História So Numb - Mentes distantes

Faltavam algumas semanas somente para o início das aulas. Eu não tinha nada a fazer até lá. Era estranho compartilhar de fato a casa com Megan e Chandler, principalmente por Chandler estar começando a me irritar com sua proteção toda sobre mim. Ele me observava dia e noite, como se eu fosse me matar a todo instante. Eu nunca estive acostumada com alguém me protegendo ou preocupado com o que eu poderia fazer, era desconfortável e ao mesmo tempo reconfortante.

Megan me disse então, que havia feito a matrícula de Chandler no terceiro ano da escola onde eu estudo, mas não ficaríamos na mesma turma. Ela disse que, seria bom vivermos unidos, como “irmãos”. Ah, tá.

Uma semana antes das aulas começarem, eram anunciados aos pais, por e-mail, do Acampamento Fim de Verão. Esse era o nome do acampamento de três dias que a escola proporcionava por um preço baixo aos alunos, em função de, o local ser do governo. O objetivo, era integrar os novos e os antigos alunos do ensino médio. Como era muita gente, cada ano ia em um período diferente.

 Havia atividades de lazer, como piscina, rio, tirolesa, trilha, essas coisas. Mas, era livre, podia ficar dormindo se quisesse.

Lá, podia-se dormir em barracas, ao ar livre, ou em cabanas que haviam na chácara que íamos, se necessárias, eram disponibilizadas barracas. Geralmente, somente as meninas podiam ficar nas cabanas.

Eu havia ido ano passado, e retrasado, mas achei, uma grande merda, pois eu sempre ficava isolada e acabava dormindo a tarde toda.

- Não quero ir. - Disse.

- Vai ser irado, claro que a gente vai! – Exclamou Chandler.

Acabou que, teríamos que ir, pois eu precisava me integrar e sair, meu pai falou até com Kiara sobre isso, e ela foi a favor.

Então chegara o dia, estavam todos os alunos do terceiro ano em frente à escola, havia muita gente nova, entre eles, Chandler, que chegou comigo e já foi centro de olhares de muitas garotas.

Eu senti que Chandler queria sair e conversar, ele era bem, falsamente sociável, o que eu admirava nele. Mas, ele não queria ir, pois, sentia que precisava ficar comigo.

- Eu vou procurar Isabelle. – disse, fazendo-o ficar faceiro, e assentir.

Eu saí de perto, mas fiquei sozinha, parada, com uma mochila nas costas e um ânimo de quem estava indo ao próprio funeral.

Logo, ouvi meu nome ser chamado atrás de mim, virei-me e vi Isabelle e Shawn. Senti um rebuliço no estômago, e não sabia nem o que fazer, apenas fiquei encarando eles.

- Oi Elle... Como você está? – Perguntou Isabelle me abraçando, olhei para Shawn que estava atrás de Isabelle, ele me olhou de volta e sorriu, sorri também.

- Bem. – Menti. – Vão sentar com quem no ônibus?

- Vamos sentar lá no fundo, vem com a gente! – Exclamou Isabelle.

- Ok. – Assenti.

Ficamos ali, havia muita gente em volta, Isabelle e Shawn conversavam com outras pessoas que estavam ao redor, enquanto eu estava parada, pensando na possibilidade de o ônibus capotar, pegar fogo e todo mundo morrer. Senti uma mão tocar meu ombro que estava desnudo em função da camiseta larga que acabou tombando parte da manga.

- Então... Por que veio com Chandler? – Questionou Shawn, pegando em sua mochila uma garrafa de água.

- A gente tá morando junto. – Shawn se engasgou e quase cuspiu a água. – Meu pai namora a mãe dele.

- Ah... Nossa... Que susto... Meu Deus! – Disse ele aliviado, dei uma risadinha.

Os professores fizeram as chamadas com base nas turmas que éramos ano passado. Cada turma tinha um ônibus.

Adentramos o ônibus, Isabelle estava à minha frente e de Shawn. Havia mais gente na frente dela, essas pessoas ocuparam os bancos do fundo e Isabelle sentou-se no último vago. Eu e Shawn nos entreolhamos, e acabamos tendo que sentar juntos. O que não era necessariamente necessário, já que ele tinha outros amigos.

