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História So Numb - Epílogo


Escrita por: Xmoniqu3

Capítulo 55 - Epílogo


Há livros e histórias, que finalizam com a morte. Muitas vezes, romances, em que em seu epílogo, a morte de um dos lados está presente. E, muitos autores romantizam a morte, sendo ela uma coisa bonita. Mas, a morte, realmente é uma coisa bonita... É o fim de um caminho que só podia seguir esse destino. E, a romantização da morte, aparece quando o motivo dela, é o amor.

No entanto, eu não morri de amor. E nem morreria. Morreria pela falta dele.

E amor. Não é apenas o que eu vivo atualmente, amor, é o que existe na família. Entre irmãos, entre amigos, com um bichinho, com algo.

Enfim, esse, é o epílogo da história que eu contei. Mas, não é o epílogo da minha vida. Só o destino sabe o que vem pela frente, e se é que ele sabe.

As coisas na minha vida, parecem enfim ter um rumo. Eu pareço enfim seguir minha jornada de pé, e não, rastejando como estava fazendo.

Ao fim do ano, Chandler e eu pegamos duas mochilas e fomos passar o natal em um lugar mais confortável que a nossa casa.

No caminho de tudo isso, fizemos coisas loucas, usamos drogas, passamos mal, bebemos enquanto chorávamos dentro de um hotel de estrada, fomos à um motel; e nunca mais iremos. Mandamos meio mundo se foder em todo lugar que íamos, compramos uma câmera, e agora, colecionávamos fotos até de momentos íntimos.

No natal, não trocamos presentes, trocamos amor. Trocamos aquilo que mais tínhamos no momento, e pela primeira vez em nossas vidas.

Dizem que os casais mais unidos são aqueles que mais brigam. Claro, todos relacionamentos tem crises. Mas, dois caras fechadas juntos... Xingamentos nem eram mais xingamentos.

No ano novo, tínhamos planos de ir correr pelos bairros gritando e soltando bombinhas para simular um tiroteio e todo mundo se assustar. Mas, Chandler pegou uma virose e passou a virada do ano vomitando.

 

Voltar para a escola, foi um ato que me exigiu coragem. Eu era fruto de ódio, de pena, de confusão. No entanto, eu parei de ligar para o que eles achavam. Pois, não foram eles que passaram pelo caralho que eu passei.

Perdi todo um semestre, e tive que estudar pra cacete para retomar o conteúdo perdido, e fazer uma prova para eu ter pelo menos um pouco de nota em meu boletim.

Chandler foi comigo no meu primeiro dia. Nos encontramos no intervalo, e ele estava enfurecido.

- O que houve? – lhe perguntei.

- Ah. Eu odeio matemática. – disse ele.

E assim, ele mandou o professor enfiar a Bháskara no “orifício anal”, jogou o caderno no chão e saiu da sala. E, da escola.

Ah, ele não tem futuro garantido? Eu acho o contrário. Ninguém precisa de uma vida acadêmica, e eu vejo isso, todos os dias, quando o vejo.

Cortar laços com a família foi outro ato que me foi difícil. Me exigiu força. Pois, quando você corta esses laços, você corta quase uma vida inteira. No entanto, antes de partir, eu passei tudo em branco para os meus pais. Cara a cara.

Não, não pedi desculpa. Não pedi, pois a culpa pela minha “malcriação”, não é minha. Então, disse tudo que me estava entalado na garganta para aquela que um dia chamei de mãe. Nenhuma de nós chorou. Na verdade, eu tentei resolver as coisas como uma adulta, mas ela, gritou e começou a fazer fiasco como uma criança. Apenas dei de ombros.

Joguei cartas brancas com meu pai. Fui sincera sobre a falta que ele me fez, e a dor que seu amor estranho me causou.  Mas, que assim como até as feridas fundas... Sarou. O mesmo se desculpou por não ter sido tão presente como deveria, e ele disse, que se pudesse, mudaria tudo que passou. Pois é  pai, infelizmente. Não dá.

Quanto a Dakota, nosso elo cortou-se a muito tempo. E é algo que, nem se forçasse o máximo possível, seria possível reverter. Uma pena, perder uma irmã. Alguém que é sangue do meu sangue.

E dar as costas àqueles que te colocaram no mundo, é maior ato de egoísmo. Eles que te deram comida, eles que te sustentaram...

