História Só talvez. - Explication.

/Esclarecimento-Explicação/

◤ato de explicar(-se), de tornar claro ou inteligível; esclarecimento.◥

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Sentei-me no sofá um pouco inquieto. Bem, "um pouco" talvez não seja a expressão certa a se utilizar, já que estou a ponto de quebrar todos os móveis de casa. Não sei o que fazer, não sei o que pensar, não sei qual a decisão certa a se tomar. Ir atrás dela é a melhor decisão, mas o que eu deveria falar? Ela não quer me ouvir. E eu ainda nem se quer sei o que aconteceu. Emy está sentada no meu sofá, o sentimento de culpa é nítido, mas isso não está me afetando nem um pouco. A única coisa que quero é gritar com ela, e estou me controlando muito para não fazer isso. O estranho é que por mais que eu esteja com irritado, não consigo acreditar que ela tenha culpa em algo.
—Certo, Emy. — Falei em um suspiro. Tranquei a porta e caminhei até o sofá em frente ao dela, sentando-me. — Pode me explicar o que aconteceu?

Emy levantou o rosto e me olhou incerta, reprimindo os lábios. Ela suspirou e passou a mão pelo rosto, em seguida acenando positivamente com a cabeça.
—Eu sai um pouco mais tarde do trabalho, então acabei me trocando lá e vindo direto para cá. Eu estava um pouco... com medo, não sabia como deveria agir ou o que deveria fazer. — Começou, parecendo ter cuidado com cada palavra que usava. — Coincidentemente, encontrei Louis, que já é um conhecido meu. Ela tentou me ajudar, dizendo que eu deveria tentar algo, já que se o encontro séria na sua casa, provavelmente você não iria apenas conversar.

Eu olhava tudo abismado. Louis realmente tinha colaborado com tudo isso? Ela era o culpado de tudo?
—E, bem, eu concordei. Você aceitou tão rápido o meu convite, pensei que realmente queria algo. — Falou baixo. — Eu subi até seu apartamento e Louis ficou me esperando, disse que quando eu voltasse poderia me dar uma carona até em casa, já que provavelmente eu ira voltar tarde. 

E estranhamente algumas coisas começavam a se encaixar. O porquê de Louis estar no estacionamento, o motivo pelo qual Emy havia me beijado e vários outros pequenos detalhes finalmente faziam sentido.
—Eu estava nervosa demais. Fiquei esperando no corredor você chegar e quando chegou eu simplesmente não consegui pensar direito. — Falou com a voz trêmula. Por algum motivo eu realmente estava acreditando no que Emy falava. Ela realmente não parecia o tipo de mulher que faria isso, tanto que foi exatamente por isso que pensei em apresenta-la a Aurora. — Quando você abriu a porta, eu apenas agi por impulso. Harry, eu...

Emy fez uma pausa, respirando fundo. Toda raiva que estava sentindo dela havia ido embora. Eu estava me sentindo muito idiota por acreditar nessa história tão rápido, mas apenas com o pouco que conheci de Louis, já pude acreditar no que ela falou sobre ele. 
—Eu não sou assim. Eu não faço coisas desse tipo. — Falou, com os olhos levemente lagrimejados. — Eu sinto muito por ter te dado essa visão de mim. Eu posso tentar explicar algo para aquela mulher que estava ali. Ela era sua namorada, certo?

Nem mesmo por um segundo acreditei que se Emy falasse com Aurora, ela poderia entender tudo. Queria eu poder explicar, queria que ela pudesse confiar em mim, por mais que eu saiba que não sou a pessoa mais confiável do mundo. Quero fazer com que Aurora confie em mim o suficiente para saber que se coisas assim acontecerem, tudo será apenas um mal entendido. 
—Não, ela não é minha namorada. — Murmurei, suspirando. — E você não precisa se preocupar, Emy. Eu mesmo vou falar com ela. 
Emy apenas acenou com a cabeça. 
—Pode me levar para casa? Acho que eu já causei problemas demais por uma noite. — Falou, sorrindo fraco. 

Balancei a cabeça em confirmação, dando-a um sorriso reconfortante. Eu realmente não conseguia culpar Emy pelo que havia acontecido.

A noite passou rápido. Após levar Emy para sua casa, que por sinal fica no outro lado da cidade, voltei para casa e fui direto para a cama. E, de forma esperada, passei toda a noite acordado. Tinha apenas em mente explicar a Aurora sobre o acontecido. Tentaria fazer isso amanhã mesmo quando fosse ao Café, mesmo se ela tentasse me evitar. Eu ainda tinha uma chance de concertas as coisas, não poderia desperdiçar essa oportunidade e jogar fora todos os cinco meses de preparação e esforço.