No caminho, ele puxava assunto, e eu apenas respondia com palavras curtas. Estava me perguntando onde estava Chandler, até que o vi ficar de pé no fundo do ônibus para conversar com uma garota com curtos cabelos platinados.

A viagem demorava duas horas, eu estava cansada, então apoiei minha cabeça no vidro, mas não coloquei meus fones, pois, eu não tinha mais celular. E se tivesse, seria rude com Shawn.

Mais ou menos quando eu estava apagando, ou perto disso, meu corpo se impulsionou para o lado. Shawn havia me puxado para seu abraço, deitando minha cabeça em seu ombro. De início eu estranhei e fiquei meio travada, com certa vontade de recuar.

Porém... Foi só a brisa da janela trazer para mim seu perfume, que eu me perdi em delírio por ele novamente. Deitei minha cabeça de vez, respirando com prazer por poder sentir seu perfume novamente. Shawn sorriu ao perceber que eu havia cedido seu afeto e levou sua mão até minha cabeça, acariciando meus cabelos.

Sua boca tocou levemente minha testa, seus lábios que estavam secos se chocaram com a minha pele e me causaram uma sensação de anestesia espetacular.

Sorri com a cabeça baixa, esperando que ele não fosse ver, torcendo para que eu não dormisse e que pudesse sentir seu carinho e afeto até o final da viagem.

Por uma meia hora, a maioria da galera do ônibus estava quieta, talvez dormindo, mas, passou-se esse tempo, e a galera do fundo começou a tocar umas músicas chatas que todo mundo sabia cantar. Menos eu. Por que eu era um dinossauro naquele mundo. Poxa eu ouvia vitrola...

De repente, estava um fuzuê no ônibus e estavam brincando de “eu nunca”, com as garrafas de água mesmo. Shawn estava na cadeira do corredor, então ele estava conversando com o pessoal, me meti para integrar com a galera também, e não começar o ano letivo, sendo a estranha psicopata.

Eram centenas de revelações, descobri que Isabelle não era mais virgem (em nenhum buraco) e isso me deixou surpresa, pois ela fazia uma pose de menina certinha, e era meio que... Fachada.

Também descobri que, 90% do pessoal do ônibus já tinha experimentado algum tipo de droga, que fosse só uma vez. Haviam poucos nos 10% puros, um deles era Shawn.

- Ei! Vamos brincar de verdade ou desafio! – Gritou um garoto.

- Mas como? Não dá pra girar nada aqui. – Respondeu outro.

- Ah, vamos por sorteio. Temos nosso número de chamada, tá no crachá, é do 1 ao 32, a gente só sorteia e vai! – Disse uma garota. Todos concordaram, e pediram para o motorista dizer um número, assim começou.

Resumo da brincadeira: beijo. Tinha um monte de gente se beijando, até Chandler beijou duas garotas, que eram um tanto quanto semelhantes. Eu fiquei um pouco nervosa ao vê-lo beijando alguém, talvez por ele ser meu “irmão”. Não sei. Mas fez-me ficar com mais vontade de jogar.

Isabelle gritou um número, e Shawn levantou sua mão.

- Mentira! Sério que é seu número? – Perguntou Isabelle. Ele assentiu. – Tá, verdade ou desafio?

- Desafio.

- Ah, é meio óbvio. Eu super shippo vocês, então, eu te desafio a dar um amasso na Elle... Tem que ser amasso mesmo.

Shawn se virou me olhando com um sorriso bobo e malicioso, antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, todo mundo começou a gritar, então, ele veio para cima.

Seus lábios estavam ferventes, e com um gosto de chiclete, suas mãos respeitaram meus limites, mesmo que nossa posição o proporcionasse colocar a mão em vários pontos do meu corpo, permaneceram na cintura.

Ele não me largava, eu acho que já tinha perdido o ritmo, sentia meus lábios inchando e fervendo de calor, mas mesmo assim, tínhamos total submissão um sobre o outro.

Nos soltamos enfim e nos olhamos com malícia. Era estranha a forma que funcionávamos, ambos éramos submissos e ambos liderávamos. Éramos duas partes exatas de um quebra-cabeça fisicamente...Nossos corpos funcionavam bem juntos. Mas... Por que nossas mentes viviam tão distantes?