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História Só talvez. - Keep Calm.


Escrita por: Hamelia

Notas do Autor


Desculpem a demora, mas ando um pouco atolada em problemas ^^

Capítulo 5 - Keep Calm.


 

/Mantenha a calma (E siga em frente)/

◤Expressão criada na segunda guera mundial. Foi decidido imprimir pôsteres para acalmar a população aflita e aterrorizada, porém o terceiro pôster, onde a frase Keep Calm and Carry On se encontrava, só foi encontrando 61 anos depois. Para o cineasta Temujin Doran, diretor do curta que narra a história do pôster, as palavras são a chave para o sucesso: “trata-se de uma voz histórica, que oferece uma mensagem simples e sincera para inspirar a população a superar tempos difíceis. É um conselho que nunca envelhece: mantenha-se calmo e siga em frente”.◥

Assim que Aurora e eu entramos em meu apartamento, me certifiquei de que as janelas estavam todas trancadas e liguei o aquecedor. Ainda nevava lá fora, e o frio estava cada vez pior. Tivemos que deixar o carro estacionado a dois quarteirões do meu prédio e caminhar o pouco caminho até meu apartamento. Poucas pessoas ainda se arriscavam a continuar dirigindo nas ruas, já que a maioria dos carros atolavam por conta da neve.

—Pode se sentar e deixar suas coisas em cima da mesa. — Falei a Aurora, ao vê-la em pé ao lado da porta, olhando o local com uma expressão assustada — Não precisa ficar assim, Aurora. Não vou te morder. E garanto que os móveis também não.

Sorri e ela retribuiu o sorriso acenando com a cabeça, retirando o casaco e sentando-se em uma das minhas poltronas.

Retirei meu casaco e o coloquei na borda do sofá. Fui até a cozinha e retirei duas taças de vidro do armário e o vinho branco da geladeira. Com as taças e o vinho nas mãos, voltei a sala e me sentei no sofá ao lado da poltrona onde Aurora estava.
  Entreguei uma das taças a Aurora e a mesma me olhou confusa, estendendo a taça novamente para mim.

—Desculpe, eu não bebo. — Aurora falou.

—Não se preocupe, é apenas para você relaxar. — Assegurei enquanto colocava um pouco de vinho em sua taça.

Aurora em um gesto clichê, aproximou a taça de seu nariz e o cheirou, fazendo uma estranha expressão. Seus olhos observavam atentamente o vinho de cor dourado-âmbar, como se fosse uma criança descobrindo as coisas novas do mundo.

—Tem certeza que não é muito forte? — Perguntou ainda incerta.

—Só o suficiente para fazer você se acalmar. — A tranquilizei enquanto colocava vinho em minha taça, colocando em seguida a garrafa na mesa e me sentando no sofá.

Levei minha taça até os lábios e bebi todo o conteúdo de uma vez, sentindo o fraco ardor em minha garganta. Toda semana comprava uma garrafa de vinho, já estava acostumado com seu gosto e  o ardor.

Assim que a taça saiu do meu campo de vista, olhei para Aurora que apenas havia bebericado o vinho. 

—Vamos lá, Aurora. — Incentivei, entortando os lábios. Levantei-me do sofá e me agachei em sua frente colocando ambas as mãos em cada lado do seu rosto. — Você precisa relaxar um pouco. Hoje foi um dia difícil, não foi?

Aurora balançou a cabeça afirmando, soltando um grande suspiro frustrado.

—Você está cansada, não está? — Aurora novamente afirmou, e eu sorri ao notar que estava conseguindo convencer-lá. — Você também merece um descanso, não merece?

Ela levantou sua cabeça e me olhou nos olhos, franzindo as sobrancelhas como se só agora conseguisse perceber a sua situação.

—Um descanso? — Murmurou baixo.

—Sim, Aurora, um descanso. 

—Sim, eu... Eu mereço um descanso. — Respondeu agora em um tom mais alto, destemida.

E antes que eu pudesse falar algo, Aurora levou sua taça até os lábios e bebeu de vez todo o liquido que havia no recipiente. Sorri, porém logo coloquei minha mãos sobre suas costas ao vê-la tossir.

—Boa, garota. — Exclamei sorrindo. 
  Eu não pretendia deixar aurora bêbada, apenas tinha em mente a ideia de fazê-la esfriar a cabeça. Acima dos meus problemas, eu tinha que cuidar dos dela.

