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História Só talvez. - Dawn


Escrita por: Hamelia

Notas do Autor


Demorei, eu sei, mas o capítulo ficou enorme, então talvez isso possa compensar XD

Capítulo 17 - Dawn


/Amanhecer • Aurora/

◤Aurora é uma claridade visível no céu antes do nascer do sol e que indica o começo do dia. Na mitologia romana, Aurora é o nome da deusa do amanhecer, nome correspondente à deusa grega Eos◥

Meus olhos se mantinham fechados enquanto eu sentia uma suave mão passar pelo meu rosto. Era algo familiar, quase como um déjà-vu. Sentia como se estivesse no mar, conseguia sentir algumas ondas baterem em meu corpo, me fazendo cambalear mesmo eu sentindo que estava deitado. Abri meus olhos e olhei para os lados, fascinado com tudo o que estava ao meu redor. Eu estava em cima de uma cama, e uma garota ao meu lado passava a mão em meu rosto. Isso não era estranho, de fato, o estranho era que minha cama flutuava pelo mar, e a garota ao meu lado estava apenas com sua cabeça em cima do seu braço, apoiados na cama. Não conseguia ver seu rosto, mesmo ela estando a apenas centímetros de mim. De uma maneira estranha, conseguia sentir seu olhar em mim, como se eu conseguisse-os ver. 

Sua pele era extremamente suave, e por mais que eu estivesse completamente confuso com tudo o que estava acontecendo, seu toque apenas me deixava relaxado, parecendo que nada ao meu redor importava. 

Involuntariamente levantei minha mão e tentei tocar o rosto da garota ao meu lado. Um forte zumbido soou em meus ouvidos e pude sentir ser chacoalhado. Escutei um riso baixo e olhei novamente para a garota. Seus lábios agora estavam bastante nítidos, me surpreendendo com o quão vermelhos estavam por causa de algum batom. Afastei-me dela o máximo que pude, ainda com cuidado para não cair no mar. Lembrei então de seus lábios avermelhados. Sempre usava esse batom, de uma cor extremamente vermelha, que aumentava mais ainda seu estilo vulgar. 

Lembrei dela. Me senti como se estivesse de volta aos meus dezessete anos, senti como se apenas tivesse entrado em uma das minhas lembranças. Num piscar de olhos tudo mudou; eu estava com meus braços apoiados em uma cama. Olhei ao redor e estranhei por não haver paredes, apenas uma imensidão escura. Uma luz abaixo de mim chamou-me atenção, me fazendo logo olhar para a fonte de onde vinha esse brilho. Novamente vi a garota, apenas com seus lábios vermelhos a mostra. A luz parecia ser uma especie de escudo, fazendo um circulo ao nosso redor. Levantei minha mão e passei-a pelo escudo, sentindo-a imediatamente gelar. Trouxe-a de volta para perto da luz e senti um calor aconchegante, quase como a mesma sensação de estar em casa após um dia cansativo. 

Olhei para a garota e ela sorriu, trazendo sua mão até meu rosto, passando seu polegar pela minha pálpebra, fazendo-me fechar os olhos. 

Eu vou cuidar de você, Harry. — murmurou baixo, exalando total linimento ao me ver aflito com a escuridão ao nosso redor.

Sua mão foi até a minha e a segurou, trazendo até seu seio esquerdo, coberto com uma fina blusa branca. 

Sente algo? — perguntou em um sussurro, me deixando apenas captar sua expressão pelo seus lábios, pois o resto do seu rosto ainda se estavam embaçados, quase como desfocados. 

Eu ainda podia ver seus cabelos. Eram enormes mechas onduladas e castanhas, num tom completamente escuro, quase como preto. Sempre gostei de cabelos castanhos, mas os seus pareciam ser mais fascinantes, mais brilhosos. Pareciam ter vida própria, como se sussurrassem meu nome, pedindo-me para admirar eternamente a beleza deles. 

Olhei-a confuso, não entendia o que ela estava falando. Sua mão se apertou mais contra a minha um pouco abaixo do seus seio, onde ficava o coração, ou melhor, onde deveria ficar seu coração. Não o sentia bater, não sentia nada. 

