1. Spirit Fanfics >
  2. So Numb >
  3. Piercings

História So Numb - Piercings


Escrita por: Xmoniqu3

Notas do Autor


oi gente cap. que abre um pouco a vida do nosso bipolarzinho sadomasoquista.

Capítulo 21 - Piercings


Aquele final de semana deprimente passou rápido, eu estava agora na casa do meu pai, pois minha mãe realmente não aguentava a barra de uma filha estranha, problemática, drogada e ainda suicida. Ela queria ficar longe de mim, manter o máximo de distância possível. O que era doloroso, saber que a pessoa que me colocou no mundo hoje não podia ter-me por perto. Doía um pouco, saber que nesse mundo, agora eu realmente estava sozinha, já que tive o prazer de afastar a todos de mim.

A vida com meu pai era estranha, sempre que eu vinha para cá, Dakota vinha junto, o que tomava a atenção dele, e o clima nunca ficava pesado, Dakota fazia questão de colocar um sorriso na cara com a barba por fazer do meu pai.

No entanto, eu não sabia colocar um sorriso nem na minha própria face, quem dirá na face de alguém que expressa total decepção por mim. Com a minha mãe, eu jantava sozinha, almoçava sozinha, via TV sozinha, fazia tudo sem a companhia de ninguém dali. Porém, na casa do meu pai, ele não comprava comida, apenas lanches rápidos como bolachas e salgadinhos. Ele trazia comida de um restaurante no almoço e no jantar. Então, eu era obrigada a me sentar na mesa em frente a ele todo dia e toda noite.

Ele não deixava Televisão ligada, nem rádio, nem nada. A menos que tivesse alguém usando. Então, as refeições eram um silêncio assustador. Meu pai nunca levantava o olhar para mim, mesmo que eu o ficasse encarando por um bom tempo.

A TV só tinha canais de esporte e notícia, o rádio não funcionava direito, pegava mais nas sintonizações de notícia. Estava sem computador e celular, e não trouxe meus livros e nem nada para escrever. O que me restava, é ler os livros chatos da estante do meu pai.

Finalmente era segunda de novo, e eu nunca pensei que estaria com ânimo para ir ao grupo de apoio, mas pelo menos, eu ia sair de casa, eu ia ficar com outras pessoas muito mais interessantes que meu pai.

Adentrei a sala, logo direcionando meu olhar para a cadeira de sempre de Chandler, hoje, não havia ninguém em seu lado. Fui até lá e sentei. Hoje, ele usava um piercing diferente, ao invés de ser em formato de ferradura, era uma argola preta. O garoto olhava para baixo, para suas mãos, enquanto mexia-as freneticamente.

A luz da janela batia no rosto de Chandler com força, quando o cumprimentei, o mesmo levantou seu rosto, e a luz mostrou suas pupilas se adaptando à iluminação. Parecia um buraco negro em uma galáxia azul. Seus olhos possuíam uma cor quase cósmica, e uma serenidade de um mar calmo.

De perto, dava pra ver que ele possuía alguns furinhos no rosto, locais onde se localizavam piercings. Abaixo de seu lábio, sobre a sobrancelha, na lateral do nariz, no centro do queixo e na orelha. A maioria estava quase cicatrizando, menos o da sobrancelha, aquele era visível.

Após nosso cumprimento grupal diário, e de Kiara e Leo perguntarem a todos se estão bem, eles começaram a falar sobre as diversas e variadas consequências do uso de drogas. Desde as doenças, a destruição aos poucos do organismo, a problemas psicológicos de verdade, como depressão, insanidade, delírio e até suicídio.

Um dos garotos do grupo começou a contar sua história. Ele era usuário de Crack.

- Eu comecei a usar por incentivo dos amigos, a primeira vez foi “só para experimentar”, mas de repente, eu necessitava daquilo, eu estava louco em minha própria nóia. Depois de um tempo que você usa, o vício começa a te dar algo além do prazer. Ele te traz a dor. – Contava.