—Coloque mais um pouco. — Pediu enquanto pigarreava a gargante.

 Hesitante, peguei o vinho em cima da pequena mesa de centro e enchi sua taça, levantando-me e sentando novamente no sofá.

—Está se sentindo melhor? — Perguntei após vê-la beber novamente a metade do conteúdo da taça.

—Não. — Respondeu aflita. — E isso é horrível.

—O que? O vinho? — Perguntei confuso.

—Ele também, mas estou falando de como estou me sentindo. — Falou reprimindo os lábios.

Suspirei e me encostei no sofá. Os minutos seguintes se consistiram em Aurora bebendo diversas taças de vinho, enquanto o silêncio predominava a sala. Perto das sete e meia, uma música melancólica e em um volume agradável começou a soar do apartamento ao lado. 

Aurora sorriu e descansou sua cabeça na poltrona, cantarolando a música.

—Eu odeio essa música. — Aurora murmurou após algum tempo. Franzi minhas sobrancelhas e ela virou seu rosto em minha direção, ainda sorrindo. — Quando eu era mais nova acordava assustada no meio da noite e ia até o quarto da minha avó. Ela me levava de volta para o meu quarto e me deixava lá, chorando. Então ela descia até o andar de baixo e ligava a vitrola, deixando essa mesma música tocar, em um volume ensurdecedor.

Abrir minha boca, surpreso. Jamais imaginaria que algo assim tivesse feito parte da infância de Aurora. Mas onde estariam seus pais? Talvez eles deixassem ela lá, quando estivessem ocupados trabalhando?

—Céus, por mais que minha avó fosse a única parente que me restasse, eu odiava ela. — Murmurou novamente, agora olhando para o teto.

"Única parente"? Do que ela estava falando? O vinho havia a alterado tanto assim? 

Levantei-me e peguei a taça de sua mão, colocando-a em cima da mesa. Aurora me olhou e inclinou a cabeça, com um sorriso adorável em seus lábios finos e avermelhados. Seus olhos pareciam cansados, mesmo sendo tão cedo. Seu peito subia e descia em uma velocidade lenta, tão lenta que me fazia questionar se ela ainda respirava. 

Foi quando ela se levantou e caminhou até mim, sentando-se ao meu lado e descansando sua cabeça no meu ombro.

—Eu ando tão sozinha, Harry. — Sussurrou  de olhos fechados, com seu hálito quente batendo contra meu ouvido. — Eu durmo sozinha, acordo sozinha, tomo café sozinha, saio sozinha, choro sozinha... Isso está se tornando algo tão cansativo.

Surpreso, franzi minhas sobrancelhas e abri a boca para lhe pedir para explicar, mas desisti.  Virei-me e coloquei minhas pernas sobre o sofá, deixando Aurora deitava entre minhas pernas, descansando sua cabeça na curva do meu pescoço. 

Aurora sorria, e de vez em quando encostava seus lábios em meu pescoço, em um gesto inocente e excitante. 

—Seu cabelo está fazendo cócegas em meu pescoço, Harry. — Murmurou, sorrindo. 

Uma de suas mãos foram até meu cabelo, com o intuito de puxa-los para trás. Segurei sua mão, impedindo seu ato. Deixei que meu cabelo continuasse fazendo cócegas em seu pescoço, me deliciando com seus pequenos movimentos contra o meu pescoço.

—Por que você saiu chorando da loja, Aurora? — Perguntei massageando levemente seus cabelos com minha mãos, enquanto apertava seu corpo contra o meu com o outro braço. — Eu fiz algo de errado? Disse algo que te magoou?

Aurora soltou um pequeno sorriso nasalado e se aconchegou mais conta meu peito, encostando seu nariz em minha camisa e inspirando fortemente.

—Você não fez nada de errado, Harry. Eu apenas sou muito egoísta. — Respondeu, suspirando. — Ando me sentindo um pouco sozinha. Você vem sendo a única companhia que eu tenho. Não gostei quando você conversou de forma tão intima com aquela mulher. Idiota,  não?

Senti vontade de me bater por me sentir tão envergonhado naquele momento. Senti uma enorme vontade de abraça-la e dizer que eu só tinha olhos para ela, que eu faria tudo que estivesse ao meu alcance e até mesmo o que não estivesse para poder lhe provar isso. Aurora parecia agora tão pequena em meus braços. Um pequeno bichinho encolhido com medo do mundo.

