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História Só talvez. - Supper


Escrita por: Hamelia

Capítulo 23 - Supper


/Ceia /

◤  A última refeição do dia, feita depois do jantar/ Quadro que representa a última ceia de Jesus com os seus Discípulos. ◥

Olhei-me no espelho, arrumando a gravata do meu terno. Talvez não fosse necessário, assim mesmo como disse Aurora, ele não iria tirar a má impressão que eu tenho certeza que já causei, mas talvez eu possa aliviá-la um pouco.

Enquanto passava a mão em meu cabelo, o bagunçando um pouco, revisei mentalmente tudo que precisava pegar. O vinho estava na mesa, meu celular no bolso da calça e o presente de Aurora no bolso do meu casaco. Havia resolvido de último hora comprar um presente para ela, não era algo muito extravagante, apenas algo que pensei nela logo que vi. 

Meu celular vibra no meu bolso. O pego e olho, vendo que era uma notificação de mensagem de Florence, me desejando um feliz natal. Retribuo e guardo o celular, passando um pouco de colonia antes de sair do quarto. Na cozinha, pego o vinho e vou até a porta da sala, saindo e a trancando, caminhando agora para o apartamento ao lado. Dou leves batidas na porta, e logo escuto passos rápidos e fortes se aproximando, até que a porta se abre, revelando uma garota aparentemente nervosa e agitada.

Seu braço segurava fortemente o meu quando ela me puxou, fechando a porta atrás de mim. Ela parece inquieta, gesticulando suas mãos de maneira rápida e sem nenhum objetivo em mente. Ela abre a boca algumas vezes, parecendo tentar falar algo, porém não lembrava.

—Eu... Bem, não precisa se preocupar, vai dar tudo certo — ela fala após algum tempo. Aparentava estar tão segura, que caso eu não a conhecesse iria até acreditar.

—Está falando isso para mim ou para si mesma? — pergunto divertido.

Aurora bufou revirando os olhos.

—Os dois, talvez... — murmura, virando o rosto.

A garota parada em minha frente parecia estar tão nervosa que chegava a ser engraçado. Olhava-a agora, sorrindo contente por estarmos no inverno, e por Londres ser tão gelado. Seu corpo estava coberto por um um moletom branco com o rosto de uma rena sorridente e uma curta saia vermelha, junto à uma meia-calça de moletom branco. 

Seu olhar confuso em minha direção se intensificou ao me notar a analisando. 

—Céus, Aurora... — murmuro, segurando o riso.

—O que há de errado? — pergunta inocentemente.

—Nada, não tem nada de errado — respondo, pigarreando em seguida — Onde sua avó está?

—Oh, talvez na cozinha — responde, parecendo pensar. Sua atenção então cai sob o objeto em minhas mãos, parecendo surpresa

— Para quê isso?

—Para beber? — respondo, divertido, vendo Aurora revirar os olhos novamente.

—Eu sei disso, mas por quê o trouxe? 

—Bem, é normal trazer esse tipo de coisa para uma ceia, não acha? — pergunto.

—Oh, sério? — pergunta de volta, surpresa.

Sorrio balançando a cabeça negativamente. Resolvo encerrar o assunto, seguro a mão de Aurora e a levo em direção a cozinha, onde dona Agnes supostamente está. Da porta vejo-a de costas, pegando alguns pratos em cima do balcão. Ela vira-se colocando-os em cima da mesa. Seu olhar então se encontra com o meu, só então nos notando no lugar. Era estranho estar nessa situação, já que na última conversa que tivemos ela gritou comigo. Seu rosto continua sério, ela maneia a cabeça, acenando para mim. Sorrio um pouco, segurando com um pouco mais de firmeza a mão de Aurora.

Céus, isso vai ser pior do que eu imaginava.



Lembro-me de quando era adolescente, no dia em que minha mãe entrou no banheiro do meu quarto enquanto eu tomava banho. Lembro-me também do dia em que errei a direção e acidentalmente beijei os secos e rugosos da minha avó. Consigo me lembrar até de quando Matthew estava bêbado e me beijou, deixando todas as mulheres que nos faziam companhia surpresas. De todos esses terríveis momentos que ocorreram comigo, nunca me senti mais constrangido do que agora.

Apenas os céus sabem o quanto eu queria dizer que a ceia havia se passado de maneira calma e agradável, com risadas e entendimentos, mas isso seria uma total mentira. Após orarmos, começamos a ceia, a meia hora atrás, e desde então nenhuma palavra foi proferida. 

