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História So Numb - Palavras de um diário sangrento


Escrita por: Xmoniqu3

Notas do Autor


Capítulo um pouco doloroso, principalmente, para aqueles que já passaram por tal situação... Boa leitura :D

Capítulo 22 - Palavras de um diário sangrento


Fanfic / Fanfiction So Numb - Palavras de um diário sangrento

Assim como na segunda-feira, na sexta, também falamos sobre suicídio no grupo de apoio, e depois da reunião, que acabou mais cedo, Kiara me chamou para falar em particular. Tratava-se de que, ela queria falar com meu pai, pois estava preocupada comigo.

- Garotos e garotas da sua idade, tendem a sentir um peso com mais sensibilidade, já conheci muitos jovens que passaram por cima da automutilação, depressão e das drogas, é só querer. – Dizia ela.

- Eu já disse, eu não me corto, eu não estou deprimida. – Bati o pé.

- Não é o que o seus pulsos dizem... – Citou ela, que por um descuido meu, deixei exposto a cagada que havia feito na terça feira.

Acontece que, naquele dia, eu ouvi o que eu não queria ouvir. Após dormir a tarde toda, acordei com o som do telefone do meu tocando, quando ele havia chegado. Abri meus olhos, e o silêncio da casa me proporcionou ouvir toda a conversa, ele estava organizando sua prateleira, e como eu, aparentemente estava dormindo, colocou o celular no viva voz.

- Não vai acreditar o que eu achei nas coisas dela... – Disse minha mãe, do outro lado da linha. - Um diário de uns dois anos atrás. Sabe o que diz nele? Vou ler um pedaço para você: “Querido diário, hoje, passei o dia na casa do meu pai, embora ele e Dakota tenham saído e me deixado sozinha em casa, foi bom, foi melhor do que passar o dia perto da minha mãe.” O que você acha disso?

- Ela só tinha 14 anos... – Citou meu pai.

- Exatamente, 14 anos e já era assim. Tem outra coisa aqui. Vou ler de novo: “Querido diário, desculpe pelo sangue no papel, vem sido difícil ultimamente. Estou passando meus recreios sozinha, e ninguém quer ser minha dupla nas aulas de história. Eu não sei o que há de errado comigo, me pego pensando em morte o tempo todo... Mas sou fraca demais para me matar, ao invés disso, eu fico com minhas lâminas e meus cortes.” – Dizia ela, fazendo com que eu, ouvindo do meu quarto, relembrasse cada lágrima despejada quando eu abria meu diário e não hesitava em cortar minha pele com aquelas malditas lâminas de apontador. – Criamos uma suicida.

- Oh meu Deus, você disse, cortes? – Perguntou meu pai, parecendo derrubar algo no chão.

- Sim, cortes. Ela se cortava... Por isso nunca tirava aquele casaco de moletom velho.

- Por isso os braceletes. Judy, eu acho que, acho que nós somos os culpados por isso...

- O que? Acha mesmo que ela fazia isso por nossa culpa? Ela só queria chamar atenção, como sempre fez.

- Não te contei. Megan encontrou Elle deitada no asfalto, no meio da rua, sexta à noite. Ao sair do carro para ajuda-la, Elle bateu sua própria cabeça contra o chão. – Contou meu pai... Quem é Megan?

- Quem é Megan? – Perguntou minha mãe, no mesmo instante que eu o pensei.

- Uma amiga minha...

- Ah, não sei mais o que fazer.

- Nem eu... Eu, eu acho que não consigo tomar conta dela, Judy. Acho que ela deve voltar para casa. – Disse meu pai, aquelas palavras doeram. Doeram mesmo.

- Acho melhor não... Dakota e eu estamos melhores em apenas duas na casa. Aliás, ia falar com você, para vermos os papéis...

- Que papéis?

- Para você ficar com a guarda da Mary.

- Oh... Judy, acho melhor não...

- Ela gosta mais de você. – Disse minha mãe, por fim, desligando.

Ouvi meu pai suspirar e fechar a porta do seu quarto. Anunciando que chegava por hoje, que ele iria descansar. Levantei da minha cama com dureza e fui até cozinha, preparei um pão com queijo apenas. E, entre uma mordida e outra, enquanto comia,  virei meu olhar para o balcão, abrindo a gaveta de talheres. Haviam tantas facas ali... E de repente, as lâminas daquelas facas me pareceram tão convidativas...

E foi ali, com meu pulso levemente sangrando sobre os cortes em retilínea, que não tinha o intuito de matar, apenas machucar, que eu senti a sensação de alívio mais vangloriosa, que há tempos não sentia. A dor, a dor em si, a dor física.