Na manhã seguinte, eu levantei cedo e tomei um banho demorado. Ontem acabei indo dormir sem tomar banho, hoje acordei me sentindo completamente sujo. É uma sensação terrível. Me arrumei rápido, porém dessa vez não vesti meu casaco. Havia percebido apenas hoje que tinha esquecido ele no pub ontem, junto com meu celular. 
Após trancar a porta do apartamento, desci pelas escadas dos fundos até o estacionamento, onde entrei no carro e dirigi até o Coffee's Joe. Estávamos no final de novembro, se os dias estavam frios imagino o quão pioraria agora com a chegada de dezembro. Estranhamente eu não tinha planos para o natal ou o ano novo. Florence havia me falado que tinha deixado seu casamento para dezembro para poder celebrá-lo junto ao natal, que, segundo ela, era a melhor época do ano. 

Hoje era sexta-feira, consequentemente o trânsito estava lento e as pessoas estressadas. Bem, mais estressados que eu, dúvido que eles estejam.

Deixei o carro no estacionamento e fui até o Coffee's Joe, mas para minha tristeza já eram sete horas e Aurora não estava lá. Olhei por todo lugar, até mesmo nas mesas que ficavam mais afastadas, mas ela definitivamente não estava aqui. Fui até o balcão, onde encontrei Grant.
—Hey, Grant. — Chamei-o baixo. Ele estava atendendo um cliente, então fez um sinal com a mão me pedindo para esperar. 

Aproveitei para olhar mais o local e acabei percebendo que Emy também não estava aqui. Ou, se estivesse, estava nos fundos, o que eu acho meio difícil de acontecer já que ela é uma garçonete.
—Bom dia, Harold. — Saudou divertido. Ele pareceu lembrar de algo e se abaixou no balcão, voltando com meu casaco e meu celular, me entregando-os. — Matthew passou aqui e deixou suas coisas.
—Você viu a Aurora por aqui hoje? — Perguntei tentando deixar de lado seu irritante bom humor matinal.
—Não, ela não veio hoje. — Respondeu pensativo. — Também achei estranho, mas pensei que você tinha ido à algum lugar com ela. Ela sempre vem todo o dia.

Não respondi, apenas peguei meu casaco e meu celular e caminhei para fora da loja, indo até a Hatchards. Eu apenas tinha vontade de ir atrás dela, procurá-la para finalmente poder explicar tudo. Dane-se o meu trabalho, eu não iria me importar em ser demitido. Mas eu realmente tinha que ir hoje para dar uns bons murros no Louis, o suficiente para fazer ele nunca mais falar besteira.

Entrei na Hatchards pelos fundos, já que se entrasse pela loja teria que cumprimentar todos e eu sinceramente não estava com humor para isso. Fui direto para minha sala, e logo quando eu entrei vi Louis sentado no sofá do canto da sala.

Era culpa dele Aurora estar chateada comigo. Tudo o que aconteceu ontem tinha sido culpa dele. Cinco meses seriam jogados fora, tudo no qual eu me esforcei séria apenas descartado como lixo.
—Harry, temos que... —Começou a falar, levantando-se do sofá. Não o deixei terminar, não pensei duas vezes, apenas caminhei em sua direção e acertei forte seu rosto com o meu punho.

Louis caiu sentado no sofá e imediatamente levou sua mão até seu rosto, onde eu havia o acertado. Não perdi tempo, segurei a gola de sua camisa e o puxei. Louis colocou suas mãos em meu peito e me empurrou, afastando-se de mim enquanto me olhava abismado.
—O que droga pensa que está fazendo, Harry? Qual o seu problema?! — Exclamou, me empurrando mais uma vez.
—Qual é o meu problema? Qual é o seu problema! — Exclamei alto, empurrando-o de volta. — Que merda tinha na cabeça para dizer aquelas coisas a Emy? 
—Que coisas? Do que diabos você está falando?! — Exclamou no mesmo tom que o meu.
Respirei fundo e passei a mão pelo rosto. Caminhei um pouco até minha mesa, mas voltei até perto dele, apontando o dedo em sua direção.
—Você foi o culpado pelo o que aconteceu ontem. — Falei, deixando claro o tom de desprezo em cada palavra que saia da minha boca. — A Emy me disse que foi você que incentivou ela a fazer aquilo. E por sua culpa, a Aurora sequer quer falar comigo.
—Sim, eu incentivei ela a fazer aquilo, mas não tinha a menor ideia que se tratava de você. — Respondeu. — Eu não sabia que o cara que ela iria se encontrar era você.
—Por Deus, Louis, o que diabos você estava querendo com aquilo tudo? — Perguntei, tentando achar logo a razão de tudo.
Louis suspirou e se sentou no sofá, colocando seu rosto entre as pernas, parecendo desesperado.
—Eu conheço a Em do Coffee's Joe. Ela trabalha lá como garçonete...
—Eu sei disso. Foi assim que conheci ela. — Falei, encostando-me na minha mesa, cruzando os braços.
—Certo. — Murmurou, voltando a continuar a explicação. — Nós nos conhecemos há um bom tempo, e eu meio que comecei a sentir algo por ela.