Aurora parecia tentar falar algo de vez em quando talvez para quebrar o clima tenso, mas desistia antes mesmo de puxar o ar. Sua mão segurava a minha por de baixo da mesa, seus dedos se mexiam de maneira frenética. Apenas após alguns minutos foi que consegui entender. Aurora não estava nervosa apenas porque eu estava ceando junto à elas, mas também porque ela estava ceando junto à sua avó. Nenhum som ou até mesmo olhares foram trocados entre as duas, e isso era realmente assombroso.

Dez minutos depois, já estávamos colocando os pratos na mesa e guardando as sobras na geladeira. A avó de Aurora afirmou que poderíamos ir, sem nos preocuparmos em arrumar a bagunça. Apertei a mão dela, pelo menos queria me despedir, e senti que sua mão estava suada. Talvez estivesse tão nervosa quanto Aurora e eu.

Aurora pega seu casaco marrom e sai do apartamento caminhando em minha frente, soltando alguns baixos suspiros. Fecho a porta e seguro sua mão, sorrindo para ela, que me retribui com um sorriso fraco. Entramos no elevador, e assim que as portas se fecham, encosto seu corpo na parede, me virando para ela. Seus olhos encaram os meus, ouso dizer que seus lábios entreabertos esperavam pelos meus, seu corpo inquieto parecia ansiar pelo meu. Eu sentia que a conhecia tão bem, que simples detalhes como seus dedos batendo em uma sincronia nervosa em minha perna, sem ela perceber, era totalmente notado por mim.

Inclino minha cabeça em sua direção, juntando meus lábios aos seus. A macies deles, o gosto, sua mão em meu cabelo, minhas mãos em sua cintura, o frio que eu sentia na minha barriga quando nossas línguas se tocavam, coisas assim me faziam pensar que Aurora era como uma droga, cada vez ,e viciando mais e mais nela. 

O elevador nunca pareceu descer tão rápido. O barulho das portas se abrindo não fizeram eu me afastar dela, apenas movi meus lábios para o seu pescoço, sentindo Aurora me empurrar levemente. Viro o rosto para trás, vendo um homem nos olhar desconfortável. Sorri, segurando a mão de Aurora e a puxo para fora do prédio, caminhando para o estacionamento ao lado. Desligo o alarme e abro a porta do carro para Aurora entrar, vendo-a morder os lábios. Entro no carro também, coloco o cinto de segurança e ligo o carro, dando a partida e nos colocando na estrada.

Uma música começa a tocar em tom baixo assim que ligo o rádio. Enquanto dirigo, ouço Aurora cantar baixo a música, enquanto olha para a janela. O lugar para onde iriamos não era longe, o que nos fez chegar lá antes mesmo da música acabar. Optei pelo carro apenas por já se passar das onze da noite.

Be my only, be the water where I'm wading ( Seja meu somente, seja a água e eu estou passando) — sua voz cantarola em tom baixo — You're my river running high, run deep, run wild (Você é o meu rio correndo forte, profundo e selvagem).

Estaciono o carro, ainda deixando a música tocar, saiu junto com Aurora. Os faróis junto aos postes ajudam a iluminar a praça à nossa frente, a Piccadilly Circus¹. Não nevava mais, apenas um pouco de neve deixava o chão e algumas árvores num tom branco. Como sempre, mesmo sendo já tarde ainda haviam diversas pessoas e carros ao nosso redor. De onde estávamos ainda era possível ver a estátua de Eros, que chamava a atenção de qualquer um.
 

Aurora se aproxima, me olhando curiosa. Se assusta quando seguro sua cintura, impulsionando-a para sentar-se no capô do carro. Me aproximo dela, ficando entre as suas pernas, olhando-a divertido enquanto procuro a pequena caixa no bolso do meu casaco. 

—O que é isso? — ela pergunta baixo quando lhe entrego o pequeno objeto.

—Ah, algo como... um presente de natal, talvez — respondo sem graça.

Aurora agora parecia mais curiosa sobre o objeto, abrindo-o, retirando uma pequena pulseira. Ela olha a pulseira com fascínio, mexendo em cada um dos pingentes que estão  nela.

—Por que? — pergunta, com as sobrancelhas franzidas.

—Bem, se dá presentes no natal, certo? — respondo meio embaralhado.

—Sério? — sua expressão de surpresa por um segundo fez-me sentir terrível por estar fazendo isso.

—Nunca fez isso? — pergunto — Com algum amigo ou...

—Não, nunca liguei muito para coisas desse tipo... — desviou o olhar.

—Não lembra de seus pais fazerem algo do tipo quando era pequena? — pergunto hesitante.

—Não, eu era muito nova.

