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História So Numb - A melhor parte de mim, se desfazendo de mim.


Escrita por: Xmoniqu3

Notas do Autor


oi meus amor, o problema era o Chrome, por alguma razão, ele tava bugando tudo o spirit. Quem já veio a se comunicar por chat por mim, pôde perceber que ele era bugado... Amo vocês <3

Capítulo 46 - A melhor parte de mim, se desfazendo de mim.


Querido diário.

 

Hoje completa a segunda semana que eu estou aqui. E eu não aguento mais. Andar pelos corredores, passar pela consulta psicóloga, tomar tranquilizantes todos os dias, tomar banho em um banheiro com centenas de boxes... Eu não me sinto confortável. Eu sinto que estou sendo sufocada, por uma maré de coisas ruins. Ser tratada como alguém louco, é pior do que ser tratada como ninguém. Eu preferia voltar a ser apenas uma aluna que passa despercebido por todos, a estar aqui.

As aulas estão rolando na escola, e eu não estou lá. Imagino as espécies de comentários que devem rodear minha imagem.

Recebi um buquê de flores em um tom vermelho desbotado, mas não tive coragem de olhar o cartão. Só de pensar que pode ser de Shawn, meu coração palpita e meu estômago se desvira. Ao passo que eu já sinto vontade de morrer.

Eu juro, eu estou tentando melhorar. Mas eu não consigo. Não quando, em minha mente, eu só penso no que passa lá fora.

E quanto mais tempo eu passo aqui, mais eu me sinto mal. Cada dia é um dia mais próximo do meu fim. Cada suspiro sai de mim com peso.

A solidão é o melhor para mim. Embora sozinha eu me sinta sufocada. E é isso que está me incomodando tanto, eu estou me sufocando em mim mesma, me afogando na imensidão do rio de minha melancolia.

Cada consulta é um peso para mim e para Johnny. Eu não consigo responder as perguntas que ele faz, eu não consigo dizer uma só palavra. São três horas semanais baseadas em silêncio.

Tem um espelho no banheiro, estou sinceramente perdendo as forças de olhar para mim mesma. Eu pareço um defunto, com olheiras enormes, decorrentes das noites em claro que venho passado.

Eu não durmo bem, uma hora por dia mais ou menos. Eu simplesmente não consigo dormir aqui.

Eu estou perdendo a capacidade de comer, e isso está me tomando mais peso, eu estou aos poucos me tornando esquelética. Minhas pernas já afinaram um tanto, e é possível enxergar meus ossos até por sobre uma camiseta colada. Em minhas costas, é tatuado perfeitamente o alto relevo de minha espinha dorsal.

Isso não é uma opção minha, eu não sinto fome, e quando olho para comida, uma enorme ânsia toma conta de mim. Como o mínimo do mínimo para não jogar tudo fora. O resto, Lauren e Freddie fazem questão de comer.

 

A caneta falhou, dei uma chacoalhada, no entanto, a minha fraqueza fez a mesma cair. Abaixei-me para pegar, logo vendo uma mão entrar em meu campo de visão, subi o olhar e vi Johnny, com a caneta na mão.

- Que bom que está escrevendo, Elle. – Ele sorriu entregando-me a caneta. – Eu preciso falar com você.

- Fala. – Peguei a caneta e prendi na lateral do diário.

- Você tem visita. – disse ele. – Quer ir?

- Sabe me dizer quem é? – Senti meu estômago vazio embrulhar-se e uma sensação de mal estar subir por entre minha garganta.

- É um garoto... Não sei dizer se é amigo... Namora...

- É meu amigo. Meu único amigo.

- Seu amigo?

- É. Posso vê-lo?

- Claro. – Ele abriu passagem. Coloquei o caderno no bolso incrivelmente grande do casaco que eu usava e caminhei junto de Johnny até a sala de visitas monitorada.

Johnny abriu a porta e eu o vi ali, sentado, com os cabelos para cima, bagunçados por talvez um vento, usando um casaco de moletom solto, com seu piercing no septo.

- Vou deixa-los a sós. Mas eu posso ver o que acontece. – Disse Johnny, assenti e ele saiu da sala.

Chandler se levantou ao ver-me e ficou com seus lábios comprimidos. Ele olhou fundo para meu rosto, para o meu cabelo, rodou os olhos pelo meu corpo e deu espaço a uma expressão um pouco deprimida.

Eu tentei dizer algo, ou fazer algo, mas antes que e juntasse forças para tentar algo, Chandler caminhou até mim em passos lentos e me abraçou, rodeando seus braços na altura de minha clavícula.

- Deus... O que fizeram com você. – murmurou ele, senti a brisa de sua boca bater em meu cabelo.

Deitei minha cabeça em seu peito e acabei por me desmoronar em seus braços.

- Eu estou com medo. – Murmurei. – Eu quero sair daqui.

Eu queria abraça-lo com mais força, mas eu já não a tinha, eu apenas o apertava contra mim, o máximo que dava, com quase a intenção de nos fundir em um só.

O conforto de seu abraço fez em mim o que jamais nada pôde fazer, eu me senti presa em uma camada protetora, uma prisão da qual eu faria questão de viver para sempre. Seus batimentos cardíacos calmos serviam de música para sua cadeia de braços que me deixou tão anestesiada e confortada, nem que fosse por dois minutos.