Olhei-o impressionado, mas ao mesmo tempo ainda estava confuso.
—Nós sempre conversávamos, e cada vez que eu a via parecia que o sentimento só crescia e crescia, me sufocando cada vez mais, afinal ela apenas me via como um amigo. —Continuou, falando a palavra amigo com desgosto. — Ela havia me contado recentemente que havia conhecido um cara. Ele havia aceitado sair com ela, havia a chamado para ir até sua casa. 

Escutar ele falando desse jeito me fez finalmente entender o porquê de Emy achar que eu estava querendo algo à mais que apenas um encontro. 
—Eu estava irritado, estava chateado e... Enfim, estava abismado por ela ter aceitado ir a casa dele, sem ao menos o conhecer. — Falou, deixando nítido sua raiva. — Ela havia me mostrado o papel com o endereço da sua casa, e a noite que ela iria até sua casa era a mesma noite que eu iria para o pub com você, então tive que cancelar minha ida.

Louis agora falava todas suas palavras com desdem. Sua mão cobria seu rosto, o que apenas deixava aparente a estranha situação.
—Encontrei-a "coincidentemente" no seu prédio e conversamos um pouco. Ela me disse que estava muito nervosa e que não sabia como deveria agir. — Falou baixo, parecendo agora envergonhado de seus próprios atos. — Eu teria a aconselhado a ir embora, mas ela me disse que precisava da ajuda de um "amigo". Céus, aquilo me deixou irado. Então disse a ela que se um homem havia chamado-a para ir até a casa dele, era óbvio que ele iria querer algo à mais. 

Encerrou a frase com um suspiro, encostando-se no sofá.
—Após ela subir, cinco minutos depois eu me arrependi do que havia falado. — Admitiu, me olhando. — Eu não queria que ela se encontrasse com outro homem. Eu até havia tentado ignorar ela, mas sua personalidade era algo tão incrível, e cada vez que ela sorria eu percebia que não conseguiria esquece-la tão fácil. 

Sorriu, provavelmente lembrando-se dela. Estar apaixonado era algo completamente idiota e bobo. Era hipócrita dizer isso, já que eu agia exatamente como ele quando pensava em Aurora. Não que eu estivesse apaixonado por ela, presumo, apenas por quê eu sempre estava pensando nela, tentando entender-la.
—Encontrei você e aquela mulher no estacionamento, e como estavam subindo também eu apenas os acompanhei. — Continuou. — Não entendi direito o que aconteceu depois daquela mulher me devolver meu celular. Vi Em na sua porta, mas quando eu ia chama-la vi apenas ela entrando eufórica em seu apartamento.

Ambos ficamos em silêncio por algum tempo. Não sabia ao certo o que falar. Mas, estranhamente, não estava arrependido de ter o batido. Talvez ele merecesse isso, por algum outro motivo que eu não conseguia identificar.
—Ela não está com raiva de você, Harry. —Falou de repente, me olhando. — Conversei um pouco com ela ontem, quando estava levando-a para casa. Ela me disse que estava apenas um pouco surpresa com o que havia acontecido. Disse que vocês pareciam estar num momento... "bom", e estranhamente você aparece beijando outra mulher. 
—Eu sei, eu sei. — Murmurei, suspirando.
—Ela falou algo estranho sobre ir embora, não entendi direito. Quando pedi para ela explicar já estávamos em sua casa, ela apenas sorriu e saiu do carro. 
—O que? "Ir embora"? Como assim? — Perguntei desesperado, me aproximando de Louis.
—Calma, eu disse que não havia entendido também. — Esclareceu, levantando-se do sofá, indo em direção a porta. — Tente ligar para ela, talvez ela queira te escutar.

Olhei-o esperançoso, impressionado com a sua ajuda após o que eu fiz.
—Bem, eu não escutaria. — Falou sorrindo antes de sair.

Bufei, virando-me e retirando o celular em meu bolso. Disquei o número de Aurora, mas apenas aparecia fora de área. Respirei fundo, apertando fortemente a borda da mesa. Olhei para meu celular em cima da mesa e fui até as mensagens, onde vi que tinham algumas mensagens de uma conversa minha com Aurora.

A primeira mensagem era minha, havia sido enviada ontem as oito e vinte e sete da noite, quando eu e Aurora já havíamos ido embora do pub. Matthew que havia a enviado para Aurora, perguntado por mim em palavras erradas e embaralhadas, falando para ela que avisasse que estava bêbado demais para me entregar o celular.

A segunda mensagem era de Aurora, que havia o respondido dez minutos depois. Ela dizia que eu estava ocupado, conversando com uma pessoa. Dizia também que estava em casa, ocupada com algo.

A terceira mensagem era de Matthew, perguntando a ela o que estava fazendo. Dizia que a sua companhia havia ido embora e ele estava sozinho no pub.

A quarta mensagem era de Aurora, que havia dado uma resposta curta, falando apenas "arrumando a mudança".

A quinta mensagem era de Matthew, que dizia estar confuso, perguntando para onde ela estava indo.

A sexta e última mensagem era de Aurora, apenas pedindo para excluir a conversa antes de entregar o celular à mim, seguido de um "boa noite".