Detestava as vezes que acabávamos em situação tensa ou desconfortável. Nunca sabia como agir quando ela me contava sobre sua vida, por mais que eu sempre estivesse muito interessado em saber.

—Oh, entendo... — murmuro, passando meus polegares pelas suas pálpebras fechadas.

Pego a pulseira de sua mão, colocando-a em seu pulso. Aurora sorri, olhando o objeto com graça. Levanto meu braço, puxando a manga do casaco para baixo, fazendo ela sorrir ainda mais assim que vê uma pulseira igual a sua em meu pulso.
Suas mãos agora estão em meu rosto, enquanto ela me puxa de maneira lenta e insana, trazendo meus lábios para perto dos seus. Seus gestos, seu toque, sua respiração, suas mãos, tudo parece me fazer vibrar. Gosto da meneira que sinto seus olhos me observarem mesmo sabendo que eles estão fechados.

Ela parece não se importar com as pessoas ao nosso redor, me fazendo sorrir contra seus lábios ao notar sua mudança.
Inclino mais meu corpo para o seu, segurando sua coxa com uma mão e a outra em seu rosto, mantendo nossos lábios unidos. Seu corpo se deita no capô do carro, sua respiração se torna mais forte, me deixando ciente que ela está ficando sem ar. Separo nossos lábios, movendo-os para seu pescoço, acabando por me atrapalhar com seu cabelo curto e aparentemente selvagem.

Minha mão em sua coxa toca a sua meia-calça por de baixo da saia curta. Meus dedos apertam sua coxa, podendo sentir seu suspiro contra o meu pescoço. Senti Aurora se mexer em baixo de mim, aproximando mais seu corpo do meu. Desci minha mão pelo seu ombro, até a borda do seu grosso moletom. Se já não tivesse feito isso com algumas mulheres, acredito que estaria bastante animado, então conseguia apenas pensar em como Aurora estava se sentindo.

Céus, eu me sentia tão excitado, tudo isso parecia ser tão insado. Minha mãos em seu seio, meus lábios em seu pescoço, minha mão em sua perna, os baixo sons que saiam de seus lábios eram tão sexy e viciantes. 

Sinto alguém tocar em minhas costas, pigarreando. Irritado, olho para trás, notando então o quão distraído nós estávamos para não notar o guarda que havia se aproximado.

Assim que Aurora o olha, seus olhos se arregalam e ela logo desce do capô do carro, ajeitando sua roupa.

—Acredito que seja bem óbvio que isso não é permitido em um local público, não acha? — o homem em nossa frente pergunta.

Olho ao redor, vendo que algumas pessoas nos olhavam.

—Oh, sim, não precisa se preocupar, já estamos saindo — respondo.

Ele balança a cabeça positivamente, observando-nos entrar no carro, saindo de lá. Sorrio, aumentando o volume da música eletrônica que toca no rádio. Aurora coloca suas mãos no rosto, envergonhada. 

—Por Deus, Harry... — murmura em tom de arrependimento — Não acredito que isso aconteceu.

Apenas sorrio, continuando a dirigir. 

—Não fizemos nada demais — falo revirando os olhos.

—Oh, claro, se ele tivesse chegado um pouco depois eu já estaria sem blusa— fala me olhando.

—Sim, pena que ele chegou antes, não é? — murmuro, sentindo ela dar um tapa em meu braço.

Aurora suspira, encostando-se no banco. Levo minha mão até a sua, puxando-a até meus lábios, onde deixo um pequeno beijo.

—Está tudo pronto para amanhã? — pergunto, me referindo a nossa viagem para a casa dos meus pais.

—Sim, está tudo ok — confirma.

—Nervosa? — a olho.

—Um pouco — admiti, suspirando novamente.

—Não deveria ficar, eles vão gostar de você — esclareço sorrindo.

—Oh, claro, fala a pessoa que há poucas horas estava quase pulando da janela do apartamento da minha avó — fala, revirando os olhos enquanto sorri.

Solto sua mãos, me fingindo de ofendido.

—Pff, você não tem provas disso — pisco em sua direção, fazendo Aurora gargalhar.

Em pouco tempo estaríamos viajando para Holmes Chapel, em direção a minha casa. Não queria estar pensando nisso, mas tenho a impressão que coisas boas não vão acontecer.


Notas Finais


¹ Uma famosa praça de Londres.
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Desculpem mesmo a demora x.x Estava em semanas de provas, também estou no 2° ano, tenho muitos trabalhos e pretendo tentar o ENEM esse ano, então ainda tenho que estudar para ele também T-T Ah, acredito que faltam uns dois ou três capítulos para acabar, no máximo XD Já está tudo montado e preparado, só falta postar -u-
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