

— Na verdade, não... — Ela olhou para suas amigas, e as mesmas saíram do banheiro, deixando apenas vocês duas sozinhas. — Eu queria dizer que sinto muito pelo ocorrido.

— Como?

— Olha, lembra daquele dia que eu te dei conselhos? Coisa que eu nunca pensei que iria fazer um dia e logo para você? — Você assentiu, enquanto se mantinha calma em seu canto. — Eu conheci você melhor. Tem essa cara de durona, mas é uma garota muito frágil... E eu já testei essa sua fragilidade... E sabe o que eu acho?

— O que?

— Que você devia esquecer o JungKook. — Ela disse simplista, como se já tivesse passado o mesmo que você. — Eu sei que vai ter um dia que você vai dar umas recaídas, porque é o Jeon JungKook, mas... Apenas tenta. E eu sei um jeito que isso vai te ajudar, mesmo que seja um pouco. — Tu deu permissão para Hoyara continuar falando. — Hoje ás 19:00, irá ter uma festa na casa do namorado de uma amiga minha, que também estuda aqui. E ele me deu permissão para convidar quem eu quiser. Então, se você topar, eu posso passar na sua casa para irmos pra festa. E aí?

Você pareceu pensar um pouco, e afinal, não seria nada mal ir se divertir e ocupar sua mente para enfim esquecer seus problemas. Hoyara estava sendo legal novamente, então você apenas sorriu e concordou com a cabeça, logo saindo do banheiro e indo direto para sua sala de aula.

Se sentou em seu lugar e viu Jong Mi sair de seu grupo de amigos e vir sem sua direção, começando uma conversa amigável. Conversaram até a hora do professor chegar, e assim que isso foi possível, se calaram rapidamente e começaram a prestar atenção na explicação um pouco complicada que o professor fazia.

(...)

Estava na hora da festa, e você ainda estava na duvida do que vestir. Então apenas opinou por um vestido preto que valorizava suas curvas. Fez uma maquiagem não muito escura e calçou um salto. Ouviu buzinas do lado de fora e desceu rapidamente, se despedindo da sua mãe e prometendo que não passaria a noite na casa do garoto, que voltaria o quanto antes das 6 da manhã.

Adentrou ao carro de Hoyara, que se encontrava quase lotado por conta de suas amigas. Todas cumprimentaram você com um sorriso verdadeiro no rosto, elogiando seu estilo. No carro da garota, tocava a música de um chinês famoso, desconhecido por você, mas apenas reconhecia a língua. Ao chegarem no local da festa, já se era possível ouvir a música alta, mesmo com os vidros abaixados. Saíram do carro e viram Hoyara trancar o mesmo. 

O lugar estava cheio de uma iluminação forte e que piscava, demorando para seus olhos se acostumarem com aquilo. A música eletrônica alta te deixava surda, e o cheiro de álcool era insuportável. Sentiu seu braço ser apertado e seu corpo ser puxado pela garota até a cozinha, onde havia várias bebidas.

— Pega. — Ela te entregou um copo de... Uísque? — Vai me dizer que você não bebe?

— Lógico que bebo, mas não é muito legal ficar bêbada no começo da diversão. Só me dê um que mais tarde eu mesma venho e busco mais. — Você se mantinha firme em suas palavras, logo pegando o copo da mão da garota. 

As duas foram pro meio da pista, ou pro meio da sala, e ficaram dançando diversas músicas, a maioria era do estilo "K-pop", mas que eram animadas o bastante. Sentiu alguém pegar em seu ombro, e quando se virou, deu de cara com TaeHyung, que segurava um mesmo copo e uma mesma bebida como você.

— Wow, não esperava te encontrar aqui e... — Ele te olhou de cima a baixo, logo sorrindo. — E vestida desse jeito.

— Não é só porque eu fui traída que não posso sair e me divertir. — Falou, com um sorriso mínimo no rosto. 

— Como está se sentindo? — Ele perguntou, enquanto te puxava em direção a um sofá.

— Mais ou menos... — Respondeu, sorrindo triste para o chão. — Estou superando aos poucos.

— Tá certo. — Ele disse.

Seu olhar foi para o garoto que se aproximava aos poucos onde você e Tae estavam. JungKook tinha um sorriso largo nos lábios, e dizia coisas impossíveis de se entender. Rapidamente, você olhou para o garoto que estava na sua frente, te olhando com cara de paisagem. Segurou na nuca do mesmo e o puxou para um beijo, enquanto olhava mortalmente para a pessoa que você mais odiava nesse mundo, desmanchar o sorriso do rosto e ficar parado, olhando aquela cena com desgosto.

Você não era muito de vingança, nunca havia feito algo desse tipo. Mas assim que viu a oportunidade perfeita pra fazer JungKook sentir o mesmo que você sentiu, não desperdiçou, mas ficou de boca aberta com a atitude que o garoto fez.