- Eu comecei com a maconha e com o tabaco. O fazia para me sentir um pouco aliviado, para me deixar leve da pressão da realidade. Eu me sentia mal, e precisava me sentir bem. E era o que as drogas faziam; me deixavam bem. – Dizia Chandler. – Porém, as drogas te arrastam para um buraco, e quando você vê, estar drogado não é mais uma opção, e sim uma necessidade, e... É aí, quando você precisa de ajuda, que você percebe que na verdade está sozinho, que sempre esteve.  Pois a pessoas te deixam, te largam. Você começa a se perder em si mesmo, pouco a pouco perdendo a sanidade, aí você percebe que, caralho, não dá pra se livrar dessa merda. E, acaba por achar que a única saída é a morte. – Completou, com os olhos um pouco marejados.

- Já tentou suicídio? – Questionou uma garota com dreadlocks nos cabelos louros.

- Já... Overdose. – Respondeu ele.

- Eu tentei me matar, me jogando em uma rodovia escura e parada. – Disse, pela primeira vez dando entrada na conversa.

- Pelo visto não deu muito certo, não é? – Brincou a garota dos dreadlocks.

- Não. Eu estava mal, entorpecida e fora de mim. – Suspirei.

- Bom Elle, você não falou muito de você aqui, acho que é uma boa hora para isso! – Comentou Kiara. – Por que não começa dizendo o que você sente e o motivo de ter começado a usar drogas?

- Okay... Bom. Eu comecei na verdade há uns 3 anos. Eu tinha acabado de completar 14, e, eu ficava sozinha em casa. O quarto da minha mãe ficava sempre trancado. Mas naquele dia, ele estava aberto, então entrei lá e comecei a fuxicar em suas coisas. Achei uma caixa de Gold Flake, e acendi o primeiro cigarro... – Dei uma pausa. - No início, eu fumava 1, no máximo 3 na semana, não podia pegar muitos, pois minha mãe perceberia. Com o tempo foi aumentando, e ela começou a comprar mais, e os deixar espalhados pela sua gaveta, era mais fácil de pegar e mais difícil de perceber. Aumentei para 5 por semana. Quando eu vi, já fumava 5 por dia.

- Ela nunca percebeu que você fuma? – Perguntou um garoto.

- O cigarro é o pior, o cheiro impregna em você, de forma que, você mal reconheça outros cheiros. Ela nunca percebeu.

- E por que você ainda fuma? – Questionou Kiara.

- Minha vida é literalmente uma droga. Eu me sinto mal por ela ser uma droga, pois, em material, eu tenho o necessário para viver. Porém, meu psicológico está totalmente pirado. E, isso torna tudo uma droga. Os cigarros me deixam mais relaxada, me deixam calma, e, enquanto eu tenho um em meus lábios, tenho meus melhores passageiros pensamentos.

- O que faz com que sua vida seja uma droga? Não ter dinheiro para comprar tintura de cabelo? – Perguntou Chandler, irônico e cínico.

- Quem dera... Gasto todo meu dinheiro com cigarros... Bom, contando, parece apenas um drama adolescente, mas é realmente ruim conviver em um lugar onde não há apoio, onde não há nada.

- Você não conversa muito com seus pais, certo? – Instigou Kiara.

- Não. Eles são meu problema...

- Mas por quê? O que acontece na sua casa?

- Bom... Minha família nunca foi do tipo, amorosa. Minha infância foi bem estranha, pois eu não entendia o que estava acontecendo quando via meus pais brigando. Eles voavam nomes um para o outro, tudo que é tipo de xingamento. Durante esse tempo, eu me apeguei à minha irmã seis anos mais velha, Dakota. Nós éramos inseparáveis, mesmo com a diferença de idade, estávamos sempre juntas. Ela era meu porto seguro, era aquele amor que meus pais não forneciam. – Dei uma leve pausa enquanto meus olhos quase marejavam. – Quando eu fiz 8, meus pais definiram de vez que estavam se separando. Meu pai foi embora de casa e sobramos nós 3. Dakota tinha seus 14 anos e de repente passou por uma revolta muito extensa, ela mudou da água pro vinho, e não só se afastou de mim, quanto tomou certo ódio. Minha mãe entrou em depressão e passava a maior parte do tempo no quarto, quando não estava trabalhando. Eu cresci praticamente sozinha, e aí... Deu no que deu.

- Você culpa seus pais pelo que você sente?

- Não. Eu culpo a mim mesma por existir.


Notas Finais


Eu amo vocês pra porra puta merda vamo todo mundo se abraça


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...