Errado. Totalmente errado.

Cumpriram com a obrigação de serem pais e terem filhos.

Revi Shawn umas duas vezes depois que saí da internação. E na verdade, foi mais tranquilo do que eu pensei. Ele na verdade, não conheceu nenhuma pessoa, e não me deu um fora porque não me amava mais. E sim, por que ele nunca me amou de verdade, eu era só mais uma, do qual ele aprofundou o elo.

Acho que Shawn nunca terá um relacionamento concreto, eu nunca entendi e nunca entenderei o porque de, se ele não gostava de mim, continuar tentando.

No fim de tudo, consegui me formar no ensino médio ano passado. E na verdade, agora, eu estou mais perdida que não sei o que.

Já que eu completei 18, e Chandler 19, juntamos o pouco de dinheiro que tínhamos e nos mudamos para mais perto do litoral. Foram tantos anos vivendo do lado gélido, que agora, o que queríamos, era sol, mar, e uma brisa boa para levar nossas lágrimas para longe.

A gente mora em um apartamento minúsculo. Mas, não precisamos de muito para estarmos bem.

Arrumei um emprego no centro de cultura, eu trabalho, originalmente na biblioteca, mas, direto faço bicos contando histórias improvisadas para turmas de colégios que vem para cá, e umas duas vezes, encenei uma peça, que não ficou tão ruim. O salário não é lá ótimo, mas, dá pra sobreviver.

Chandler pega o violão e vai tocar na beira do mar, todos os dias. Além de vender artesanato, umas pulseirinhas de sisal, que todo mundo que vem para essa cidade, compra de lembrança.

Somos duas pessoas perdidas da vida.

Pretendo fazer faculdade de psicologia. Para poder ajudar outras pessoas, outros jovens que estejam passado por tudo que eu passei.

Aí, me perguntam, o que é o amor?

Há uns meses atrás, eu diria, que é uma bobagem. No entanto, hoje eu posso responder.

Amor, não é fazer planos de um grande casamento e de filhos. Pelo menos não para mim, pois:

A: Não temos dinheiro para um casamento. E na verdade, a gente não precisa de nenhum papel pra dizer aquilo que a gente já sabe.

B: Os problemas com drogas de Chandler, meu vício em cigarros, - eu nunca vou largar – e meu período de anorexia nervosa (inconsciente), nos deixaram um pouco... Estéreis. Não que nunca poderemos ter filhos. Mas, as chances são pequenas. Nossos corpos são duas bombas mal feitas.

Amor, não é um curar a dor do outro. Na verdade, é compartilhar as duas dores, assim aumentando. Somos condenados a sentir isso. Mas, juntos somos mais.

Amor é ter crises existenciais juntos, é entrar na banheira quente e chorar aos berros. “Eu devia estar morta”, “Eu também”.

Amor, é fazer coisas loucas, mas fazer juntos. Beber, e talvez fazer tatuagens indesejadas... Como tatuar uma seta na nádega esquerda. Estávamos bêbados. Sério.

Amor, é enlouquecer um pouco a cada dia, é surtar, e surtar mesmo.

Amor é tantas vezes querer e quase desistir. É guardar uns bons comprimidos em uma caixinha de “última escolha”.

Amor, é o que eu tanto desprovi durante a vida toda, mas hoje tenho e tenho de sobra.

Amor, é o penhasco no mar do qual me joguei, e no fundo, encontrei o brilho dos peixes da zona abissal.

Amor varia de gente pra gente, de sentimento pra sentimento, de intensidade pra intensidade.

Nem todo amor é assim. Na verdade, a maioria dos amores não tem a morte em seus planos.

O ponto, é que somos um casal errado, nascemos errados, somos loucos, insanos, suicidas. Mas, somos dois, somos mais.

Claro que, não. Não somos felizes. Considerando sempre, que a felicidade é algo tão momentâneo quanto um fogo de artifício. Nós temos nossas falhas e nossas dores do passado, temos nosso álbum de lembranças que é sangrento por si só. Algumas feridas não saram, mas ao menos, param de doer. Até porque, toda dor que possa vir, é rapidamente levava pela maré violenta dos olhos azuis de Chandler.