JungKook simplesmente puxou a gola de TaeHyung e fez cair do sofá. Jeon se sentou na barriga do garoto e começou a socar sua cara bonitinha. Você não sabia o que fazer, não sabia como reagir. O primeiro ato foi puxar a camisa de Jeon, na tentativa de o tirar de cima de Tae, e pareceu funcionar.

— NUNCA MAIS CHEGUE PERTO DELA, ENTENDEU?! — A amizade que os dois tinham havia acabado naquele momento. Tudo culpa sua. 

— DO QUE VOCÊ TÁ CULPANDO O COITADO?! — Foi sua vez de gritar, ganhando a atenção do maior. — POR ACASO VOCÊ É CEGO?! EU QUE BEIJEI O TAEHYUNG!

O garoto bufou e te pegou pelo braço, te puxando para fora da casa. Você tentava se soltar, mas a diferença de força era tamanha. Vocês ficaram em frente a um poste de luz, em um silêncio desconfortável. 

— Por que fez aquilo? — Ele perguntou, cruzando seus braços.

— Por que eu beijei o Taehyung? Quer saber desde o começo? — Viu o garoto assentir, esperando a versão da sua estória. — Tá, eu te conto. Tudo começou quando eu deixei você se aproximar demais da minha pessoa, quando eu deixei minha existência depender de você. Acha o que? Que é legal você se apaixonar por alguém, conseguir uma vida ótima com essa pessoa, pra depois você ir ajudar um colega em algumas dificuldades e vê quem você ama beijar outro alguém? Se você pensa que eu sou idiota, você acertou. Sou idiota por ser apaixonada por um imbecil que nem você, que fica jogando o amor dos outros dentro da lata de lixo como se fosse um nada. Beijar seu amigo foi um incômodo muito grande pra tu, né? Que pena, porque agora eu posso beijar ele quantas vezes eu quiser que você não terá nada haver com isso, porque a gente não tem mais nada! — O silêncio reinou novamente. — Agora se você me der licença, está começando a pingar, e como eu não quero ficar doente, vou indo pra minha casa.

Suas últimas palavras saíram trêmulas, pois as lágrimas já ameaçavam escorrer. Quando deu seu primeiro passo para enfim ir embora, sentiu seu braço ser agarrado, mas com leveza.

— Se não tem nada a dizer, eu peço que...

— Por favor. — A voz do garoto estava no mesmo estado da sua, com o semblante de choro tão exposto. — Não me deixa.

— A escolha foi sua. — Você tentou puxar seu braço, mas o garoto começou a apertá-lo fortemente. 

— Posso pelo menos contar a minha versão e o que realmente aconteceu?

— Eu não quero te ouvir e nem olhar pra sua cara. — Assim que conseguiu se soltar, se manteu no lugar e suspirou logo em seguida. — Passar bem, Jeon JungKook.

E finalmente, você tomou rumo a sua casa, despreocupada com a hora e com as ruas desertas, dando a perfeita oportunidade para bandidos ou até mesmo estupradores, mas essa não era a pior das hipóteses.

Uma tempestade começou a cair, e apenas o seu frio começou aumentar de uma forma absurda. Se xingava mentalmente por ter vindo a essa festa, por ter encontrado a pessoa mais odiada por ti, e ainda se machucar novamente, só que duas vezes pior. Foi um alvoroço momento ver a cara de tristeza da pessoa que você mais ama, ver o sorriso dela se desmanchar aos poucos, ver que os momentos que vocês passaram juntos foram todos em vão para no fim acabar dessa maneira.

Seria cômico se não fosse trágico.

Pisou os pés em seu apartamento, vazio novamente. Tenha a certeza de que sua mãe saiu com a mãe do seu ex-namorado, amigas afinal.

E a única coisa que conseguiu fazer foi...

Chorar.

Se arrastou na porta, logo se sentando ao chão, encharcando o mesmo, tanto com a água da chuva, quanto as suas lágrimas, que estavam quase chegando a ser um rio Nilo.

As trovoadas que ocorriam não chegavam a te assustar e lhe deixar apavorada como antes, como na época em que JungKook te protegeu delas e cuidou de você.

Era uma memória boa e ruim, afinal... Eram de vocês dois, quando ainda estavam se conhecendo melhor, e se conheceram até demais, por sinal.

Depois de chorar litros naquele canto, sentiu a porta ser empurrada, logo sua mãe entrando no apartamento, já repleto de poças de água. Ela já sabia da situação, tanto que apenas se agachou e te abraçou fortemente, te deixando chorar em seu ombro. O resto foi apenas isso, logo depois, tu apenas se levantou e caminhou em passos desgovernados até seu quarto, tomando um banho quente e se jogando na sua cama no mesmo estado.

Amanhã seria final de semana, e seu pai estava vindo com notícias... 

Notícias muito boas por sinal.