Olhei então de volta para ela. Ela soltou minha mão e tocou meus cabelos, levando sua mão até a parte de trás do meu pescoço, puxando-me para perto de si. Senti sua respiração tocar a parte de cima da minha orelha e nela os seus lábios rasparem levemente.

Acabe logo com isso, Harry. — sua voz falou num tom suave, parecendo implorar. 

Minha bochecha tocava a sua e senti algo molhado em seu rosto. Afastei meu rosto do seu e vi seus olhos repletos de lágrimas e seu rosto completamente molhado, como se ela já estivessem chorando há muito tempo.

Novamente senti um zumbido  soar e logo tapei meus ouvidos, assustado com o som ensurdecedor que fazia com que tudo ao redor tremesse, como que um terremoto. A garota abaixo de mim colocou ambas as mãos em meus ombros e me balançou, olhando-me desesperada. 

Já chega, Harry! Acabe logo com isso! — gritava extremamente alto, me fazendo novamente tapar os ouvidos. — Harry! Harry!

Senti sua voz ficar mais fraca e fechei fortemente os olhos, ouvindo sua voz mudar para um tom mais baixo e preocupado. Abri os olhos e vi Florence me olhando enquanto apertava firmemente meus ombros, me olhando preocupada.

—Harry! — Florence exclamou quando me viu abrir os olhos. Ela se abaixou e com dificuldade, mas com urgência, passou seus braços ao redor do meu corpo e me apertou em um abraço firme. — Graças a Deus!

Não retribui o abraço, ainda estava tentando raciocinar o que havia acontecido. Tudo havia sido um sonho? Eu estava apenas dormindo? Por que tudo havia parecido ser tão real?

—Você está bem? Está me enxergando? Alguma coisa doí? — Florence perguntou passando a mão por cantos diferentes do meu rosto.

—Florence, por Deus, eu estou bem. Se afaste um pouco. — pedi grunhido ao tentar levantar, pois senti meu corpo todo estralar, como se eu houvesse dormido por anos.

Florence colocou ambas as mãos em meu peito e me empurrou novamente para deitar na cama.

—Você não pode levantar agora, Harry. Você passou algumas horas desacordado, tem que esperar um pouco. — Florence falou me olhando com ternura.

Virei o rosto e passei a mão pelo rosto, olhando para as paredes do quarto, ou melhor,  lonas que cobriam algo que eu imaginava ser uma tenda.

—Não me olhe assim, Florence. — murmurei, colocando meu braço em cima dos olhos.

—De que jeito? — perguntou confusa.

—Está me olhando como uma mãe que quase perdeu um filho. Guarde isso para seus filhos, eu estou bem. 

Florence logo tirou o sorriso do rosto e me olhou feio, batendo com a mão em minha cabeça.

—Eu apenas estou preocupada com você, seu idiota — falou.

Olhei ao redor para entender melhor onde eu estava e consegui confirmar meu pensamento sobre o lugar, era realmente uma tenda. Eu estava deitado em um maca, ao meu lado tinham alguns remédios em cima de uma pequena mesa, junto à um balde D'água. Havia uma pequena abertura ao meu lado esquerdo, o qual Florence e Jullie estavam perto. Tentei trazer minha mão até o cabelo para puxar-os para trás mas senti algo apertar minha mão. O aperto era firme e bastante forte, tanto que eu me perguntava como não havia o notado antes. Olhei e vi que uma outra mão segurava a minha, segui o comprimento pelo braço até chegar no rosto da pessoa a quem pertencia essa mão. Era Aurora. Sua expressão estava simplesmente fascinante, suas sobrancelhas estavam franzidas e era notável que ela mordia internamente suas bochechas, talvez estivesse nervosa.

—Aurora... — murmurei seu nome. Parecia que eu não o falava há anos, como reencontrar uma amiga de infância e misteriosamente lembrar o nome dela.

—Oi... — Aurora respondeu baixo, sorrindo um pouco para mim.

Seus olhos me olhavam com bastante intensidade e eu apenas me permiti corresponder o olhar. Aurora parecia estudar-me, procurando algo no meu rosto. 

—Matthew e Louis me disseram que você falou que não estava se sentindo bem ontem, foi alguma coisa que você comeu? Bebeu demais? — Florence perguntou fazendo com que eu cortasse o contato visual com Aurora.