E ao fim de tudo, entre as fumaças do meu cigarro, entre nossos beijos e nosso amor louco e suicida, eu encontrei meu entorpecente.

Chandler é o melhor entorpecente que eu poderia encontrar.


Notas Finais


Primeiramente, eu queria claramente agradecer aos comentários e favoritos, a todos aqueles que guardaram nem que uns minutos para ler cada capítulo. Àqueles que se emocionaram e se sentiram tocados pela história. Vocês a fizeram crescer e me fizeram evoluir. Criei um legado não de fãs, não de leitores, mas sim de amigos. Amo cada um de vocês.
E agora, eu queria dizer, que a história que vocês acabaram de ler, é uma história real. Existem Elle’s por todos os lugares. Talvez seja aquele seu colega, que senta no fundo da sala, que faz piada de tudo. Depressão é uma coisa extremamente séria, e a Elle foi só mais uma adolescente que sofreu com isso.
Infelizmente, algumas histórias não acabam como a da Elle. Algumas dessas histórias têm um real fim. O suicídio.
E não se trata de egoísmo, não se trata de culpa de alguém, não se trata de fraqueza. Se trata de ter chego ao seu limite. De saber que chegou o fim, de não sentir mais viver. Se trata de “uma última saída”.
Vivemos em uma realidade cujo os cientistas afirmaram que a depressão é o mal do século. Mas, os adolescentes e jovens são incompreendidos. Simplesmente pelo fato de sermos jovens, a sociedade nos diz que não podemos sofrer. Não, nós não podemos nos sentir mal, não podemos chorar. Mesmo, sabendo que a adolescência é a fase mais tendenciosa de suicídio.
E vocês sabiam, que os suicídios não são expostos? É. Aí achamos que não existe, pois a gente não vê nenhum caso no jornal nacional. Eu já ouvi de suicídio de mais de 5 pessoas jovens que, não eram próximas a mim, mas eram próximas da minha realidade. É. Isso existe, não é só um conto.
Pessoas em depressão estão constantemente gritando por ajuda, mas, nós só ouvimos seus sussurros, por ignorância. Talvez ela não use tanta maquiagem só porque ela gosta. Talvez ele não esteja brincando quando faz piada sobre sentir-se mal. Talvez ela não seja tão magra por genética. Talvez chama-lo de idiota realmente o machuca. Talvez a roupa, talvez o cabelo, talvez o jeito, a fala, os modos. Talvez sejam gritos, gritos de socorro de alguém que precisa de ajuda.
Quantos mais suicídios vão ter que acontecer para as pessoas se tocarem que não se trata de uma besteira?
Tudo que eu lhes digo. É que Elle, a personagem que eu criei, não foi somente mais uma personalidade aleatória que eu criei. Ela foi um alter-ego meu. Não, não foi tudo fictício. Não, eu não passei exatamente pelo que ela passou. Mas, quando liam todos aqueles pensamentos que vocês citavam serem profundos, estavam lendo os meus pensamentos.
E eu, que não sou meramente ninguém, apenas mais uma pessoa no mundo, me abri de uma forma absurda para mais de 147 pessoas que eu nem sequer conheço. Com que intuito? Chamar atenção? Não.
Apenas fazê-los ver o outro lado da moeda. O lado de quem escuta aquelas ofensas. O lado de quem é rejeitado. O lado de quem finge sorrisos para não passar tanta negatividade. O lado de quem está se destruindo.
Se você conhece alguém. O ajude. Converse.
Se você é esse alguém. Se abra para alguém. Nem que seja um desconhecido. Mas não. Não pense nisso. E se você é esse alguém, sabe o que eu digo, quando cito “nisso”. Pois foi a primeira coisa que veio a sua cabeça.
Lembre-se sempre. Você vale a pena.

Por último, antes de ir... Não. So Numb não terá uma segunda temporada, pois não terá sentido. Se quiser ler mais da minha escrita, tenho outras histórias no site, e, estou prestes a publicar “Meu Amigo Charlie” uma história de minha total autoria inspirada em So Numb. Porém, com a realidade. Pois So numb, ainda assim estava surreal demais. E em físico, terá uma continuação, “Os Incompreendidos”, que é como se fosse um “spin-off”, se liga à Meu Amigo Charlie, mas não é uma sequência direta.
Até mais ver, amigos.


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