O senti recuar levemente entre algumas fungadas, e o senti se afastar. Antes que seu corpo destocasse o meu por completo, juntei toda minha força inválida para trazê-lo de volta.

- Não me solta. Por favor. – Murmurei entre minhas lágrimas que umedeciam o tecido macio de sua roupa.

- Não vou. – Disse ele de volta, depositando um beijo no topo da minha cabeça.

Eu não conseguia usar nenhuma palavra, eu apenas chorava de uma forma discreta por entre seu perfume, o sentindo acariciar meus cabelos que pareciam se emaranhar em suas mãos magras.

Não sabia dizer o que era, mas eu me sentia mais segura em seus braços do que em qualquer outro lugar, se houvesse descoberto isso antes. Teria o agarrado para nunca mais soltar.

- Você parece cansada. – Soou sua voz baixa, com seu queixo apoiado na minha cabeça. – Precisa descansar.

- Não consigo.

- Você precisa ser aqui, mais forte do que lá fora.

- Não dá.

Chandler permaneceu em silêncio, soltou-me lentamente e entrelaçou seus dedos aos meus, distanciando nossos corpos. Foi como separar um imã. Precisava dele perto de novo. Chandler deu uma circulada em mim com os olhos, então cruzou seu olhar ao meu. Ali vi seus dois planetas azuis se transbordarem de lágrimas, deixando algumas escorrerem.

Ao soltar minhas mãos, ele desamarrou um cordão de seu braço, puxou meu pulso e subiu minha manga, pude ver melhor que tratava-se de uma pulseirinha de macramê feita com um sisal velho.

- É pra você ter um pedaço de mim aqui dentro. – Disse ele, observei a pulseira e tive meu rosto erguido para cima pela sua mão. – Só pra você se lembrar, que não está sozinha.

O abracei de novo, querendo não largar mais.

Nos desprovemos de palavras, deixamo-las para depois. Prevalecia ali apenas nosso abraço.

Eu queria dizer tantas coisas, na verdade. Mas, o que eu poderia dizer nesse estado? Que eu queria ir embora? Que eu preferia estar morta que viva? Que eu estava morrendo aos poucos? Às vezes temos que nos desprover de palavras, principalmente quando elas já foram tantas vezes repetidas pelos seus lábios.

Percebi que a câmera havia sido desligada, talvez Johnny percebesse que eu precisava mesmo de privacidade. Ela se apagou.

Então, subi meu rosto e puxei Chandler rapidamente para um beijo. Um beijo molhado, por nossas lágrimas.

Eu suplicava pelo sabor de seus lábios da mesma forma que as plantas suplicavam pela iluminação do sol.

No entanto, Chandler se recusava a me beijar, ele destocou nossos lábios e tornou a chorar em minha frente. Murmurando diversas vezes “não dá”... Daria sim... Era só ele querer. Era só ele precisar.

O tempo passou rápido e logo um sinal tocou dentro da sala, vendo a porta se abrir e dali entrar Johnny.

- Sinto muito, mas o horário acabou.

- Não, mas a gente tem mais tempo... – Murmurei. Apertando mais a silhueta de Chandler.

- Infelizmente não.

- Tudo bem, eu volto assim que der. – Chandler tirou meus braços de si.

- Não, por favor, Chandler. Por favor, não me deixa. – o abracei com toda minha força, e quando me dei por conta, meu corpo já desabava ao chão, como uma criança agarrada à perna do pai.

Entrou um guarda e começou a puxar meu corpo para longe.

Ali, percebei que minha voz se esvaia, eu mal conseguia gritar. Queria berrar para Chandler ficar, mas minha voz sumia.

- Eu volto, eu prometo. – Disse Chandler. E Então, se afastou, saindo da sala. Mas antes, ele me olhou fundo, tão fundo que seu olhar atravessou minha alma. – Largue um foda-se para todas as coisas ruins, garotinha.

Ao vê-lo indo, senti que um pedaço de mim era arrastado para longe.

Tive que ver a porta se fechando de fato e o vendo chorando, indo para longe pela janelinha da sala, para entender. Aquela pulseira e aquele olhar, o abraço, o beijo, todo aquele sentimento pesado que nos tomava...

Ele estava se desfazendo de mim aos poucos. A questão era só uma: Por quê?


Notas Finais


Então, demorei acho que dois dias... Estou um tanto mal, um tanto instável.
Desculpem-me destacar, mas preciso saber...
O último capítulo teve uma notória queda nos comentários... Fiz/disse algo que desgostaram? Ou estão desgostando da história? Preciso saber, se algo está errado, tenho que consertar.

Beijos, Feliz Páscoa. E, sempre que possível, demonstrem o que sentem para aqueles que vocês amam. Sempre que possível, lembrem à aquela pessoa especial, o quanto ela vale a pena. Às vezes, simples palavras positivas, ou um simples cumprimento pode evitar atos maiores. Nós nunca sabemos como os outros se sentem, principalmente aqueles que não conseguem se abrir. Ele pode demonstrar estar bem, mas manter um desabamento interno. Às vezes, só precisamos que nos escutem. Porque, todos nós valemos a pena. :D


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