—Não, eu apenas... fiquei parado por um bom tempo ontem. Talvez isso tenha me feito mal ou algo do tipo, não tenho certeza. — murmurei.

—Aposto que passou o dia todo comendo besteiras. — Florence falou cruzando os braços enquanto me olhava balançando a cabeça negativamente.

—Claro, claro. — respondi com desdem. 

Soltei a mão de Aurora e me apoiei para me sentar na cama, respirando fundo ao sentir minha coluna estralar.

—Certo, agora que você está acordado e já sabemos que está bem, pode nós explicar o que foi que deu em você? — Jullie finalmente se pronunciou, me olhando impaciente.

—Era exatamente o que eu ia perguntar. — Florence concordou. — Por que você bateu no Steve?

Franzi as sobrancelhas, finalmente recordando o que havia acontecido antes de eu desmaiar. 

—Tudo parecia estar muito abafado, fui procurar um lugar com menos gente quando vi Steve conversando com Aurora. Eu... — parei tentando entender o porquê de eu ter batido nele. Na hora, meus motivos pareciam ser bastante convincentes, mas agora parecem ser apenas pensamentos idiotas e sem lógica alguma.

—Você? — Jullie perguntou após alguns segundos que fiquei calado.

—Bateu no meu marido apenas porque viu ele conversando com Aurora? Por Deus, Harry, isso é algum motivo? — Florence ralhou alto. Olhei-a surpreso, imaginando que tivesse ouvido errado.

—Acho que ainda estou um pouco tonto, ouvi você falando que ele era seu marido... — murmurei, colocando ambas as mãos em minha cabeça, olhando para a pequena mesa ao meu lado em busca de algum remédio.

—Não, Harry, você não ouviu errado. — Florence falou, retirando as cartelas de comprimidos que eu havia pegado e os colocando novamente em cima de mesa. — Steve é o meu marido, o que há de errado nisso?

Pisquei os olhos algumas vezes até finalmente conseguir processar o que ela havia falado. Não tinha chances do Steve ser o marido da Florence. Certo, Harry, vamos pensar um pouco. Florence namorava há dois anos com um cara que nunca cheguei a conhecer. Cheguei atrasado em eu casamento, não pude ver a cerimônia para saber quem era o noivo. Ava me disse que o homem com quem Florence estava não fazia o tipo dela, o que se encaixa perfeitamente com o Steve, suas tatuagens são grandes exemplos disso.
Céus, isso não é possível. Ele ser o marido dela faz tanto sentido que chega a ser assustador.

—O Steve é o noivo? — perguntei abismado.

—Era, eles já se casaram, Hazza. — Jullie respondeu.

—Eu namoro com ele há dois anos e meio, Harry, como você não sabia disso? — Florence questionou indignada.

Abaixei a cabeça e suspirei. Tudo estava tão silencioso, de lá fora era possível ouvir apenas alguns sons vindos de grilos e o som do vento balançando os galhos das árvores, nada mais. A tenda também balançava um pouco devido ao vendo, olhando ela agora me parecia como uma pequena tenda de circo, até a cor do tecido que a cobria era branco com listras brancas.

—Mas tenho que te parabenizar, Hazza, você deslocou o nariz dele. — Jullie exclamou sorrindo. Florence a olhou irritada e deu uma pequena cotovelada nela. — Ai! 

—Não fique falando bobagens, isso não é engraçado! — Florence falou cruzando os braços.

—Eu não gosto daquele idiota, de qualquer modo. — Jullie respondeu com desdem.

Florence e Jullie começaram a discutir. Florence defendia Steve como um santo, dizendo que Jullie não deveria julgar ele pela aparência, e Jullie exclamava alto que conhecia ele muito bem e podia garantir que ele era um idiota.

Suspiro, irritado com a discussão e levanto da cama, vou até a cadeira onde estavam o casaco do meu terno e o visto. Passo por Florence e Jullie acenando, avisando que vou embora, porém Florence segura meu braço.

—Espere um pouco, Harry. Está muito tarde para você ir sozinho para casa, sem contar que você não está totalmente bem. — exclamou preocupada.