—Isso não é algo idiota, Aurora. — Garanti enquanto beijava o topo da sua cabeça. — É algo adorável.

Ela cantarolou em resposta, e pude ver um pequeno sorriso em seus lábios. Estar assim com ela, em seu momento de fraqueza, proporcionava uma sensação de segurança a ambos. Saber que aurora contava comigo, que ela confiava em mim, me deixava completamento seguro em relação a nós dois. Vê-la assim, tão dependente de mim, era tão prazeroso e aliviante que esse sentimento chegava a me sufocar de tão intenso.

—Está cansada? — Perguntei sussurrando, enquanto acariciava seu cabelo. — Quer ir para cama?

—Posso tomar um banho antes? — Murmurou baixo, com a voz pouco audível.

—Certo, claro. 

Gentilmente coloquei minhas mãos sob seus ombros e a afastei, deixando seu corpo mole e sonolento encostado no sofá.

—Irei preparar a banheira. Não acho que você está em condições de tomar banho no chuveiro. — Esclareci, caminhando até o banheiro do meu quarto, no final do corredor.

Liguei a torneira da banheira e coloquei um pouco de sabonete liquido dentro da água, balançando meu braço dentro da água para fazer espuma. Aurora claramente não iria conseguir tomar banho sozinha, e eu não conseguiria manter minha sanidade vendo-a nua dentro da banheira com a água transparente.

Assim que a banheiro alcançou um bom nível de água, voltei novamente até a sala, onde encontrei Aurora ressonando com sua cabeça descansando sob o braço do sofá.

—Hey — Sussurrei ao seu ouvido, retirando algumas mechas de cabelo que cobriam seu rosto. — É melhor eu te levar para a cama. Deixamos o banho para amanhã.

Passei meus braços por debaixo do seu corpo, pegando-a e a levando até o quarto. Aurora murmurava algumas palavras sem nexo, insistindo que queria tomar banho. Além de estar impossibilitada de mais para tomar banho, seu perfume era realmente viciante. Não gostaria que esse cheiro saísse de si, queria apenas deita-lá na cama e abraça-la toda a noite, sentindo seu forte perfume preencher completamente meus pulmões, até eu me embriagar em seu cheiro.

—... eu preci... Har... eu não que... — Aurora murmurava palavras incompletas, enquanto eu a colocava na cama. Seus olhos pareciam cansados e seu corpo pareceu relaxar assim que entrou em contato com a cama.

—Você precisa dormir, Aurora. — Afirmei, retirando minhas sandálias e me deitando na cama junto a ela. Eu não confiava em Aurora sozinha, e ainda por cima bêbada. Sem contar que não seria todo dia que eu teria uma oportunidade dessas. — Me lembre de nunca mais te deixar beber novamente.

—Harry, eu... — Sussurrou baixo. — eu estou fedendo, preciso tomar banho..

—Por Deus, Aurora. — Ralhei passando minha mão em volta de suas costas, puxando-a para perto de mim. Beijei seus cabelos, alisando com a mão suas pequenas mechas marrons. — Você está incrivelmente cheirosa, com um perfume incrivelmente encantador. Eu estou sentindo ele, não estou?
  Aurora encostou sua cabeça no meu peito, novamente inspirando fundo. Ela fazia o que eu tinha vontade de fazer com ela, porém de uma forma descarada e nada discreta. 

—Apenas durma, tudo bem? — Murmurei dando-lhe um último beijo em sua testa, acolhendo-a mais ainda em meus braços. — Amanhã você não vai estar muito bem. Tente dormir.

E ouvindo seu murmúrio eu fechei os olhos, me concentrando nela e apenas nela. Seu corpo emanava um calor confortável e relaxante, junto com um aroma doce. Um perfume que por mais que eu sentisse não conseguia enjoar do cheiro.

Seus cabelos tinham um doce e incomum perfume de melão. Suas mãos estavam colocadas cobre meu peito e sua cabeça descansava em meu braço, enquanto ela ressonava levemente. 

  Tentei me manter acordado, para poder aproveitar desse momento, mas o sono foi mais forte. E, pela primeira vez em diversas noites, consegui fechar meus olhos e dormir tranquilo, dessa vez torcendo para que o dia demorasse a clarear.


Notas Finais


Não tem uma data certa para o próximo capítulo, mas tentarei não demorar tanto dessa vez ;*


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