Kiara continuava a me questionar.

- Você precisa de ajuda, Elle.

- Não. Eu não preciso. – Afirmei, saindo dali, e indo até o estacionamento do hospital.

Eu mal comia desde terça, mal dormia, mal pensava. Tudo que circulava em minha mente, é o quão repugnante sou, ao ponto de nem meus pais me quererem mais por perto. E eu pensava o que eu fazia de tão horrível. Eu sempre tirei notas regulares, eu nunca fui motivo de ódio. As coisas erradas que eu fazia, ficavam apenas entre mim e meu espelho.

Eu podia estar tendo as melhores férias da minha vida, ao lado de Shawn, tomando sorvete em frente a sua piscina, saindo às vezes em grupo com seus amigos, dormindo em minha antiga cama, com meu quarto tão cheio de lembranças e tão vazio de sentimentos bons. Eu podia estar, pela primeira vez, feliz de verdade, eu podia estar sorrindo, talvez até, longe de meus cigarros, eu poderia ter desistido da tintura de cabelo e o deixar voltar ao natural. Eu podia estar bem.

Era inevitável se manter forte, quando estava tudo desabando em mim, por causa de um descuido. Se Evan não tivesse me visto. Se eu não tivesse ficado brava com Shawn por praticamente nada... Se eu não tivesse nascido...

Enquanto eu pensava no quanto estava morrendo aos poucos, permanecia sentada na calçada, encostada na parede, me derretendo em forma de lágrimas.

- A kiara é uma chata mesmo. – Disse Chandler, aparecendo do nada, deslizando suas costas na parede até seu bumbum encostar o chão. Repousando seu rosto em seus joelhos dobrados. – Não vá na onda dela. Não precisamos de ajuda. Você não precisa de ajuda, só precisa ser quem é. E se, para ser quem é, precisa dos seus cortes, você vai ter seus cortes.

- Ouviu a conversa? – Perguntei, entre fungadas e leves soluços.

- Não, mas eu imaginei que ela fosse falar sobre isso com você, depois que, do nada, ela resolveu falar sobre automutilação na reunião. E ela não tirava os olhos do seu braço, não entendi como ela viu do outro lado da sala, eu precisei te ver ser chamada por ela para entender que você era o motivo do assunto da reunião. – Dizia ele, comprimindo seus lábios.

Chandler era um pouco imprevisível e bipolar, eu nunca sabia ao certo o que dizer, então fiquei calada.

- Quando fez o primeiro? – Perguntou ele, entendi que estava se referindo aos cortes.

- 13.

- O meu foi com 15... Caramba... – Ele deu um suspiro, o olhei surpresa, não imaginava que ele se automutilava.

- Você se...

- Hoje quase não mais. Mas foi um ano de ardência do pulso. – Brincou ele.

- Sinto muito... – Suspirei, enquanto minhas lágrimas quase cessavam.

Ele deu um meio sorriso e veio mais para perto de mim, puxando minha cabeça para seu ombro. Não hesitei em aceitar seu afeto, demonstrações assim, podem ser vindas até de um estranho, são sempre bem vindas por alguém que já não sabe mais o que é amor.

- Quando eu te vi pela primeira vez, naquela ponte, eu imaginei você sendo uma garota babaca que tinha tudo o que queria, mas bancava a perigosa com seus cigarros. Continuei achando quando te vi aqui com aquele vestido. – Dizia ele, fazendo com que o ar de sua boca ventasse em meu cabelo. – Mas eu passei a olhar seus olhos, o que eu não havia olhado antes. Você carrega uma coisa que eu nunca vi ninguém carregar. Quando contou sua história sobre sua família e amigos, eu passei uma noite inteira tentando me colocar em sua pele. Você carrega peso demais para seu tamanho, Elle. Nunca deixe o mundo de te derrubar.

Eu só consegui responde-lo com lágrimas, e então, percebi que, eu já não sabia mais dialogar também.

- Já derrubou. Esse é o problema. – Suspirei.

 


Notas Finais


Aiai que dor no meu coração ai
Pessoas amadas do meu <3
eu queria dizer que, eu SUPER sinto muito por sei lá, talvez não responder os comentários direito, talvez eu consiga expressar um personagem, mas não consigo expressar o que eu mesma sinto, isso é tão grrr pq eu fico muito feliz de verdade com os comentários de vocês, cada palavrinha toca meu coração. Porém, eu acabo respondendo com caps lock e risada mas eu amo vocês, de verdade aaaaa


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