—Não precisa se preocupar, vou pedir ao Louis ou ao Matthew para me levarem para casa, foram eles que me obrigaram a vir... — respondi sussurrando a última parte, esperando que Florence não escutasse.

—A última vez que vi Matthew ele estava indo embora com a irmã do Steve, e Louis foi comprar um remédio para você, ligou-nos para avisar que estava com  dificuldades para encontrar uma loja aberta — Jullie falou.

—Era só o que me faltava... — murmurei.

—Eu não sei dirigir, já estava contando com você para me dar uma carona até em casa. — Jullie falou sem graça. — Eu posso te acompanhar a pé até sua casa, mas provavelmente chegaríamos lá só amanhã.

Bufo revirando os olhos e pego a chave do meu carro que estava no bolso da minha calça.

—Eu posso ir sozinho, não estou tão mal assim. — Falo saindo da tenda. Claro, eu não estava falando sério, a cada passo que eu dava eu sentia tudo girar. 

—Harry, espera! — escutei a voz de Aurora vinda da tenda e me virei, olhando-a — Eu te levo até em casa.

Aurora novamente entrou na tenda e voltou alguns segundos depois segurando uma bolsa , correndo em minha direção. Ela passou por mim, aproximando-se o suficiente para pegar a chave do carro da minha mão antes de voltar a caminhar até o carro na área de estacionamento logo a nossa frente. Aurora entrou no carro, olhou para mim e levantou uma sobrancelha, como se estivesse perguntando se eu iria entrar ou não. Deixei de lado minha expressão de sarcasmo e fui até o carro, entrando e sentando no banco ao lado do seu. 

—É só você colocar a chave aqui e girar ela, em seguida-

—Eu sei ligar um carro, Harry — Respondeu afiada, sem me olhar.

—Claro que você sabe — falei baixo erguendo as mãos em sinal de rendição. Céus, por que ela estava sendo tão grossa? Não era suposto eu estar desse jeito?

Aurora ligou o carro e o colocou na estrada, dirigindo até a minha casa. Quis durante o caminho todo perguntar como ela sabia dirigir, mas me contive e fiquei calado. Olhava de vez em quando de uma forma nada discreta para Aurora  e ela estava sempre mordendo os lábios com o olhar completamente focado na estrada, apertando fortemente a direção do carro. Por mais que ela não me olhasse era fácil de notar que ela sabia que eu estava a olhando, seu corpo se encostava mais na porta do carro e ela olhava para suas pernas, comprimindo os lábios ao invés de morde-los.

Como o lugar onde foi a festa do casamento de Florence havia sido longe, a viagem de volta para casa já estava a  mais de meia hora. A estrada estava completamente escura, era iluminada apenas pelos faróis do meu carro. Ao nosso redor tinha apenas algumas casas de um pequeno vilarejo, talvez fosse o sexto vilarejo pelo qual nós passamos. Suspirei alto e encostei minha cabeça no banco do carro. Peguei meu celular do bolso e já se passava das onze da noite. Deslizei meu polegar pela tela do celular e fui até as músicas, deixando tocar em uma ordem aleatória.  O ritmo do inicio na música Toodoo do The Tellers começou a soar baixo e eu aumentei o volume até o máximo, agradecendo mentalmente por essa ter sido a primeira música a ser tocada. 

Hey mister hey will you complain if for tonight we take that train — cantarolei em um sussurro baixo. O clima entre Aurora e eu estava estranho, talvez um pouco de música pudesse ajudar, afinal quem não gosta de The Tellers? —, for free...

Encostei minha cabeça novamente no banco que eu estava sentado e virei minha cabeça para a janela. As casa aqui eram tão simples e antigas, mas eu ainda podia dizer que elas eram incrivelmente bonitas, muito diferentes das casas que eu conhecia. Sorri ao me imaginar morando em uma pequena casa dessas, apenas eu e nada mais. Claro, nada mais, quero dizer nenhum móvel, apenas eu deitado no chão de madeira... junto a Aurora.

Hey pretty lady will you complain if for tonight we take that train... — continuei sorrindo. Quando abri a boca para continuar a frase, Aurora me parou.

—Por Deus, pode desligar isso? — perguntou olhando indiferente para meu celular.

—E por quê eu faria isso? — questionei a olhando sarcástico.

