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História So Numb - O garoto da órbita própria


Escrita por: Xmoniqu3

Notas do Autor


Vocês pediram, eu atendi.

Capítulo 17 - O garoto da órbita própria


Fanfic / Fanfiction So Numb - O garoto da órbita própria

Eu fiquei de castigo óbvio, pra sempre eu acho. E, além disso, meu pai decidiu que eu terei que frequentar um grupo, JNA – Jovens Narcóticos Anônimos. Que vergonha alheia.

Faz mais de duas semanas que eu não vejo o Shawn. Já é Julho e ele vai para a praia novamente e eu tenho tanto, tanto medo de perdê-lo. Não estamos nos falando, pois minha mãe tomou meu celular e meu computador. Ele me prometeu o mundo. Que assim o faça. Prometeu-me um sempre, que talvez acabe, já que não viverei esse sempre.

Já não conversava muito com minha família antes, mas agora, tá tudo pior. Evan, que era meu amigo, me acha uma adolescente estúpida. Os pais de Isabelle a proibiram de falar comigo. Por telefone, ela me pediu desculpa por isso, disse que lamentava muito, pediu para que eu saísse das drogas e sorrisse como eu costumava fazer, disse que me ama e que quando as aulas voltarem os pais dela não poderão ficar na cola.

Minha mãe, no meio daquela discussão, começou a beber, junto com meu pai. Ela disse para ele que amava muito um cara, mas não disse quem. Ele disse que também amava muito uma mulher. Mas também não disse quem. Minha mãe pensa que essa mulher é ela, e esse pensamento é o que a mantêm em pé ultimamente. Ela bebe toda noite, e chora toda vez que me olha. Meu pai não quer me ver mais. Ele sempre dá um jeito de adiar ou fazer com que eu não vá ao almoço semanal com o papai.

Dakota me odeia eternamente, ela faz questão de deixar isso muito claro.

Eu sinto que estou perdendo todo mundo. O pouco que eu tenho eu estou perdendo. Todo mundo fica na minha cola e eu não consigo mais fumar. Não revelei como conseguia os cigarros, pelo menos assim, ainda posso compra-los.

Kaya veio me procurar outro dia, mas ela foi enxotada pela minha mãe, apenas a acenei pela janela.

Meus dias são baseados em ficar olhando pro nada, no silêncio.

Iria hoje para esse maldito grupo, minha mãe estava gritando muito comigo por eu não ter vestido a roupa que ela separou para mim. Ela não quer que eu use roupas que façam apologia à morte, ou seja, nada de roupas pretas.

Ela me fez voltar até o quarto e disse que ia me dar uma chinelada e chamar a polícia se e não vestisse a droga do vestido branco com coraçõezinhos que era da Dakota. E nada de All star, sapatilha rosinha para finalizar o look. Que lixo lixoso da puta que pariu.

Meu pai chegou de supetão e disse que iria me dar carona, já que minha mãe estava tendo um ataque de stress (ataque de pelanca) e não seria capaz de me levar até o prédio do JNA.

Adentrei seu carro sem olhar para sua face, que estampava um desânimo junto de algumas noites sem dormir.

O olhei rapidamente pelo espelho, e me senti profundamente mal. Eu não queria ser essa filha péssima essa pessoa péssima que eu sou. Eu queria estar sempre sorrindo, com sorrisos a minha volta e alegria escaldante. Ao invés disso, eu sou uma decepção.

O JNA era dentro de um hospital psiquiátrico, numa sala próxima à entrada. Eu me senti muito estranha em entrar em um hospício, muito mesmo.

Meu pai conversou com o cara e a moça que, sei lá, acho que são os responsáveis pelo JNA. Logo, os dois vieram a minha direção, observei meu pai indo embora.

- Bom. Bem vinda ao JNA, essa é sua primeira vez aqui, então, eu não vou lhe pedir que fale nada, apenas que se apresente para o grupo quando lhe for dada a abertura para falar. Aqui você pode fazer amizades, mas lhe pedimos que, não mantenha um relacionamento além com ninguém aqui. Essas coisas são chatinhas, eu sei... – Dizia a moça. Que apresentou-se como Kiara.

- Mas são para evitar que ambos voltem ao vício. Nosso objetivo é matar esse monstro, e não induzi-la a trazê-lo de volta... – Continuou o cara, cujo nome, Leo.

- Agora, você pode entrar e se sentar em qualquer lugar, o grupo termina às 18h.

