História So Numb - A melhor companhia

- Uh, droga! – Exclamei, apoiando-me em minhas pernas, com as costas corcundas, recuperando o fôlego após mais uma partida de “Just Dance”, mais uma que eu perdia.

- Você precisa movimentar mais esse “corpitcho”. – Shawn me deu um cutucão na cintura, fazendo-me ter um espasmo e, em função da posição da qual me encontrava, cair desajeitadamente no tapete felpudo do quarto de Shawn. – Olha, você é muito leve, ou eu que sou muito forte? – Disse ele, dando risada e estendendo a mão para me levantar.

- Nenhum dos dois. Você é feito de água e eu de fogo. Um não toca o outro. – Citei, rindo entre respirações fortes. Shawn ficou sério e meneou a cabeça para um lado. Olhando-me com a cabeça torta. – O que foi?

Já estava em pé, e ele ainda segurava minha mão. Agora, dando um passo a frente e ficando próximo à mim. Fiquei nervosa só de pensar no que ele poderia talvez, por um acaso estar em pensando em fazer. Então desviei a atenção para evitar danos futuros.

- Vamos mais uma! Dessa vez eu ganho! – Exclamei, tomando controle do Kinect, movimentando meus braços para ativa-lo. – Qual música você quer?

Os braços de Shawn começaram a movimentar-se, para tomar o controle.

- Ei!! Me deixa fazer isso, é legal...

- Okay. – Disse ele, sorrindo para mim.

- Tá, escolhe uma música aí. – Comecei a analisar as músicas disponíveis.

- Qualquer uma.

- Se não escolher, eu vou escolher.

- Pode escolher meu bem. – As suas duas últimas palavras me fizeram ter um solavanco em meu sistema nervoso, de forma com que eu tivesse um espasmo e parasse de raciocinar por um instante. – Where have you been? Sério? Essa música é difícil pra caralho!

- Eu também. – Me engasguei.

- Também o que?

- O que?

- O que o que?

- Das qual é que é?

- Elle, você é doida. – Disse ele, soltando uma gargalhada fofa. Sorri de volta.

Dei play no jogo, e começamos a coreografia. Realmente, era muito difícil, eu não sabia nenhum dos passos, pois nunca tinha visto aquela coreografia do jogo, Shawn já, ele pelo menos sabia como eram os passos, sua pontuação estava muito mais elevada que a minha.

De repente, ele começou a errar os passos, e então, subiu em meu sangue, uma adrenalina louca, e eu dei início a uma série de pontos recebidos, por passos corretos. Dei liberdade a várias gargalhadas que surgiram ao ver minha pontuação aumentar e parar de escutar Shawn dizendo “sua molenga!”.

Chegou a uma parte da coreografia, em que era necessário abaixar-se, e então, de joelhos, abrir os braços. Quando o fiz, Shawn estava perto demais, meu punho bateu com tudo na sua cara, e com a porrada ele foi para o lado, por impulso. Parei de dançar e me apoiei nele.

- Meu Zeus! Me desculpe! – Exclamei, mas Shawn não parecia mal, do contrário, me olhou com um sorriso malicioso no rosto. – Tá tudo bem?

- Tudo ótimo! – Ele pulou em cima de mim, que estava abaixada junto a ele no chão. Acabei deitada em seu tapete, com suas pernas ao redor de mim, seu tronco sobre mim, e suas mãos em minha barriga, fazendo-me cócegas torturantes. Dei início a uma série de risadas, misturada com gritos, somados a soluços. Ele ria junto comigo.

Seu corpo foi posicionando mais para cima, fomos moldando, indiretamente, uma posição favorável. Suas mãos pausaram, e a pressão causada pelos seus dedos (cócegas), foi pausada também. Ele me olhava fundo. O olhei da mesma forma.

Uma de suas mãos foi por trás de meu pescoço e emaranhou-se em meus fios de cabelo, seu rosto se aproximou com rapidez, e senti seu corpo se chocando contra mim, fazendo-me deitar no chão. Juntamos nossos corpos da mesma forma que juntamos nossos lábios, em um beijo estranho, e que parecia não se encaixar. Mas de mesma forma, não pausava.

Estranho era pensar que eu queria que ele me soltasse, já estava quase sem fôlego, e um de seus dedos realmente estava emaranhado em um fio meu, estava puxando da raiz, na nuca. Aquela dorzinha agonizante no couro cabeludo estava me irritando um pouco...

De repente, fomos interrompidos (Amém) por um trovão, que fez um tremendo estrondo (obrigada Thor), nos assustamos e pausamos o beijo. Shawn me olhou sorrindo e disse:

- Puta merda, tem roupa no varal. – Que romântico.

Nos levantamos rápido e fomos recolher as benditas roupas que estavam estendidas no pátio da casa de Shawn.

A chuva estava muito forte, e não demorou muito para nos molhar, e transformar a grama em um tremendo barro. Faltavam apenas algumas peças de roupa, Shawn pegou-as e jogou para a janela do segundo andar, e ainda acertou.

Eu ia correr para a porta dos fundos, mas de repente, dei de cara com o chão. E não foi por acaso.

- Seu desgraçado! – Exclamei ainda deitada na lama.

- Você fica linda suja.

- Vai se catar! – O puxei para o chão, a minha ideia era começar uma briguinha. Mas não deu certo, essas cenas aí não são pra todo mundo, na vida real, o boy é mais forte que a gente.

- Que otária... – Disse ele, rindo da minha fraqueza e me ajudando a levantar.

Entramos para a área de serviço rápido. Ele começou a tirar suas roupas depressa e coloca-las na máquina. Ficando apenas de cueca na minha frente. Então, olhou-me com uma expressão maliciosa. Eu sabia o que ele ia dizer.

- Não. – respondi antes de ele dizer qualquer coisa.

- Qual é? Vai ficar suja até a hora de ir embora? Eu empresto minhas roupas. – Sugeriu, ainda sorrindo. – Não vou nem te olhar, vou para o outro lado.

Ele realmente foi, foi para trás de uma porta. Tirei as roupas, ficando apenas com roupas íntimas. Prendi meu cabelo para parar de pingar um pouco e então me enrolei em uma toalha que estava pendurada ali.

- Pronto... – Exclamei.

- Ok. – Ele ligou a máquina e então eu o segui até seu quarto.

Shawn me emprestou uma camiseta com o símbolo das relíquias da morte (Harry Potter), era sua camiseta mais comprida. Emprestou-me também uma cueca boxer, para servir de shortinho, por cima da calcinha mesmo, pois nenhuma de suas calças ia caber nas minhas pernas finas, quanto mais parar em minha falta de quadril.

- Que fofinha... – Disse ele, aparecendo no quarto, já vestido, havia acabado de sair do banho.

- Obrigada... – acabei ruborizando, senti meu rosto esquentar como uma comida no micro-ondas.

- Ainda é cedo... Quer fazer algo? – Instigou, senti a indireta que sua cara maliciosa carregava.

- A gente podia ver um filme. – Citei.

- Ah, um filme, é? – Ele abriu um sorriso de orelha a orelha e veio em minha direção, colocando suas mãos na minha cintura.

- Eu realmente só quero ver um filme... – Disse, cortando o barato, sem querer. Sério.

Na verdade, acabamos dormindo no sofá.