—Porque eu estou pedindo? — respondeu me olhando da mesma forma. Sorri para ela e peguei o celular, vendo Aurora sorrir provavelmente ao imaginar que eu iria pausar a música, porém apenas aumentei mais ainda o volume. — Harry!

—É uma ótima música, Aurora. Vá para longe com seu péssimo gosto musical. — brinquei segurando o sorriso, tentando amenizar um pouco o clima. Não queria estar tratando Aurora como uma desconhecida, assim como também não queria que ela me tratasse assim, quando chegássemos no meu apartamento poderíamos resolver isso de forma mais civilizada já que a situação estaria um pouco melhor. Bem, era o que eu pretendia.

—Eu tenho um péssimo gosto? — Aurora perguntou em tom de deboche. Ela havia levado minha fala a sério. — Pare a música ou coloque fones de ouvido, caso contrário jogo seu celular pela janela.

—Você vai jogar meu celular pela janela? — perguntei usando o mesmo tom de deboche que o seu. Céus, ela só poderia estar me testando — Oh, claro,pode tentar.

Não falei sério quando disse que ela poderia jogá-lo para fora do carro. Nem mesmo tive tempo de segurar o celular quando Aurora o pegou e o jogou para fora do carro. 

—O que diabos deu em você?! — exclamei olhando-a irritado, porém Aurora não me respondeu, apenas continuou dirigindo. — Me responde, porra! 

Aurora freou o carro subitamente e apertou o volante, evitando me olhar. 

—Eu estava apenas tentando diminuir a tensão, diferente de você que passou a viagem toda me tratando de forma ignorante quando era eu quem deveria estar sendo assim com você. Deixe de ser tão cabeça-dura. — esclareci abrindo a porta do carro e saindo.

Dei alguns passos para longe do carro e parei onde acreditei que estaria meu celular, procurando-o. A escuridão não ajudava muito, porém a tela dele ainda estava ligado, isso poderia me ajudar a encontra-lo.  Me abaixei e passei as mãos pelo chão repleto de grama molhada, pedindo aos céus que isso fosse água e não xixi de cachorro.

Ouvi o carro ligar e vir de ré até perto de mim. Aurora o deixou ao lado da estrada, ainda com os faróis ligados, iluminando onde eu estava. Ela saiu do carro e veio até perto de mim, abaixando-se a procurando o celular também. Aurora evitava me olhar, mesmo eu encarando-a por alguns minutos, ela apenas parecia não se importar, ou apenas fingia. 

Suspirei e voltei a procurar meu celular. Conforme eu ia andando conseguia escutar a música que ainda vinha do meu celular, e apenas segui o som. Quando trouxe minha mão para pega-lo, a mão de Aurora entrou na frente e o pegou, olhando finalmente para mim.

—Oh... — murmurou ao notar que eu estava em sua frente. Receosa ela estendeu o telefone para mim e eu o peguei, agradecendo baixo.

Ambos levantamos, Aurora continuou parada esperando alguma reação minha, porém eu caminhei até o carro e subi em cima do capô do carro, encostando minhas costas na frente de vidro. Troquei a música e deixei Counting stars tocar, parecia ser perfeito para o momento. O céu estava sem nuvem alguma, não fazia nem frio ou calor, parecia que a temperatura estava completamente equilibrada. O vento estava forte, de uma maneira incrível, trazendo consigo o perfume de Aurora. Talvez ele não estivesse vindo junto com o vento, duvido que isso seja possível já que ele está tão forte. Talvez eu apenas já tenha memorizado ele.
 

Ouvi sons de saltos batendo contra a estrada e logo vi Aurora se apoiando no capô do carro para deitar-se ao meu lado. Estendi minha mão em sua direção para ajuda-la e ela a segurou, me deixando puxa-la para o meu lado. Aurora parecia um pouco sem jeito, mas mesmo assim encostou-se no mesmo lugar onde eu estava e ficamos ambos olhando para o céu.

—Eu sinto muito por não ter explicado tudo e apenas ter discutido com você. — Aurora murmurou um tempo depois. — Não era o que eu realmente queria. 

Olhei para ela, porém seu rosto ainda estava virada para cima. Suas mãos estavam em cima da sua barriga, brincando uma com a outra, mostrando o quão ela estava nervosa.