Sem dizer nada, apenas adentrei a sala e me sentei no único lugar vago. Ao lado de uma garota emo e um cara com roupas largas e correntes, que fungava a todo instante.

- Bom. Olá grupo! – Disse Kiara, empolgada, sentando-se junto da roda de cadeiras.

Todos responderam em uníssono, eu fiquei em silêncio.

- Bom. Hoje, nós temos uma nova integrante. Por favor, levante-se. - Ferrou, vou ter que me apresentar. – Qual seu nome? – Perguntou ela, como se não soubesse.

- Me chamo Mary Elle... Fanning. – Gaguejei, um tanto quanto envergonhada.

- Qual sua idade, Mary?

- Hm, fiz 17 há algumas semanas. Pode me chamar somente de Elle... – Disse.

- Ok, Elle. Então, o que você faz da sua vida?

- Sou estudante...

- O que te trouxe até aqui?

- Meu pai. – Disse, ouvindo o resto do grupo dar algumas risadas. Aí percebi que fui idiota, mas foi sem querer. Sério. – Quer dizer... A nicotina.

- Você fuma há muito tempo?

- Há uns 2 anos.

- E por que você fuma? – Perguntou agora um garoto na sala, virei meu rosto até ele, e então percebi seu rosto pálido e levemente sardento, iluminados por um par de olhos azuis, que mais pareciam dois planetas orbitando por entre um céu branco. – As coisas têm motivos, não é?

Sua face me veio rapidamente à memória, e me perguntei, brevemente, se naquela noite, ele pretendia fazer algo além de fumar, tipo se jogar daquela ponte.

- Para morrer. – Respondi, olhando em seus olhos, vendo o garoto erguer sua sobrancelha. Assim, Kiara ficou sem jeito e pediu para eu me sentar novamente. Assim, ela pediu para que todos me dessem o “apoio”:

- Caminhamos na mesma estrada, Mary. – Disseram todos do grupo em coro.

A reunião se seguiu, Kiara pediu para que cada um se apresentasse para que eu conhecesse todos, ela disse que aqui, somos todos irmãos.

Haviam tantas histórias tristes ali, garotos que se obrigaram a cair na boca do tráfico por falta de dinheiro, e assim, caindo ao consumo de crack, misturado com outras substâncias para o efeito durar mais.

Garotas que se envolveram com prostituição, venda de bens materiais de si e da família, serviços dos mais inusitados, tudo para conseguir dinheiro para drogas.

Rostos jovens detonados por uma bomba relógio, as drogas, que destroçam até a alma de quem as consume.

LSD, Maconha, Crack, Ópio, Ecstasy, Heroína, Cocaína, Metanfetamina, Oxi. Tantos nomes que eu nem conhecia, passei a conhecer então, alguns do mais diverso mundo de drogas e entorpecentes.

Entre os rostos tristes, carregados de dor, um deles levantou-se, era sua vez de falar. O garoto da órbita própria.

- Bom... Me chamo Chandler, dã. Tenho 18 anos. E eu sou um narcótico viciado naquela droga de tabaco. Mas, já experimentei tudo quanto é coisa. Eu passei meus 15 e 16 anos indo para Raves com minha ex. Ela era de boa, mas eu acabei me metendo com um monte de porcaria, passava dias fora de casa, já fui assaltado, quase assassinado porque estava drogado.  Até que eu quase tive uma overdose de Ecstasy, fui parar no hospital e tudo mais, passei um semestre inteiro na clínica de reabilitação, até me ver, digamos, um pouco menos viciado. Eu saí de lá, mas continuei com a nicotina. Perdi um bom tempo de aula, mas um dia eu me formo. – Contou ele, dando uma risada enquanto balançava seu corpo de leve.

De novo, repetiram o “apoio” e então nos sentamos novamente. Chandler, ou, como preferi chamá-lo em minha mente, o garoto da órbita pessoal, estava me olhando de canto, enquanto tremia suas pernas revestidas por uma jeans batida e rasgada, tocando seus tênis All Star azuis marinhos no chão. Compulsivamente, eu o observava. Seu rosto era um céu nublado, com estrelas em um tom alaranjado, e uma nuvem de cabelos negros. Havia algo além daquelas sardas, havia algo além daquele piercing no septo. Havia algo além daqueles planetas azuis. Havia algo além... dele.

Seus olhos eram tão profundos que quase se podia ver através.


Notas Finais


INHAAQAAAAAASAA EU AMO VOCÊS NOSSA VAMO SE ABRAÇA TODO MUNDO PORFAVOR


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