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História So Numb - "Tome conta de mim..."


Escrita por: Xmoniqu3

Notas do Autor


Surpresa!!
Bom... Tenho alguns avisos para esse capítulo.
1º Não é o último.
2º Não é o clímax.
3º Daqui para frente, a história terá um tom de declínio mais melancólico.
4º Se você é o tipo de gente que fala as seguintes frases: "Depressão é frescura" "Automutilação é falta de 'rola'" "Quem se corta é idiota". Pelo amor de Deus, clique na droga do X e faça uma sessão de terapia para deixar de ser tão ignorante. Obrigada.

Mais avisos no final.

Capítulo 25 - "Tome conta de mim..."


Fanfic / Fanfiction So Numb - "Tome conta de mim..."

Eu corria nas escadas em espiral, descendo seis lances de escada para chegar à rua. Corria contra o vento, que batia em meu rosto, e além de levar meus cabelos para trás, levava junto minhas lágrimas. Levava minha alma, levava minha sanidade, levava uma parte de mim. De pouquinho em pouquinho, eu ia desmoronando cada vez mais, ia me perdendo cada vez mais. Perdendo-me em minha própria mente.

Ninguém é de ferro, e longe de mim chegar perto disso, sou nem uma pessoa de verdade direito. Ao ouvir o som de uma única voz me chamar ao fundo, pensei em parar, pensei em desistir. Mas, somos programados para cair.

Eu seguia, seguia, seguia sem rumo. Dobrei em uma curva e continuei correndo. Até ver ao longe, uma loja de utensílios diversos, adentrei a mesma e fui até a seção de utensílios de cozinha, os clientes que ainda estavam ali, me olhavam com estranheza.

Parei em frente a uma prateleira do vários talheres. Tantas facas, tantas armas... Tanta cura, tanta válvula de escape... Tudo aquilo me fez perceber como a morte me é convidativa.

Eles dizem que, quando se mata, se vai para o inferno. Dizem que é um pecado, o maior ato de egoísmo, é tirar a própria vida, aquela que lhe foi dada de bom grado, aquela que foi escolhida por nossa alma.

E eu me pergunto, por que diabos eu mesma escolhi viver assim? Viver aqui? Por que eu escolhi viver? Simples.

Não foi escolha minha.

17 anos mal é um terço da vida. E eu me sinto tremendamente machucada, despedaçada e triste. Eu nunca fiz planos certeiros para o futuro, mas todos eles continham pelo menos a ideia de permanecer viva. Mas não dá, eu não aguento mais ser o fardo de todos, ser a decepção de todos.

Eu sempre procurei ser melhor, tentei consertar os erros que fiz, os estragos que causei. Mas tudo que eu faço, só piora tudo. Talvez minha alma não soubesse o que fazia quando me escolheu. Talvez eu nem tenha mais alma.

Nunca se deve se acostumar com algo que é ruim. E foi o que eu fiz, eu me deixei levar, mas eu não tinha outra saída. A dor foi se fortificando em mim, de forma que eu me acostumasse. A deixei crescer, a deixei tomar conta, a deixei me anestesiar. Me entorpecer.

Assim descubro agora, que realmente toda dor tem um entorpecente. E eu encontrei o meu.

Meu entorpecente é o fim.

Não há motivos para continuar lutando contra algo que nunca vai acontecer. Eu nunca vou ser o motivo do sorriso de ninguém. Eu nunca vou ser alguém brilhante, eu nunca vou fazer nada além. Não vou escrever um livro, não vou achar a cura para o câncer, não vou defender os inocentes, não vou ser nada. Tudo que serei, é uma eterna alma vazia que clama pela luz, ou... Pela escuridão.

Ao contrário das pessoas, eu sempre imaginei meu suicídio. E planejava escrever uma carta. No entanto, agora percebo, que ninguém a leria. Que ninguém derramaria uma lágrima lendo minhas últimas palavras escritas em uma folha de caderno. Ninguém suplicaria para meu retorno. Ninguém surtaria em meu funeral.

Agora percebo, que vivi esperando por alguém que me amasse, de qualquer forma. Eu sou alguém sem amor. E dizem que o amor move o mundo. A esse passo, vejo que não sou nada.

No ano que vem, ninguém mais lembrará de mim.

Eu lamento não ter sido uma boa filha. Uma boa irmã, uma boa amiga, uma boa aluna, uma boa amiga. Eu lamento não ter sido uma boa pessoa. Lamento não ter sido uma pessoa.

Agora só tenho meu passado. Esse é meu agora.

Minha manga parece subir por levitação. Na outra mão, uma faca de cozinha com uma lâmina afiada e serrinhas afiadas, cortantes e... Convidativas.

Ao passo que o corte anda, ao passo que a faca segue, ao passo que meu sangue jorra, ao passo que ouço os espantos ao redor. Ao passo que meu corpo cai. Ao passo que toco o chão. Ao passo que sinto, sinto meu fim, sinto minha morte. Dessa vez, eu cortei na vertical, e não na horizontal.

Meu melhor entorpecente, é a morte.

E naquela noite de sábado. Eu estava morrendo enfim. A última coisa que vejo, é o vazio cinza do teto do mercado. É aquela luz forte que bate em meu olho. É o rosto de Chandler clamando por ajuda. É o meu sorriso, clamando pela morte.

- Elle!! Fala comigo, não apaga! – Dizia ele, apertando forte meu pulso.

- Eu quero um cigarro.

Tome conta de mim, oh doce escuridão eterna.


Notas Finais


Bom, esse capítulo, e o próximo também, contêm uma linguagem confusa em questão de tempo, hora a narração é no passado, hora é no presente. Não foi erro gramatical, é assim mesmo, para passar o sentimento de confusão que existe na cabeça da personagem. Qual outra forma se saber o que tal personagem sente, senão sentindo o mesmo? Haha, obrigada pelo carinho de vocês, tem sido muito especial para mim. Adoro vocês. <3


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