—Tinha em mente te explicar tudo no casamento de Florence, porém nosso encontro não foi muito adequado. — falou sorrindo fraco.

—O que fazia na festa de Florence? — perguntei tentando não soar rude.

—Steve tinha me convidado para o casamento. Florence também não sabia que nós éramos amigos, pelo menos até o casamento, então ela me convidou também. Ela pensava que você iria me levar junto com você... 

—Eu também não ia, não tinha como eu te convidar. — falei mas essa não parecia ser o real motivo — Para ser realmente sincero, não queria te convidar porquê tínhamos discutido. Estava irritado com você.

Aurora virou seu rosto para mim e eu a olhei inexpressivo. 

—Desculpe por ter discutido com você ao invés de ter me explicado. — ela falou novamente.

— Você já pediu desculpas. —  falei sorrindo para ela.

— Oh, foi mesmo, desculpe —  respondeu mas logo parou e me olhou —  Eu falei de novo, desculpe... Droga, eu...

— Está tudo bem, Aurora. —  a tranquilizei sorrindo. 

Aurora me olhou e sorriu também. Levei minha mão até a sua e a apertei, deixando as duas apoiadas na coxa dela descoberta. Só agora eu havia prestado atenção no que ela estava usando, era um vestido azul claro coberto por outro tecido de ceda da mesma cor. Seu cabelo estava solto porém um dos lados estava encaixado em um pequeno prendedor de cabelo em forma de laço branco. Seus lábios estavam em um tom rosado e seus cílios pareciam maiores. 

Senti sua mão apertar a minha e a olhei, vendo-a sorrir ao notar que eu a encarava. Aurora encostou sua cabeça no meu ombro e suspirou quando eu deixei um beijo na sua cabeça.

— Está vendo aquelas estrelas ali? —  perguntei baixo apontando com a mão em direção a um  seguimento que formava uma constelação no céu —  Elas formam a Corona Australis ou Coroa Austral, tanto faz. 

— Aquele seguimento meio oval? —  perguntou apontando para o mesmo lugar que eu apontava.

— Exatamente —  afirmei —   Ela raramente aparece por aqui.

— Então tivemos sorte. —  murmurou sorrindo. Após algum tempo, continuou sussurrando —  Pretende ficar aqui até quando?

— Talvez até poder ver o nascer do sol. —  murmurei com algumas lembranças em mente. —  Sabe, seu nome me incomoda tanto quanto você.

— Como assim? —  Aurora se virou em minha direção, apoiando sua cabeça em seu braço e segurando minha mão com a sua outra mão.

— Você é um pouco misteriosa e seu nome também. —  respondi me virando e fiando na mesma posição que a sua —  Aurora me lembra flores, também é um nome de uma cantora que eu gosto muito,  porém também me lembra a Aurora Boreal, que já que a citamos quero deixar claro que é uma das coisas mais incríveis do mundo. 

Aurora sorriu.

— E também me lembra o nascer do sol. E isso é muito estranho, pois descobri que Aurora tem exatamente esse significado. Muita coincidência, não? —  falei olhando em sua direção. 

— Muita... —  ela respondeu sorrindo.

Meus dedos brincavam com os de Aurora e aproveitando sua distração olhando para nossas mãos, aproximei meu rosto do seu e beijei seus lábios, de forma lenta e com ternura, prestando total atenção em cada movimento que seus lábios faziam contra os meus. Devagar Aurora abriu seus lábios e eu tentei aprofundar mais o beijo, colocando minha mão na parte de trás do seu pescoço e puxando seu rosto para mais perto. 

E entre beijos e caricias ficamos juntos acordados até o primeiro raio solar surgir no horizonte, iluminando-nos. Eu conseguia sentir Aurora em meus braços, conseguia sentir que finalmente tinha ela junto a mim.  De olhos fechados, sentindo seus lábios contra os meus, jurei a mim mesmo que dessa vez não deixaria ela ir embora.
 


Notas Finais


Alguém tem alguma suspeita sobre essa mulher do sonho do Harry? Teria sido realmente um sonho ou uma lembrança?
Não sei ao certo quantas palavras o capítulo tem, mas imagino que tenham sido muitas XD
Comentem, amo vossos comentários ♥


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